Nunes Marques faz
fala bizarra sobre candidaturas femininas e é detonado por Cármen Lúcia
O
ministro Kássio Nunes Marques, em sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
nesta quinta-feira (27), fez uma fala bizarra sobre candidaturas femininas em
eleições.
A
Corte se reuniu para analisar uma ação de fraude de cota de gênero em Iatiçaba,
no Ceará, e Nunes Marques, que foi alçado ao posto de ministro após indicação
de Jair Bolsonaro, discordou dos demais magistrados na tese de que houve
irregularidades na candidatura de uma mulher que recebeu 9 votos na eleição de
2020.
Tudo
indica se tratar de um caso de "candidatura laranja", isto é, um
esquema que partidos se utilizam, lançando candidaturas falsas de mulheres,
apenas com o intuito de cumprir o artigo 10 da Lei das Eleições (Lei
9.504/1997), que determina o preenchimento mínimo de 30% e máximo de 70% para
candidaturas de cada sexo.
Para
Nunes Marques, no entanto, faltou "empatia" para com a mulher que foi
lançada em uma candidatura fictícia.
“Há
uma tentativa republicana de cumprimento da norma eleitoral, na busca de
pessoas do gênero feminino que se disponham a se candidatar. No entanto, a
partir do momento que ela se filia e há um completo abandono, a gente precisa
ter um pouco de empatia com essas mulheres. Elas nunca participaram de nada, de
campanha, não sabem como percorrer esse caminho durante o pleito. Devemos ter
empatia porque não é fácil para uma mulher do povo, simples, se candidatar e
ter 9 votos numa cidade dessa”, disparou.
A
ministra Cármen Lúcia, então, detonou o argumento de Nunes Marques.
“Não
somos coitadas. Não precisamos de empatia, precisamos de respeito (...) A
Justiça Eleitoral tem a tradição de reconhecer como pessoa dotada de autonomia,
e não precisar de amparo. Isso é o que nós não queremos, ministro. E eu entendo
quando o senhor afirma, de uma forma que soa paternal, dizendo que haja
empatia. É preciso, na verdade, que haja educação cívica”, declarou.
A
ministra Cármen Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , disse nesta
quinta-feira (27) que as mulheres não podem tratadas como "coitadas"
e devem ter seus direitos respeitados na disputa eleitoral.
A
ministra participou do julgamento no qual o TSE determinou a cassação de
vereadores eleitos pelo partido Cidadania, em Itaiçaba (CE). De acordo com o
tribunal, o diretório local fraudou a cota de gênero nas eleições municipais de
2020. A fraude ocorre quando são utilizadas candidaturas fictícias apenas para
cumprir a lei.
"Nós,
mulheres, sabemos o que é ser tratada em desvalor. Não é desvalorizando e achando que mulheres
são coitadas, porque não somos. Somos pessoas autônomas, em condições iguais a
dos homens e, por isso, quando se fala que o partido abandonou, como outrora se
diz, porque o marido abandonou a coitada. Não tem coitada, não. Nós não
queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs", afirmou.
• Respeito aos direitos da mulher
O
desabafo de Cármen Lúcia ocorreu após o ministro Nunes Marques afirmar durante
o julgamento que a Judiciário deveria ter "empatia" nos casos de
mulheres que estão usadas pelos partidos apenas para cumprimento da cota e não
recebem apoio para realização efetiva de campanhas.
"A
partir do momento em que ela [candidata] se filia, há completo abandono do diretório
municipal em relação à candidatura. A
gente precisa ter um pouco de empatia com essas mulheres que se candidatam e
são abandonadas pelo partido. Nunca participam de uma campanha eleitoral, não
sabem como percorrer esse caminho durante o pleito", afirmou o ministro.
Ao
rebater Marques, a ministra afirmou que as mulheres querem respeito aos seus
direitos.
"O
que a gente quer não é empatia. É respeito aos nossos direitos. É preciso
reconhecer [a mulher] como pessoa dotada de autonomia e capaz, sem precisar de
ser amparada, cotejada", completou Cármen.
No
julgamento, o TSE decidiu, por 4 votos a 3, que os votos recebidos pelos
vereadores acusados de fraudar a cota de gênero serão anulados e nova
totalização deverá ser feita para que outros candidatos passem a ocupar as
vagas.
Pela
lei eleitoral, os partidos devem preencher mínimo de 30% e máximo de 70% para
candidaturas de cada sexo.
O
presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, disse, por sua vez, que no
caso em questão a fraude é "descarada'.
“Nós
temos que dar um recado muito claro para as eleições do ano que vem. Um aviso
no sentido de que a Justiça Eleitoral não irá tolerar, de novo, candidaturas
fraudulentas. Não é possível que alguém tenha dois votos. Não é possível que
uma candidata se candidate e, depois, diga: “Olha, eu tenho filho pequeno.
Olha, a Covid”. Não se candidate, então”, afirmou.
Carlos Bolsonaro promove ataque misógino
contra Janja
Sem
nenhuma novidade, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) usou de um
expediente comum da extrema direita para atacar a primeira-dama Janja Silva:
baixaria e misoginia.
