sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Economia dos EUA está melhor ou pior com Biden do que com Trump?

Tem sido um pergunta recorrente na atual campanha presidencial dos Estados Unidos: a economia do país teve um desempenho melhor sob o democrata Joe Biden ou seu antecessor, o republicano Donald Trump?

"Por muitos indicadores, nossa economia é a mais forte do mundo", afirmou a vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris.

Já Trump diz que criou a "maior economia da história do nosso país", e que o governo Biden-Harris a teria arruinado.

Analisamos alguns indicadores-chave para comparar o desempenho econômico sob as duas presidências.

•        Crescimento da economia

Embora o impacto da pandemia covid-19 dificulte a comparação, ambos os presidentes podem apontar alguns feitos econômicos notáveis, apesar da dificuldade dos salários acompanharem os aumentos de preços nos últimos anos.

Primeiro, vamos olhar para o crescimento econômico usando o Produto Interno Bruto (PIB), o valor de todos os bens e serviços na economia dos EUA.

Houve um colapso dramático no PIB durante a pandemia de covid, pois muitas empresas fecharam.

Após esse período, a economia se recuperou fortemente sob Trump — e se recuperou melhor do que muitos outros países ocidentais.

Isso continuou com Biden, com os EUA apresentando a recuperação mais forte da pandemia dentro do G7 (grupo das democracias mais ricas do mundo), medida pelo PIB.

Mas os quatro anos de Trump no mandato não foram o melhor período da hitória da economia americana, como ele gosta de alegar.

Entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, a taxa média de crescimento anual foi de 2,3%.

Este período inclui a desaceleração e a recuperação da economia como resultado da pandemia.

Sob a presidência de Biden até agora, esse número é de 2,2% — ou seja, quase o mesmo.

Houve períodos no passado em que o crescimento do PIB foi significativamente maior do que a média de Trump e Biden, como na década de 1970.

•        Inflação

O ritmo com que os preços estão subindo tem sido uma grande questão na campanha.

Os preços aumentaram significativamente nos dois primeiros anos do governo Biden, atingindo um pico de 9,1% em junho de 2022.

Trump disse que os EUA experimentaram "a pior inflação que já tivemos".

Mas isso não é verdade: a última vez que a inflação anual ficou acima de 9% foi em 1981, e chegou a pontos muito mais altos em vários outros momentos da história.

A inflação dos últimos 12 meses agora caiu para cerca de 3% — mas continua mais alta do que quando Trump deixou o cargo.

Os preços dos alimentos, por exemplo, aumentaram 13,5% no período de um ano encerrado em agosto de 2022.

Este foi o pico sob o governo Biden, e os preços se estabilizaram um pouco desde então — com o custo dos alimentos aumentando 1,1% de julho de 2023 a julho deste ano.

A tendência recente é comparável a muitos outros países ocidentais que passaram por alta inflação em 2021 e 2022, já que problemas na cadeia de suprimentos global impulsionados pela covid e pela guerra na Ucrânia contribuíram para o aumento dos preços.

Mas alguns economistas dizem que o Plano de Resgate Americano de US$ 1,9 trilhão de Biden, aprovado em 2021, também foi um fator — já que a injeção de dinheiro na economia levou a um aumento ainda maior dos preços.

•        Empregos

O governo Biden tem frequentemente apontado o crescimento de empregos como uma grande conquista.

Antes das grandes perdas em 2020 devido à covid, nos primeiros três anos da presidência de Trump, quase 6,7 milhões de empregos foram adicionados, considerando dados de trabalhos não agrícolas (que cobrem cerca de 80% da mão-de-obra).

Houve um aumento de quase 16 milhões de empregos desde que o governo Biden assumiu, em janeiro de 2021.

Biden afirma que este é o "crescimento de empregos mais rápido em qualquer momento de qualquer presidência em toda a história americana".

Isso é verdade, se você olhar os dados disponíveis desde que os registros começaram, em 1939.

Mas seu mandato se beneficiou de uma forte recuperação na atividade econômica conforme o país encerrou políticas de isolamento social por conta da pandemia.

"Muitos dos empregos teriam voltado se Trump tivesse vencido em 2020, mas o Plano de Resgate Americano desempenhou um papel importante na velocidade e agressividade da recuperação do mercado de trabalho", afirma o professor Mark Strain, economista da Universidade de Georgetown.

Este plano de gastos aprovado pelo governo Biden em 2021 foi projetado para estimular a economia após a pandemia.

