Lula: 'Brasil quer
buscar a paz para que não fiquemos sonhando toda noite com 3ª Guerra Mundial'
Após
visitar Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu para Espanha
para participar do Fórum Empresarial Brasil-Espanha, que ocorreu hoje (25) na
capital espanhola, Madri.
Durante
seu discurso no evento, Lula falou novamente sobre o conflito entre Rússia e
Ucrânia e disse que o Brasil está empenhado em buscar a paz, de acordo com a
CNN.
Ainda
segundo o presidente, ele entrou em contato com líderes mundiais "na
tentativa de construir um movimento que traga a paz de novo para a Europa para
que a gente não fique sonhando toda noite com uma Terceira Guerra Mundial ou o
uso de bombas nucleares".
"O
que pode evitar isso é a sensatez de a gente tentar encontrar um denominador
comum para encontrar a paz. Estou convencido de que nós vamos chegar. O Brasil
está empenhado na tentativa de arrumar parceiros para que a gente possa trazer
a paz", completou Lula.
O
presidente ainda classificou o conflito como "insano" e que
"jamais poderia ter acontecido, porque não se pode aceitar que um país
invada a integridade territorial de outro país".
Lula
tem sido bem criticado por suas últimas declarações acerca do assunto,
principalmente quando disse há duas semanas atrás que os Estados Unidos e a
União Europeia não ajudam a buscar o cessar-fogo com o fluxo de armamento que
enviam para Ucrânia desde o começo do conflito.
Ø
Lula: "Quem
crê em solução militar luta contra a História"
Em discurso
na Assembleia da República de Portugal nesta terça-feira (25/04), o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva voltou a condenar a violação da integridade
territorial da Ucrânia e a defender o diálogo para o fim da guerra no país
europeu. O evento foi marcado por tumulto e protestos de parlamentares da
extrema direita contra o petista.
"O
Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa.
Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma
ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na
preservação das soberanias nacionais", afirmou Lula, destacando que a
"solução duradoura" para o conflito deve ser baseada "no diálogo
e na negociação política".
"Quem
acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos
da História", declarou.
"As
crises alimentar e energética são problemas de todo o mundo. Todos nós fomos
afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. É preciso falar da
paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo
diálogo e pela diplomacia", acrescentou.
A
fala no Parlamento português ocorre dias depois de o presidente ter
causado atrito com os Estados Unidos e a União Europeia (UE) ao afirmar que
essas potências
contribuem para
prolongar o conflito em solo ucraniano. Bruxelas e a Casa Branca rebateram
a declaração do brasileiro. Após as críticas, Lula já
havia se manifestado condenando a violação do território ucraniano e
desde que chegou a Lisboa vem
adotando um tom mais brando em seu discurso sobre a guerra, dizendo que nunca
igualou a Ucrânia à Rússia no contexto do conflito.
·
Conselho da ONU e acordo comercial
Durante
seu discurso, Lula defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU para
torná-lo mais representativo com a participação de todas as regiões. "O
Conselho de Segurança das Nações Unidas encontra-se praticamente paralisado.
Isso ocorre porque sua composição, determinada ao fim da Segunda Guerra
Mundial, 78 anos atrás, não representa a correlação de forças do mundo
contemporâneo", disse.
Lula
também reiterou o compromisso para destravar o acordo
comercial entre o Mercosul e a União Europeia e mencionou a Revolução
dos Cravos,
que culminou com o fim da ditadura em Portugal. Nesta terça-feira, o movimento
completou 49 anos.
"O
25 de Abril permitiu que Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro. O
movimento iniciado pelos Capitães de Abril há exatos 49 anos reconquistou as
liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização
política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as
bases para o desenvolvimento econômico com justiça social", afirmou Lula,
no evento de encerramento de sua viagem a
Portugal.
O
presidente, porém, não participou da sessão solene na Assembleia para marcar a
data. Depois do ato de boas-vindas, Lula deixou o local para seguir viagem à
Espanha.
·
Sessão marcada por tumulto
O
discurso de Lula foi marcado por protestos de 12 deputados da bancada do
partido de extrema direita português Chega, que ficaram de pé e seguraram
bandeiras da Ucrânia e cartazes com os dizeres "chega de corrupção".
O líder da legenda, André Ventura, é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao
iniciar sua fala, Lula arrancou aplausos da maioria dos deputados, enquanto os
deputados do Chega batiam nas mesas e vaiavam. Diante do comportamento dos
extremistas, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva,
precisou intervir e disse que se os parlamentares quisessem continuar na sessão
deveriam se comportar com educação.
Lula
aproveitou ainda o discurso para criticar golpistas. "A democracia no
Brasil viveu recentemente momentos de grave ameaça. Saudosos do autoritarismo
tentaram atrasar nosso relógio em 50 anos e reverter as liberdades que
conquistamos desde a transição democrática. Os ataques foram constantes. Os
irmãos portugueses assistiram a tudo, preocupados com a possibilidade de que o
Brasil desse as costas ao mundo", salientou.
