Anderson Torres
entregou senhas erradas para PF; defesa fala em lapsos de memória
O
ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito
Federal, Anderson Torres, forneceu senhas inválidas à Polícia Federal (PF) para
acessar os dados em nuvem de seu celular, que Torres alega ter deixado nos
Estados Unidos quando retornou ao Brasil. A defesa do ex-ministro entregou as
senhas de e-mails e acesso à nuvem do celular na quinta-feira (20/4) da semana
passada.
De
acordo com a colunista Andréia Sadi, do g1, mesmo com as senhas erradas a PF
conseguiu acessar parte do material, no entanto, informações importantes para a
investigação dos atos golpistas de 8 de janeiro seguem bloqueadas.
Em
fevereiro, a PF já havia conseguido acessar parte dos dados do celular de
Torres, mas, sem acesso ao aparelho, não foi possível saber se ele apagou
arquivos do celular.
Com
a iniciativa de dar as senhas, Torres sinalizava que passaria a colaborar com a
apuração.
Ele
está preso desde o dia 14 de janeiro, acusado de omissão em relação aos atos
golpistas de 8 de janeiro.
Agora,
Torres deve ser questionado sobre as senhas incorretas que forneceu. Para a PF,
o ex-ministro é suspeito de ter fornecido senhas falsas ou irá alegar que acabou
dando informações erradas.
LAPSO
DE MEMÓRIA
A
defesa de Anderson Torres alegou “lapsos de memória” sobre a entrega à Polícia
Federal de senhas erradas de seu e-mail e dos dados armazenados em nuvem. Nesta
sexta-feira (28), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), determinou que a defesa do ex-ministro explique em até 48 horas o caso.
A
Polícia Federal (PF) havia informado ao magistrado que “que nenhuma das senhas
fornecidas estava correta”, o que teria inviabilizado a extração dos dados
armazenados.
Em
manifestação no inquérito em que Torres é investigado, a defesa do ex-ministro
disse, também nesta sexta-feira (28), que ele teria se equivocado ao informar
as senhas, dado seu estado de saúde.
“Em
14/04/2023, para demonstrar o seu espírito cooperativo, o peticionário
apresentou algumas alternativas de senhas para que a Polícia Federal tivesse
acesso aos seus dados”, diz a petição assinada pelo advogado Eumar Novacki.
“À
vista das informações prestadas pela psiquiatra da Secretaria de Saúde do
Distrito Federal, que dão conta da gravidade do quadro psíquico do requerente,
e dos medicamentos que lhe foram (e estão sendo) ministrados, é possível que as
senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento
cognitivo”, completou.
A
defesa disse que Torres tem “lapsos frequentes de memória e dificuldade
cognitiva”.
“Ressalta-se
ainda que, nos dias de hoje, é natural que os usuários não mais se preocupem em
‘decorar’ senhas, já que a modernidade permite que os aparelhos armazenem as
senhas, com a possibilidade de utilização do ‘face ID’ ou mesmo de sua
‘digital’ para fins de acesso a seus dados pessoais, o que representa mais um
empecilho para a memorização de senhas”.
Diante
da dificuldade em informar as senhas corretas, a defesa pede a Moraes que
determine à Apple e ao provedor de e-mail Uol para que entreguem à PF “todos os
dados referentes à nuvem e ao e-mail pessoal” de Torres.
O
advogado ainda afirmou que Torres “é o maior interessado na apuração célere dos
fatos”, e tentou fornecer as senhas “em que pese não ter a obrigação
constitucional” para isso.
Torres
está preso desde 14 de janeiro por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro.
Nesta sexta-feira, o ministro do STF Roberto Barroso negou pedido de liberdade
do ex-ministro.
• Minuta golpista e interferência nas
eleições de 2022
Os
dados do celular de Torres podem dar alguma pista sobre a minuta golpista
encontrada na sua casa. O documento previa uma intervenção do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL) para anular o resultado da eleição em que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito.
Além
disso, também há expectativa que se encontre informações sobre as supostas
ações da Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) de irem votar no segundo turno das eleições de 2022.
• Prisão domiciliar
A
defesa de Torres apresentou, na quarta-feira (26), um habeas corpus para que a
prisão do ex-ministro seja convertida em prisão domiciliar.
De
acordo com a defesa, há "imperiosa necessidade de preservação da vida, com
a resposta urgente que a excepcionalidade do cargo exige".
