quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Alexandre de Moraes tem 'ego gigante e muita coragem', diz Economist

A revista britânica Economist disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem um "ego gigante e muita coragem".

"É necessário um ego gigante e muita coragem para enfrentar Elon Musk, o homem mais rico do mundo, dono do X, uma rede de mídia social que muitas vezes pode parecer seu megafone pessoal", escreve a revista.

A tradução do título do artigo reproduzido acima é: "O todo-poderoso juiz que está enfrentando Elon Musk".

"Alexandre de Moraes, o juiz que em 30 de agosto ordenou o bloqueio do X no Brasil, tem ambos."

A revista faz um perfil do ministro brasileiro, afirmando que ele é conhecido por decisões controversas, mas também por sua coragem em enfrentar forças poderosas.

"A proibição do X reflete em parte as severas leis brasileiras sobre discurso. Mas também se encaixa em um padrão de decisões controversas de Moraes, conhecido por sua busca incansável por casos de alto perfil", diz o texto.

Sobre a disputa com o X, a revista diz que a decisão de Elon Musk de retirar representantes legais do Brasil, em resposta ao pedido do STF de bloqueio de contas, é "uma posição que poucas empresas bem administradas contemplariam".

A revista faz críticas a Moraes e à Justiça brasileira.

"No entanto, a resposta do juiz ultrapassa as normas de proporcionalidade", diz a Economist, citando o bloqueio a VPNs no Brasil e o congelamento de contas da Starlink, outra empresa de Musk no Brasil.

"Parte da explicação para essa abordagem draconiana são as leis intervencionistas do Brasil sobre expressão. Elas agora buscam policiar 'crimes contra a democracia', como fake news nas mídias sociais que podem prejudicar o processo eleitoral, e 'crimes contra a honra', mesmo quando mensagens ofensivas são recebidas em privado."

"Embora um único juiz no Supremo Tribunal Federal de 11 membros do Brasil possa tomar decisões vinculativas, estas são às vezes revisadas pelo tribunal pleno ou parcial."

A reportagem também diz que outras medidas de Moraes fizeram o STF "parecer autoritário": por abrir os inquéritos sobre fake news e milícias digitas, por operações contra empresários que falaram sobre golpe em mensagens de WhatsApp e por censura a reportagens de revistas.

A revista diz que Moraes é "sem dúvida corajoso", mas que as ações do ministro estão prejudicando a imagem que os brasileiros têm da Justiça.

·        Liberdade de expressão

Além do perfil sobre Moraes, a Economist publicou um editorial sobre liberdade de expressão, em que critica a Justiça brasileira.

"Outros casos recentes buscam censurar e punir discursos que deveriam estar dentro da lei. O Brasil baniu o X por sua recusa em cumprir ordens judiciais pouco transparentes para remover dezenas de contas, incluindo aquelas pertencentes a membros do Congresso; usuários que tentam acessar a plataforma enfrentam multas enormes."

O editorial afirma que no mundo todo hoje há ameaças à liberdade de expressão, além do caso do X no Brasil: na França, o fundador do Telegram foi preso; nos EUA, há ameaças de que o TikTok seja bloqueado; no Reino Unido, pessoas foram presas por mensagens postadas em redes sociais sobre distúrbios recentes.

"Nossa posição de muitos anos é clara: somente com a liberdade de estar errado as sociedades podem avançar lentamente em direção ao que é certo", escreve a revista no editorial.

"O que mudou é que hoje as objeções mais altas à repressão à liberdade de expressão vêm de direitistas como Elon Musk, chefe de X, enquanto muitos autointitulados liberais aplaudem o que veem como um golpe contra os bilionários que apoiam [o ex-presidente Donald] Trump."

Mas a revista pondera que "a liberdade de expressão dificilmente está segura nas mãos de libertários de ocasião como Musk, que processa aqueles de quem ele discorda, proíbe palavras que não gosta na sua plataforma e é cordial com Vladimir Putin, cuja ferramenta de moderação de conteúdo preferida é o Novichok [um veneno usado para matar dissidentes]".

<><> Bolsonaristas ignoram a Justiça e seguem utilizando o X, suspenso no Brasil

Mesmo após a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para suspender o acesso ao X (antigo Twitter) no Brasil, diversos parlamentares e personalidades alinhadas ao bolsonarismo continuam utilizando a plataforma, desafiando diretamente a ordem judicial, relata a Folha de S. Paulo. A decisão de Moraes, que foi apoiada pela Primeira Turma do STF, também prevê multas de R$ 50 mil para aqueles que utilizarem VPNs para contornar o bloqueio. No entanto, isso não tem inibido a presença de influentes figuras bolsonaristas no X.

Entre os políticos que permanecem ativos está o ex-vice-presidente e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Na noite desta terça-feira (3), Mourão utilizou a rede social para criticar uma possível homenagem ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) durante o desfile de 7 de Setembro em Brasília. Outros senadores e deputados federais também seguem publicando conteúdos no X, mesmo com a suspensão em vigor.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi um dos mais enfáticos ao desafiar a decisão. Em um post bilíngue, ele convocou seus seguidores para os atos de 7 de setembro. “Se estou fazendo este post, assumindo todos os riscos, é porque acredito que vale a pena lutar pela nossa liberdade e a de nossos filhos”, declarou. Ele fez questão de ressaltar que estava escrevendo diretamente do Brasil. Deputada pelo mesmo partido, Carla Zambelli também adotou um tom desafiador: "postando aqui, direto do X", disse.

Outras personalidades do campo bolsonarista, como o pastor e empresário Silas Malafaia, seguiram a mesma linha e mantiveram suas atividades na rede. Bruno Aiub, o Monark, foi outro que utilizou a plataforma para ironizar o bloqueio da plataforma no X: “miraram em banir o X e acabaram reabilitando meu perfil”.

