BRICS é importante para conter ataque de
Estados industriais ricos, diz premiê da Malásia no EFF
O BRICS é importante
para fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global e conter o ataque de
Estados industriais ricos, disse o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim,
em uma entrevista à Sputnik.
Ibrahim também afirmou
que o grupo é uma ferramenta importante para reduzir a dependência dos países
em relação ao dólar.
"Bem, estamos
muito gratos pelo fato de que o presidente [Vladimir] Putin nos convidou
oficialmente para participar da reunião do BRICS em Kazan no mês que vem. Nossa
política é, claro, fortalecer o Sul Global. O BRICS é um veículo muito
importante para fortalecer esse tipo de colaboração entre os países do Sul
Global. Não necessariamente em antagonismo, mas pelo menos para conter o ataque
de outros países industrializados mais ricos e ser capaz de suportar a pressão
e juntos construir a força", disse Anwar Ibrahim à margem do Fórum
Econômico do Oriente (EFF, na sigla em inglês).
O Sul Global deve se
organizar e se tornar mais forte para resistir à pressão, acrescentou o
primeiro-ministro malásio.
"A questão de
usar moedas locais, o que fizemos no passado com a China, com a Indonésia, até
certo ponto com a Tailândia, estamos falando com a Índia. Ainda somos bastante
dependentes do dólar, mas pelo menos para reduzir o impacto, precisamos fazer
isso. E o BRICS é, claro, outro veículo para fazer isso", disse Anwar
Ibrahim.
Ao mesmo tempo, o
premiê afirmou que "nós também temos que nos organizar para sermos mais
fortes, para sermos capazes de conter as pressões que não estão sob nosso
controle. Então, para mim, essa é a sabedoria".
A autoridade também
disse que a Rússia está lidando com as sanções melhor do que muitos
observadores ocidentais pensavam.
"A experiência
russa é um pouco diferente, porque vocês são mais fortes, maiores, e tem essa
forte determinação e uma ótima história. De uma forma ou de outra, eles estão
administrando as coisas melhor do que muitos observadores ocidentais pensavam.
Isso é verdade. Nós olhamos para os números econômicos, olhamos para a produção
agrícola, a nova tecnologia, olhamos para o sistema bancário", disse Anwar
Ibrahim.
A Rússia atrai a
atenção da Malásia a partir de seu crescimento do investimento e o
desenvolvimento tecnológico, crescimento no comércio, na expansão da cooperação
no setor de energia, na indústria, bem como em tecnologias digitais, disse
Ibrahim.
"A Malásia está
pronta para oferecer relações especiais à Rússia", disse o
primeiro-ministro.
O primeiro-ministro
ainda lembrou que Kuala Lumpur não aderiu às sanções contra Moscou e não está
entrando em confronto com nenhuma potência econômica.
"Nós nos
concentramos nas zonas econômicas do país, e empresas russas são bem-vindas
para cooperar", complementou Ibrahim.
¨ BRICS está se fortalecendo porque seus membros respeitam os
'interesses soberanos', diz analista
Depois que o
presidente russo Vladimir Putin destacou o comércio da Rússia com os países do
BRICS no 9º Fórum Econômico do Oriente, especialistas consultados pela Sputnik
consideraram que o bloco conseguiu se fortalecer politicamente graças ao
respeito que existe pela soberania de cada um de seus membros.
Mauricio Alonso Estevez,
mestre em relações internacionais da Universidade Autônoma Metropolitana do
México, acredita que o BRICS, originalmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul, tem sucesso porque está "respondendo às novas
realidades econômicas e políticas internacionais" e por causa dos projetos
de infraestrutura que está promovendo por meio de seu Novo Banco de
Desenvolvimento.
"[No BRICS], os
laços têm se fortalecido cada vez mais a nível político, mas com respeito aos
interesses soberanos dos diferentes países, ou seja, são respeitadas as
condições de seus sistemas políticos, de suas dinâmicas internas e se fomenta a
cooperação internacional", afirmou o pesquisador.