O crescimento de empregos mais fraco do que o esperado em julho levou a temores de uma desaceleração repentina na economia dos EUA. Com o receio, o mercado de ações foi atingido, mas desde então se estabilizou.

Tanto Trump quanto Biden destacam os baixos níveis de desemprego sob seus mandatos.

Antes da pandemia, o governo Trump apresentava uma taxa de desemprego de 3,5%.

Como em muitas partes do mundo, as medidas de bloqueio por conta da covid levaram a níveis crescentes de desemprego nos EUA, mas a taxa caiu para cerca de 7% quando Trump deixou o cargo.

Sob o governo Biden, o desemprego continuou a cair até chegar a 3,4% em janeiro de 2023 — a menor taxa em mais de 50 anos —, mas desde então subiu para 4,3%.

•        Salários

Em termos de salários, estes aumentaram sob Trump, mas a uma taxa semelhante à de seu antecessor Barack Obama — até a covid-19.

Os salários dos trabalhadores aumentaram rapidamente no início de 2020, com a pandemia. Isso porque os trabalhadores com salários mais baixos tinham maior probabilidade de serem demitidos nesse período, o que aumentou o salário médio das pessoas que ainda estavam empregadas.

Sob Biden, a renda semanal média nominal cresceu, mas há dificuldade de acompanhar o aumento de preços causado pela alta inflação.

Quando ajustados pela inflação, os ganhos semanais médios ficam menores do que quando Biden assumiu o cargo.

•        Mercado financeiro

O mercado de ações dos EUA não é necessariamente um reflexo da economia mais ampla — mas muitos americanos têm investimentos, então seu desempenho tem alguma importância.

O Índice Dow Jones é uma medida do desempenho de 30 grandes empresas listadas nas bolsas de valores dos EUA.

O índice atingiu recordes durante o mandato de Trump, mas caiu quando os mercados reagiram à pandemia — eliminando todos os ganhos obtidos sob o governo do republicano.

No entanto, o mercado de ações se recuperou para níveis acima dos pré-pandêmicos quando Trump deixou o cargo, em janeiro de 2021.

Ele continou a crescer sob Biden e, embora tenha havido oscilações recentes, atingiu níveis recordes sob seu governo também.

 

•        Importações pelos EUA da Rússia sobem para US$ 295,3 mi em julho após atingir mínimo de 28 anos

As importações pelos EUA da Rússia aumentaram em mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 562,8 milhões) em julho após atingir o mínimo de 28 anos, mostraram dados do Escritório do Censo do Departamento de Comércio nesta quarta-feira (4).

Os Estados Unidos importaram US$ 295,3 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bilhão) em mercadorias da Rússia em julho, em comparação com US$ 186,7 milhões (mais de R$ 1,05 bilhão) em junho, o menor nível desde 1996, mostraram os dados.

Enquanto isso, os EUA exportaram US$ 45,3 milhões (cerca de R$ 255,2 milhões) em mercadorias para a Rússia em julho, em comparação com US$ 42,3 milhões (mais de R$ 238,3 milhões) em junho, de acordo com os dados.

O déficit comercial dos EUA com a Rússia totalizou quase US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 10,7 bilhões) até agora neste ano, segundo os dados.

Os laços comerciais entre os EUA e a Rússia diminuíram nos últimos anos devido a sanções e controles de exportação impostos a Moscou. O comércio bilateral caiu de US$ 38,2 bilhões (aproximadamente R$ 215,3 bilhões) em 2013 para US$ 5,2 bilhões (cerca de R$ 29,3 bilhões) em 2023, informou o Gabinete do Representante Comercial dos EUA em relatório em março.

 

•        Fórum Econômico do Oriente sinaliza estratégia de longo prazo da Rússia de se voltar para o Oriente

O Fórum Econômico do Oriente começou em Vladivostok na terça-feira (3) e serve como uma plataforma para a discussão de iniciativas voltadas ao desenvolvimento do Extremo Oriente russo e à expansão da cooperação regional com e entre os países da região Ásia-Pacífico. Economistas contam à Sputnik sobre o significado especial do fórum deste ano.

O Fórum Econômico do Oriente (EFF, na sigla em inglês) é mais do que apenas um encontro centrado na economia regional. É um ponto de encontro que atrai potências da Ásia-Pacífico, grandes e pequenas, em busca de novas perspectivas de cooperação e arquitetura baseada na igualdade para parcerias regionais.

