Como exercício de alta intensidade pode
reduzir oxigênio no sangue
Exercícios agachamento
com barra podem ser fatais? A morte de uma jovem de 22 anos no México, após
esta atividade na academia, levantou a dúvida. Especialistas ouvidos pelo g1
dizem que esta condição é raríssima, mas alertam que qualquer tipo de exercício
mais intenso exige uma avaliação cardiovascular prévia.
A autópsia apontou que
a jovem Ariatna Lizeth Mata Esparza morreu devido à falta de oxigênio no
sangue, conhecida como anoxemia ou anoxia, que foi acompanhada por uma
hemorragia cerebral aguda e a formação de coágulos em várias partes do corpo -
ambas de origem não traumática, segundo o portal mexicano Milenio.
Ariatna estava numa
cidade que fica a cerca de 1.120 metros acima do nível do mar e a altitude por
si só já é um motivo para a diminuição da concentração de oxigênio no sangue.
A corrente sanguínea é
responsável por transportar oxigênio para os tecidos e quando há carência de
oxigênio, é natural que os órgãos sejam afetados e haja sofrimento. Em
situações extremas, o corpo pode entrar em colapso, com baixa oxigenação.
O professor Hugo Celso
de Souza, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto (FMRP), explica que é comum as pessoas que fazem exercícios de
altíssima resistência terem hipoxia (redução da concentração dos níveis de
oxigênio) mas a anoxemia (ausência continuada de oxigênio no sangue) é
raríssima.
O especialista
acrescenta que muitas academias recebem as pessoas de forma aleatória e poucas
exigem exames adequados do ponto de vista cardiovascular. Ele destaca que todo
o exercício em excesso ou em cargas absurdas promove um remodelamento e
adaptações cardíacas e o ideal é que os atestados médicos sejam baseados em
exames e não só na observação. Além disso, pessoas que fazem exercícios
extenuantes com peso e que usam anabolizantes podem ter um “custo metabólico e
cardíaco mais elevado”.
O coração tem muitos
mecanismos para manter a oxigenação adequada, mas quando estes tipos de
exercícios são feitos e não é feita uma respiração adequada, ocorre uma
hipertrofia cardíaca.
“Quando a pessoa faz
muito esforço com pesos, por exemplo, ela pode bloquear tanto o retorno do
sangue para o coração, como também o sangue que o coração está bombeando. Como
há este ‘bloqueio’, de certa forma, esse coração tem que fazer uma força imensa
para conseguir passar a mesma quantidade de sangue que passaria em situações
normais. No momento que o indivíduo está fazendo muita força, ele deveria estar
expirando e não inspirando”, diz o Dr. Hugo.
O professor Hugo
afirma que a jovem do México pode ter tido rompimentos em pequenas artérias que
liberaram sangue no sistema nervoso e isso pode ter sido provocado, entre
outros fatores, por uma possível fragilidade vascular e (ou) também um possível
aneurisma desconhecido.
Ele destaca que
pessoas que praticam exercícios intensos com finalidade de hipertrofia precisam
de um acompanhamento com cardiologista para verificar se estão ocorrendo
adaptações não adequadas do sistema cardiovascular, como um espessamento de
parede ou aumento da fibrose cardíaca, que leva a prejuízos da função do
coração.
“Quando o coração
precisa responder com maior efetividade, ele não tem reserva para isso. Medir a
pressão arterial já identifica alterações que podem levar a problemas”, afirma
Dr. Hugo.
95% das causas da
hipertensão são desconhecidas, mas um indivíduo pode desenvolver hipertensão
por estilo de vida ou por causa da apneia do sono, por exemplo. E adaptações
cardíacas silenciosas podem ser descobertas em estágios mais avençados, porque
quem tem hipertensão não tem dor de cabeça como sintoma, por exemplo.
O Dr. Francisco José
Barbosa Zorrer Franco, pneumologista do Hospital São Luiz Morumbi, da Rede
D'Or, destaca que o atleta sempre busca superar seus próprios limites, mas há
sinais de alerta que pode ser observados para evitar situações de colapso,
como:
• desconforto respiratório
• falta de ar
• fôlego limitado
• pele mais azulada, que pode ser um
indicativo de baixa oxigenação sanguínea
• confusão mental
• dor de cabeça
• sonolência excessiva
• Avaliação médica antes de entrar na
academia pode reduzir riscos de infarto e morte súbita, diz médico
A avaliação médica
antes de se matricular em uma academia e começar as atividades físicas é
essencial para reduzir os riscos de infarto e de morte súbita, segundo o médico
Bernardo Kremer.
As orientações do
profissional alertam sobre os cuidados com a saúde, após a autônoma Ana Lúcia
Sousa Silva, de 41 anos, passar mal e morrer enquanto praticava exercícios em
uma academia de Paraíso do Tocantins. O laudo aponta que ela sofreu um Acidente
Vascular Cerebral (AVC).
No mês passado, o
secretário municipal de esportes de Combinado, Lindon Johson Miguel da Silva,
de 49 anos, morreu durante uma partida de futebol no sudeste do Tocantins. Ele
sofreu um infarto e ainda foi socorrido, mas não resistiu.
Antes de começar a
prática de atividades, é importante passar por uma avaliação física, mas também
por avaliação médica.
"A avaliação
feita pelo profissional da atividade física visa a questão articular, a
capacidade de a pessoa fazer um exercício sem se machucar, sem ter lesões. A
avaliação médica feita antes de a pessoa entrar para a academia visa minimizar
as chances de um evento cardíaco grave, de um infarto, ou uma morte súbita, que
é um grande temor durante atividades físicas".
Durante a avaliação, o
especialista libera ou não o paciente para a prática dos exercícios. Sendo
liberado, o atestado delimita que tipo de atividade pode ser feita.
"Quando a gente
faz a liberação da atividade física, o correto do atestado médico é descrever
que tipo de atividade será feita porque quando você faz uma atividade cotidiana
é um tipo de avaliação, quando você faz atividade física em caráter competitivo
é outro tipo de avaliação.
As avaliações podem
ser feitas a qualquer momento, quando o paciente apresentar dor ou fadiga
desproporcional. Caso contrário, as consultas podem ser realizadas anualmente.
"A gente tenta
encurtar isso de acordo com a idade. Se a gente fizer a avaliação de uma pessoa
que vai ser submetida a atividade física regular de 18 anos é diferente de
fazer uma de 85 anos. Então, quanto mais idosa for a pessoa, mais periódica é a
avaliação".
Fonte: g1
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