Israelenses percebem que podem ser mortos
por 'considerações de segurança' de seu governo
Milhares de
manifestantes foram às ruas em Israel para pedir ao governo do
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que negocie a libertação dos reféns ainda
mantidos na Faixa de Gaza pelo Hamas.
Os protestos foram
desencadeados pela morte de seis reféns, cujos corpos foram recuperados pelos
militares na semana passada.
Embora muitos
israelenses não gostem de Netanyahu e de seu governo, a maioria também
"não tem alternativa para a guerra e talvez não queira uma", diz o
doutor Ori Goldberg, especialista em política israelense.
"A raiva nas ruas
hoje é porque há algum tempo Netanyahu afirma que a destruição do Hamas e o
retorno dos reféns estão relacionados. A morte dos seis reféns no sábado (31)
revelou que os dois objetivos são contraditórios. A maioria dos israelenses só
está percebendo isso agora e está com raiva", explica ele.
Goldberg ressalta que
as "ruas" israelenses agora considerarem o governo um "fator
hostil" é um novo capítulo. Ele também reforça que enquanto os israelenses
"apoiam a noção de uma guerra contra o Hamas", as mortes daqueles seis
reféns na semana passada "mudaram o clima e a vibração".
"Os israelenses
estão começando a perceber que não podem simplesmente aceitar todas as decisões
do governo justificadas pelo recurso a 'considerações de segurança' porque
essas considerações de segurança podem acabar matando israelenses",
observa.
<><> 'Preocupação
de Netanyahu é permanecer no poder'
Yair Lapid, fundador
do partido Yesh Atid, também criticou o fracasso israelense no resgate dos
reféns. O líder de oposição acusou Benjamin Netanyahu de só se importar consigo
mesmo.
"O que importa
para ele é saber que chegar a um acordo pode levar ao desmantelamento de seu
governo, e tudo o que ele se importa é permanecer no poder."
"Netanyahu não
tem alma, esse é o nosso problema. Temos um primeiro-ministro sem alma. É por
isso que ele não está fazendo um acordo de troca de prisioneiros",
acrescentou Lapid.
Netanyahu e as Forças
de Defesa de Israel (FDI) não têm recebido críticas apenas da oposição, mas
também do próprio partido governante, Likud.
O parlamentar do
Knesset Amit Halevi explicou que a política do Exército israelense é uma
política destrutiva e que é responsabilidade do país mudá-la. Segundo o membro
da base do governo, é uma vergonha que ainda haja 101 reféns detidos pelo Hamas
e que, mesmo estando próximos de Israel, o país não é capaz de libertá-los como
resultado de decisões políticas erradas.
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Hamas diz que deu ordem a guardas para matar reféns caso exército de Israel
chegue perto de esconderijos
O grupo
terrorista Hamas deu uma nova orientação para os
guardas encarregados dos reféns israelenses que o grupo mantém na Faixa de
Gaza: matá-los caso o Exército de Israel chegue perto de um dos
esconderijos.
"Dizemos a todos
de forma clara que novas instruções foram emitidas aos combatentes encarregados
de guardar os prisioneiros sobre como lidar com eles caso o exército de
ocupação se aproxime do local onde estão sendo mantidos. A insistência de
Netanyahu em libertar os prisioneiros por meio de pressão militar, em vez de
firmar um acordo, significará o retorno deles a suas famílias em caixões, e
suas famílias terão de escolher entre mortos ou vivos", disse Abu Obaida,
porta-voz das Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas.
Segundo o porta-voz do
grupo terrorista, a nova instrução foi dada aos guardas após o resgate de quatro reféns israelenses em Nuseirat, na faixa
central de Gaza, em junho. A operação de
Israel foi acompanhada de bombardeios na região que geraram a morte de 270
palestinos. Um dos campos de refugiados da guerra em Gaza está em Nuseirat. Abu
Obaida não entrou em detalhes específicos sobre as novas instruções aos guardas.
A divulgação da nova
instrução ocorreu um dia após as Forças de Defesa de Israel (FDI) terem recuperado os corpos
seis reféns israelenses em Rafah, no
domingo (1º) e serviu para fazer pressão no governo israelense por um acordo de
cessar-fogo na guerra. Segundo o Ministério da Saúde israelense, a
autópsia dos corpos revelou que os seis morreram após terem sido baleados de
uma curta distância entre 48 e 72 horas antes de serem encontrados.
Em seu comunicado, Abu
Obaida também culpou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pela
morte dos reféns e afirmou que o governo israelense "matou dezenas deles
por meio de bombardeios aéreos diretos".
A descoberta da morte
dos reféns desencadeou uma onda de protestos por toda Israel e colocou pressão sobre Netanyahu. Há uma insatisfação popular com postura do governo diante
das negociações por um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza, que Israel trava
contra o Hamas desde outubro de 2023.