Com cerca de 60% da população mundial vivendo na Ásia e no Pacífico, e a região respondendo por quase 40% do produto interno bruto (PIB) global e representando cerca de 22% da área terrestre total do mundo, a região representa uma mina de ouro de oportunidades econômicas e políticas para Moscou e seus parceiros em meio à contínua mudança tectônica nos assuntos globais que ocorre hoje.

O desenvolvimento econômico do Extremo Oriente russo "é de imenso interesse para a China, por várias razões", disse o professor da Universidade de Negócios Internacionais e Economia, John Gong, à Sputnik, comentando o interesse da República Popular no EFF.

"Primeiramente, como resultado do conflito Rússia-Ucrânia, a Rússia adotou uma estratégia de orientação para o Oriente, essencialmente contra o pano de fundo de sanções massivas contra a Rússia impostas pelos países ocidentais. O que isso significa é que há muitos investimentos sendo feitos para melhorar a infraestrutura no Extremo Oriente para acomodar mais comércio, mais interações econômicas com países da Ásia, particularmente com a China", explicou o dr. Gong.

"Contra esse pano de fundo, esta conferência fala muito sobre como a economia russa está se transformando totalmente, na minha opinião, e destacando ainda mais a importância deste fórum econômico", acrescentou o acadêmico.

Apontando para as novas iniciativas de infraestrutura da Rússia focadas na Ásia, do corredor de trânsito da Rota Marítima do Norte aos novos dutos de energia em direção ao Leste, Gong disse que espera que esses megaprojetos multibilionários "contribuam imensamente para o relacionamento econômico bilateral entre a China e a Rússia" nos próximos anos.

Além disso, disse o dr. Gong, a Rússia está respondendo à mudança contínua para a Ásia do "epicentro econômico global", incluindo a China e o Sudeste Asiático. "Acho que estamos entrando rapidamente em um mundo multipolar, e o mundo não é mais monopolizado pelo clube mais rico do mundo — estou me referindo ao clube do G7 [grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido]", enfatizou Gong.

•        Nova vida ao espírito do Movimento Não Alinhado

A nova força na política e economia internacionais representada pelo bloco BRICS em expansão é uma nova e poderosa abordagem de uma velha ideia pensada por um dos líderes pós-independência mais celebrados do Sudeste Asiático, Rajah Rasiah, diretor-executivo do Instituto Ásia-Europa da Universidade de Malaya, falou à Sputnik, comentando o papel do EFF em facilitar novos laços entre as economias da Eurásia.

"A União Econômica Eurasiática começou recentemente a estabelecer laços políticos e econômicos com a Associação de Nações do Sudeste Asiático [ASEAN] e a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico [APEC], embora suas iniciativas não hostilizem os parceiros centrados nos EUA. Este é um bom começo, pois reacende a iniciativa que o primeiro presidente da Indonésia, Sukarno, começou ao organizar a Conferência África-Ásia de Bandung de 1955 sobre o Movimento Não Alinhado", lembrou o dr. Rasiah.

"A recente visita de autoridades russas, incluindo o vice-primeiro-ministro, à Malásia é um exemplo que despertou o interesse de alguns países do Sudeste Asiático em se juntar ao grupo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul", disse o acadêmico, citando o bloco BRICS, em combinação com iniciativas no nível da União Econômica Eurasiática em relação à ASEAN, como ferramentas por meio das quais "todos os países terão espaço suficiente para abordar seus interesses sem qualquer coerção de uma ou mais superpotências".

A Rússia, "dotada de enormes reservas de petróleo e gás" e "buscando estender [projetos de cooperação] além da Índia e da China para incluir os países da ASEAN", também tem tremenda importância e potencial para contribuir para o desenvolvimento da região Ásia-Pacífico, disse Rasiah.

"O primeiro-ministro da Malásia, Ibrahim Anwar, também participará do Fórum Econômico do Oriente, que fala muito sobre o relacionamento da Malásia com a Rússia", disse o dr. Gong. "E a China também enviou um alto funcionário do governo, o sr. Han Zheng, para participar da conferência. Portanto, no geral, como você pode ver, muitos países, particularmente os países em desenvolvimento do Sul Global, ainda mantêm um relacionamento muito bom com a Rússia", disse o acadêmico, destacando o fracasso dos EUA e seus aliados em isolar e sufocar a Rússia política e economicamente.

 

Fonte: BBC News Mundo/Sputnik Brasil

 

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