terça-feira, 30 de maio de 2023

Retorno de Bolsonaro ao Brasil é marcado por idas e vindas à PF e por "vida de luxo"

O retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil completa 2 meses nesta segunda-feira (29). Ele passou três meses nos Estados Unidos depois do fim de seu mandato e não conseguiu se reeleger nas eleições do ano passado.

Desde que voltou, Bolsonaro se tornou alvo de uma série de processos na justiça como: o caso das joias sauditas, uma suspeita de incitação aos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele ainda responde a 16 ações que podem torná-lo inelegível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que lhe renderam uma série de visitas à Polícia Federal (PF) para prestar depoimento.

O primeiro ocorreu a menos de uma semana de seu retorno. No dia 5 de abril, Bolsonaro depôs no inquérito que investiga as jóias recebidas de presente da Arábia Saudita, apreendidas no aeroporto de Campinas e que foram incorporadas ao acervo pessoal do ex-presidente ilegalmente.

No dia 14 de abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que Bolsonaro concedesse outro depoimento à PF, desta vez no inquérito dos atos golpistas de 8 de janeiro. O ex-presidente é suspeito de ser intelectual dos ataques antidemocráticos.

O depoimento aconteceu no dia 26 de abril, na sede da Polícia Federal, em Brasília. Na oportunidade, Bolsonaro foi questionado sobre um vídeo que postou em suas redes sociais no dia 10 de janeiro. Nas imagens, publicadas depois dos atos golpistas, o ex-presidente  questiona a higidez das urnas eletrônicas e endossava as narrativas de fraude na contabilização dos votos.

No depoimento, Bolsonaro disse que postou o vídeo “sem seu real interesse em publicá-lo”. Ele disse que havia passado por tratamento com morfina, em um hospital dos Estados Unidos, e que a postagem foi feita por engano.

Uma semana depois, Bolsonaro voltou a ser alvo da PF. Dessa vez, a Polícia Federal prendeu o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Jair Bolsonaro, e outro de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em Brasília. As ordens foram cumpridas no âmbito da chamada Operação Venire, que investiga um grupo acusado pelos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Entre os cartões adulterados está o de Bolsonaro e da filha, Laura.

O ex-presidente optou não depor naquele dia sob a justificativa de que a sua defesa ainda não tinha tido acesso aos autos do processo. Porém, ele concedeu uma entrevista para um canal de televisão, em que garante não ter cometido fraudes.

O depoimento só aconteceu no dia 16 de maio. Na ocasião, Bolsonaro disse que não sabia quem inseriu os dados falsos e nunca falou com Mauro Cid sobre o esquema.

Apesar disso, o ex-presidente também tem motivos para comemorar. Ele vem ostentando uma vida de luxo na capital federal.

No mesmo dia de seu retorno, Bolsonaro se reuniu com aliados na sede do PL para o seu futuro na política. Segundo a coluna de Guilherme Amado no site Metrópoles, Bolsonaro passou a receber até R$ 100 mil por mês entre aposentadorias e o salário que recebe depois de assumir o cargo de presidente de honra do PL.

Como presidente de honra do PL, Bolsonaro recebe R$ 41,6 mil, valor máximo do serviço público, recebido por ministros do STF. A legislação do Brasil não prevê pensão especial para ex-presidentes, mas ele recebe aposentadorias pagas pela Câmara e pelo Exército que, juntas, chegam a R$ 42 mil por mês, segundo o próprio Bolsonaro.

Além disso, o ex-presidente mora com Michelle, a filha e a enteada em uma mansão em Brasília. O imóvel conta com 400 metros de área construída e aluguel de R$ 12 mil.

 

       Três meses nos EUA: Custo de Bolsonaro foi o maior entre ex-presidentes em 2023

 

A ida de Jair Bolsonaro (PL) para os Estados Unidos, entre os últimos dias do seu mandato como presidente da República e os três primeiros meses fora do cargo, representaram um custo de R$ 902,6 mil aos cofres públicos.

Com isso, o quadro do PL foi o ex-presidente com maior custo esse ano. Estão vivos os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rouseff e Michel Temer. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não consta na lista por ser o atual chefe do Executivo Federal.

Ex-presidentes da República têm direito, por lei, a ter seis servidores para segurança, apoio pessoal e assessoramento, além de dois veículos oficiais com motoristas. Desde 2021 os esses gastos são divulgados em um site de dados abertos do Governo Federal.