Estevez enfatizou que
o bloco BRICS está promovendo um processo de aproximação econômica e política
"extrarregional", o que o torna atraente diante de um "Ocidente
cada vez mais intrusivo nos assuntos internos e mais agressivo", com o uso
de sanções econômicas ou a imposição do dólar, para garantir a hegemonia dos
Estados Unidos.
Ele também apreciou a
organização do Fórum Econômico do Oriente em Vladivostok apontando que formar
um mundo multipolar é "um dos principais eixos da política externa
russa".
Enquanto isso, Imelda
Ibáñez Guzmán, especialista em história diplomática da Rússia e sua política
externa na Universidade Estatal de São Petersburgo, destacou que o BRICS busca
equilibrar os processos de política internacional e atualmente é um dos "fatores-chave"
nessa área.
Ele também destacou a
relevância das exportações russas de hidrocarbonetos como parte essencial de
sua cooperação comercial internacional.
"O objetivo do
grupo BRICS é levar o esquema político internacional à multipolaridade, ou
seja, que não haja apenas uma potência hegemônica que detém todo o poder e
impõe suas posições em termos políticos e econômicos", disse ele.
A Rússia assumiu a
presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia,
Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco os novos
países-membros: o Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia
Saudita. No dia 20 de agosto, o Azerbaijão solicitou oficialmente sua adesão ao
BRICS.
Recentemente, o
assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se
candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.
¨ Moeda do BRICS pode ajudar Brasil a evitar política monetária
desfavorável dos EUA, diz analista
O papel do dólar dos
EUA no sistema econômico global está em declínio desde o início do século e a
nova moeda do BRICS pode se tornar uma alternativa, disse Albert Bakhtizin,
diretor do Instituto Central de Economia e Matemática da Academia Russa de Ciências,
à Sputnik.
Segundo o
especialista, com a fragmentação contínua da economia global, existe uma forte
necessidade de abandonar câmbios mútuos em dólar.
"A participação
dessa moeda na estrutura das reservas cambiais mundiais diminuiu visivelmente
de 71,1% em 2000 para 58,4% até agora", disse ele à margem do Fórum
Econômico do Oriente.
Segundo Bakhtizin, os
maiores participantes do BRICS podem estar na vanguarda da despolarização, já
que todos precisam limitar a dependência de fatores externos.
"O Brasil e a
Índia, em particular, estão interessados em limitar a política monetária
desfavorável dos EUA, reduzir a volatilidade de suas moedas e reduzir os custos
de transação, enquanto a China pretende reduzir a influência do dólar e mover a
economia mundial para um sistema monetário multipolar", observou.
Quando perguntado
sobre o que está substituindo o dólar, Bakhtizin observou que ainda é difícil
responder, mas a nova moeda dos países do BRICS, que pretende ser criada, pode
contribuir para fortalecer a integração econômica dos países dessa organização,
reduzindo a influência dos EUA na arena global e enfraquecendo a posição do
dólar como moeda de reserva mundial.
Ele destacou também a
necessidade de ter um sistema de pagamento próprio do BRICS, que seria uma
alternativa do SWIFT, sistema internacional que permite que bancos de
diferentes países façam pagamentos entre si de forma rápida e segura.
A porcentagem do PIB
do BRICS em paridade do poder de compra (PPC) na economia global é de 36%,
enquanto a do Grupo dos Sete (G7) é apenas 29%. Já o comércio entre os Estados
do BRICS corresponde a 20% do comércio global, aponta Bakhtizin.
De acordo com ele, o
próprio sistema de pagamento do bloco deverá aumentar esses números.
O Fórum Econômico do
Oriente está decorrendo de 3 a 6 de setembro no campus da Universidade Federal
do Extremo Oriente, em Vladivostok.
O tema principal do
evento deste ano é "Extremo Oriente 2030. Unindo esforços, criando
oportunidades". A Sputnik é o principal parceiro noticioso do fórum.