Outros bolsonaristas que estão fora do Brasil aproveitam o fato de estarem fora do alcance da Justiça brasileira. Foragido, o blogueiro Allan dos Santos, radicado nos Estados Unidos, comemorou o desbloqueio de sua conta, que atribuiu à intervenção de Elon Musk, proprietário da plataforma. “Não estou conseguindo responder a todos. Desde 2020 eu não interagia com tanta gente aqui no X”, escreveu. Nos EUA, o comentarista Rodrigo Constantino também celebrou a reativação de seu perfil.

 

¨      Starlink: por que Musk recuou e sua empresa vai barrar acesso ao X no Brasil

Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, voltou atrás e anunciou nesta terça-feira (3/9) que irá bloquear o X no Brasil, conforme determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

decisão de Moraes sobre o bloqueio da rede social no Brasil foi tomada na sexta-feira (30/8), após o bilionário Elon Musk, dono do X desde outubro de 2022, descumprir medidas determinadas pelo STF, como a indicação de um representante legal da rede social no Brasil.

Após a decisão de Moraes, a Starlink classificou a ordem como "inconstitucional" e recorreu na Justiça.

A recusa inicial em suspender o X podia causar outras sanções para a Starlink, como ser impedida de continuar operando no país por descumprir ordens judiciais.

Na semana passada, Moraes havia determinado o bloqueio das contas bancárias da Starlink para garantir o pagamento de multas estipuladas pelo descumprimento de decisões sobre o bloqueio de perfis de investigados pela Corte na rede social X (antigo Twitter).

O bloqueio das contas não deve não afetar o contrato com o governo federal, mas coloca em risco a atividade da empresa em solo brasileiro.

Nesta terça, a empresa de Musk anunciou que irá cumprir a determinação de Moraes sobre o bloqueio do X.

"Independentemente do tratamento ilegal dado à Starlink no congelamento de nossos ativos, estamos cumprindo a ordem de bloquear o acesso ao X no Brasil", disse uma publicação da Starlink em rede social.

·        O que é a Starlink?

A Starlink é um braço da SpaceX, a companhia de exploração espacial de Elon Musk.

A empresa fornece serviços de internet por meio de uma enorme rede de satélites. Ela é voltada para pessoas que vivem em áreas remotas, onde não há infraestrutura local como cabos e postes — caso de boa parte da Amazônia.

Estima-se que mais de 6 mil satélites Starlink já foram lançados no espaço, segundo especialistas que monitoram satélites.

Segundo a própria empresa, trata-se da maior constelação de satélites do mundo, com uma base de usuários em 37 países.

Os satélites da Starlink foram colocados em órbita baixa ao redor da Terra para tornar as velocidades de conexão entre os satélites e o solo o mais rápidas possível.

Quem lança os satélites é a própria SpaceX, que usa seu foguete Falcon 9 para isso.

No Brasil, a Starlink diz ter mais de 250 mil clientes, incluindo pequenas empresas, escolas e socorristas.

Segundo a Agência Brasil, ligada ao governo federal, órgãos públicos, como as Forças Armadas e tribunais eleitorais, têm contratos com a companhia.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo também afirma que a Marinha brasileira usa a internet da empresa em alguns dos principais navios da frota, alegando interesse experimental na tecnologia de Elon Musk.

A Starlink recebeu sinal verde da Anatel para operar no Brasil em 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A concessão vai até 2027.

Desde então, a Amazônia se tornou o principal mercado da empresa de Musk no Brasil.

 

¨      STF, Anatel e PF são alvos de ataque cibernético; ação pode estar relacionada ao bloqueio do X

O Supremo Tribunal Federal (STF), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Polícia Federal (PF) foram alvos de hackers nos últimos dias. Segundo um jornal brasileiro, um grupo reivindica o ataque cibernético.

De acordo com a Folha de S.Paulo, as primeiras informações dos órgãos citados indicam um possível ataque DDoS (negação de serviço, em tradução livre) que, ao emitir milhares de acessos simultâneos a determinados sites, desequilibra as redes.

Nesta terça-feira (3), um grupo reivindicou nas redes sociais o ataque cibernético, afirmando que a ação foi feita após o ministro do STF Alexandre Moraes determinar o bloqueio da rede social X (antigo Twitter).

Em nota, a PF informou que investiga o ataque cibernético que gerou instabilidade em serviços prestados pela instituição nesta terça-feira. "O acesso aos serviços já foi restabelecido e não foi detectado comprometimento aos sistemas e acessos aos dados da instituição", garantiu.

De acordo com o g1, a Anatel também se manifestou a respeito das invasões de hackers. "A Anatel esclarece que, como uma organização pública de grande relevância, é alvo frequente de ataques cibernéticos, especialmente em circunstâncias que envolvem temas sensíveis. Após a decisão do STF de bloquear o X, a agência observou um aumento esperado nesses ataques, o que ocasionou instabilidades momentâneas em seus sistemas e redes", afirmou a autarquia em nota.

O STF, por sua vez, afirmou que foi vítima dos ataques no último dia 29. Segundo a instituição, "os sistemas ficaram inoperantes por menos de dez minutos" e a equipe técnica do tribunal agiu rapidamente para normalizar os acessos. O ataque "não causou risco operacional", ressaltou o tribunal.

Quem também foi alvo dos ataques cibernéticos, conforme a Folha de S.Paulo, foi o escritório de advocacia da família de Moraes. Segundo o jornal, o site do escritório Barci de Moraes ficou inacessível durante três horas. A conexão com a página só foi restabelecida após o trabalho da equipe técnica, que reverteu o caso.

 

Fonte: BBC News Brasil/Brasil 247

 

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