sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Apostando em vitória de Trump, Netanyahu ignora protestos e usa reféns para ganhar tempo, avalia professor

A postura do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, frente aos protestos e greve geral contra seu governo é a de ganhar tempo para obter novos apoios na continuidade da guerra contra os palestinos na faixa de Gaza. Dentre eles, o mais importante pode vir de uma eventual vitória de Donald Trump, do Partido Republicano, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, já que o atual presidente do país, Joe Biden, tem pressionado por um cessar-fogo.

Essa é a avaliação do mestre em Relações Internacionais e professor associado da Universidade Federal do ABC (UFABC) Giorgio Romano, em entrevista ao Central do Brasil. "Já tinha manifestações e está aumentando muito. E isso em sintonia com a pressão dos Estados Unidos. O governo Biden gostaria muito de resolver isso rápido, antes das eleições, enquanto o Netanyahu está resistindo e enrolando, porque ele quer ganhar tempo, apostando numa possível vitória do Trump, que vai mudar tudo para ele", avalia Romano.

Os protestos bloquearam estradas e foram mobilizados depois que o exército israelense recuperou os corpos de seis reféns mortos, no último sábado (31). A população reivindica que o governo Netanyahu adote novas ações para resgate dos reféns. A principal delas seria um cessar-fogo e a construção de um acordo com o Hamas para libertação dos reféns. O primeiro-ministro israelense pediu desculpas às famílias dos reféns mortos.

Apesar disso, Romano avalia que Netanyahu vai manter a atual política. "Essa pressão interna é grande e muito focada na questão para libertar os reféns, mas o Netanyahu quer ganhar tempo. Então, é muito imprevisível. Tem sinalizações de lá para cá, sempre com enrolação, dizendo 'estamos chegando a um acordo'. Depois tem um detalhe e a coisa não anda. Meu palpite é que Netanyahu vai ainda tentar enrolar e manter a posição que ele tem. Está ficando mais difícil, mas não dá para dizer que ele vai agora aceitar um cessar-fogo, que seria uma reviravolta na estratégia que ele vem implementando até agora".

"A estratégia de Israel é tentar aparecer como quem é razoável, para depois colocar a culpa no Hamas que não tem avanços", destaca o professor.

¨      Rússia diz que Israel ignora resolução da ONU sobre cessar-fogo em Gaza

Israel busca uma resolução militar para o conflito na Faixa de Gaza, ignorando a resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre um cessar-fogo gradual no enclave palestino, declarou Dmitry Polyansky, vice-representante da Rússia na ONU.

"Se o conselho estiver mais ou menos consciente do que precisa ser feito [para resolver o conflito], e a Resolução 2735, aprovada no dia 10 de junho, apesar de todas as suas deficiências, reflete amplamente este entendimento, então os líderes israelenses estão obstinadamente à procura de uma solução militar para este problema, tratando de ignorar a decisão do Conselho de Segurança", disse Polyansky na quarta-feira (4), durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU.

O diplomata russo observou que o Conselho de Segurança "está unido no entendimento de que a libertação dos reféns israelenses e estrangeiros por meios militares é impossível e não há alternativa às negociações".

"No entanto, a liderança de Israel, infelizmente, ainda considera as negociações apenas uma cortina de fumaça que permite desviar a atenção da comunidade internacional da solução forçada do problema palestino", acrescentou o vice-representante russo na ONU.

Em 7 de outubro, um ataque coordenado do Hamas contra mais de 20 comunidades israelenses deixou mais de 1,1 mil mortos e cerca de 5,5 mil feridos e levou à captura de 253 reféns, dos quais cerca de 100 foram posteriormente libertados em trocas de prisioneiros.

Em retaliação, Israel lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e lançou uma série de bombardeios em Gaza, que até agora deixaram mais de 40,8 mil mortos e cerca de 94,3 mil feridos.

 

¨      Remodelação do governo Zelensky reflete disputa de poder nos bastidores sobre a Ucrânia

A remodelação do gabinete da Ucrânia parece refletir a disputa de poder nos bastidores entre os centros de influência sobre o regime fracassado: Londres e Washington, disse Aleksandr Dudchak, pesquisador líder do Instituto de Países da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e especialista em movimento Outra Ucrânia, à Sputnik.

Kiev testemunhou outra grande remodelação de altos funcionários na terça-feira (3) à noite, com um membro sênior do governo demitido e pelo menos meia dúzia de outros renunciando, incluindo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba.

