Menopausa pode aumentar risco de
transtornos psiquiátricos, diz estudo
Um estudo publicado
neste mês na Nature Mental Health, revista científica de renome, mostrou que a
perimenopausa pode aumentar os riscos de transtornos mentais, como depressão e
mania, condição caracterizada pelo humor elevado e que, geralmente, está associado
ao transtorno bipolar. A perimenopausa é o período que antecede a última
menstruação e caracteriza a transição entre a fase reprodutiva e
não-reprodutiva da mulher.
A relação entre a
menopausa e mudanças de humor já foi bem estabelecida por estudos anteriores,
porém, segundo os autores da pesquisa, o conhecimento do risco de um amplo
espectro de transtornos psiquiátricos associados ao climatério ainda é
limitado. Diante disso, o objetivo do estudo foi investigar se a perimenopausa
poderia estar associada ao aumento do risco de desenvolver transtornos
psiquiátricos em comparação com a fase reprodutiva.
Para isso, os
pesquisadores utilizaram o UK Biobank, um grande banco de dados do Reino Unido,
e analisaram informações sobre menopausa e histórico psiquiátrico de 128.294
mulheres que estavam inscritas no banco. Os dados foram obtidos de entrevistas
administradas por enfermeiras e questionários online.
As taxas de incidência
de transtornos psiquiátricos durante a menopausa (quatro anos em torno do
período menstrual final) foram comparadas com o período de referência
pré-menopausa (de seis a 10 anos antes do período menstrual final). As taxas
foram calculadas para transtorno depressivo, mania e transtornos do espectro da
esquizofrenia.
Segundo o estudo, as
mulheres que estavam na perimenopausa tiveram um risco 52% maior de desenvolver
algum tipo de transtorno psiquiátrico em comparação com o período anterior à
menopausa. Em relação à mania, o risco foi 112% maior nesse período. Já a depressão
foi 30% mais incidente na perimenopausa. Por outro lado, não foi encontrada
relação entre a perimenopausa e o surgimento de transtornos do espectro da
esquizofrenia.
“Ao fazer a análise, o
estudo pode observar que existe, de fato, uma associação encontrada entre
distúrbios do humor, particularmente, a depressão e mania, no período da
menopausa do que no período reprodutivo, claramente implicando, de maneira
significativa, as ocorrências de deficiência hormonal da menopausa com o
aparecimento desses sintomas”, analisa César Eduardo Fernandes, especialista no
tratamento dos sintomas do climatério e menopausa do Grupo Santa Joana, à CNN.
Ele não esteve envolvido no estudo.
“O trabalho chama
atenção para que os médicos fiquem mais atentos aos aparecimentos de sintomas
psiquiátricos e fazer a relação temporal com o aparecimento da menopausa”,
completa o especialista.
<><>
Relação entre menopausa e cérebro
A menopausa é
caracterizada pela última menstruação, e ocorre quando o ovário deixa de
produzir hormônios para a ovulação. O período que antecede a menopausa é
chamado de perimenopausa, que pode ocorrer, geralmente, entre os 42 e 52 anos.
“Nesse período, há uma
carência de hormônios femininos, os estrogênios. A falta deles tem repercussões
sobre a saúde da mulher na totalidade, afetando vários órgãos e tecidos,
incluindo o cérebro”, explica Fernandes.
O especialista explica
que, no cérebro, ocorrem as sinapses, que são as conexões e comunicações entre
neurônios. Essa conexão ocorre com a ajuda de neurotransmissores, substâncias
químicas que levam informações de um neurônio para outro. É o caso da serotonina
e da adrenalina, por exemplo.
“Sabe-se que os
estrogênios têm uma importância fundamental tanto na síntese desses
neurotransmissores quanto na liberação deles na fenda sináptica, a região onde
um neurônico faz contato com o outro”, explica Fernandes. “Então, existe
plausabilidade biológica para entender que a deficiência estrogênica pode
comprometer o funcionamento do cérebro e, por esse caminho, levar a transtornos
do humor, como a depressão e a mania”, afirma.
Além disso, Fernandes
ressalta que a própria menopausa pode trazer efeitos significativos na
qualidade de vida das mulheres, principalmente no que diz respeito à libido,
que pode ser reduzida nessa fase, e na própria autoestima. “Soma-se à
deficiência hormonal, outras variáveis como história de vida, relacionamento
afetivo, resultados profissionais e familiares podem interferir para os
transtornos de humor que acontecem nesse período”, afirma.
No entanto, vale
lembrar que os transtornos de humor não são motivados exclusivamente pela
deficiência hormonal. “Também existe uma hereditariedade que tem que ser
considerada”, ressalta Fernandes.
