segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Menopausa pode aumentar risco de transtornos psiquiátricos, diz estudo

Um estudo publicado neste mês na Nature Mental Health, revista científica de renome, mostrou que a perimenopausa pode aumentar os riscos de transtornos mentais, como depressão e mania, condição caracterizada pelo humor elevado e que, geralmente, está associado ao transtorno bipolar. A perimenopausa é o período que antecede a última menstruação e caracteriza a transição entre a fase reprodutiva e não-reprodutiva da mulher.

A relação entre a menopausa e mudanças de humor já foi bem estabelecida por estudos anteriores, porém, segundo os autores da pesquisa, o conhecimento do risco de um amplo espectro de transtornos psiquiátricos associados ao climatério ainda é limitado. Diante disso, o objetivo do estudo foi investigar se a perimenopausa poderia estar associada ao aumento do risco de desenvolver transtornos psiquiátricos em comparação com a fase reprodutiva.

Para isso, os pesquisadores utilizaram o UK Biobank, um grande banco de dados do Reino Unido, e analisaram informações sobre menopausa e histórico psiquiátrico de 128.294 mulheres que estavam inscritas no banco. Os dados foram obtidos de entrevistas administradas por enfermeiras e questionários online.

As taxas de incidência de transtornos psiquiátricos durante a menopausa (quatro anos em torno do período menstrual final) foram comparadas com o período de referência pré-menopausa (de seis a 10 anos antes do período menstrual final). As taxas foram calculadas para transtorno depressivo, mania e transtornos do espectro da esquizofrenia.

Segundo o estudo, as mulheres que estavam na perimenopausa tiveram um risco 52% maior de desenvolver algum tipo de transtorno psiquiátrico em comparação com o período anterior à menopausa. Em relação à mania, o risco foi 112% maior nesse período. Já a depressão foi 30% mais incidente na perimenopausa. Por outro lado, não foi encontrada relação entre a perimenopausa e o surgimento de transtornos do espectro da esquizofrenia.

“Ao fazer a análise, o estudo pode observar que existe, de fato, uma associação encontrada entre distúrbios do humor, particularmente, a depressão e mania, no período da menopausa do que no período reprodutivo, claramente implicando, de maneira significativa, as ocorrências de deficiência hormonal da menopausa com o aparecimento desses sintomas”, analisa César Eduardo Fernandes, especialista no tratamento dos sintomas do climatério e menopausa do Grupo Santa Joana, à CNN. Ele não esteve envolvido no estudo.

“O trabalho chama atenção para que os médicos fiquem mais atentos aos aparecimentos de sintomas psiquiátricos e fazer a relação temporal com o aparecimento da menopausa”, completa o especialista.

<><> Relação entre menopausa e cérebro

A menopausa é caracterizada pela última menstruação, e ocorre quando o ovário deixa de produzir hormônios para a ovulação. O período que antecede a menopausa é chamado de perimenopausa, que pode ocorrer, geralmente, entre os 42 e 52 anos.

“Nesse período, há uma carência de hormônios femininos, os estrogênios. A falta deles tem repercussões sobre a saúde da mulher na totalidade, afetando vários órgãos e tecidos, incluindo o cérebro”, explica Fernandes.

O especialista explica que, no cérebro, ocorrem as sinapses, que são as conexões e comunicações entre neurônios. Essa conexão ocorre com a ajuda de neurotransmissores, substâncias químicas que levam informações de um neurônio para outro. É o caso da serotonina e da adrenalina, por exemplo.

“Sabe-se que os estrogênios têm uma importância fundamental tanto na síntese desses neurotransmissores quanto na liberação deles na fenda sináptica, a região onde um neurônico faz contato com o outro”, explica Fernandes. “Então, existe plausabilidade biológica para entender que a deficiência estrogênica pode comprometer o funcionamento do cérebro e, por esse caminho, levar a transtornos do humor, como a depressão e a mania”, afirma.

Além disso, Fernandes ressalta que a própria menopausa pode trazer efeitos significativos na qualidade de vida das mulheres, principalmente no que diz respeito à libido, que pode ser reduzida nessa fase, e na própria autoestima. “Soma-se à deficiência hormonal, outras variáveis como história de vida, relacionamento afetivo, resultados profissionais e familiares podem interferir para os transtornos de humor que acontecem nesse período”, afirma.

No entanto, vale lembrar que os transtornos de humor não são motivados exclusivamente pela deficiência hormonal. “Também existe uma hereditariedade que tem que ser considerada”, ressalta Fernandes.