Nesta segunda
(2), Netanyahu pediu "perdão" por não ter conseguido salvar
os seis reféns israelenses encontrados mortos e
disse que o Hamas "pagará um preço muito alto'
pelas mortes".
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Netanyahu não está
fazendo o suficiente para garantir acordo entre Israel e Hamas para a
libertação de reféns. Uma nova rodada de negociações por
uma trégua com troca de reféns está acontecendo desde meados de agosto, mas
ainda há obstáculos significativos entre as partes.
¨ Netanyahu pede 'perdão' por não ter conseguido salvar reféns
israelenses encontrados mortos em Gaza
O primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, pediu
nesta segunda-feira (2) "perdão" aos parentes dos seis reféns
israelenses encontrados mortos em Gaza e enterrados em Israel no domingo e
nesta segunda-feira (2).
"Peço perdão por
não tê-los trazido vivos. Estivemos perto, mas não conseguimos", declarou
Netanyahu em uma rara coletiva de imprensa.
Netanyahu ainda
afirmou que o grupo terrorista Hamas "pagará um preço muito alto" pelas
mortes e renovou sua recusa em retirar as tropas de Israel do Corredor
Filadélfia, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito.
Segundo ele, o
corredor é uma “tábua de salvação” para o Hamas:
"Temos que
permanecer no Corredor da Filadélfia, é essencial para a segurança de Israel.
Além disso, se sairmos, será difícil retornarmos. Este é um momento crítico
para manter o corredor, sem o qual não seremos capazes de cumprir os objetivos
da guerra".
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Pressão interna e internacional aumenta
Nesta segunda-feira
(2), após a descoberta dos corpos, a pressão para que o governo israelense alcance um acordo pela
libertação dos reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas em Gaza aumento ainda mais.
Vários protestos foram
registrados pelas ruas do país, a capital do país, e a confederação sindical Histadrut convocou uma greve nesta
segunda.
A pressão também vem
de fora. Mais cedo, ao ser questionado por um jornalista se Netanyahu estava fazendo o
suficiente para conseguir um acordo de liberação de reféns, o presidente
americano, Joe Biden, respondeu: "Não".
¨ Biden diz que Netanyahu não está fazendo o suficiente para
garantir acordo entre Israel e Hamas para a libertação de reféns
O presidente dos
EUA, Joe Biden, disse nesta
segunda-feira (2) acreditar que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não
está fazendo o suficiente para garantir um acordo com o Hamas para a libertação
de reféns israelenses na Faixa de Gaza.
Biden afirmou também
que a Casa Branca está perto de apresentar uma proposta final de cessar-fogo para o conflito
entre Israel e Hamas.
A conversa de Biden
com repórteres ocorre dias após forças israelenses recuperarem os corpos de seis
reféns do Hamas, incluindo o do israelo-americano Hersh
Goldberg-Polin, de 23 anos, de um túnel em Gaza. Os militares de Israel afirmam
que eles haviam sido mortos por terroristas do Hamas poucas horas antes.
Questionado se achava
que Netanyahu estava fazendo o suficiente para garantir um acordo para a
devolução reféns, Biden disse: “Não”. Ele não deu mais detalhes.
Um alto funcionário do
Hamas, Sami Abu Zuhri, disse à Reuters, respondendo aos comentários do
presidente dos EUA, que este era um reconhecimento dos EUA de que Netanyahu
estava minando os esforços para um cessar-fogo no conflito.
Zuhri disse também que
qualquer proposta de cessar-fogo permanente e retirada completa de Israel de
Gaza será recebida positivamente pelo grupo.
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Proposta de acordo
Um acordo de
cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza com 11 meses do início da guerra pode
ser a última chance de salvar com vida os reféns sob poder do Hamas, segundo o
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. As negociações por uma trégua
também podem determinar se o Irã responde militarmente ao assassinato dos
chefes do Hamas e do Hezbollah, ocorridos no final de julho. A guerra em Gaza
acontece desde os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, que matou cerca
de 1.200 pessoas. O conflito já deixou mais de 40 mil palestinos mortos.
Uma nova rodada de
negociações por um cessar-fogo na guerra em Gaza dura desde 15 de agosto. Os
EUA modificaram a proposta para atender a novas demandas de Israel e de Hamas,
porém ainda há diferenças significativas entre as partes.
Um dos pontos de
desacordo é a interrupção do ataques de Israel em Gaza. O governo israelense
alega que a guerra só pode terminar com a destruição do Hamas como força
militar e política, e que, para isso, é preciso fazer operações militares no
território palestino, onde o grupo terrorista está baseado.
Mas o Hamas já disse
que, para devolver os reféns, só aceitará um cessar-fogo permanente, e não
temporário. Em meio às negociações, os corpos de seis reféns foram recuperados
pelo exército israelense neste domingo (1º).
Há divergências também
sobre a presença militar contínua de Israel dentro de Gaza, particularmente ao
longo da fronteira com o Egito, sobre a livre movimentação de palestinos dentro
do território e sobre a identidade e o número de prisioneiros a serem libertados
em uma troca.
