A
Lava Jato é multiuso.
Primeiramente
ela foi usada pela direita, através do seu grande comandante, o oligopólio
midiático nacional, para uma tentativa de interferência no processo eleitoral
de 2014.
Seus
vazamentos seletivos saíam diretamente da mão dos heróis da República de
Curitiba para a mídia amiga, que os utilizava para atingir o PT e tentar evitar
que o partido ganhasse a quarta eleição presidencial seguida.
Quase
deu certo: Haddad afirmou em uma entrevista que após a capa da Veja no fim de
semana nas eleições, distribuída como um panfleto nas ruas (só a capa mesmo,
não se precisa de muito para manipular quem acredita na Veja), as intenções de
voto em Dilma despencaram em São Paulo, o que fez com que o resultado das
eleições fosse bastante apertado.
Após
mais uma derrota eleitoral, a mídia de direita passou a usar os vazamentos da
Lava Jato para criar um clima favorável ao impeachment na opinião pública.
Dessa
vez deu certo: os protestos turbinados pela revolta da classe média/alta com os
escândalos diários do partido mais corrupto da história foram essenciais para o
golpe, pois deram o discurso aos golpistas de que “o povo queria o impeachment”.
Antes
das últimas eleições municipais, mais uma rodada de prisões de petistas para
que a grande mídia desse as manchetes certas para não permitir qualquer tipo de
reação do PT nas urnas.
Também
deu certo.
Passadas
as eleições, a Lava Jato cumpre dois papéis essenciais na estratégia política
da direita.
O
mais evidente é tirar Lula das próximas eleições, prendendo-o ou ao menos
tornando-o inelegível.
O
outro papel é mais discreto mas também tem grande importância.
A
Lava Jato serve para hipnotizar o público e afastá-lo das questões que
realmente importam.
Nos
últimos dias foram aprovados na Câmara dois projetos que trarão consequências
drásticas para os brasileiros nas próximas décadas: o que retira a obrigatoriedade
da Petrobras de explorar ao menos 30% dos poços de petróleo do pré-sal,
facilitando as coisas para as grandes petrolíferas estrangeiras - é a promessa
de José Serra à Chevron, conforme vazamento do Wikileaks, sendo cumprida - e o
que limita os gastos públicos por 20 anos.
É
óbvio que estes projetos são a grande pauta política do momento, mas dê uma
olhada nos portais do cartel midiático: as reportagens sobre eles estão sumidas
ou discretamente escondidas.
As
manchetes vão para o indiciamento de Lula e seu sobrinho por obras em Angola,
para a delação da Odebrecht, etc.
Cada
desdobramento da Lava Jato é explorado nos mínimos detalhes, enquanto projetos
que vão alterar a vida das pessoas por muito tempo são escondidos.
O
noticiário político e o policial são a mesma coisa para o público da grande
mídia. O resto não importa muito.
É
claro: discutir projetos abertamente e com profundidade não interessa à direita
brasileira, que é entreguista e anti-povo. E a população não pode perceber isso
de jeito nenhum.
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