Bolsonaro lamenta
depoimento à PF: “Errei”
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não gostou do seu
depoimento à Polícia Federal na quarta-feira (26). A aliados, o
capitão da reserva desaprovou a justificativa que apresentou aos investigadores
sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
Em
conversa com sua defesa e aliados políticos, o antigo mandatário do país falou
que o argumento usado o deixou apenas com a imagem de ‘maluco’. “Errei”,
confessou o ex-presidente.
Aliados
concordaram com o capitão da reserva e disseram que ele deveria ter jogada a
responsabilidade para um dos assessores que cuidava das redes sociais. “Todos
nós acreditamos nisso. Ele também percebeu que deveria ter usado esse
argumento. Agora só piorou a situação”, comentou um interlocutor.
Seu
núcleo tem certeza que a justificativa da morfina não colou e ainda viralizou
de forma negativa nas redes sociais. “Ele foi tratado como louco, mas todos
sabem que isso é o famoso ‘migué’. Só criou mais desgaste e, com certeza, será
chamado para um segundo depoimento”.
Bolsonaro
pediu para sua defesa acompanhar de perto as investigações do 8 de janeiro. A
ideia é montar uma estratégica jurídica que o proteja e também um plano de
comunicação para livrá-lo midiaticamente de qualquer relação com os atos
golpistas. Aliados dizem que, midiaticamente, será impossível retirá-lo de
qualquer ligação com os atos, mas que é possível alimentar sua base com
narrativas que jogam as manifestações do 8 de janeiro no “colo” do governo Lula
(PT). A CPMI é tratada pelos mais radicais como uma oportunidade.
Na
área da Justiça, Bolsonaro acredita que pode escapar desde que consiga ter uma
narrativa mais convincente. Só que, na avaliação do ex-presidente, o “sistema”
quer pegá-lo a qualquer custo. Mesmo com aliados garantindo que ele terá todos
os direitos na Justiça, Bolsonaro chega a zombar de quem defende o STF e a atuação
atual da Polícia Federal.
RELEMBRE:
·
À PF, Bolsonaro nega participação e minimiza publicação
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) justificou o uso de remédios para publicar um
vídeo nas redes sociais em que questiona as urnas eletrônicas dois dias depois
dos ataques antidemocráticos em Brasília. Em depoimento à Polícia Federal,
Bolsonaro afirmou que não assistiu ao vídeo publicado e deu a entender que o
compartilhamento não foi intencional.
Questionado
pelos investigadores sobre os atos antidemocráticos, Bolsonaro negou sua
participação e disse que rebateu as invasões no mesmo dia. Ele disse que horas
após os ataques, precisou ser internado após uma obstrução intestinal.
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“QUE,
no dia 08/01/2023, fez uma postagem na rede social TWITTER repudiando os atos
de vandalismo ocorridos no mesmo dia; QUE, no dia 08/01/2023, passou mal com
obstrução intestinal”, aponta o depoimento.
“QUE
acionou o médico na madrugada do dia 09/01/2023 e permaneceu internado do dia
09/01/2023 até a tarde do dia 10/01/2023; QUE, enquanto esteve internado, foi
medicado com morfina, conforme documentação médica apresentada”, completa.
Bolsonaro
disse que ao receber alta, assistiu ao trecho de um vídeo no Facebook e que
gostaria de acompanhar o restante da gravação posteriormente. Para isso,
segundo o ex-presidente, tentou compartilhar o vídeo para o WhatsApp, mas a
publicação foi divulgada em sua página pessoal no Facebook.
“QUE, no dia 10/01/2023, tão logo saiu do
hospital, já em sua residência, visualizou o vídeo postado na página do
FACEBOOK de uma pessoa desconhecida, que se interessou em assisti-lo com mais
cuidado posteriormente; QUE tem o costume de encaminhar todas as postagens que
lhe interessam para o seu WHATSAPP particular para posterior visualização”,
afirmou Bolsonaro.
“QUE,
para encaminhar para o WHATSAPP, precisa acionar a opção compartilhar; QUE, ao
acionar a opção compartilhar, é aberto um menu de opções de ícones de
diferentes aplicativos (Instagram, Whatsapp, E-mail, SMS e FACEBOOK); QUE,
todavia, ao clicar duas vezes na opção compartilhar, o vídeo passa a constar
nas postagens da sua própria página no FACEBOOK”, ressaltou.
Aos
investigadores, Bolsonaro negou conhecer o responsável pela gravação e
providenciou a retirada da publicação horas após a postagem. Ele ainda disse
que não acompanhou a repercussão e comentários sobre o vídeo em sua página.
O
ex-presidente ainda foi questionado sobre sua opinião ao processo eleitoral do
Brasil, mas desviou o assunto e disse que não emitiu ‘juízo de valor’ sobre o
vídeo. Bolsonaro ainda disse que as eleições de 2022 são ‘página virada’.