• Menopausa: conheça benefícios e
contraindicações da reposição hormonal
Menopausa é o termo
médico usado para definir a data da última menstruação da mulher. No entanto,
só é possível cravar quando acontece a última menstruação quando a mulher fica
um ano sem menstruar. Para o novo período, é comum que algumas pacientes façam
o uso da terapia de reposição hormonal. Conheça abaixo os benefícios e as
contraindicações dessa reposição.
Na mulher brasileira,
a menopausa acontece em média aos 48 anos, mas pode ocorrer dos 40 até os 55
anos, sendo chamada de prematura antes do 40 e tardia após os 55. Seus sintomas
mais comuns são: ondas de calor, irritabilidade, secura vaginal, insônia, fadiga
e alterações de humor.
Já a reposição
hormonal é o consumo de hormônios que estão diminuídos na mulher, a fim de
restabelecer o equilíbrio e diminuir os sintomas decorrentes da menopausa.
Segundo a ginecologista e obstetra, Maria Carolina Dalboni, a reposição
hormonal visa repor principalmente o estradiol, a testosterona e a
progesterona, que são hormônios sexuais.
No entanto, a doutora
explica que não adianta repor apenas os hormônios sexuais e é necessário que os
demais hormônios estejam com uma boa avaliação, como é o caso do cortisol e os
hormônios da tireoide, por exemplo. “Muitas vezes, a gente vai precisar fazer
uma modulação desses outros hormônios além da reposição dos dos hormônios
sexuais”, diz.
De acordo com Marisa
Teresinha Patriarca, coordenadora do setor de climatério do Serviço de
Ginecologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), o uso
de reposição hormonal pode melhorar a qualidade de vida da paciente, e a
terapia, no geral, é bem tolerada.
No entanto, a
reposição hormonal pode acarretar alguns sintomas negativos, que “podem ser
muito pequenos e, eventualmente, a mulher pode ter dor mamária, igual àquela
que ela tinha na época que ela ia menstruar, ou pequenos sangramentos no
início. Mas tudo isso é esperado de acontecer”, relata a médica.
De acordo com a
coordenadora, existe um período oportuno para fazer a terapia hormonal. “A
gente chama de janela de oportunidade, ou seja, quanto mais próximo da
menopausa, muito maiores os benefícios e menores os riscos”.
Em seguida, ela também
acrescenta que, como o tratamento é individualizado para cada caso, é
necessário ser colocado na balança as oportunidades e riscos antes de iniciar a
terapia hormonal.
A ginecologista e
obstetra Roberta Simonaggio destaca outros pontos positivos da reposição
hormonal: “Além de restabelecer o equilíbrio hormonal na mulher e diminuir os
sintomas das menopausa e perimenopausa, consistem em redução de perda óssea,
melhora do bem-estar, da libido, da pele, calor, diminuição do risco de doença
cardiovascular, melhora da memória”.
<><> Quais
são as indicações da terapia hormonal?
De acordo com Marisa
Teresinha Patriarca, a indicação primária é o alívio dos sintomas vasomotores,
caracterizada pelos episódios súbitos de calor. Em segundo lugar, a
ginecologista cita os sintomas geniturinários, que envolvem atrofia vaginal e
urinária, além de prevenir fraturas por osteoporose.
Em outro momento, a
médica ainda menciona que o tratamento também é indicado para aquelas pacientes
que têm insuficiência ovariana prematura antes dos 40 anos.
“A gente tenta levar a
reposição hormonal para pacientes que podem fazer isso, até a idade média da
menopausa, que gira em torno de 48 anos na mulher brasileira”, explica.
<><> E
quais são as contraindicações da reposição hormonal?
Por outro lado,
Simonaggio frisa os riscos do tratamento, que aparecem quando a terapia é usada
em mulheres que possuem contraindicações como aquelas com alto risco
cardiovascular e câncer de mama.
“Vale a pena salientar
que mulheres saudáveis e com baixo risco cardiovascular, não há malefícios e
somente benefícios na reposição hormonal”, afirma.
Ela também menciona
que a paciente descobre se precisa de reposição hormonal através dos sintomas e
da consulta com o ginecologista que poderá aconselhá-la e avaliar as indicações
ou contraindicações na reposição hormonal.
• Creatina na menopausa: veja benefícios e
como tomar
A menopausa é marcada
pela queda na produção de estrogênio, hormônio responsável por regular o ciclo
menstrual, o que leva aos sintomas característicos da fase, como menstruações
irregulares (até cessarem por completo) e as famosas ondas de calor. Porém, a
queda desse hormônio também pode levar à perda de massa muscular e óssea.