No
final do discurso, Santos Silva pediu desculpa a Lula em nome do Parlamento
português e lhe agradeceu pela "coragem e educação". Nesse momento, o
brasileiro foi aplaudido pelo presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
·
Protestos do lado de fora
Do
lado de fora, cerca de 300 militantes do partido Chega e brasileiros do
Movimento Brasil Portugal protestaram contra Lula. O grupo levava cartazes com
os dizeres "Lula, ladrão, o teu lugar é na prisão" e "Tolerância
Zero à Corrupção".
De
acordo com a agência de notícias Lusa, o protesto contou com a presença do
dirigente neonazista Mário Machado. Fundador do movimento nacionalista Nova
Ordem Social e da Frente Nacional e antigo membro do grupo Hammerskins
Portugal, ele já foi preso por posse ilegal de arma e está envolvido em
processos ligados a violência e crimes de ódio contra estrangeiros.
Ao
mesmo tempo, apoiadores de Lula organizaram um contraprotesto que reuniu
centenas de brasileiros e portugueses. Os manifestantes defenderam a democracia
e empunharam cartazes com dizeres como "25 de abril sempre, fascismo nunca
mais" e "Amor Lula".
Após
a sessão solene no Parlamento português, Lula comentou a jornalistas as
manifestações de deputados do Chega durante o seu discurso. "Quem faz
política está habituado a isso. Eu acho que essas pessoas quando voltarem para
casa e deitarem a cabeça no travesseiro vão falar: que papelão nós
fizemos", disse.
Ø
Estamos
provavelmente à beira de uma nova guerra mundial, diz aliado de Putin
Um
aliado do presidente russo Vladimir Putin disse nesta terça-feira que o mundo
provavelmente está à beira de uma nova guerra mundial e que os riscos de um
confronto nuclear estão aumentando.
“O
mundo está doente e muito provavelmente está à beira de uma nova guerra
mundial”, disse Dmitry Medvedev, vice-presidente do poderoso Conselho de
Segurança de Putin, em uma conferência em Moscou.
Ele
disse que essa nova guerra mundial não era inevitável, mas que os riscos de um
confronto nuclear estavam crescendo e eram mais graves do que as preocupações
com as mudanças climáticas.
Putin
diz que o mundo enfrenta a década mais perigosa desde a Segunda Guerra Mundial.
Ele apresenta a guerra na Ucrânia como uma batalha existencial contra um
Ocidente agressivo e arrogante, e disse que a Rússia usará todos os meios
disponíveis para se proteger contra qualquer agressor.
Os
Estados Unidos e seus aliados condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia como
uma apropriação imperial de terras. A Ucrânia prometeu lutar até que todas as
tropas russas se retirem de seu território e disse que a retórica russa sobre a
guerra nuclear tem a intenção de intimidar o Ocidente para que ele reduza a
ajuda militar.
Chefe de Igreja Ortodoxa diz que russos
que não servem a pátria são "inimigos internos"
O
chefe da poderosa Igreja Ortodoxa da Rússia classificou nesta terça-feira os
russos que não servem seu país como "inimigos internos" e descreveu o
patriotismo como a "maior virtude", informou a agência de notícias
estatal RIA.
O
patriarca Kirill é um aliado próximo do presidente Vladimir Putin e tem apoiado
fortemente a guerra na Ucrânia, na qual dezenas de milhares de pessoas foram
mortas e milhões expulsas de suas casas.
"Hoje
nossa oração é por nossa pátria, para que o Senhor a proteja de inimigos
externos e internos, de todos aqueles que não associam suas vidas à Rússia, que
estão prontos para ganhar dinheiro na Rússia, mas nunca estiveram prontos para
servir a pátria", disse Kirill, segundo a RIA, em um sermão.
"Precisamos
inculcar nas pessoas, inclusive por meio da pregação da igreja, o amor pela
pátria, que é a maior virtude", afirmou ele no sermão, proferido na
Catedral do Arcanjo, dentro do complexo do Kremlin, no centro de Moscou.
Kirill
não entrou em detalhes, mas seus comentários parecem ter como alvo em parte os
russos que fugiram do recrutamento, por vezes se mudando para o exterior para
evitar a convocação para servir no que Putin chama de "operação militar
especial" na Ucrânia.
Putin
costuma usar a Igreja Ortodoxa e suas ricas tradições para ajudar a promover um
sentimento de orgulho nacional e patriotismo entre os russos. Ele compareceu a
um culto de Páscoa na semana passada, segurando uma vela acesa e fazendo o
sinal da cruz várias vezes.
Fonte: Sputnik
Brasil/Deutsche Welle/Reuters
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