sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Morar perto de áreas verdes reduz declínio cognitivo na velhice

Viver próximo da natureza na vida adulta pode reduzir a velocidade da perda cognitiva mais tarde, revela um estudo publicado em julho no periódico Environmental Health Perspectives. O resultado foi ainda mais expressivo em locais de baixo índice socioeconômico, reforçando a importância das áreas verdes como um fator ambiental capaz de ajudar a prevenir o declínio mental.

Segundo os autores, já se sabe que o contato com a natureza está associado a menores taxas de depressão, que é um fator de risco para demência. Além disso, áreas verdes promovem mais oportunidades de atividade física e conexões sociais e ajudam a reduzir o estresse. No entanto, há poucos estudos prospectivos sobre o tema.

Para avaliar essa relação, os autores do estudo — vinculados a diferentes centros de pesquisa nos Estados Unidos — selecionaram quase 17 mil idosas participantes do Nurses’ Health Study. Esse é um levantamento que acompanha mais de 120 mil enfermeiras desde 1976, moradoras de 11 estados dos EUA. Elas foram submetidas a testes cognitivos repetidos pelo menos quatro vezes entre 1995 e 2001. Depois, foram monitoradas até 2008.

Imagens de satélite revelaram a dimensão das áreas verdes nos locais em que elas viviam cerca de nove anos antes do início dos testes cognitivos. Todos os resultados foram cruzados levando em conta fatores como idade, nível socioeconômico e diagnóstico de depressão.

Os cientistas constataram que aquelas que já tinham um contato maior com a natureza no começo do estudo demonstraram níveis mais altos de função cognitiva nos primeiros testes e, ao longo da investigação, uma taxa mais lenta de declínio mental.

O estudo também correlacionou os achados com a presença do gene APOE-ɛ4, um fator de risco conhecido para o desenvolvimento de Alzheimer, revelando que as portadoras desse gene que moravam em áreas verdes também tiveram uma desaceleração no declínio cognitivo.

“Quem está perto da natureza se exercita mais, que é um fator protetor, e há também maior exposição à luz solar, que beneficia o ciclo circadiano, a qualidade do sono e a produção de vitamina D”, diz a geriatra Thais Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. Ela lembra que dormir bem é muito importante para preservação da memória. “Sem contar que o contato dos pés diretamente com o solo, técnica chamada pelos americanos de grounding, em português ‘aterramento’, também vem sendo estudada como benéfica para a nossa saúde.”

Além disso, cada vez mais estudos mostram o impacto da poluição do ar na deterioração mental, não só a das grandes cidades, mas aquela provocada pela combustão de madeira e outros materiais fósseis que libera o carbono negro, um material nocivo. “Hoje sabemos que 45% dos fatores de risco para demência podem ser prevenidos”, diz a geriatra do Einstein.

Ela explica que a prevenção começa com uma boa educação ao longo da vida — e que outros fatores conhecidos para prevenção de doenças cardiovasculares também servem para a preservação da memória, como prática de atividade física, não fumar, ter uma dieta saudável e rica em antioxidantes, controle adequado do colesterol e diabetes.

“Esses fatores servem para toda a população, desde os mais jovens. Nos indivíduos de meia-idade e idosos, a prevenção da perda auditiva e perda visual são muito importantes. Nos mais idosos, evitar o isolamento social é imprescindível”, resume a médica.

 

•        Brasileiros têm apenas 26% do tempo livre ao longo da vida, diz estudo

Um estudo realizado pelo Instituto Ipsos, encomendado pelo Nubank, mostrou que os brasileiros têm, em toda a sua vida adulta, apenas 26% do tempo livre, um período equivalente a 15 anos. De acordo com a pesquisa, as mulheres têm ainda menos tempo que os homens e são sobrecarregadas com dupla-jornada.

O levantamento mostra como os brasileiros gastam o pouco tempo livre que possuem. Com dados coletados entre 17 e 23 de julho deste ano, por meio de 1.500 entrevistas online e presenciais, o trabalho descobriu que os brasileiros têm 74% do tempo ocupado ao longo de toda a vida, um equivalente a 43 anos.