Outro ponto de
discordância entre Israel e o Hamas é uma exigência posta por Israel nesta
rodada de negociações: Netanyahu quer manter o controle do Corredor Filadélfia
-- a fronteira sul de Gaza, com o Egito -- após a Guerra em Gaza.
Segundo o governo
israelense, o Hamas ainda tem sob seu poder 111 pessoas sequestradas pelo grupo
terrorista durante o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início à
guerra na Faixa de Gaza.
¨ Mais seis reféns mortos põem Netanyahu à prova da fúria popular
“Netanyahu: Chega de
desculpas. Chega de enrolação. Chega de abandono.” O apelo, feito pelo Fórum
das Famílias de Reféns e Desaparecidos, simboliza a fúria coletiva de
israelenses contra o primeiro-ministro, após o resgate de seis corpos de reféns, assassinados com tiros em
Gaza.
Multidões inundaram as ruas das principais cidades, e uma greve geral foi convocada para esta segunda-feira pelo
sindicato Histradut, que representa milhares de funcionários públicos. A
paralisação é acatada também pela federação de empresários.
A pressão popular sobre o premiê pelo cessar-fogo em Gaza e um
acordo para a libertação dos reféns tornou-se
ainda mais vigorosa com a divulgação de notícias de que os reféns foram
executados de 48 a 72 horas antes da descoberta dos corpos por militares, num
túnel a 20 metros de profundidade. Ou seja, teriam sido mortos numa tentativa
do Hamas de impedir que fossem resgatados.
Quatro dos seis
sequestrados, que tinham entre 23 e 40 anos, estariam numa lista para serem
libertados numa primeira etapa, caso Israel e Hamas chegassem a um acordo.
“Estamos recebendo
sacos com cadáveres em vez de um acordo. Cheguei à conclusão de que somente
nossa intervenção pode mover aqueles que precisam ser movidos”, resumiu o líder
sindical Arnon Bar-David.
A mensagem direta
a Benjamin Netanyahu tem
também uma palavra de ordem que equivale a um ultimato: “Agora”, gritavam os
manifestantes.
O premiê israelense,
no entanto, apresentou uma lógica própria aos israelenses para mais este
fracasso na devolução dos prisioneiros: “Quem assassina reféns não quer um
acordo”. E reafirmou a promessa de caçar terroristas, acertar contas com o
Hamas e perseguir a erradicação do grupo terrorista.
É essa a embromação a
que as famílias dos reféns se referem no apelo divulgado no domingo
(1º). O premiê é responsabilizado por postergar e bloquear as negociações
com exigências que dividem o seu próprio Gabinete. A mais recente é a
manutenção de tropas israelenses no Corredor Filadélfia, uma zona-tampão de 14
quilômetros de extensão na fronteira entre a Faixa
de Gaza e o Egito. Netanyahu esclareceu que
não está disposto a fazer concessões neste item.
O ministro da Defesa,
Yoav Gallant, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Herzi Halevi, se
opõem à medida e asseguram que o corredor não é uma necessidade de segurança,
como alegam o premiê e seus ministros da ala radical.
Conforme ponderou a
jornalista Noa Landau, colunista do jornal “Haaretz”, Netanyahu busca
apresentar à sua base política uma equação populista, segundo a qual as únicas
opções sobre a mesa são um acordo para libertar os reféns e o fim da guerra –
ou a segurança pessoal de todos os outros cidadãos de Israel.
“Ele está declarando
que um acordo para salvar os reféns comprometeria a segurança nacional. Então,
como primeiro-ministro, ele acha que deve tomar o caminho mais nobre:
sacrificá-los pelo bem maior imaginário”, acrescenta Landau.
Os protestos deste
domingo se equiparam aos que mobilizaram a sociedade israelense quando, no ano
passado, Netanyahu tentou impor uma reforma judicial no país. Seus críticos
creditaram o projeto a uma manobra para lhe assegurar a imunidade nos processos
criminais em que é réu. A pressão das ruas suspendeu a reforma.
Nos 11 meses que se
seguiram ao massacre de israelenses perpetrado pelo Hamas em solo
israelense, Netanyahu também vem sendo acusado de agir em benefício
próprio: ao adiar o fim da guerra em Gaza, ele posterga as investigações sobre
as falhas de segurança no ataque que causou a morte de 1.200 pessoas.
De “Senhor Segurança”,
o premiê passou a ser chamado de “Senhor Morte”. Em apenas duas semanas,
12 corpos de reféns foram recuperados. O Exército israelense conseguiu
resgatar apenas oito dos 256 sequestrados pelo Hamas. Este é o maior indicativo
de que somente um acordo político trará de volta ao país os que conseguiram
sobreviver, após 11 meses de cativeiro.
Fonte: Sputnik Brasil/g1
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