quinta-feira, 26 de setembro de 2024

China pede cooperação 'ganha-ganha' enquanto EUA veem 'jogo de soma zero', diz especialista

A República Popular da China continua buscando parcerias mutuamente benéficas com os Estados Unidos e o resto do mundo, mas os líderes dos EUA estão comprometidos em ver a ascensão do país asiático como um desafio à sua hegemonia, de acordo com o analista K.J. Noh.

Pequim tem perseguido cada vez mais a busca pelo desenvolvimento econômico que forneça benefícios tangíveis para os países parceiros, construindo ferrovias de alta velocidade e outros projetos por meio de sua Iniciativa Cinturão e Rota.

Falando à Sputnik, o escritor e ativista pela paz K.J. Noh, ainda na segunda-feira (23), discutiu a rivalidade econômica posta entre Washington e Pequim, enquanto o diplomata chinês sênior Wu Hailong acusou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, de não ver o quadro geral dessa disputa entre as duas superpotências.

"Você não pode sempre pensar que precisa vencer [e] sempre presumir que os outros só podem perder", disse Hailong, referindo-se aos comentários feitos pela candidata presidencial democrata durante seu discurso de aceitação no mês passado. Harris insistiu que os Estados Unidos — não a China — deveriam liderar o mundo em avanços relacionados ao espaço e à inteligência artificial (IA), caracterizando a rivalidade entre os EUA e a China como uma "competição para o século XXI".

"Por que nem todos podem vencer?", perguntou Hailong.

"Por que os EUA são os únicos que vencem? Essa perspectiva é uma imagem tão pequena e esse é o problema com as percepções dos Estados Unidos. [...] Não queremos ser os líderes do mundo e, mais importante, não queremos dominar o mundo e ser a próxima América [do Norte]", insistiu o diplomata.

"Os chineses querem relações ganha-ganha", observou Noh, usando um termo frequentemente empregado em declarações públicas oficiais chinesas. "Eles querem relações mutuamente benéficas e acreditam que isso pode ser feito. E não é simplesmente uma política. Na verdade, é a maneira como o sistema econômico funciona se você tiver boas relações mútuas equitativas."

"Eu lhe dou algo que você precisa, você me dá algo de que preciso e ambos obtemos eficiência com isso. Ou eu te dou algo e isso te ajuda a desenvolver algo, o que me ajuda a desenvolver algo e nós criamos esse tipo de conhecimento ou técnico ou científico comum. Ganha-ganha é como a espécie humana se desenvolveu. É como as sociedades humanas se desenvolveram e o que os EUA querem fazer é transformar isso em [jogo de] soma zero. Ganha-perde, ou melhor, você perde, nós devemos ganhar", afirmou Noh.

A China tem se referido à Iniciativa Cinturão e Rota como "um pilar fundamental da comunidade global de futuro compartilhado", alegando que ajudará a superar as divisões econômicas causadas pelo desenvolvimento econômico desigual na era neoliberal.

"É imperativo abordar problemas globais como crescimento econômico lento, deficiências na governança econômica e desenvolvimento econômico desequilibrado", insistiu o país em uma declaração recente.

"Não é mais aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento econômico mundial, controlem as regras econômicas e desfrutem dos frutos do desenvolvimento. A iniciativa tem como alvo o desenvolvimento não apenas da China, mas do mundo em geral."

"A única maneira de os EUA [transformarem o desenvolvimento em um jogo de soma zero] é realmente atropelando a China, ou se envolvendo em outras ações dissimuladas, ou — mais provavelmente e isso se torna cada vez mais visível — se envolvendo em uma guerra quente. É uma política terrível, terrível. Mas a questão é: Kamala Harris sabe o que está fazendo?", questionou o analista.

"As pessoas que estão no controle são as pessoas do [centro de estudos Center for a New American Security], são Kurt Campbell, Michele Flournoy e os outros neoconservadores que estão na administração e eles estarão controlando a agenda da política externa, que foi definida há décadas. Essencialmente, é uma guerra com a China", concluiu.

<><> China lamenta que UE tenha recorrido à OMC por investigação sobre produtos lácteos do bloco

Pequim lamenta que Bruxelas esteja contestando a decisão da China de iniciar uma investigação antissubsídios sobre produtos lácteos europeus na Organização Mundial do Comércio (OMC), disse o Ministério do Comércio chinês nesta segunda-feira (23).

No início do dia, a Comissão Europeia disse que havia lançado uma solicitação de consulta na OMC contestando a investigação da China sobre importações de certos produtos lácteos da União Europeia (UE).

Em nota publicada em seu site, a Comissão Europeia afirmou que se não for conduzida uma solução satisfatória, "a UE poderá solicitar a criação de um painel da OMC para decidir sobre essa investigação".

"O lado chinês lamenta que a UE tenha encaminhado o caso de investigação antissubsídios ao mecanismo de solução de controvérsias da OMC e tomará medidas de acordo com as regras da OMC", disse um porta-voz do Ministério do Comércio, citado pela China Central Television (CCTV).