Segundo o levantamento, 30% do tempo é preenchido pelo sono, sendo seguido pelo trabalho remunerado (23%). Os cuidados com a família e a casa aparecem em seguida, com 15% do tempo, enquanto o tempo em deslocamento, como no trânsito ou em transportes públicos, ocupa 7% de toda a vida adulta.

Estar em trânsito ou em deslocamento é, inclusive, a tarefa que os brasileiros menos gostam de fazer (42%), segundo o levantamento. Limpar a casa (38,8%), procurar emprego (28,5%), administrar finanças (24,9%) e trabalhar (17,7%) aparecem na sequência.

Segundo o estudo, 42% dos brasileiros diz estar insatisfeito ou indiferente com a quantidade de tempo livre que possuem hoje em dia, enquanto 19% afirmam insatisfação com o período desocupado.

<><> Mulheres estão mais sobrecarregadas e possuem menos tempo livre

O estudo mostrou, ainda, que as mulheres estão mais sobrecarregadas com dupla-jornada. Os dados apontam que elas dedicam mais tempo para a limpeza da casa (49%), para o trabalho doméstico em geral (29%), para os cuidados com a família e com a casa (28%), cuidar dos filhos (26%), cuidar dos animais domésticos (20%), cuidar dos membros da família (16%) e estudos (15%).

Já as atividades que as mulheres dedicam menos tempo são os jogos (28%), seguidos por trabalhos não remunerados ou voluntariado (27%), atividades ao ar livre (26%), procurar emprego (24%), shows, teatros, exposições e cinema (24%), controle financeiro (23%), férias (22%), bares e restaurantes (18%).

<><> Uso de telas preenche 12% do tempo livre dos brasileiros

O uso de telas, incluindo televisão, videogames e celulares, ocupa 12% do tempo livre dos brasileiros, segundo a pesquisa. Isso equivale a 7,1 anos na vida adulta. Já a prática de esportes e atividades relacionadas ao bem-estar ocupam apenas 4% do tempo, equivalente a 2,2 anos. Atividades religiosas e participação de eventos ocupa 2% (1,2 anos) e 1% (0,8 anos) do tempo, respectivamente.

Segundo o estudo, se os brasileiros tivessem mais tempo livre, eles gostariam de passar esse tempo viajando (41,7%), dormindo (36%), assistindo à TV (27,2%), praticando esportes ou outros exercícios físicos (26%) ou descansando/no ócio (23,4%).

<><> Sobre o estudo

O estudo foi realizado através de 1.500 entrevistas, online e presenciais, com homens e mulheres acima de 18 anos, de todas as classes sociais (ABCDE) nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Do total de participantes, 52% eram do sexo feminino e 48%, do masculino.

O trabalho listou 30 atividades cotidianas, classificadas entre “tempo livre” e “tempo ocupado”, segundo critérios previamente definidos, e perguntou aos participantes quanto tempo gastam (horas/minutos), para todas as atividades diárias, semanais ou mensais. As respostas foram individuais e permitiram sobreposição de atividades, podendo ocorrer simultaneamente.

A partir disso, calculou-se o tempo médio diário gasto (em minutos) pelos brasileiros em cada atividade e, em seguida, os dados foram expandidos para representar o período de um ano médio de vida dos brasileiros. Para que os dados representem então o cálculo médio em anos da vida adulta dos brasileiros, foram considerados os dados de expectativa de vida do brasileiro (IBGE) na sua vida adulta, dos 18 aos 76 anos, totalizando 58 anos adultos, os quais foram multiplicados pelo ano médio calculado com os dados do levantamento.

O levantamento faz parte de nova campanha do Nubank voltada para destacar a importância de administrar bem o tempo livre ao longo da vida. “Sabemos que o tempo, hoje em dia, é cada vez mais raro e valioso e queremos ajudar os clientes a terem mais tempo livre para o que realmente importa”, ressalta Livia Chanes, CEO do Nubank.

 

Fonte: BBC News Brasil 

 

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