 

•        Menopausa: conheça benefícios e contraindicações da reposição hormonal

Menopausa é o termo médico usado para definir a data da última menstruação da mulher. No entanto, só é possível cravar quando acontece a última menstruação quando a mulher fica um ano sem menstruar. Para o novo período, é comum que algumas pacientes façam o uso da terapia de reposição hormonal. Conheça abaixo os benefícios e as contraindicações dessa reposição.

Na mulher brasileira, a menopausa acontece em média aos 48 anos, mas pode ocorrer dos 40 até os 55 anos, sendo chamada de prematura antes do 40 e tardia após os 55. Seus sintomas mais comuns são: ondas de calor, irritabilidade, secura vaginal, insônia, fadiga e alterações de humor.

Já a reposição hormonal é o consumo de hormônios que estão diminuídos na mulher, a fim de restabelecer o equilíbrio e diminuir os sintomas decorrentes da menopausa. Segundo a ginecologista e obstetra, Maria Carolina Dalboni, a reposição hormonal visa repor principalmente o estradiol, a testosterona e a progesterona, que são hormônios sexuais.

No entanto, a doutora explica que não adianta repor apenas os hormônios sexuais e é necessário que os demais hormônios estejam com uma boa avaliação, como é o caso do cortisol e os hormônios da tireoide, por exemplo. “Muitas vezes, a gente vai precisar fazer uma modulação desses outros hormônios além da reposição dos dos hormônios sexuais”, diz.

De acordo com Marisa Teresinha Patriarca, coordenadora do setor de climatério do Serviço de Ginecologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), o uso de reposição hormonal pode melhorar a qualidade de vida da paciente, e a terapia, no geral, é bem tolerada.

No entanto, a reposição hormonal pode acarretar alguns sintomas negativos, que “podem ser muito pequenos e, eventualmente, a mulher pode ter dor mamária, igual àquela que ela tinha na época que ela ia menstruar, ou pequenos sangramentos no início. Mas tudo isso é esperado de acontecer”, relata a médica.

De acordo com a coordenadora, existe um período oportuno para fazer a terapia hormonal. “A gente chama de janela de oportunidade, ou seja, quanto mais próximo da menopausa, muito maiores os benefícios e menores os riscos”.

Em seguida, ela também acrescenta que, como o tratamento é individualizado para cada caso, é necessário ser colocado na balança as oportunidades e riscos antes de iniciar a terapia hormonal.

A ginecologista e obstetra Roberta Simonaggio destaca outros pontos positivos da reposição hormonal: “Além de restabelecer o equilíbrio hormonal na mulher e diminuir os sintomas das menopausa e perimenopausa, consistem em redução de perda óssea, melhora do bem-estar, da libido, da pele, calor, diminuição do risco de doença cardiovascular, melhora da memória”.

<><> Quais são as indicações da terapia hormonal?

De acordo com Marisa Teresinha Patriarca, a indicação primária é o alívio dos sintomas vasomotores, caracterizada pelos episódios súbitos de calor. Em segundo lugar, a ginecologista cita os sintomas geniturinários, que envolvem atrofia vaginal e urinária, além de prevenir fraturas por osteoporose.

Em outro momento, a médica ainda menciona que o tratamento também é indicado para aquelas pacientes que têm insuficiência ovariana prematura antes dos 40 anos.

“A gente tenta levar a reposição hormonal para pacientes que podem fazer isso, até a idade média da menopausa, que gira em torno de 48 anos na mulher brasileira”, explica.

<><> E quais são as contraindicações da reposição hormonal?

Por outro lado, Simonaggio frisa os riscos do tratamento, que aparecem quando a terapia é usada em mulheres que possuem contraindicações como aquelas com alto risco cardiovascular e câncer de mama.

“Vale a pena salientar que mulheres saudáveis e com baixo risco cardiovascular, não há malefícios e somente benefícios na reposição hormonal”, afirma.

Ela também menciona que a paciente descobre se precisa de reposição hormonal através dos sintomas e da consulta com o ginecologista que poderá aconselhá-la e avaliar as indicações ou contraindicações na reposição hormonal.

 

•        Creatina na menopausa: veja benefícios e como tomar

A menopausa é marcada pela queda na produção de estrogênio, hormônio responsável por regular o ciclo menstrual, o que leva aos sintomas característicos da fase, como menstruações irregulares (até cessarem por completo) e as famosas ondas de calor. Porém, a queda desse hormônio também pode levar à perda de massa muscular e óssea.