A investigação foi iniciada sob a lei chinesa e a pedido de produtores de alimentos chineses, informou a CCTV.

No final de agosto, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação antissubsídios sobre produtos lácteos europeus, que começou no dia 21 de agosto e deve levar até um ano, mas pode ser estendida por mais seis meses sob determinadas circunstâncias. A investigação tem como alvo leite e cremes produzidos na UE com teor de gordura superior a 10%, bem como vários tipos de queijos.

O anúncio foi feito um dia após a Comissão Europeia informar que havia enviado às partes interessadas um rascunho da decisão final a respeito da introdução de taxas de importação sobre carros elétricos trazidos da China. As taxas devem variar de 17% a 36,3%, a depender do fabricante. Espera-se que a decisão entre em vigor até novembro.

O Ministério do Comércio chinês acusou repetidamente Bruxelas de atiçar conflitos comerciais que podem resultar em uma guerra comercial completa e enfatizou a determinação da China em proteger seus interesses legítimos contra o que descreve como protecionismo europeu.

¨      Especialista: AGNU pode trazer 'surpresas' em questões dos conflitos ucraniano e israelo-palestino

Os debates de chefes de Estado na Assembleia Geral da ONU, que começaram nesta terça, 24 de setembro, podem trazer "surpresas" em temas como os conflitos ucraniano e palestino-israelense, além de iniciativas para resolvê-los, acredita Andrei Kortunov, o diretor científico do Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia.

"Se falamos de crises específicas, o papel principal em sua resolução deve ser desempenhado pelo Conselho de Segurança, não pela Assembleia Geral, já que apenas as decisões do Conselho de Segurança são vinculativas", disse o especialista à Sputnik.

As decisões da Assembleia Geral são mais um indicador da opinião da comunidade internacional sobre determinados problemas.

Ao mesmo tempo, como observou o especialista, nos últimos anos, o Secretariado da ONU e o secretário-geral António Guterres têm se mostrado mais predispostos a lidar com as questões do desenvolvimento sustentável em vez das relacionadas à segurança.

"Se falarmos sobre a Assembleia Geral, é provável que tenhamos algumas surpresas, algumas novas ideias relacionadas, talvez, à solução do conflito ucraniano e palestino-israelense. Mas, como mostra a prática, será muito difícil tomar medidas efetivas sem decisões relevantes por parte do Conselho de Segurança", afirma o especialista.

Ele acredita que, no atual ambiente geopolítico, é difícil conseguir unidade no Conselho de Segurança da ONU em relação aos principais conflitos.

É por isso que António Guterres enfatizou as metas de desenvolvimento sustentável, a transição energética e a superação da pobreza.

Essa agenda já foi discutida em Nova York na Cúpula do Futuro, com a adoção, em 22 de setembro, do Pacto para o Futuro sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

"Acho que o tom [do evento] já foi definido pela Cúpula do Futuro. Será mantido durante esta sessão da Assembleia Geral: que há sérias preocupações sobre o colapso da governança global e regional, a multiplicação de situações de crise, o agravamento em muitas regiões do mundo. O mais difícil será provavelmente o fato de termos que restaurar essa governabilidade. Todos vão ter seus próprios pontos de vista sobre como isso pode ser feito", disse Kortunov.

A 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU teve início em 10 de setembro, em Nova York.

O principal evento das sessões da Assembleia Geral é tradicionalmente a Semana de Alto Nível, um evento que reúne chefes de Estado e ministros todos os anos para falar sobre tópicos urgentes.

O debate deste ano ocorrerá de 24 a 28 de setembro, bem como em 30 de setembro.

¨      Zelensky se nega a conversar com a Rússia para resolver conflito na Ucrânia durante reunião do CSNU

Durante reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) realizada nesta terça-feira (24), Vladimir Zelensky disse não estar disposto a manter conversas com a Rússia para solucionar o conflito na Ucrânia.

Em seu discurso, Zelensky novamente defendeu o uso de sua fórmula de paz para resolver o conflito.

Ele também pediu pela preparação de "uma segunda cúpula de paz" na Ucrânia para encerrar o conflito com a Rússia.

Vladimir também convidou a China, o Brasil, os países asiáticos, os países latino-americanos, os Estados Unidos e outros a participarem do processo de resolução do conflito.

Negociações fora do radar após investida terrorista de Zelensky

Após o ataque terrorista das Forças Armadas Ucranianas na região de Kursk, Putin classificou como impossíveis as negociações com aqueles que "atacam indiscriminadamente civis, infraestrutura civil ou tentam criar ameaças a instalações de energia nuclear".

O assessor presidencial russo Yuri Ushakov declarou mais tarde que as propostas de paz de Moscou para um acordo ucraniano, expressas anteriormente pelo chefe de Estado russo, não foram canceladas, mas neste momento, "dada esta aventura", a Rússia não conversará com a Ucrânia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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