Morar
perto de áreas verdes reduz declínio cognitivo na velhice
Viver próximo da
natureza na vida adulta pode reduzir a velocidade da perda cognitiva mais
tarde, revela um estudo publicado em julho no periódico Environmental Health
Perspectives. O resultado foi ainda mais expressivo em locais de baixo índice
socioeconômico, reforçando a importância das áreas verdes como um fator
ambiental capaz de ajudar a prevenir o declínio mental.
Segundo os autores, já
se sabe que o contato com a natureza está associado a menores taxas de
depressão, que é um fator de risco para demência. Além disso, áreas verdes
promovem mais oportunidades de atividade física e conexões sociais e ajudam a
reduzir o estresse. No entanto, há poucos estudos prospectivos sobre o tema.
Para avaliar essa
relação, os autores do estudo — vinculados a diferentes centros de pesquisa nos
Estados Unidos — selecionaram quase 17 mil idosas participantes do Nurses’
Health Study. Esse é um levantamento que acompanha mais de 120 mil enfermeiras
desde 1976, moradoras de 11 estados dos EUA. Elas foram submetidas a testes
cognitivos repetidos pelo menos quatro vezes entre 1995 e 2001. Depois, foram
monitoradas até 2008.
Imagens de satélite
revelaram a dimensão das áreas verdes nos locais em que elas viviam cerca de
nove anos antes do início dos testes cognitivos. Todos os resultados foram
cruzados levando em conta fatores como idade, nível socioeconômico e
diagnóstico de depressão.
Os cientistas
constataram que aquelas que já tinham um contato maior com a natureza no começo
do estudo demonstraram níveis mais altos de função cognitiva nos primeiros
testes e, ao longo da investigação, uma taxa mais lenta de declínio mental.
O estudo também
correlacionou os achados com a presença do gene APOE-ɛ4, um fator de risco conhecido para o desenvolvimento de
Alzheimer, revelando que as portadoras desse gene que moravam em áreas verdes
também tiveram uma desaceleração no declínio cognitivo.
“Quem está perto da
natureza se exercita mais, que é um fator protetor, e há também maior exposição
à luz solar, que beneficia o ciclo circadiano, a qualidade do sono e a produção
de vitamina D”, diz a geriatra Thais Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert
Einstein. Ela lembra que dormir bem é muito importante para preservação da
memória. “Sem contar que o contato dos pés diretamente com o solo, técnica
chamada pelos americanos de grounding, em português ‘aterramento’, também vem
sendo estudada como benéfica para a nossa saúde.”
Além disso, cada vez
mais estudos mostram o impacto da poluição do ar na deterioração mental, não só
a das grandes cidades, mas aquela provocada pela combustão de madeira e outros
materiais fósseis que libera o carbono negro, um material nocivo. “Hoje sabemos
que 45% dos fatores de risco para demência podem ser prevenidos”, diz a
geriatra do Einstein.
Ela explica que a
prevenção começa com uma boa educação ao longo da vida — e que outros fatores
conhecidos para prevenção de doenças cardiovasculares também servem para a
preservação da memória, como prática de atividade física, não fumar, ter uma
dieta saudável e rica em antioxidantes, controle adequado do colesterol e
diabetes.
“Esses fatores servem
para toda a população, desde os mais jovens. Nos indivíduos de meia-idade e
idosos, a prevenção da perda auditiva e perda visual são muito importantes. Nos
mais idosos, evitar o isolamento social é imprescindível”, resume a médica.
• Brasileiros têm apenas 26% do tempo
livre ao longo da vida, diz estudo
Um estudo realizado
pelo Instituto Ipsos, encomendado pelo Nubank, mostrou que os brasileiros têm,
em toda a sua vida adulta, apenas 26% do tempo livre, um período equivalente a
15 anos. De acordo com a pesquisa, as mulheres têm ainda menos tempo que os homens
e são sobrecarregadas com dupla-jornada.
O levantamento mostra
como os brasileiros gastam o pouco tempo livre que possuem. Com dados coletados
entre 17 e 23 de julho deste ano, por meio de 1.500 entrevistas online e
presenciais, o trabalho descobriu que os brasileiros têm 74% do tempo ocupado ao
longo de toda a vida, um equivalente a 43 anos.
