sexta-feira, 26 de maio de 2023


 

Mario Vitor Santos: Envolvimento da mídia corporativa com Lava-Jato levanta suspeita de compra de “proteção futura”

“Uma Guerra Contra o Brasil”, o recém-lançado livro do empresário Emilio Odebrecht, traz um trecho enigmático em sua página 260, sobre o qual nenhum jornalista da mídia corporativa e lavajatista, ou seja, os grandes veículos de comunicação do Brasil, está autorizado a abordar. Também por essa censura generalizada a uma obra tão crítica ao jornalismo praticado na Lava-Jato, impõe-se voltar ao assunto. 

Depois de escrever que o serviço à Lava-Jato foi opção de uma minoria nas redações e lamentar que a maioria percebeu e se calou “por medo de serem identificados como protetores de supostos corruptos”, diz Odebrecht no trecho, tratando da colaboração entre os meios de comunicação e a Lava-Jato: 

“...me ocorre uma pergunta da qual não posso fugir: estariam alguns destes meios que aderiram de modo tão inusitado à Lava-Jato e fecharam os olhos a seus desmandos investindo em alguma proteção futura? Talvez algum dia saibamos a resposta”. 

De que informações dispõe Odebrecht para fazer essas afirmações, o livro não divulga.  

Com certeza, ao falar de “meios”, a Globo está incluída. Após alguma indefinição inicial, a Globo entrou com tudo na cobertura e no apoio às manifestações de 2013, especialmente quando elas adquiriram um caráter contrário ao governo Dilma.  

Depois, ao longo da Lava-Jato, a emissora elevou ainda mais o tom, entrando em campanha permanente, expondo dutos de onde jorravam notas de dinheiro, convocando manifestações e vestindo a camisa da derrubada da presidente da República. 

Haveria, além da cruzada moralizante, que se revelou falsa, outros interesses em jogo, alguma “proteção futura”, como escreve Odebrecht?  

As engrenagens do jornalismo na mídia corporativa do Brasil nem sempre obedecem a figurinos conhecidos de todos. O fato é que sem a adesão da Globo não se teria precipitado o desgaste de imagem sofrido por Dilma ao final de seu primeiro mandato. Sem a Globo, o golpe do impeachment seria inviável. 

Por falar nisso, as “jornadas” de 2013, a versão brasileira das “revoluções coloridas semeadas mundo afora pelos Estados Unidos, estão para completar dez anos agora. Será interessante observar se haverá um momento de autocelebração do papelão da mídia, de destacar o próprio papel na “faxina moralista” da República de Curitiba a quem o jornalismo se entregou? 

Os tempos mudaram, mas, a despeito da desmoralização da Lava-Jato e de seus heróis, o lavajatismo segue comandando os meios de comunicação por razões políticas, mas também talvez por outras, como se vê, nem sempre esclarecidas.  

O lavajatismo na mídia corporativa não morreu com a suspeição de Sérgio Moro ou a cassação de Deltan Dallagnol. Vivo, ele está apenas hibernando, guardando energias para logo retornar. 

Como afirmou o ministro Gilmar Mendes à TV247, o envolvimento da mídia com os desmandos da Lava-Jato precisa ser objeto de investigação. Talvez algum dia saibamos a resposta. 

 

Ø  “Por que Moro estava pronto para gravar trote telefônico?”, questiona Tacla Duran

 

O advogado Rodrigo Tacla Duran questionou, por meio de uma postagem no Twitter nesta quarta-feira (24), o fato de o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) ter participado dos episódios que levaram ao afastamento do juiz Eduardo Appio dos processos da Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. Appio foi retirado do posto cautelarmente na segunda-feira (22) pela Corte Especial Administrativa do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

“Por que uma pessoa estava pronta para gravar vídeo de suposto trote telefônico sem identificação? Depois o Russo entrega p/ o pai do sócio instruir processo adm no TRF-4 p/ voltar a juíza que forjou competência de operação que diz que o Russo foi ameaçado…”, questiona Duran.

Russo é o apelido pelo qual o ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, se referia ao colega Sergio Moro, segundo divulgado pela Vaza Jato em 2019.

·         João Malucelli gravou ligação

Ontem, o próprio Moro afirmou em entrevista à GloboNews que foi ele que denunciou o suposto telefonema de Appio ao filho do desembargador Marcelo Malucelli. O desembargador é pai de João Eduardo Barreto Malucelli, sócio de Moro e da mulher, Rosângela Moro, no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, em Curitiba. Foi João que gravou o telefonema.

“Fiquei sabendo e fiquei perplexo. Recolhi o material e entregamos ao Tribunal. E depois disso, me distanciei”, declarou Moro. “Não pode um juiz ligar para alguém e ameaçar. Vamos passar pano só porque o filho do desembargador tem relação comigo?”

