terça-feira, 3 de setembro de 2024

Antonio Mello: ‘Vítima do próprio X, Musk deu tiro no pé e busca saída para vexame internacional’

Como canta Caetano Veloso na belíssima "Sampa","Narciso acha feio o que não é espelho". Mais ainda quando Narciso é um bilionário em dólares e trilionário em reais — sua fortuna é avaliada em mais de R$ 1 trilhão.

Elon Musk, fascinado por sua imagem nos espelhos de sua rede X, com a turma da extrema direita tratando-o como o paladino da defesa da liberdade, esticou a corda acreditando que:

•                                         Alexandre de Moraes não teria coragem de bloquear a rede X no Brasil;

•                                         Se o fizesse sua atitude seria reprovada pela maioria da população;

•                                         e a repercussão internacional lhe seria favorável e contrária a Moraes.

Deu ruim, como dizem.

•                                         Alexandre de Moraes não apenas bloqueou o X no Brasil como ainda bloqueou o dinheiro de sua empresa de satélites de comunicação Starlink para que Musk pague o que deve ao país — no momento, algo em torno de R$ 20 milhões.

•                                         Os brasileiros descobriram rapidamente um novo pouso em céu azul e a rede Bluesky conseguiu um milhão de novas assinaturas em três dias.

•                                         A repercussão internacional é amplamente favorável à atitude do Judiciário brasileiro.

 The New York Times relatou que a suspensão foi uma resposta direta à inobservância de Musk às ordens judiciais brasileiras. O jornal destacou que o caso brasileiro apresenta um cenário onde Musk encontrou um desafio significativo na figura do juiz Moraes. Por sua vez, The Washington Post criticou Musk por arriscar um dos maiores mercados do X para apoiar Jair Bolsonaro e seguidores que promovem falsas narrativas de fraude eleitoral.

No Reino Unido, The Guardian analisou a decisão como uma medida necessária para controlar as ações de Musk, que foi descrito como fora de controle. Na França, Le Monde considerou a decisão severa, mas previsível, dada a preparação de longo prazo e as investigações conduzidas por Moraes, que miram a disseminação de informações falsas e a atuação de milícias digitais no Brasil. Esses relatos internacionais refletem um consenso de que as ações do ministro Moraes são vistas não como censura, mas como esforços justificados para manter a ordem legal no país.

Pior, Musk daqui a pouco vai receber de volta o bumerangue que lançou, porque a extrema direita é quem mais sai prejudicada com o fechamento da rede X no país. Lá era permitido o anonimato absoluto, a prática de crimes sem punição, a defesa dos valores da extrema direita, do cometimento de crimes e da disseminação de fake news.

O próprio Elon Musk, com seus mais de 200 milhões de seguidores no X, também foi atingido por sua arrogância ao peitar o Judiciário brasileiro porque agora ficou sem público no país para disseminar suas fake news e defesa de ideias de extrema direita.

Como se não fosse bastante, o Brasil ainda era um dos maiores palcos da rede X com 20 milhões de xuiteiros. Musk perde também esse público.

Isso vem se somar ao desastre que sua administração causou à rede desde que a comprou. O X (antigo Twitter) perdeu 71,5% de seu valor de mercado desde que foi adquirida por Elon Musk, em outubro de 2022.

Para ter uma rede sua para espalhar sua ideologia de extrema direita pelo mundo e seus tentáculos em busca de poder, Musk aceitou pagar mais que o dobro do valor de mercado do Twitter em outubro de 2022. Desembolsou 44 bilhões de dólares, quando o valor de mercado do Twitter era de 19,6 bilhões.

Hoje — quer dizer, ontem, antes do X ser desligado do Brasil — valia apenas 5,3 bilhões de dólares.

Por isso, Elon Musk, o bilionário (ou trilionário) corre atrás de uma saída que não seja humilhante em busca de alguém que consiga fazer o meio de campo entre ele e o ministro Alexandre de Moraes para tentar retomar a rede antes que a situação se torne irreversível.

O telefone do golpista e traidor Michel Temer deve ter sido passado a ele e logo teremos a triste figura, que ainda permanece solta, defendendo uma "solução nego$iada", ao estilo de "tem que manter esse negocio daí", como quando defendeu que a JBS continuasse a pagar uma "mesada" a Eduardo Cunha.