Ao
comentar uma matéria no Twitter, que chamava pelo fato de Janja ter
parabenizado a atitude do ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, que
humilhou o senador Girão (PL-CE), o filho do ex-presidente Bolsonaro atacou
Janja de maneira baixa.
"Imagina
isso acasalando com o Lula na prisão? Esperar o que disso", escreveu
Carlos Bolsonaro na manhã desta sexta-feira (28).
A
publicação em que Janja elogia o ministro Silvio Almeida.
• Performance
O
ataque misógino de Carlos Bolsonaro contra Janja diz respeito a uma
manifestação de solidariedade da primeira-dama ao ministro dos Direitos Humanos
Silvio Almeida.
Silvio
Almeida, detonou a tentativa de lacração dos bolsonaristas Damares Alves
(Republicanos-DF), ex-titular da pasta, e de Eduardo Girão (Novo-CE), que
levaram um feto de 12 semanas durante audiência realizada na Comissão de
Direitos Humanos do Senado.
Em
sua fala, Damares afirmou que ela e Girão levaram um "presentinho".
"A gente vai entregar para o senhor, com muito carinho, porque as pessoas
não entendem o que a gente está fazendo e a gente quer apenas que a criança
viva e tenha direitos garantidos. Eu vou deixar com o senhor um bebêzinho de 12
semanas, se você puder levar com carinho, ministro, e a gente entender que é
isso que a gente queria fazer".
Silvio
Almeida rejeitou o "presentinho" e denunciou o que classificou como
"performance" dos bolsonaristas
"Senador
Girão, eu não quero receber isso por um motivo muito simples: eu vou ser pai
agora. E sei muito bem o que significa isso. Isso é uma performance que eu
repudio profundamente. Com todo respeito, isso é uma exploração inaceitável de
um problema muito sério que temos no país", disse Almeida.
"Em
nome da minha filha que vai nascer, eu me recuso a receber isso aí",
emendou Almeida. "Isso é um escárnio".
Dallagnol faz vídeo ridículo, destila
misoginia e homofobia e prova que mentiu sobre PL das Fake News
Alinhado
cada dia mais à bancada bolsonarista no Congresso Nacional e acostumado a dar
interpretações tortas sobre as leis quando comandava a Lava Jato no Paraná, o
deputado Deltand Dallagnol (Podemos-PR) divulgou um vídeo ridículo nas redes em
que tenta "lacrar" sobre a fake news criada por ele, de que o Projeto
de Lei 2630/2020 que regulamenta as redes sociais iria "censurar"
versículos bíblicos.
No
vídeo, em que destila misoginia a partir de sua interpretação de versículos
bíblicos, Dallagnol acaba provando que mentiu ao dizer que as citações que fez
"podem" ser enquadradas no PL das Fake News.
Ao
afirmar que os versículos "podem" ser censurados, o ex-procurador faz
uma interpretação pessoal tanto do que consta no Projeto de Lei, quanto ao que
está nos versículos bíblicos.
Ao
exemplificar, Dallagnol cita alguns dos versículos citados por ele e destila
misoginia ao interpretá-los e dizer que "podem" ser classificados
como discurso de preconceito e ódio nas redes.
"Eu
postei ontem nas redes sociais, tá aqui no twitter, um post dizendo: atenção
cristãos, alguns versículos serão banidos das redes sociais veja alguns
versículos que serão censurados", afirmou Dallagnol com a série de textos
bíblicos citados por ele.
"Vamos
ver aqui, Efésios fala: 'mulheres sujeitem-se aos seus maridos, como ao Senhor,
pois o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja que é seu
corpo, do qual ele é o salvador. Assim como a Igreja está sujeita à Cristo,
também as mulheres estejam em tudo sujeitas aos seus maridos'. Como vou
mostrar, isso pode ser enquadrado em discriminação em razão de sexo lá no
projeto que vai mandar as redes sociais controlar, modular esse tipo de
conteúdo. Vamos para Romanos, 1: 26-27, diz o seguinte: da mesma forma, os
homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram
de paixão uns com os outros. Começaram a praticar atos indecentes, homens com
homens, e receberam em si mesmos o castigo por sua perversão'. Muita gente vai
enquadrar isso como homofobia, que está lá previsto no projeto e a lei, mais
uma vez, vai mandar as redes sociais moderarem, controlarem, diminuírem alcance
ou até mesmo retirarem o conteúdo", afirmou, dando uma sequência de
exemplos de escritos bíblicos.
A
fake news construída por Dallagnol, no entanto, foi rechaçada até pelo senador
Alessandro Vieira (PSDB-SE), propositor do projeto e ferrenho defensor da Lava
Jato, que chamou o ex-procurador de "canalha".
"É
preciso ser muito canalha para criar uma fakenews envolvendo religião para
atacar o PL 2630. É óbvio que nenhum trecho da Bíblia será censurado, basta ler
o PL", disparou o senador.
"Quem
vive de mentira e crime é capaz de tudo para atacar um projeto que defende a
liberdade com responsabilidade", prosseguiu o autor do PL, em crítica
indireta a Dallagnol.
Na
noite desta terça-feira (25), a Câmara aprovou por 238 a 192 a urgência na
votação do projeto. Além de Dallagnol, votaram contra majoritariamente
apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e parlamentares da ultradireita.
Fonte:
Fórum/iG
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