Entre os ministros que estão deixando seus cargos estão a vice-primeira-ministra para a Integração da Ucrânia na União Europeia (UE) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Olga Stefanishina, e a ministra para a Reintegração dos Territórios Ocupados, Irina Vereschuk. Pode-se especular que as figuras recém-nomeadas serão mais pró-americanas do que pró-britânicas, disse o especialista, acrescentando que, de qualquer forma, estão ansiosos para fazer o que o Ocidente quer.

"A ala britânica insiste mais em uma postura mais agressiva e na continuação das ações militares. A América [do Norte] pode preferir congelar o conflito e passar para uma divisão [da Ucrânia] enquanto mantém uma ameaça à Rússia", disse Dudchak.

No entanto, em geral, os estertores de "reinicialização" de Kiev e seu "falecido" líder Vladimir Zelensky "não significam nada" para a Rússia, enfatizou.

"Para Moscou e outros que entendem que o problema está no regime nazista apoiado e financiado pelo Ocidente, em geral, não importa quem governará no território controlado por Kiev [...]. É apenas um rearranjo de algumas pessoas, funções, sem mudar a essência do processo", destacou.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, apresentou sua renúncia um dia após vários outros altos funcionários também terem renunciado, incluindo Aleksandr Kamyshin, ministro das Indústrias Estratégicas, Denis Malyuska, ministro da Justiça, vice-primeira-ministra Irina Vereschuk e vice-primeira-ministra Olga Stefanishina, ministro do Meio Ambiente, Ruslan Strelets, e Vitaly Koval, chefe do fundo de propriedade estatal da Ucrânia.

O que eles provavelmente farão é "simplesmente encontrar pessoas mais eficientes, aquelas que falam menos e desempenham suas funções em um ritmo mais rápido", especulou Dudchak.

Essas demissões coincidiram com a viagem de Andrei Yermak aos Estados Unidos, que, talvez, também esteja de alguma forma conectada, acrescentou o especialista.

Andrei Yermak, o chefe do gabinete do presidente ucraniano, hoje sem mandato, e o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, se encontraram com representantes da administração do presidente dos EUA recentemente em uma tentativa de persuadir a Casa Branca a suspender as restrições a ataques profundos em território russo usando armas de longo alcance dos EUA, informou a mídia.

Agora haverá uma substituição de ministros encarregados de supervisionar indústrias estratégicas e os territórios não controlados por Kiev, destacou o especialista. Ele também comparou os acontecimentos em Kiev a um "processo de pré-venda" da Ucrânia. Ele especulou que os ativos restantes da Ucrânia precisam ser legalmente "preparados" para a transferência de propriedade para outras mãos.

"Basicamente, o país está em um default de fato, que eles ainda não declararam, e estão esperando o momento em que provavelmente poderão fazê-lo. E talvez eles instalem gerentes mais baratos", especulou Dudchak.

A Rússia estará observando apreensiva as "aranhas no jarro" de Kiev lutando pela sobrevivência, disse o especialista.

"É importante para eles, porque todas as fontes de enriquecimento foram reduzidas, e eles têm que lutar, simplesmente provando sua eficácia para seus donos", sugeriu Aleksandr Dudchak.

Quanto a quem pode tomar o lugar do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, Aleksandr Dudchak sugeriu que eles desenterrariam alguém "monótono e despretensioso".

"Não faz sentido exibir seus talentos e tentar se tornar uma personalidade entre todos esses ghouls [em Kiev]. Não fazem sentido tais figuras agora", concluiu o pesquisador.

<><> Vice-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA se reúne com Zelensky em Kiev

O vice-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jon Finer, se encontrou com o ucraniano Vladimir Zelensky e outras autoridades ucranianas em Kiev.

É o que informou, nesta quarta-feira (4), a agência de notícias Reuters.

Finer e Zelensky discutiram as prioridades da Ucrânia em seu conflito com a Rússia durante o restante do mandato do presidente dos EUA, Joe Biden, disse a reportagem, citando autoridades norte-americanas.

As conversas incluíram uma reunião de 90 minutos com oficiais militares ucranianos para discutir o estado do conflito e a estratégia para seguir em frente. Finer foi atualizado sobre a incursão militar da Ucrânia na região de Kursk, na Rússia, enquanto o Exército russo continua a avançar pelo front.

