quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Investimento público em educação despencou no pós-golpe

No Brasil, a cada ano, entre 2015 e 2021, o investimento público em educação caiu, em média, 2,5%, segundo o relatório internacional Education at a Glance (EaG) 2024, divulgado nesta terça-feira (10),pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ao contrário do Brasil, no mesmo período, os países da OCDE aumentaram, em média, em 2,1% por ano os investimentos públicos em educação, desde o ensino fundamental ao superior.

Em valores absolutos, o Brasil também investe menos de que a média dos países da OCDE. O país investe, em média, por ano, por aluno, nas escolas de ensino fundamental, US$ 3.668, o equivalente a cerca de R$ 20,5 mil. Já os países da OCDE investem, em média, US$ 11.914, ou R$ 66,5 mil. No ensino médio, esses gastos chegam a US$ 4.058 ou R$ 22,6 mil. Enquanto os países da OCDE investem US$ 12.713, ou R$ 71 mil. No ensino superior, esse investimento chega a US$ 13.569 (R$ 75,8 mil) no Brasil e a US$ 17.138 (R$ 95,7 mil) entre os países da OCDE.

A parcela dos gastos públicos com educação em relação aos gastos totais do governo diminuiu de 11,2% em 2015 para 10,6% em 2021, no Brasil. Esses percentuais são, no entanto, superiores aos dos países da OCDE. Em média, entre os países-membros da organização houve também ligeira diminuição no mesmo período, de 10,9% para 10,0%.

•        Salários dos professores

No Brasil, os professores recebem menos e trabalham mais do que a média da OCDE. Em 2023, o salário médio anual dos professores nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) era US$ 23.018 ou R$ 128,4 mil. Valor 47% abaixo da média da OCDE, de US$ 43.058 ou R$ 240,2 mil. “O trabalho dos professores consiste numa variedade de tarefas, incluindo ensinar, mas também preparar aulas, avaliar trabalhos e comunicar com os pais”, ressalta o documento.

Em relação às horas trabalhadas, no Brasil os professores dos anos finais do ensino fundamental têm que lecionar 800 horas anualmente. Isso está acima da média da OCDE, de 706 horas por ano.

Além disso, enquanto, em média, na OCDE, há 14 alunos por professor nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), 13 alunos nos anos finais do ensino fundamental e 13 alunos no ensino médio, no Brasil os números correspondentes são, respectivamente, 23, 22 e 22 alunos por professor.

O relatório mostra ainda que a relação de estudantes por professor deve ser ponderada de acordo com a realidade de cada país, pois embora ter menos alunos permita que os professores se concentrem mais nas necessidades individuais, isso também exige gastos globais mais elevados com os salários dos docentes.

O EaG traz uma série de indicadores que permitem a comparação dos sistemas educacionais dos países e das regiões participantes. O Brasil participa do EaG desde a primeira edição, em 1997. A OCDE é uma organização econômica, com 38 países-membros, fundada em 1961 para estimular o progresso econômico. O país era parceiro da organização até 2022, quando passou a integrar a lista de candidatos a integrar a OCDE.

•        Educação básica e universidades: Brasil investe por aluno menos de um terço do aplicado por países da OCDE

Quanto o governo investe, por ano, em cada aluno da rede pública na educação básica e nas universidades? No Brasil, a média é de US$ 3.668 (cerca de R$ 20,5 mil). Já entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que são referência em desenvolvimento humano, o patamar é mais do que o triplo disso: US$ 11.914 (R$ 66,5 mil).

É o que indica o relatório "Education at a Glance 2024", divulgado nesta terça-feira (10) para trazer as atualizações dos indicadores internacionais ligados à educação.

•        No topo do ranking, está Luxemburgo, que gasta mais de US$ 25 mil por aluno (R$ 139,5 mil), seguido por Suíça e Noruega.

•        Na lista de 40 países, o Brasil ficou à frente (por muito pouco) apenas da Romênia, da Turquia, da África do Sul, do México e do Peru.

Veja outros destaques:

💰Gastos com educação vêm caindo a cada ano (2016 a 2022)

Entre 2015 e 2021, durante os governos de Dilma Roussef (até agosto de 2016), Michel Temer (2016 -2018) e Jair Bolsonaro (2019 - 2022), o Brasil apresentou uma queda de 2,5% ao ano nos gastos com educação.

Na OCDE, a tendência foi oposta, com aumento anual de 2,1%, mesmo com todo o impacto econômico da pandemia.

Observação: Apesar de os gastos por estudante estarem muito abaixo dos registrados pelos demais países, houve uma melhora significativa nos investimentos relacionados à primeira infância: de 2015 a 2015, o Brasil teve um aumento de 29% no valor dedicado a cada aluno de 0 a 3 anos. Essa etapa da educação é vista por especialistas como fundamental para a redução das desigualdades sociais e econômicas.

🤷‍♀️Geração 'nem-nem' encolheu

Considerando os jovens de 18 a 24 anos no Brasil, a parcela dos que não trabalham nem estudam caiu de 29,4% (2016) para 24% (2023). Entre os países da OCDE, a redução foi de 15,8% para 13,8%.

É importante lembrar que não necessariamente são pessoas que "passam o dia olhando para o teto, mexendo em redes sociais" -- entram na conta aqueles que trabalham informalmente, sem registro profissional, ou que precisam abandonar os estudos para cuidar dos irmãos mais novos.

🧑‍🎓Quem não tem formação superior é prejudicado na carreira

Segundo o relatório "Education at a Glance", os adultos de 25 a 34 anos que não têm ensino superior acabam enfrentando condições piores no mercado de trabalho:

•        No Brasil, 36% dos jovens sem diploma técnico ou universitário estão desempregados (na OCDE, são 25%).

•        Os salários de quem não tem qualificação também são mais baixos: entre os brasileiros de 25 a 64 anos que não terminaram o ensino médio, 59% ganham menos do que a média da população.

•        Os impactos negativos são mais sentidos entre as mulheres. Entre as brasileiras que não concluíram a educação básica, apenas 44% estão empregadas. Já entre os os homens, o patamar chega a 80%.

Em geral, entre os parceiros e membros da OCDE, mulheres que cursaram o ensino superior recebem salários menores do que homens que ocupam exatamente a mesma função que elas. No Brasil, elas ganham o equivalente a 75% do valor pago a eles (nas outras nações do grupo, a média é de 83%).

📚 O que é o relatório 'Education at a Glance 2023'?

•        Divulgado anualmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o relatório “Education at a Glance” reúne e compara os principais indicadores internacionais ligados à educação.

•        Os números mostram a realidade de quase 50 países, incluindo membros da OCDE e parceiros (como o Brasil).

•        Os dados são fornecidos pelos próprios países.

 

Fonte: Agencia Brasil/g1

 

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