Além
disso, a defesa também anexou um laudo psiquiátrico realizado por um
profissional da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). O exame,
revelado pela colunista do Correio Ana Maria Campos, aponta que Anderson está
extremamente deprimido, emagreceu mais de 10kg, e tem tomado medicação forte
para se manter equilibrado.
• No pedido de HC defesa cita “choros
intensos e ininterruptos”, conforme laudo de psiquiatra
No
pedido de habeas corpus que a defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres
fez ao Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado incluiu dois laudos da
psiquiatra que acompanha Torres desde janeiro.
A
profissional, que atua na rede pública de saúde do Distrito Federal, diz que o
ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) está com “choros intensos e ininterruptos”.
Segundo
a psiquiatra Elaine Meira Bida, ele está com assistência médica de forma
intensiva e na última semana “apresentou fortes crises de ansiedade, pânico,
desespero, angústia, falta de ar, tristeza profunda, acompanhada dos choros”.
O
documento, a qual a CNN teve acesso, diz que Torres fala da preocupação com
sensação de impotência, de fraqueza, controle dos pensamentos de morte e
sensação de desespero.
A
médica diz no laudo que houve necessidade de novo reajuste de medicamentos,
aumentando a dose, pois o ex-ministro “vem aumentando o risco de tentativa de
autoextermínio”.
O
laudo assinado pela psiquiatra é de 22 de abril, mesmo dia em que Anderson
Torres iria à Polícia Federal (PF) prestar depoimento sobre ações da Polícia
Rodoviária Federal (PRF) no Nordeste no segundo turno das eleições
presidenciais do ano passado.
Com
base nesse atestado médico, fruto do laudo, a PF adiou a oitiva, sem nova data.
• Visita de senadores
Na
quarta-feira (26), a oposição no Senado concedeu uma coletiva de imprensa para
anunciar que pediu ao STF autorização para visitarem o ex-ministro na cadeia.
“Nós
tivemos a oportunidade de conviver com Anderson ministro e sabemos que houve
uma ampliação da sua retenção. Já houve negativa de liberdade duas vezes. Nós
queremos visitá-lo porque o estado de saúde dele nos preocupa e como a família
está encarando essa situação. Foi feito um documento e já enviamos ao STF o
pedido de visita, subscrito por 42 senadores da República, que é a maioria”,
declarou Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.
“Devemos
lembrar que uma pessoa, uma vez que o Estado saiba que ela tem problemas de
saúde, qualquer coisa que aconteça com ela é responsabilidade do Estado. É bom
ter isso em mente”, reforçou o senador Marcos Pontes (PL-SP).
Torres
está preso desde 14 de janeiro por suposta omissão nos atos criminosos de 8 de
janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram atacadas. Ele está numa sala de
Estado-Maior no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop) da Polícia Militar, no
Guará, região administrativa do Distrito Federal, distante 15 km do centro de
Brasília.
• Barroso nega habeas corpus e Anderson
Torres permanece na prisão
O
ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta
sexta-feira (28) o pedido da defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário
de segurança pública do Distrito Federal Anderson Torres para deixar a prisão.
Os
advogados de Torres haviam ajuizado na quarta-feira (26) um habeas corpus na
Corte, que foi distribuído para análise de Barroso. A defesa citou o “delicado
estado de saúde” do ex-ministro.
Barroso
citou a jurisprudência do Supremo de que não cabe habeas corpus contra decisão
de ministro da Corte.
A
defesa havia contestado, na ação, decisão de Alexandre de Moraes, que havia
rejeitado pedido de liberdade provisória de Torres.
“Nessas
condições, não há alternativa senão julgar extinto o processo, sem resolução do
mérito, por inadequação da via eleita”, disse Barroso.
Torres
está preso desde 14 de janeiro por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro. A
defesa havia entrado com habeas corpus tentando a revogação da prisão
preventiva ou a concessão de prisão domiciliar por causa da piora no estado de
saúde do ex-ministro.
No
habeas corpus, os advogados incluíram dois laudos da psiquiatra que acompanha
Torres desde janeiro.
A
profissional, que atua na rede pública de saúde do Distrito Federal, diz que o
ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) está com “choros intensos e ininterruptos”.
Segundo
a psiquiatra Elaine Meira Bida, ele está com assistência médica de forma
intensiva e na última semana “apresentou fortes crises de ansiedade, pânico,
desespero, angústia, falta de ar, tristeza profunda, acompanhada dos choros”.