“QUE,
em relação ao conteúdo do vídeo, considera a Eleição de 2022 uma página virada
em sua vida; QUE, indagado a respeito de sua opinião sobre o processo
eleitoral, afirma que, ao postar o vídeo, não havia o assistido em sua
integralidade e, em momento algum, emitiu juízo de valor sobre ele”, disse.
“QUE
se fosse a intenção de divulgar o vídeo para os seus seguidores, o faria em
todas as suas redes sociais e não apenas na sua rede social de menor
repercussão”, completou o ex-presidente.
Ø
Entenda
por que Bolsonaro disse estar “doidão” ao postar vídeo e o que ele tentou com
isso
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu uma das mais patéticas e ridículas
justificativas à Polícia Federal (PF), em depoimento colhido na quarta-feira
(26), para as postagens feita em suas contas oficiais nas redes sociais logo
após a tentativa frustrada de golpe de Estado levada a cabo por seus fanáticos
seguidores, em 8 de janeiro, alegando que o vídeo compartilhado que
desacreditava o sistema eleitoral brasileiro teria sido colocado no ar em seus perfis
“sem querer”, porque ele estaria “sob efeito de medicamentos”. Naturalmente, a
versão virou piada e não há qualquer hipótese de tal desculpa ser aceita pelas
autoridades que investigam o líder de extrema direita.
No
entanto, numa análise mais aprofundada, o que emerge inequivocamente da atitude
do extremista de alegar o famoso e batido “foi mal, tava doidão” é uma
tentativa de puxar para si a responsabilidade pelo criminoso ato de incentivo a
um golpe, ainda que se dizendo “inocente”. Jair Bolsonaro, ao alegar que
“recebeu altas doses de morfina” para seu quadro de obstrução intestinal,
estava na verdade colocando em marcha uma espécie de “operação blindagem”.
Em
15 de janeiro, portanto cinco dias após compartilhar o vídeo com uma entrevista
com um integrante do Ministério Público do Mato Grosso que fazia acusações
totalmente infundadas contra a lisura da eleição realizada em outubro de
2022, um ex-ministro de Bolsonaro, que
pediu para não ser identificado e deu entrevista ao jornalista Josias de Souza,
do Uol, disse que o autor do compartilhamento golpista era Carlos
Bolsonaro,
o filho mais problemático e destemperado do antigo mandatário. De fato, é
pública e oficial a informação de que “Carluxo”, como é conhecido o rebento 02
de Bolsonaro, sempre foi o operador de todos os perfis do pai nas redes
sociais.
Visto
como o cerne do chamado Gabinete de Ódio do bolsonarismo, a complexa máquina de
fake news e de assassinato de reputações da extrema direita brasileira, Carlos
teria percebido momentos depois o tamanho da besteira que fez ao espalhar o
arquivo criminoso e por isso apagou as postagens minutos depois. O tal
ex-ministro que falou sobre aqueles tumultuados dias do ex-presidente na
Flórida, logo após ficar sem mandato, confirmou que Bolsonaro àquela altura
estava tão deprimido que sequer falava com seus interlocutores políticos, tendo
inclusive trocado o número de telefone para não ser encontrado na mansão do
ex-lutador de MMA José Aldo, em Orlando.
Mesmo
com o vídeo poucos minutos no ar, a decisão de fazer tal publicação fez com que
o ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE, incluísse o ex-presidente no
inquérito que investiga os golpistas terroristas que invadiram e destruíram as
sedes dos três poderes da República na capital federa.
Um
outro forte indício de que Carlos Bolsonaro foi o autor da postagem golpista é
o fato de o vereador ter informado no dia 16
deste mês que estava deixando de operar as redes sociais do pai e, realmente, desde
então, tanto o Twitter, Facebook, Instagram e Telegram do ex-ocupante do
Palácio do Planalto seguem sem atualizações.
Para
muitos atores políticos, tanto bolsonaristas como ligados ao governo Lula, a
desculpa de Jair Bolsonaro dizendo-se “dopado” para ter cometido a ilegalidade
de insuflar seus golpistas por meio de um vídeo criminoso teria, no fundo, a
intenção de proteger Carlos de uma investigação, uma vez que a situação do
filho 02 no que diz respeito à Justiça é bem complicada, podendo ele ter prisão
preventiva decretada a qualquer momento por conta muitas outras acusações.
Ø
Deu
a louca nos advogados e porta-vozes que defendem os Bolsonaro
Em
menos de 48 horas, eles ofereceram duas saídas bizarras para os perrengues que
enfrentam o ex-presidente e a ex-primeira dama, ambos às voltas com o escândalo
das joias milionárias ofertadas pela ditadura da Arábia Saudita; e no caso
específico de Bolsonaro, também com a tentativa de golpe do 8 de janeiro.