Appio teria feito a ligação a João Malucelli, filho do desembargador, na qual solicitava informações sobre seu pai. A suposta ligação foi interpretada como uma intimidação ou ameaça.

·         TRF-4 afasta juiz Eduardo Appio da Lava Jato e mostra que ‘República de Curitiba’ continua ativa

 A Corte Especial Administrativa do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre,  decidiu nesta segunda-feira (22) afastar o juiz Eduardo Appio, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. Appio havia assumido o lugar do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e – até eventual decisão em contrário – deixa de ser o titular da Operação Lava Jato no Paraná.

 A decisão indica que a facção política comandada por Moro e pelo ex-procurador Deltan Dallagnol a partir da capital do Paraná está longe de ser vencida. Mais do que isso, o afastamento de Appio demonstra que a chamada “República de Curitiba”, expressão utilizada pelos aliados de ambos, continua ativa como representante da extrema-direita no país.

Na terça-feira (16) da semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, cassou o registro de candidatura e o mandato do agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos), que comandou a operação Lava Jato. Moro, seu aliado, foi considerado suspeito pelo STF e suas decisões foram anuladas.

A Corte Especial afastou Eduardo Appio atendendo a uma representação do desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª turma do tribunal. “O TRF4 acaba de atravessar o Rubicão estreito, que separa a legalidade do ativismo político. Atendendo a uma representação do desembargador Marcelo Malucelli, afastou de sua jurisdição o juiz Eduardo Appio”, escreveu Nassif no GGN.

 Pai e filho

 “Malucelli é o desembargador da 8ª Turma, pai de um sócio do escritório do ex-juiz Sérgio Moro. Tentou impedir o depoimento de Tacla Duran ordenando a sua prisão com base em processos antigos. Depois de reveladas as ligações familiares, ele se afastou das decisões envolvendo a Lava Jato. Mas continuou atuando em defesa da operação”, afirmou Nassif.

 O desembargador Malucelli é pai de João Eduardo Barreto Malucelli, sócio de Moro e da mulher, Rosângela Moro, no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, que tem sede em Curitiba.

 O juiz Appio deve ser afastado com prazo de 15 dias para apresentar defesa. O principal adversário de Appio no TRF-4 é o presidente do tribunal, Thompson Flores, um notório aliado do bolsonarismo junto com o desembargador Pedro Gebran Neto no tribunal, responsável pela condenação do ex-presidente Lula no caso do sítio de Atibaia (SP).

A volta de Hardt

Também à GloboNews, mas na segunda (22), Eduardo Appio confirmou que usava a senha “LUL2022” para acessar o sistema da Justiça Federal, mas negou ser petista. Com seu afastamento, ele foi substituído nos processos da Lava Jato, interinamente, pela juíza federal Gabriela Hardt.

A magistrada foi quem já havia substituído Sergio Moro em 2018, quando ele  pediu exoneração da Justiça Federal para assumir o Ministério da Justiça de Bolsonaro (PL). No cargo, Hardt proferiu a sentença de que condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia. Na sua sentença, havia trechos copiados da sentença em que Moro condenou Lula no caso do triplex. Todas as condenações contra Lula foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Ø  O conluio da juíza Gabriela com procuradores delinquentes. Por Jeferson Miola

 

A juíza Gabriela Hardt voltou à cena do crime, ou seja, à 13ª Vara Federal de Curitiba – posto do judiciário de onde forjou a condenação do presidente Lula com uma sentença plagiada e no qual participou ativamente de conluio com procuradores delinquentes.

Em mensagens obtidas pela “Operação Spoofing”, que investigou diálogos indecentes entre integrantes da Lava Jato no Telegram, encontram-se várias passagens em que Deltan Dallagnol e procuradores da República [de Curitiba] tramavam iniciativas que seriam combinadas com Gabriela Hardt.

Nesses diálogos indecentes fica evidente a associação imprópria, em moldes típicos de organizações mafiosas, entre juíza e procuradores, como nos momentos adiante [grafia como no original]:

No final do período de Gabriela Hardt como substituta temporária da 13ª Vara Federal de Curitiba, o reconhecimento pelos serviços prestados à gangue veio na forma de um gesto de gratidão de uma procuradora:

22/1/2019:
    22:16:05 Laura Tessler: Deltan, outra coisa: estava conversando com o pessoal aqui e acho que, antes da mudança de         juiz, poderíamos ir lá falar com a Gabriela e agradecer expressamente todo o empenho dela nesses meses

 

Fonte: Brasil 247

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