Em
nota, a defesa de Torres disse que, apesar da urgência da situação, respeita a
situação de Barroso, e que vai recorrer.
“Diante
da piora significativa do quadro clínico do Sr. Anderson Torres e severas
crises ocorridas na semana, a defesa ingressará com recurso no prazo legal”.
<<<
Leia a íntegra da nota da defesa de Anderson Torres:
“Nossa
confiança na Justiça é inabalável e nosso respeito ao Supremo Tribunal Federal
é incondicional.
Apesar
da urgência que a situação reclama, respeitamos a decisão do Min Barroso.
Diante
da piora significativa do quadro clínico do Sr. Anderson Torres e severas
crises ocorridas na semana, a defesa ingressará com recurso no prazolegal.
Todas
as manifestações serão realizadas nos autos do processo.
Destacamos
mais uma vez o espírito cooperativo da defesa e a certeza de que o maior
interessado na apuração célere dos fatos é o Sr. Anderson Torres.”
Coitado do Anderson Torres... Por Eric
Nepomuceno
Desde
o dia catorze de janeiro o policial federal aposentado Anderson Torres está
preso.
Nesse tempo ele praticamente deixou de comer,
perdeu pelo menos doze quilos, tem seguidas e longuíssimas crises de choro,
extensos períodos de depressão profunda e emite claros sinais de tendências
suicidas.
Os laudos técnicos assinados por psiquiatras
que o acompanham na prisão trazem registros da seriedade do seu quadro.
Mais que ministro da Justiça de Jair Messias,
ele foi um exemplo nítido de aliado. Aliás, mais que aliado: foi cúmplice ativo
do tresloucado, covarde e mentiroso então mandatário.
De uma forma ou de outra, esteve envolvido até
o nó da gravata nas tentativas obcecadas de um golpe de Estado que impedisse
primeiro a eleição, e depois a posse de Lula, e eliminasse qualquer risco de
afastamento do desequilibrado.
É difícil entender como semelhante figura, que
fora do governo federal ocupava o posto de secretário de Segurança de Brasília,
voltou ao Brasil.
Ele tinha ido para a mesma Flórida onde Jair
Messias estava refugiado. Abandonou Brasília à própria sorte, com a vasta rede
de cumplicidade sabe-se lá de quantos.
Veio o dia oito de janeiro, a tentativa do
golpe tão sonhado por Jair Messias e seus seguidores, e onde estava ele? Pois
lá longe.
Era evidente que, se voltasse, iria preso. E
não deu outra: voltou e foi.
O deputado Eduardo Bolsonaro, mais conhecido
como Dudu Bananinha, lançou seu diagnóstico sobre Torres: disse que ele é
vítima da Justiça.
Palavras do Bananinha: “Se algo de pior
acontecer com o delegado federal Anderson Torres, essa conta certamente estará
junto à Justiça”.
Tirando o português atropelado de sempre,
marca típica da quadrilha chefiada por Jair Messias, deixou claro que esse
“algo pior” seria o suicídio.
Como ainda não foi preso, Bananinha talvez não
saiba que presos como Torres são vigiados cada minuto de cada hora de cada dia
na prisão, justo para impedir não só fuga, mas também suicídio.
Mas Dudu Bananinha insiste em deixar clara sua
indignação: “A situação é bizarra do ponto de vista jurídico”.
Coitado do Anderson Torres.
Afinal, seus erros consistiram basicamente em
guardar em casa a minuta de um decreto presidencial que permitiria uma
intervenção do Supremo Tribunal Federal, ter facilitado a movimentação dos
invasores dos três poderes, ter feito tudo que estava ao seu alcance para
impedir que Lula fosse eleito e depois permitir o golpe tão sonhado por Jair
Messias.
Por essa lealdade e por essa eficácia ele está
mofando na cadeira.
E enquanto isso, seu líder e inspirador
continua por aí, todo pimpão.
Seria interessante alguém perguntar a Dudu
Bananinha se essa não é uma situação ainda muito mais bizarra, não só do ponto
de vista jurídico, mas também moral.
Desleal e injusto, Jair Messias não se
manifesta sobre o aliado preso. Mais um gesto típico de sua falta absoluta e
radical de decência.
Fonte:
em.com/CNN Brasil/Brasil 247
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