Estudo revela estratégia para matar células
de câncer de mama
Pesquisadores
descobriram como matar células causadoras do câncer de mama ao deixá-las sem
nutriente essencial para sua sobrevivência. A descoberta foi publicada no final
de agosto na revista científica Nature Metabolism e, segundo estudo, resultou
no encolhimento dos tumores em camundongos e em tecidos derivados de pacientes
humanos.
As células
cancerígenas se alimentam de nutrientes fundamentais para sua sobrevivência e
crescimento, como a glutamina, um aminoácido encontrado em alimentos como
carne, peixe, ovos, leguminosas e alguns vegetais.
Estudos anteriores
mostraram que privar essas células de glutamina ou impedir sua conversão em
metabólitos pode interromper o crescimento das células em laboratório. No
entanto, ensaios clínicos mais recentes, realizados em pacientes com câncer de
mama que receberam um medicamento que interrompeu o fornecimento de glutaminas
às células cancerígenas, descobriram que elas são capazes de se adaptar e
encontrar uma nova maneira de viver sem o aminoácido.
Pesquisadores do Cold
Spring Harbor Laboratory (CSHL), localizado em Nova York, nos Estados Unidos,
observaram que as células cancerígenas se adaptam à privação de glutamina ao
ativar um caminho que gera um metabólito chamado alfa-cetoglutarato, derivado
da glutamina. Isso permitiu que elas continuassem produzindo energia e
aumentando de tamanho.
“Isso nos fez pensar,
poderíamos explorar isso para terapia de câncer?” Michael Lukey, professor
assistente do CSHL, relembra, em comunicado à imprensa. “Poderíamos mirar o
metabolismo da glutamina? Sabemos que as células se adaptam a isso. Então,
poderíamos mirar simultaneamente sua resposta adaptativa inibindo a via?”
Foi, então, o que os
pesquisadores fizeram. Ao invés de focar em interromper o fornecimento de
glutamina às células, eles focaram em inibir as vias metabólicas que as ajudam
a se adaptar à falta do aminoácido. Segundo o estudo, a abordagem foi
bem-sucedida, matando células de câncer de mama em placas de laboratório, que
continham tecidos derivados de pacientes humanos, e em camundongos.
De acordo com os
pesquisadores, os tumores pararam de crescer e, até mesmo, encolheram a partir
da nova abordagem. Os animais permaneceram saudáveis.
Agora, os inibidores
de ambas as vias metabólicas — tanto da glutamina, quanto do processo de
adaptação das células — estão sendo analisadas em estudos adicionais. Lukey
observa que essas vias podem ser especialmente importantes para a metástase do
câncer de mama para diferentes tecidos, incluindo alguns que são muito difíceis
de tratar.
“Metástases cerebrais
em particular não têm nenhuma terapia eficaz”, explica Lukey. O pesquisador
espera que a terapia combinada desenvolvida em seu laboratório possa, em última
análise, melhorar a eficácia dos inibidores do metabolismo de glutamina na clínica.
Isso pode significar novos tratamentos eficazes que visem os vícios metabólicos
do câncer.
• Celular aumenta risco de câncer
cerebral? Estudo da OMS responde
Um estudo encomendado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que não existem evidências de
que o uso de celulares pode aumentar o risco de câncer no cérebro. O trabalho
fez uma ampla revisão de estudos sobre o tema realizados 1994 e 2022, e as conclusões
foram publicadas na revista científica Environment International.
Em 2013, a Agência
Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) classificou a exposição a campos
eletromagnéticos de radiofrequência como possíveis cancerígenos. Isso acendeu o
alerta para a possibilidade de o uso de celular causar câncer no cérebro, porém,
até então, essa associação não tinha sido evidenciada pela ciência.
Diante disso, a OMS
encomendou a revisão sistemática de 63 estudos publicados anteriormente para
entender os potenciais efeitos à saúde causados pela exposição às ondas de
rádio. A análise não encontrou associação entre o uso de celulares e câncer de
cabeça, incluindo glioma, meningioma, neuroma acústico, tumores da hipófise e
tumores da glândula salivar em adultos e tumores cerebrais pediátricos.