Esperemos que seja apenas após as eleições, para que o ambiente permaneça sem a poluição do chorume da extrema direita. Até lá estamos livres dela e de Elon Musk — pelo menos no X.

 

•                                         X, de Elon Musk, enfrenta processos de banimento em vários locais do mundo

Pelas mesmas razões que foi banido do Brasil, por ordem do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o X, antigo Twitter, responde a processos em várias partes do mundo.

A rede do bilionário Elon Musk poderá fechar por determinações judiciais em série e uma de suas alternativas será funcionar apenas nos EUA, onde não há legislação contra discursos de ódio. Mas, mesmo lá, as coisas não andam fáceis para Musk, pois vários anunciantes passaram a se retirar da rede por conta de seu conteúdo, o que fez com que ela passasse a operar no vermelho em seu maior mercado.

# União Europeia

Outro mercado enorme que pode banir o X é a União Europeia. O comissário do bloco, Thierry Breton, iniciou uma investigação sobre a adequação do X à Lei de Serviços Digitais (DSA) do continente, acusando a plataforma de disseminar desinformação sem controle.

Segundo Breton, a reação recente do X aos tumultos no Reino Unido, que Musk alimentou, e tratou como "guerra civil”, é um dos fatores que pode determinar multa e até mesmo banimento.

O eurodeputado Sandro Gozi, eleito pela França, afirmou na semana passada ao jornal italiano La Reppublica que “se Musk não cumprir as nossas leis, a União fechará o X na Europa".

# Austrália

Já na Austrália, o X desobedeceu a ordem de uma comissão de segurança digital para a remoção de vídeos que mostravam um ataque a faca contra um clérigo cristão assírio e mais duas pessoas numa igreja de Sydney.

Musk não apenas se recusou como acusou o judiciário local de censura. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, por sua vez, que o dono do X de "bilionário arrogante que pensa estar acima da lei e da decência básica".

# Canadá

Já no Canadá, Musk ridicularizou um projeto de lei que visa impedir a disseminação de discursos de ódio nas redes sociais. Ele compartilhou artigo extremista que afirmava:

"O regime de [primeiro ministro Justin] Trudeau introduziu uma nova lei orwelliana chamada de Projeto de Lei de Danos Online C-63, que dará à polícia o poder de pesquisar retroativamente na Internet por violações de ‘discurso de ódio’ e prender os infratores, mesmo que o delito tenha ocorrido antes da existência da lei".

Musk então acrescentou ao texto: "Isso parece insano se for verdadeiro!" E pediu às "notas da comunidade", serviço de usuários que comenta posts prejudiciais.

 

•                                         Elon Musk procura um “laranja” no Brasil pra ir em cana por ele; ninguém aceita

O bilionário Elon Musk procura um representante do X, antigo Twitter, para atuar no Brasil. Segundo informações da coluna de Mônica Bergamo, ele já sondou vários executivos brasileiros pouco depois de anunciar o fechamento de seu escritório no país.

Nenhum deles, no entanto, aceitou cair em sua cilada por uma simples razão. A vida jurídica de sua empresa por aqui é uma verdadeira bagunça. O empresário desrespeita ordens judiciais, o que é crime, e quem responderia por ele seria, justamente, este executivo nomeado.

E responderia com prisão, conforme já sinalizou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O suposto contratado teria que, ou dar continuidade à empresa de Musk no Brasil, ou cuidar de seu definitivo fechamento. Para isto, um representante teria que estar em solo nacional cuidando da papelada e acompanhando as centenas de processos que o X no Brasil está envolvido.

Ninguém, obviamente, quer o cargo.

 

•                                         Starlink informa a Anatel que não vai cumprir decisão que bloqueia o X

A empresa Starlink afirmou que não vai cumprir a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de suspender o X no Brasil. A informação partiu do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, segundo o G1.

“Ao longo do dia, entrei em contato com os advogados da Starlink perante a Anatel, e o que nos foi informado agora, ao longo da tarde, é que a Starlink não iria bloquear o acesso ao X enquanto não fossem liberados os recursos bloqueados pela Justiça associados a Starlink”, afirmou Baigorri.

