sábado, 29 de outubro de 2016

Eles não sabem o que fazem. Saturnino Braga

Perdoai?
Eu não consigo, não sou Jesus.
Acho que realmente eles não sabem o que fazem; são jovens, impulsivos e incultos, não têm nenhuma vivência política e lhes falta a percepção dos significados históricos, sociais e econômicos dos seus atos, não avaliam o grau da destruição e do atraso que estão produzindo em nosso País. Nem por isso consigo vê-los como inocentes: para mim são traidores, Calabares do momento. (Provavelmente não sabem quem foi Calabar).
Não deveriam, por isto mesmo, ter o poder que têm, capaz de destruir nossas maiores empresas, as alavancas da nossa economia, da nossa soberania, do emprego e da qualidade de vida da nossa gente. Os superiores, todavia, mais velhos e vividos, mais cultos e experientes, capazes de avaliar o estrago, deveriam cercear-lhes este poder, ao invés de estimulá-los ao sabor da grande mídia interessada. Findam sendo os maiores responsáveis pelo estrago nacional bruto.
Foram, ademais, todos, os jovens e os superiores, os principais e decisivos aliados dos golpistas, aqueles que projetaram, orientaram e financiaram o golpe, sabendo perfeitamente o que faziam e o que queriam: a derrocada do eixo político emancipador Brasil-Argentina-Venezuela, a amputação e o desfazimento da Petrobras e das nossas empresas de engenharia concorrentes no mundo, a tomada do pré-sal, o esfriamento dos projetos estratégicos de enriquecimento de urânio, da usina de Angra III, do submarino atômico e do avião de última geração, a perturbação nos BRICS, o congelamento do Brasil por vinte anos. E vão conseguindo.
Do lado brasileiro dos golpistas, há os sabidos, espertos, associados ao business do grande capital, que ganham dinheiro nesta associação e botam anúncios de página inteira nos jornais a favor do golpe; e há, também, os que não sabem o que fazem e são mais humildes.
Muitos entre esses humildes confundem a política com o sagrado e acham que estão seguindo caminhos de Deus, comandados pelos seus pastores, que obedecem a seus bispos que moram na terra do grande capital. São seitas implantadas no Brasil mais recentemente, que diferem muito das tradicionais, seitas que incutem os valores do business e fazem política explicitamente.
As Igrejas tradicionais, como a Batista, a Metodista, a Luterana, a Adventista, não lançam candidatos nas eleições, não fazem política, como a Igreja Católica. As seitas do business elegem bancadas cada vez maiores, recebem financiamento para construir templos salomônicos, indicando um projeto de poder, para transformar o Brasil numa nação do business. Não por acaso, TODA esta bancada religiosa votou, sem exceção, no golpe.
Eu, que sou velho e vivido na política, estou certo de que o grande capital não brinca na porfia pelos seus objetivos, e usa todos os meios possíveis para a dominação: o interesse dos sócios brasileiros no business, a grande mídia estipendiada por ele, o cinema, a cultura em geral, a religião, e mais o que for útil ao seu empreendimento.

Temos que dialogar de boa fé com esses humildes eleitores religiosos engambelados, não afrontá-los nem desprezá-los, mas buscar o diálogo sincero com eles, e repetir sempre as palavras de Jesus que eles respeitam: ”A CESAR O QUE É DE CESAR E A DEUS O QUE É DE DEUS”.

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