Segundo o
levantamento, 30% do tempo é preenchido pelo sono, sendo seguido pelo trabalho
remunerado (23%). Os cuidados com a família e a casa aparecem em seguida, com
15% do tempo, enquanto o tempo em deslocamento, como no trânsito ou em
transportes públicos, ocupa 7% de toda a vida adulta.
Estar em trânsito ou
em deslocamento é, inclusive, a tarefa que os brasileiros menos gostam de fazer
(42%), segundo o levantamento. Limpar a casa (38,8%), procurar emprego (28,5%),
administrar finanças (24,9%) e trabalhar (17,7%) aparecem na sequência.
Segundo o estudo, 42%
dos brasileiros diz estar insatisfeito ou indiferente com a quantidade de tempo
livre que possuem hoje em dia, enquanto 19% afirmam insatisfação com o período
desocupado.
<><>
Mulheres estão mais sobrecarregadas e possuem menos tempo livre
O estudo mostrou,
ainda, que as mulheres estão mais sobrecarregadas com dupla-jornada. Os dados
apontam que elas dedicam mais tempo para a limpeza da casa (49%), para o
trabalho doméstico em geral (29%), para os cuidados com a família e com a casa
(28%), cuidar dos filhos (26%), cuidar dos animais domésticos (20%), cuidar dos
membros da família (16%) e estudos (15%).
Já as atividades que
as mulheres dedicam menos tempo são os jogos (28%), seguidos por trabalhos não
remunerados ou voluntariado (27%), atividades ao ar livre (26%), procurar
emprego (24%), shows, teatros, exposições e cinema (24%), controle financeiro
(23%), férias (22%), bares e restaurantes (18%).
<><> Uso
de telas preenche 12% do tempo livre dos brasileiros
O uso de telas,
incluindo televisão, videogames e celulares, ocupa 12% do tempo livre dos
brasileiros, segundo a pesquisa. Isso equivale a 7,1 anos na vida adulta. Já a
prática de esportes e atividades relacionadas ao bem-estar ocupam apenas 4% do
tempo, equivalente a 2,2 anos. Atividades religiosas e participação de eventos
ocupa 2% (1,2 anos) e 1% (0,8 anos) do tempo, respectivamente.
Segundo o estudo, se
os brasileiros tivessem mais tempo livre, eles gostariam de passar esse tempo
viajando (41,7%), dormindo (36%), assistindo à TV (27,2%), praticando esportes
ou outros exercícios físicos (26%) ou descansando/no ócio (23,4%).
<><> Sobre
o estudo
O estudo foi realizado
através de 1.500 entrevistas, online e presenciais, com homens e mulheres acima
de 18 anos, de todas as classes sociais (ABCDE) nas cinco regiões brasileiras
(Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Do total de participantes, 52%
eram do sexo feminino e 48%, do masculino.
O trabalho listou 30
atividades cotidianas, classificadas entre “tempo livre” e “tempo ocupado”,
segundo critérios previamente definidos, e perguntou aos participantes quanto
tempo gastam (horas/minutos), para todas as atividades diárias, semanais ou mensais.
As respostas foram individuais e permitiram sobreposição de atividades, podendo
ocorrer simultaneamente.
A partir disso,
calculou-se o tempo médio diário gasto (em minutos) pelos brasileiros em cada
atividade e, em seguida, os dados foram expandidos para representar o período
de um ano médio de vida dos brasileiros. Para que os dados representem então o
cálculo médio em anos da vida adulta dos brasileiros, foram considerados os
dados de expectativa de vida do brasileiro (IBGE) na sua vida adulta, dos 18
aos 76 anos, totalizando 58 anos adultos, os quais foram multiplicados pelo ano
médio calculado com os dados do levantamento.
O levantamento faz
parte de nova campanha do Nubank voltada para destacar a importância de
administrar bem o tempo livre ao longo da vida. “Sabemos que o tempo, hoje em
dia, é cada vez mais raro e valioso e queremos ajudar os clientes a terem mais
tempo livre para o que realmente importa”, ressalta Livia Chanes, CEO do
Nubank.
Fonte: BBC News Brasil
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