Nesse sentido, a suplementação de creatina pode ser uma alternativa interessante e benéfica para mulheres na pós-menopausa. Segundo um estudo publicado em 2021 na revista Nutrients, o uso da creatina pode aumentar a composição corporal e a densidade mineral óssea de mulheres nessa fase da vida, além de melhorar o humor e a função cognitiva.

“A creatina atua na preservação da massa muscular, aumentando também a força e a resistência, evitando o risco de fraturas, evitando o risco de doenças mais graves, como, por exemplo, a osteoporose“, explica Ramiele Calmon, nutricionista especialista em climatério e menopausa, à CNN.

Entre os benefícios que a creatina pode oferecer às mulheres no pós-menopausa, citados pela nutricionista, estão:

•        Aumento da massa muscular;

•        Melhora da força;

•        Melhora da saúde óssea;

•        Maior desempenho em exercícios físicos;

•        Melhora da função cognitiva.

“Alguns estudos sugerem que a creatina é benéfica à função cognitiva, principalmente por que a memória das mulheres na menopausa sofre uma queda, e a creatina pode atuar revertendo essa degeneração”, afirma Calmon.

Outro estudo publicado em 2021, também na revista Nutrients, mostra que a creatina pode melhorar o processamento cognitivo em condições que favorecem o déficit dessa substância no cérebro, como a privação de sono, lesão cerebral traumática, envelhecimento natural, Alzheimer e depressão. Porém, mais estudos são necessários para confirmar esses achados.

<><> Como a creatina atua no organismo?

A creatina exerce uma série de funções importantes no organismo. Ela é armazenada, principalmente, nas fibras musculares e está envolvida na produção de energia que abastece as células do músculo. Isso acontece através do seu papel em manter os níveis de ATP (adenosina trifosfato) intracelular.

“A ATP é considerada a fonte de energia das células e é formada por três fosfatos. Quando o músculo se contrai, um desses fosfatos é utilizado e a molécula fica ‘sem energia’”, explica Marina Seidl, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais e especialista em nutrição clínica funcional, em matéria publicada anteriormente na CNN. Ao recarregar a energia dessa molécula, a cretina aumenta a força e o desempenho físico.

“A suplementação com creatina beneficia o desempenho em exercícios de alta intensidade, como musculação e corrida, otimizando a capacidade do corpo de gerar energia durante os treinos”, explica Larissa Raso Hammes, ginecologista e obstetra do Instituto GRIS. “Isso se traduz em mais força, resistência e explosão muscular, potencializando os resultados das atividades físicas”.

Diante desse mecanismo, a suplementação de creatina pode ser recomendada para mulheres que estejam com perda de massa muscular, sentindo fraqueza, fadiga e perda de memória, segundo Calmon.

“É importante sempre fazer o uso da suplementação de creatina com uma alimentação balanceada, antioxidante, anti-inflamatória para melhores resultados”, ressalta a nutricionista. Para isso, vale evitar o consumo de açúcar, farinha de trigo e alimentos industrializados, apostando em uma alimentação rica em vegetais, proteínas magras e grãos integrais.

<><> Como tomar creatina?

A suplementação de creatina pode ser feita de acordo com orientação de um profissional de nutrição ou nutrologia. É ele quem vai definir a dose diária ideal para cada caso, levando em consideração características individuais, como o peso corporal.

De maneira geral, segundo uma revisão publicada pelo International Society of Sports Nutrition, a creatina pode ser suplementada em uma dose que varia de 3 a 5 gramas por dia. Também é interessante consumir o suplemento junto às principais refeições, que devem conter carboidratos e proteínas em sua composição.

<><> Uso da creatina na menopausa deve vir acompanhado de outros hábitos saudáveis

Além de manter uma alimentação equilibrada, é importante adotar hábitos saudáveis para usufruir dos benefícios que a creatina pode oferecer no pós-menopausa. É o caso de praticar exercícios físicos regularmente, além de evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.

“Ao combinar essas medidas com a suplementação de creatina, quando indicada, as mulheres na pós-menopausa podem ter melhor qualidade de vida e envelhecer de forma saudável”, ressalta a médica.

Outros suplementos também podem ser indicados, dependendo do caso, como o cálcio e vitamina D, que podem aumentar a saúde óssea.

“Ômega-3 também pode ser indicado para melhorar a inflamação e diminuir o risco cardiovascular. Já a vitamina B12 é importante para a saúde neuronal, fadiga, cansaço e perda de memória. Magnésio ajuda na melhora do sono e reduz a irritabilidade, enquanto a vitamina E alivia fogachos e melhora a pele seca”, acrescenta Calmon.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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