Bahia:
Novo Cangaço leva terror ao interior e delegacias estão pela misericórdia
O
interior da Bahia está ao Deus dará. Quadrilhas especializadas em sitiar
cidades, o chamado “Novo Cangaço”, encontraram um solo fértil nas cidades pequenas
pela ausência da força do Estado – há municípios onde sequer existe uma dupla
de PMs. Na semana passada, em Maragogipe,
bandidos explodiram uma agência bancária durante a madrugada. Restaram aos
moradores apenas registrar de suas janelas as sequências dos disparos, pois o
policiamento só chegou quando o sol raiou.
·
Misericórdia divina
E
a falta de efetivo não é o único problema da segurança pública no interior do
estado. É sabido que boa parte das delegacias está de pé pela misericórdia
divina. São construções antiquíssimas, que nem deveriam ser reformadas, e sim
demolidas para construção de nova unidades. A prova disso é a delegacia de Belmonte que foi alagada na semana passada e teve o
atendimento suspenso. Para além da estrutura física, há também falta de
equipamentos e até internet – tem delegado bancando do próprio bolso o serviço
de wi-fi para trabalhar.
Ø
Caso
Lucas Terra: "Fecho esse capítulo macabro", desabafa promotor David
Gallo
Os
pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda foram condenados após 22 anos da morte do garoto Lucas Terra, de 14 anos. A
pena foi de 21 anos (18 anos pelo crime e 3 pela agravante) de reclusão
por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e sem
possibilidade de defesa da vítima, que foi queimada viva e morta em
março de 2001.
Promotor
do caso desde a denúncia, David Gallo conversou com a imprensa ao final do júri
e disse acreditar que a justiça foi feita no caso.
"Sensação
de justiça feita e dever cumprido. Eu acompanho esse caso, esse drama, essa
tragédia, desde o início. Eu fiz o julgamento do primeiro acusado, isso no ano
de 2006, há 17 anos. Posteriormente, ele delatou os outros dois e eu iniciei
esse processo. Graças a Deus, hoje eu termino e fecho esse capítulo macabro do
sofrimento de uma família", contou.
A
pena imposta aos pastores será cumprida inicialmente em regime fechado, no
entanto, até o trânsito julgado, os pastores irão responder em
liberdade.
"A
juíza aplicou a pena adequada. Dificilmente, eles vão recorrer, a gente não
sabe o que vai ocorrer, mas, pela contundência das provas e pelo que foi
apresentado no plenário do julgamento, tenho quase certeza. Eu pedi para Deus
que ele me inspirasse para buscar essa justiça, que foi feita depois de 22
anos", disse David Gallo.
·
Mãe
e irmãos de Lucas Terra celebram condenações de pastores
A
família do adolescente Lucas Terra, morto em 2001,
aos 14 anos, celebrou a condenação dos pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda. Os dois foram
condenados a 21 anos de reclusão pelo homicídio triplamente qualificado por
motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima, após júri
popular que começou na terça-feira, 25, e terminou nesta quinta-feira,
27.
Ao
final do Júri, a mãe de Lucas, Marion Terra, conversou com a imprensa e
emocionada agradeceu pelo apoio recebido ao longo dos últimos 22 anos.
"Eu
estou muito emocionada. Pelo Carlos (pai de Lucas Terra, que faleceu em 2019),
pelo meu filhinho. Depois de 22 anos, essa é a justiça que eu esperava. Hoje
foi o dia da minha vitória. Quero agradecer a vocês da imprensa que nunca se
calaram e sempre foram nossa voz. Essa vitória é de todas as mães da Bahia que
perdem os seus filhos, de todos os jornalistas, que se deparam com poderosos
economicamente. Prevaleceu a Justiça e eu agradeço a Deus, porque ele vive! Meu
senhor Jesus Cristo vive! Tenho certeza que eles vão pagar pelo que fizeram na
prisão", disse Marion.
Os
irmãos de Lucas Terra também estavam presentes no Salão do Júri, no Fórum Ruy
Barbosa, e celebraram a decisão. "Essa impunidade não era só com a minha
família, era com a sociedade de bem. Agradecer em primeiro lugar a Deus, que
minha mãe sempre falou para gente confiar. Meu pai sempre falou: ‘eu não quero
vingança, eu quero Justiça’", disse Carlos Terra Junior.
Já
Carlos Felipe Terra falou sobre a sensação de prazer de ver os pastores serem
condenados. "Hoje pude soltar esse grito pelo meu pai. Ele não está aqui,
mas tem uma família. O Lucas também tem uma família e nós estamos aqui para
mostrar que eles não são poderosos, a sociedade é poderosa. Foi um prazer
imenso apontar o dedo na cara desses assassinos e chamá-los de monstros".
·
Advogado
de defesa de pastores diz que vai recorrer
O advogado de defesa dos pastores Fernando Aparecido
da Silva e Joel Miranda, condenados a 21 anos de reclusão pela morte de Lucas Terra, em março de 2001, afirmou ao final do tribunal do júri que pretende
recorrer da decisão. O julgamento, que começou na última terça-feira, 25, foi
concluído na noite de quinta-feira, 27.
"O julgamento aconteceu, o júri popular
analisou o que foi trazido. Eles tiveram uma percepção e condenaram os réus. A
defesa pretende recorrer e levar a matéria ao tribunal [...] Foram dois crimes
apresentados, o crime de ocultação de cadáver estava prescrito. Com relação à
denúncia principal, os jurados analisaram e a condenação aconteceu. Agora, cabe
à defesa avaliar a decisão e apontar os tópicos para o tribunal", disse o
advogado Nestor Távora.
Fernando e Joel foram condenados por homicídio
triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de
defesa da vítima. Lucas Terra foi estuprado, morto e ainda teve o corpo
incendiado.
Ainda segundo Nestor, o momento é de avaliação da
decisão do júri. "Foram alguns desdobramentos. Não foi apenas com relação
ao Tribunal de Justiça, essa matéria também foi aos tribunais superiores. Agora
é avaliar realmente a decisão, para poder entender e discutir o que for
pertinente ser discutido. Vamos analisar a fundamentação trazida na decisão
lida em plenário. Depois da análise, iremos fazer a formulação jurídica
pertinente", revelou.
Fonte:
Correio/A Tarde
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