Criminosos serão culpados

Criminosos ucranianos culpados de crimes internacionais graves contra seus cidadãos e cidadãos da Rússia serão levados à Justiça, disse a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, à Sputnik nessa terça-feira (3).

"Criminosos ucranianos culpados de crimes internacionais graves contra seus próprios cidadãos e cidadãos russos, bem como seus capangas, serão levados à Justiça e punidos como merecem", disse a representante.

Kiev quer retirar seus cidadãos da jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI), mas manter o processo criminal de cidadãos estrangeiros, acrescentou Zakharova.

"Na verdade, eles querem retirar seus cidadãos da jurisdição até mesmo deste tribunal [TPI], que é o mais leal a eles possível, mas ao mesmo tempo reservar o direito do processo criminal em Haia de cidadãos de outros países por acusações inventadas por Kiev", disse Zakharova.

 

•        Acadêmico dos EUA explica por que o ataque ucraniano em Kursk foi um erro

O ataque das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kursk foi um erro que não trouxe a Kiev os resultados desejados e só enfraqueceu suas linhas defensivas em Donbass, disse em entrevista à Sputnik o economista norte-americano e acadêmico da Universidade Columbia Jeffrey Sachs.

"A ofensiva na região de Kursk foi um erro da Ucrânia, porque enfraqueceu suas linhas defensivas em Donbass. Isso não vai dar nada. A Ucrânia está caminhando para a derrota no campo de batalha, tanto perto de Kursk como em Donbass", observou o especialista.

Sachs disse ter certeza de que os Estados Unidos estão "profundamente envolvidos" no planejamento e implementação das operações militares do Exército ucraniano.

"Os EUA estão participando ativamente de todas as operações militares da Ucrânia. Não sabemos detalhes, mas eles têm armas, inteligência, treinamento, estratégia e muitas vezes direcionamento de alvos americanos. Tudo isso claramente não vai beneficiar a Ucrânia", disse o acadêmico.

De acordo com o interlocutor da agência, é improvável que o presidente dos EUA, Joe Biden, tome qualquer medida a favor de uma solução diplomática do conflito ucraniano.

"Em primeiro lugar, à luz das próximas eleições, quaisquer passos deste tipo serão politicamente arriscados. Em segundo lugar, Biden provavelmente não é capaz de ter liderança prática nesta etapa, embora na verdade não tenhamos dados sobre seu estado mental", resumiu o proeminente analista americano.

Hoje, quarta-feira (4), o Ministério da Defesa da Rússia informou que as tropas ucranianas perderam mais de 9.700 soldados e 81 tanques nos combates só na área de Kursk.

•        Lavrov alerta os EUA para não zombarem das 'linhas vermelhas' da Rússia

O ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov, respondendo a uma pergunta sobre a potencial entrega de mísseis de longo alcance dos EUA para a Ucrânia, alertou os Estados Unidos nesta quarta-feira (4) para não brincarem sobre as "linhas vermelhas" da Rússia.

Lavrov disse que os EUA estavam perdendo de vista o senso de dissuasão mútua que sustentava o equilíbrio de segurança entre Moscou e Washington desde a Guerra Fria, e que isso era perigoso.

"Os EUA já cruzaram o limite que designaram para si mesmos. Eles estão sendo incitados e [o líder ucraniano Vladimir] Zelensky, é claro, vê e tira vantagem disso. A quem brinca sobre nossas linhas vermelhas, não brinquem com elas. Eles sabem perfeitamente bem quais são", disse Lavrov à mídia russa.

O presidente Vladimir Putin alertou repetidamente o Ocidente desde o lançamento da operação militar especial na Ucrânia em 2022 para não tentar frustrar a Rússia, que tem o maior arsenal de armas nucleares do mundo.

Apesar disso, Washington e seus aliados ocidentais aumentaram a ajuda militar à Ucrânia, inclusive fornecendo tanques, mísseis avançados e caças F-16.

O ministro disse ainda que Washington sabia onde estavam esses limites, mas estava errado se acreditava que as consequências de qualquer escalada do conflito na Ucrânia seriam sofridas principalmente pela Europa.

"Eles têm uma convicção genética de que ninguém os tocará", disse Lavrov, salientando que este comportamento minou todos os princípios que sustentavam a estabilidade estratégica com Washington desde os tempos soviéticos. "Esse sentimento de dissuasão mútua — por algum motivo eles estão começando a perdê-lo. Isso é perigoso", disse ele.

 

Fonte: Brasil de Fato/Sputnik Brasil

 

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