Perdoai?
Eu
não consigo, não sou Jesus.
Acho
que realmente eles não sabem o que fazem; são jovens, impulsivos e incultos,
não têm nenhuma vivência política e lhes falta a percepção dos significados
históricos, sociais e econômicos dos seus atos, não avaliam o grau da
destruição e do atraso que estão produzindo em nosso País. Nem por isso consigo
vê-los como inocentes: para mim são traidores, Calabares do momento.
(Provavelmente não sabem quem foi Calabar).
Não
deveriam, por isto mesmo, ter o poder que têm, capaz de destruir nossas maiores
empresas, as alavancas da nossa economia, da nossa soberania, do emprego e da
qualidade de vida da nossa gente. Os superiores, todavia, mais velhos e
vividos, mais cultos e experientes, capazes de avaliar o estrago, deveriam
cercear-lhes este poder, ao invés de estimulá-los ao sabor da grande mídia
interessada. Findam sendo os maiores responsáveis pelo estrago nacional bruto.
Foram,
ademais, todos, os jovens e os superiores, os principais e decisivos aliados
dos golpistas, aqueles que projetaram, orientaram e financiaram o golpe,
sabendo perfeitamente o que faziam e o que queriam: a derrocada do eixo
político emancipador Brasil-Argentina-Venezuela, a amputação e o desfazimento
da Petrobras e das nossas empresas de engenharia concorrentes no mundo, a
tomada do pré-sal, o esfriamento dos projetos estratégicos de enriquecimento de
urânio, da usina de Angra III, do submarino atômico e do avião de última
geração, a perturbação nos BRICS, o congelamento do Brasil por vinte anos. E
vão conseguindo.
Do
lado brasileiro dos golpistas, há os sabidos, espertos, associados ao business
do grande capital, que ganham dinheiro nesta associação e botam anúncios de
página inteira nos jornais a favor do golpe; e há, também, os que não sabem o
que fazem e são mais humildes.
Muitos
entre esses humildes confundem a política com o sagrado e acham que estão
seguindo caminhos de Deus, comandados pelos seus pastores, que obedecem a seus
bispos que moram na terra do grande capital. São seitas implantadas no Brasil
mais recentemente, que diferem muito das tradicionais, seitas que incutem os
valores do business e fazem política explicitamente.
As
Igrejas tradicionais, como a Batista, a Metodista, a Luterana, a Adventista,
não lançam candidatos nas eleições, não fazem política, como a Igreja Católica.
As seitas do business elegem bancadas cada vez maiores, recebem financiamento
para construir templos salomônicos, indicando um projeto de poder, para
transformar o Brasil numa nação do business. Não por acaso, TODA esta bancada
religiosa votou, sem exceção, no golpe.
Eu,
que sou velho e vivido na política, estou certo de que o grande capital não
brinca na porfia pelos seus objetivos, e usa todos os meios possíveis para a
dominação: o interesse dos sócios brasileiros no business, a grande mídia
estipendiada por ele, o cinema, a cultura em geral, a religião, e mais o que
for útil ao seu empreendimento.
Temos
que dialogar de boa fé com esses humildes eleitores religiosos engambelados,
não afrontá-los nem desprezá-los, mas buscar o diálogo sincero com eles, e
repetir sempre as palavras de Jesus que eles respeitam: ”A CESAR O QUE É DE
CESAR E A DEUS O QUE É DE DEUS”.
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