Tanto o X quanto a Starlink pertencem ao bilionário Elon Musk. A segunda empresa é uma provedora de internet e deveria impedir o acesso à rede social, conforme a determinação do ministro do STF. O serviço de internet da Starlink tem mais de 200 mil usuários no Brasil. A empresa ainda não se pronunciou sobre o anúncio do presidente da Anatel.

Ainda conforme Baigorri, Moraes foi informado do posicionameto da Starlink para que tome as providências processuais que julgar necessárias.

A ordem de bloqueio do X foi dada na última sexta-feira (30/9). O motivo foi o vencimento do prazo, encerrado às 20h07 da quinta-feira (29/8) para que Musk, acionista majoritário do X, respondesse às exigências feitas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Antes de emitir a decisão, Moraes foi informado por sua equipe técnica de que não houve nenhuma manifestação por parte do X.

Na sexta, a Anatel foi intimada a notificar cerca de 20 mil empresas de telecomunicações no Brasil a respeito da obrigatoriedade de elas suspenderem o acesso ao X. Na decisão, o ministro do STF concede prazo de até cinco dias para a conclusão do processo de bloqueio.

<><> Desobediência

Na noite de quarta-feira (28/8), Moraes emitiu uma intimação digital para o empresário, exigindo que a empresa identificasse um representante legal no Brasil em até 24 horas, sob pena de retirada do aplicativo do ar caso a ordem não fosse cumprida. A ordem foi ignorada.

Quando isto aconteceu, Moraes já havia aplicado multas diárias ao X por descumprimentos, entre eles, o bloqueio de contas que supostamente estariam disseminando desinformação e ataques à democracia. O valor acumulado até a sexta chegava a R$ 18,5 milhões.

Diante da ausência de um representante legal e do não pagamento das multas, o ministro do STF bloqueou as contas da Starlink, uma delas com mais de R$ 20 milhões. Moraes tomou esta decisão diante também de um pedido de credores da empresa de Musk. Eles se viram ameaçados de calote com o encerramento das atividades da plataforma no Brasil.

A Starlink divulgou que só vai cumprir a ordem de bloqueio do X após a liberação dos valores financeiros travados na próprias contas bancárias por Moraes. Por outro lado, o ministro do STF divulgou que a liberação do acesso ao X no Brasil depende do cumprimento das ordens já expedidas, ou seja, a plataforma tem de bloquear perfis de usuários determinados, indicar um representante legal e pagar multas que somam ao menos R$ 18,5 milhões.

<><> Julgamento

A decisão de bloquear o X no Brasil partiu apenas de Moraes, ou seja, ela é monocrática. No entanto, o caso vai entrar em julgamento na Primeira Turma do STF na segunda-feira (2/9). Os demais integrantes desta seção da Corte suprema terão até às 23h59 do mesmo dia para apresentar o voto.

No plenário virtual, os ministros votam eletronicamente. No voto, eles podem anexar documentos que explicam a decisão, que pode, inclusive, ser a favor da medida, mas com algum tipo de ressalva. São membros da Primeira Turma do STF os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

 

•                                         X: usuário que divulgava pornografia pediu danos morais após bloqueio

Poucos dias antes de ser suspenso no Brasil, o X, antigo Twitter, foi processado por danos morais por um usuário que divulgava pornografia na rede social. O usuário alegou que teve a conta banida sem justificativas, e que o site permite conteúdo adulto.

No último dia 22, Victor Pereira alegou ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que teve o perfil removido permanentemente do X em julho, sob “alegação genérica” de violação das regras da plataforma. Pereira acrescentou que o X permite “pornografia e outras formas de conteúdo adulto produzidas consensualmente”, desde que tarjadas como “sensíveis”.

“Deve-se considerar o grande desgaste do autor nas reiteradas tentativas de solucionar o ocorrido, sem êxito, gerando o dever de indenizar”, afirmou a defesa de Pereira, pedindo uma indenização de R$ 6 mil por danos morais e a reativação da conta.

O juiz intimou o X no último dia 23. Ainda não houve resposta ou decisão. Na sexta-feira (30/8), o ministro do STF ordenou a suspensão da rede social no Brasil, depois de a plataforma não ter indicado um representante legal no país e se recusar a pagar multas impostas pelo Supremo. O dono da empresa, o bilionário Elon Musk, reagiu às intimações do Supremo com xingamentos.

 

Fonte: Fórum/Metrópoles

 

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