¨ 'Avanço do BRICS é notável': presidente da Bolívia destaca
importância do bloco em fórum econômico
O presidente da
Bolívia, Luis Arce, destacou o crescimento do bloco BRICS, que representa mais
de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global e que usa moedas nacionais no
comércio internacional, como alternativa ao dólar dos EUA.
"O progresso do
BRICS é notável, sua economia cresce cada vez mais, as próprias estatísticas do
Fundo Monetário Internacional [FMI] indicam que representa 32% da produção
mundial, superior aos 30% do G7 [Grupo dos Sete], o que ilustra a importância que
o grupo está mostrando", disse Arce em seu discurso no XVII Encontro de
Economistas da Bolívia.
Arce vê um
"ambiente global cada vez mais complexo", caracterizado pela
"desaceleração econômica e tensões geopolíticas". Além disso, as
economias avançadas enfrentam um ambiente adverso devido às altas taxas de
inflação, mantendo desta forma altas taxas de juros, o que retarda a atividade
econômica e o comércio internacional, disse o governante.
Diante desse panorama,
o presidente vê uma alternativa real no BRICS, que, por exemplo, promove o
comércio internacional em suas próprias moedas nacionais.
"Além disso, o
grupo busca promover suas próprias moedas no comércio internacional sem que
isso seja intermediado por moedas de terceiros como o dólar americano, que não
tem participação efetiva nas relações comerciais do BRICS", destaca Arce.
A Rússia assumiu a
presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia,
Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco os novos
países-membros: o Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia
Saudita.
¨ Lavrov: regras não obrigam Turquia a abandonar OTAN para aderir
ao BRICS
O BRICS não tem regras
que proíbam os membros de determinadas organizações de manter relações com o
grupo, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
O comentário foi feito
em uma entrevista à mídia russa RBC quando perguntado sobre as perspectivas de
aproximação da Turquia ao BRICS, embora Ancara integre a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) e candidata à União Europeia (UE).
"Em relação à
participação da OTAN e ao status de candidato à UE, que a Turquia tem há quase
70 anos, como disse recentemente uma autoridade turca, não há regras no BRICS
que digam que os membros de determinadas organizações não podem ter relações com
esta associação", disse o ministro nas margens do Fórum Econômico do
Oriente.
A OTAN não se
manifestou sobre as aspirações da Turquia de se tornar membro do BRICS,
ressaltou o chanceler, ao contrário da União Europeia, que afirmou que a
entrada na UE é incompatível com a adesão ao BRICS.
"No que diz
respeito à Turquia, os países da OTAN mantêm o silêncio. Os norte-americanos
disseram, me parece, que isso é incompatível com a participação da OTAN. Um
representante da Comissão Europeia foi muito mais franco. Ele disse que a
Turquia deveria entender que a adesão à UE é incompatível com a adesão ao
BRICS, e vice-versa. Os candidatos à UE devem aderir a uma política externa e
de segurança comum", apontou.
Lavrov avaliou que
essa reação negativa da UE prova claramente que a Turquia deverá se juntar às
sanções contra a Rússia se quiser virar membro da UE.
No entanto, o ministro
acredita que as intenções da liderança da Turquia de ingressar no BRICS são
sérias, uma vez que as autoridades do país fizeram declarações oficiais.
Ele acrescentou que o
mais importante para os membros do BRICS e para os países que desenvolvem a
cooperação com o bloco é compartilhar os valores da Carta da ONU.
Esses valores são a
igualdade soberana dos Estados, a não interferência em seus assuntos internos,
a solução pacífica de conflitos, o respeito à soberania e à integridade
territorial de todos os Estados, enfatizou o ministro das Relações Exteriores
da Rússia.
"Não precisamos
dos valores do nazismo, das teorias e práticas do nazismo, da proibição da
liberdade de expressão, dos idiomas, culturas e tradições nacionalistas, do
fechamento de igrejas canônicas e outros", disse também o ministro.
Anteriormente, o
assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se
candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.
Fonte: Sputnik Brasil
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