Entre janeiro e março desse ano, Bolsonaro gastou R$ 638,2 mil só em diárias. As outras despesas foram em passagens (R$ 92,9 mil) e em seguros (R$ 8,8 mil). Os outros R$ 162,6 mil foram utilizados para o pagamento dos cargos comissionados que o acompanharam.

 

       Calote bilionário: CEF teve prejuízo com tentativa de reeleição de Bolsonaro

 

Numa tentativa de guinar sua candidatura à reeleição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou, em 2022, com parceria da Caixa Econômica Federal, o programa Auxílio Brasil, que substituía, à época, o  Auxílio Emergencial, pago durante o período mais crítico da pandemia da Covid. No entanto, o efeito popular do programa não foi o esperado pelo liberal, que visava atrair os votos das pessoas mais pobres.

Através de uma medida provisória, foram criadas duas linhas de crédito na Caixa para a implantação e pagamento do Auxílio Brasil. Até a eleição, o banco estatal liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas.

Bolsonaro não conseguiu se reeleger, e a política de torneira aberta deixou para trás um calote bilionário nas contas do banco, que só agora começa a ser conhecido, de acordo com reportagem do portal UOL.

De acordo coma publicação, que teve acesso a informações sigilosas da Caixa, o banco estatal foi usado como arma da campanha de Bolsonaro, se valendo de manobras inéditas, sem transparência, e que quase colocaram a instituição a um nível de risco inédito na história recente.

Entre as medidas provisórias criadas por Bolsonaro junto ao então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, estavam uma linha de microcrédito para pessoas com nome sujo, que gerou empréstimo de R$ 3 bilhões no programa, chamado de SIM Digital, até as eleições.

No entanto, segundo a reportagem, a inadimplência causada por esses tipo de empréstimo chegou a 80% neste ano, conforme o atual presidente do banco já revelou. Com isso, a parte do rombo deve ser coberta com verbas do FGTS.

Outra medida liberava empréstimos consignados ao próprio programa Auxílio Brasil, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, com liberação de R$ 7,6 bilhões por parte da Caixa.

O resultado disso foi mais de 100 mil devedores do programa que agora foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito é incerto.

 

       Escândalo da Caixa é prego no caixão – de Bolsonaro

 

O colunista do UOL Tales Faria avalia que o calote histórico na Caixa, revelado com exclusividade pelo UOL, deve afetar a elegibilidade de Jair Bolsonaro (PL). Isso não vai ficar barato para o Bolsonaro. Ele editou as medidas em março, antes do período oficial das eleições, mas o dinheiro foi liberado durante as eleições. Isso provocou um calote monumental. É evidente que isso vai acabar no TSE, que fará um escrutínio disso. Tales Faria, colunista do UOL

Em participação no UOL News, Tales realçou que este escândalo da Caixa se junta a outros nos quais Bolsonaro está envolvido. Com tantos processos em andamento e as crescentes suspeitas, o colunista analisa que Bolsonaro caminha para a perda de seus direitos políticos.

É mais um motivo para Bolsonaro ficar inelegível. É líquido e certo que essa história vai acabar atingindo a elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.Tales Faria, colunista do UOL

Deysi Cioccari alertou para os riscos da aproximação entre Lula e Nicolás Maduro. O ditador venezuelano chegou ao Brasil para participar de um encontro com líderes regionais. A cientista política se mostrou preocupada com o silêncio de Lula sobre assuntos delicados tanto internacionais como internos, como sua relação com regimes ditatoriais O presidente Lula tem se excedido em alguns assuntos quando a pauta é internacional, principalmente com relação a essas nações não democráticas ou ditaduras. Vejo de uma forma muito equivocada essa aproximação do Lula com Maduro e com olhos negativos. De certa forma, dá um sinal bem trocado. Espero que não seja o sinal que o Lula quer passar.Deysi Cioccari, cientista política

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) afirmou que fez um requerimento para a convocação de Jair Bolsonaro à CPI que investiga os atos golpistas. O parlamentar destacou que o ex-presidente deve ser ouvido na condição de principal suspeito da autoria intelectual do que ocorreu em Brasília em 8 de janeiro. Já existe, no Supremo Tribunal Federal, e foi solicitado pela PGR que o nome de Bolsonaro fosse incluído no inquérito das autorias intelectuais. Ele já é investigado no STG, na PGR e na Polícia Federal. Bolsonaro é o principal suspeito, neste caso. É fundamental essa análise da participação do ex-presidente como autor intelectual ou mandante do processo golpista no Brasil. Rogério Correia, deputado federal (PT-MG)

 

Fonte: Agencia Brasil/UOL

 

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