Nesse sentido, a
suplementação de creatina pode ser uma alternativa interessante e benéfica para
mulheres na pós-menopausa. Segundo um estudo publicado em 2021 na revista
Nutrients, o uso da creatina pode aumentar a composição corporal e a densidade
mineral óssea de mulheres nessa fase da vida, além de melhorar o humor e a
função cognitiva.
“A creatina atua na
preservação da massa muscular, aumentando também a força e a resistência,
evitando o risco de fraturas, evitando o risco de doenças mais graves, como,
por exemplo, a osteoporose“, explica Ramiele Calmon, nutricionista especialista
em climatério e menopausa, à CNN.
Entre os benefícios
que a creatina pode oferecer às mulheres no pós-menopausa, citados pela
nutricionista, estão:
• Aumento da massa muscular;
• Melhora da força;
• Melhora da saúde óssea;
• Maior desempenho em exercícios físicos;
• Melhora da função cognitiva.
“Alguns estudos
sugerem que a creatina é benéfica à função cognitiva, principalmente por que a
memória das mulheres na menopausa sofre uma queda, e a creatina pode atuar
revertendo essa degeneração”, afirma Calmon.
Outro estudo publicado
em 2021, também na revista Nutrients, mostra que a creatina pode melhorar o
processamento cognitivo em condições que favorecem o déficit dessa substância
no cérebro, como a privação de sono, lesão cerebral traumática, envelhecimento
natural, Alzheimer e depressão. Porém, mais estudos são necessários para
confirmar esses achados.
<><> Como
a creatina atua no organismo?
A creatina exerce uma
série de funções importantes no organismo. Ela é armazenada, principalmente,
nas fibras musculares e está envolvida na produção de energia que abastece as
células do músculo. Isso acontece através do seu papel em manter os níveis de
ATP (adenosina trifosfato) intracelular.
“A ATP é considerada a
fonte de energia das células e é formada por três fosfatos. Quando o músculo se
contrai, um desses fosfatos é utilizado e a molécula fica ‘sem energia’”,
explica Marina Seidl, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais e especialista
em nutrição clínica funcional, em matéria publicada anteriormente na CNN. Ao
recarregar a energia dessa molécula, a cretina aumenta a força e o desempenho
físico.
“A suplementação com
creatina beneficia o desempenho em exercícios de alta intensidade, como
musculação e corrida, otimizando a capacidade do corpo de gerar energia durante
os treinos”, explica Larissa Raso Hammes, ginecologista e obstetra do Instituto
GRIS. “Isso se traduz em mais força, resistência e explosão muscular,
potencializando os resultados das atividades físicas”.
Diante desse
mecanismo, a suplementação de creatina pode ser recomendada para mulheres que
estejam com perda de massa muscular, sentindo fraqueza, fadiga e perda de
memória, segundo Calmon.
“É importante sempre
fazer o uso da suplementação de creatina com uma alimentação balanceada,
antioxidante, anti-inflamatória para melhores resultados”, ressalta a
nutricionista. Para isso, vale evitar o consumo de açúcar, farinha de trigo e
alimentos industrializados, apostando em uma alimentação rica em vegetais,
proteínas magras e grãos integrais.
<><> Como
tomar creatina?
A suplementação de
creatina pode ser feita de acordo com orientação de um profissional de nutrição
ou nutrologia. É ele quem vai definir a dose diária ideal para cada caso,
levando em consideração características individuais, como o peso corporal.
De maneira geral,
segundo uma revisão publicada pelo International Society of Sports Nutrition, a
creatina pode ser suplementada em uma dose que varia de 3 a 5 gramas por dia.
Também é interessante consumir o suplemento junto às principais refeições, que
devem conter carboidratos e proteínas em sua composição.
<><> Uso
da creatina na menopausa deve vir acompanhado de outros hábitos saudáveis
Além de manter uma
alimentação equilibrada, é importante adotar hábitos saudáveis para usufruir
dos benefícios que a creatina pode oferecer no pós-menopausa. É o caso de
praticar exercícios físicos regularmente, além de evitar o tabagismo e o
consumo excessivo de álcool.
“Ao combinar essas
medidas com a suplementação de creatina, quando indicada, as mulheres na
pós-menopausa podem ter melhor qualidade de vida e envelhecer de forma
saudável”, ressalta a médica.
Outros suplementos
também podem ser indicados, dependendo do caso, como o cálcio e vitamina D, que
podem aumentar a saúde óssea.
“Ômega-3 também pode
ser indicado para melhorar a inflamação e diminuir o risco cardiovascular. Já a
vitamina B12 é importante para a saúde neuronal, fadiga, cansaço e perda de
memória. Magnésio ajuda na melhora do sono e reduz a irritabilidade, enquanto a
vitamina E alivia fogachos e melhora a pele seca”, acrescenta Calmon.
Fonte: CNN Brasil
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