“Quando a Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificou a exposição às
ondas de rádio como um possível agente cancerígeno para humanos em 2013, ela se
baseou amplamente em evidências limitadas de estudos observacionais em
humanos”, afirma o professor Ken Karipidis, da Agência Australiana de Proteção
contra Radiação e Segurança Nuclear (ARPANSA), que liderou esta revisão.
Segundo ele, essa é a avaliação mais abrangente e atualizada das evidências
sobre o assunto até então.
“Esta revisão
sistemática de estudos observacionais humanos é baseada em um conjunto de dados
muito maior comparado ao examinado pelo IARC, que também inclui estudos mais
recentes e abrangentes, então podemos estar mais confiantes de que a exposição
a ondas de rádio de tecnologia sem fio não é um risco à saúde humana”,
completa.
O professor explica,
ainda, que os resultados do estudo estão alinhados com pesquisas anteriores
conduzidas pela ARPANSA. Segundo o pesquisador, embora o uso da tecnologia sem
fio tenha aumentado nos últimos 20 anos, não houve aumento da incidência de câncer
cerebral.
Diante dos resultados
do estudo, a OMS está preparando uma Monografia de Critérios de Saúde Ambiental
sobre os efeitos na saúde causados pela exposição às ondas de rádio. O
documento será feito com base nas conclusões do estudo e em outras revisões
encomendadas pela entidade.
• Novo teste pode detectar câncer cerebral
em até 1 hora, diz estudo
Um novo dispositivo
pode ser capaz de diagnosticar glioblastoma, um tipo de câncer cerebral
agressivo e incurável, em menos de 1 hora. A tecnologia foi desenvolvida por
pesquisadores da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, e teve seus
resultados apresentados em estudo publicado na revista científica
Communications Biology.
O dispositivo conta
com um biochip que usa tecnologia eletrocinética para detectar biomarcadores,
ou receptores ativos do fator de crescimento epidérmico (EGFRs), que são
superexpressos em certos tipos de câncer, como o glioblastoma, e encontrados em
vesículas extracelulares — nanopartículas secretadas por quase todas as células
do organismo.
“Vesículas
extracelulares ou exossomos são nanopartículas únicas secretadas por células.
Elas são grandes — 10 a 50 vezes maiores que uma molécula — e têm uma carga
fraca. Nossa tecnologia foi projetada especificamente para essas
nanopartículas, usando suas características a nosso favor”, diz Hsueh-Chia
Chang, professora da Bayer e de Engenharia Química e Biomolecular na Notre Dame
e autora principal do estudo, em comunicado à imprensa.
<><> Como
o teste funciona?
O biochip desenvolvido
pelos pesquisadores usa um sensor eletrocinético barato e pequeno, do tamanho
de uma esfera de caneta esferográfica. O dispositivo é capaz de distinguir
EGFRs ativos dos não ativos nas vesículas extracelulares, aumentando a sensibilidade
e a seletividade do diagnóstico.
O teste pode relatar a
presença de EGFRs ativos nessas vesículas extracelulares, indicando a presença
de glioblastoma no paciente.
“Nosso sensor
eletrocinético nos permite fazer coisas que outros diagnósticos não conseguem”,
afirma Satyajyoti Senapati, um professor associado de pesquisa de engenharia
química e biomolecular em Notre Dame e coautor do estudo. “Podemos carregar
sangue diretamente sem nenhum pré-tratamento para isolar as vesículas
extracelulares porque nosso sensor não é afetado por outras partículas ou
moléculas. Ele mostra baixo ruído e torna o nosso mais sensível para detecção
de doenças do que outras tecnologias.”
Segundo os
pesquisadores, a execução do teste leva menos de uma hora, exigindo apenas 100
microlitros de sangue. Além disso, essa é uma alternativa barata, já que cada
biochip custa menos de US$ 2 (cerca de R$ 11,29) em materiais para sua
fabricação. De acordo com Chang, a equipe está explorando a tecnologia para
diagnosticar câncer pancreático e potencialmente outros distúrbios, como
doenças cardiovasculares, demência e epilepsia.
“Nossa técnica não é
específica para glioblastoma, mas foi particularmente apropriado começar com
ela devido ao quão mortal ela é e da falta de testes de triagem precoce
disponíveis”, diz Chang. “Nossa esperança é que, se a detecção precoce for mais
viável, então há uma chance maior de sobrevivência.”
Fonte: CNN Brasil
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