As
joias de Michelle, no valor de 16,5 milhões de reais, foram apreendidas pela
Receita Federal. As de Bolsonaro, que entraram ilegalmente no país, apareceram
dentro de um pacote entregue nas mãos de Michelle no Palácio da Alvorada. E o
que seu porta-voz disse depois de ela ter dito que desconhecia as joias?
Que
o pacote, cujo conteúdo Michelle ignorava, ficou fechado dois ou três dias,
abandonado sobre uma pia da cozinha do palácio. Mais tarde foi aberto. Foi
quando ela soube das joias presenteadas ao marido. Quanto às joias destinadas a
ela, Michelle só ouviu falar por meio da imprensa. Não as pediu, nem recebeu.
A
segunda explicação bizarra: foi “sem querer”, e sob efeito de morfina, que
Bolsonaro, internado em um hospital americano, postou um vídeo no Facebook de
estímulo tardio ao golpe que fracassara. Com a palavra, Paulo Cunha Bueno, um
dos advogados que acompanhou o depoimento de Bolsonaro à Polícia Federal:
“Esse
vídeo foi postado na página do presidente no Facebook, quando ele tentava
transmiti-lo pro seu arquivo de WhatsApp para assistir posteriormente. […] A
postagem foi feita de forma equivocada, tanto que pouco tempo depois, duas ou
três horas depois, ele foi advertido e imediatamente a retirou”.
Postado
em 10 de janeiro, o vídeo questionava a lisura e a confiabilidade das eleições
presidenciais de 2022. Acusava Lula de não ter sido eleito de maneira legítima
pela população, mas sim por um conluio entre ministros de tribunais superiores.
Bolsonaro recuperava-se de uma obstrução intestinal.
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou à época que a conduta de
Bolsonaro poderia ser enquadrada no delito de incitação ao crime, previsto no
artigo 286 do Código Penal e cometido por quem estimula a prática de infrações.
E que tinha “o poder de estimular novas ações” contra os Poderes da República.
Ao
incluir Bolsonaro nas investigações em torno do golpe, Alexandre de Moraes
destacou um trecho da manifestação da PGR que diz que ele disseminou falsas
informações “sobre as instituições judiciárias responsáveis pela organização
dos pleitos, alegando que tramavam contra sua reeleição”.
Morfina
não combina com obstrução intestinal, segundo médicos consultados pelo O Globo.
É um medicamento usado contra diarreia e tem potencial de agravar o quadro de
obstrução intestinal de Bolsonaro. Além disso, ela não provoca um quadro de
confusão mental, a não ser se ministrada em doses elevadas.
Para
a professora de farmacologia e ex-reitora da Universidade Federal de São Paulo,
Soraya Smaili, a alegação é “estranha”:
“É
uma argumentação ruim porque a morfina causa mais constipação, ao provocar uma
diminuição na motilidade gastrointestinal.”
“Em
relação ao sistema nervoso central, a morfina causa principalmente sonolência,
uma certa depressão. Agora, confusão mental, só numa concentração muito alta”.
Bolsonaro
já havia recebido alta do hospital quando postou o vídeo.
Ø
À
PF, Bolsonaro disse que guarda "postagens que lhe interessam" sobre
vídeo golpista
Em
depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (26), Jair Bolsonaro (PL)
afirmou que encaminha "todas as mensagens que lhe interessam para seu
WhatsApp" ao se referir ao vídeo golpista que publicou - e apagou horas
depois - no dia 10 de janeiro, dois dias após os ataques terroristas promovidos
por apoiadores na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
No
depoimento, Bolsonaro afirmou que "enquanto esteve internado, foi medicado
com morfina, conforme documentação médica apresentada; que no dia 10/01/2023,
tão logo saiu do hospital, já em sua residência, visualizou o vídeo postado na
página do Facebook de uma pessoa desconhecida, que se interessou em assisti-lo
com mais cuidado posteriormente" e que, por esse, motivo teria resolvido
encaminhá-lo para o WhatsApp.
No
entanto, Bolsonaro diz "que todavia, ao clicar duas vezes na opção
compartilhar, o vídeo passa a constar da sua própria página do Facebook",
confirmado a tese revelada por seus advogados de que publicou o vídeo "sem
querer" na rede.
Em
seguida, o ex-presidente diz ter sido alertado sobre a postagem por outras
pessoas e que "não leu ou acompanhou qualquer comentário".
Bolsonaro
ainda afirmou que não havia assistido ao vídeo "em sua
integralidade", que não conhece a pessoa que aparece contestando o
resultado das urnas no vídeo e que "considera a eleição de 2022 uma página
virada em sua vida".
"Por
fim, o declarante reitera que repudia e condena todo e qualquer ato que vise a
abalar a ordem democrática e que durante os seus quatro anos de governo sempre
atuou dentro das 'quatro linhas da Constituição", diz o depoimento colhido
pela PF.
Fonte:
iG/Fórum/Metrópoles
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