Perigos do não
pagamento: Casa Branca prevê possíveis 'danos graves' à economia dos EUA
A
Casa Branca reconhece que os Estados Unidos estão em uma situação econômica
complexa pela possibilidade de o Congresso não elevar o teto da dívida pública
do governo federal, o que levaria a nação norte-americana a enfrentar danos
severos em sua economia.
O
Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca (CEA, na sigla em inglês), com
base em informações do gabinete de Orçamento do Congresso e do Departamento do
Tesouro, advertiu que os Estados Unidos "se aproximam rapidamente do dia
em que o governo não poderá pagar suas dívidas, também conhecido como Dia
X".
Segundo
um artigo publicado pelo CEA, o não pagamento das dívidas do governo federal
provocaria "rupturas no mercado financeiro".
"Romper
o teto da dívida provocaria um severo dano à economia dos Estados Unidos.
Análises do CEA e de investigadores externos ilustram que, se o governo dos
Estados Unidos não cumprir as suas obrigações, sejam as que têm com os seus
credores, empreiteiros ou cidadãos, a economia se tornaria rapidamente reversa,
com perdas profundas em função da duração do incumprimento", lê-se no
comunicado oficial publicado pela Casa Branca.
Se
atingir o Dia X, o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos poderá
apresentar uma queda de até 6,1%, ou de 0,3%, no melhor dos casos, de acordo
com as estimativas.
Um
incumprimento prolongado provocaria um cenário semelhante ao da Grande Recessão
de 2008, em que 8,3 milhões de pessoas perderam o emprego, e o mercado bolsista
cairia 45%.
Neste
cenário, o governo federal não seria capaz de ajudar os consumidores e as empresas,
como pôde fazer durante a crise financeira de 2008 ou durante a pandemia de
COVID-19.
"Segundo
a Moody’s [agência de notação], mesmo um breve incumprimento do limite de
dívida poderia provocar uma queda do PIB real, a perda de quase dois milhões de
postos de trabalho e um aumento da taxa de desemprego de até quase 5% desde seu
nível atual de 3,5%", indica o documento.
Por
outro lado, o think tank Brookings adverte que um contexto de falta de
confiança e liquidez "poderia traduzir-se em mais de 750 bilhões de
dólares [R$ 3,74 trilhões] em maiores custos de endividamento federal durante a
próxima década".
Neste
cenário, as obrigações do Departamento do Tesouro perderiam seu valor,
diminuindo sua demanda e aumentando "a volatilidade no valor do dólar
diante de outras moedas", pelo que a moeda americana já não seria tão
atrativa para os investidores.
O
próprio CEA reconhece que o valor das obrigações próximo do dia 1º de junho, em
que será aprovado um novo teto da dívida, já está a aumentar devido à incerteza,
o que, por sua vez, encarece os empréstimos governamentais e se traduz em um
custo mais elevado para os contribuintes.
"Quanto
mais os Estados Unidos se aproximam do teto da dívida, mais esperamos que
piorem estes indicadores de estresse do mercado, o que provocará uma maior
volatilidade nos mercados de ações e obrigações corporativas e inibirá a
capacidade das empresas para se financiarem e participarem no investimento
produtivo que é essencial para estender a expansão atual", observa artigo.
O
CEA também adverte que, sendo uma recessão induzida pela dívida, o país
norte-americano se veria incapaz de empreender medidas contracíclicas que
ajudassem a paliar o efeito negativo que se produzirá nos lares e empresas.
Por
exemplo, os empréstimos privados ficariam mais caros e as taxas de juro
aumentariam de forma agressiva, incluindo alguns instrumentos financeiros
utilizados por pequenas empresas e consumidores comuns, como as obrigações do
Tesouro e os juros dos cartões de crédito.
"Não
existe um precedente histórico de que o governo dos EUA tenha passado o Dia X e
ultrapasse o teto de sua dívida sem que o Congresso aumente ou suspenda o
limite estatutário sobre dívida federal. No entanto, há um amplo consenso entre
os economistas que afirmam que isso geraria uma catástrofe econômica
evitável", lê-se no documento do CEA.
Ø
Nova
crise financeira nos EUA pode ser pior do que a 'crise de crédito' de 2008,
afirma especialista
Os
resgates do governo de vários bancos regionais e setoriais de médio porte
aumentaram os temores de uma nova crise econômica. O economista, professor,
consultor e libertário, Mark Frost, alertou que os EUA estão caminhando para a
"estagflação" e a depressão econômica.
Os
choques que atingem o setor bancário dos EUA pressagiam uma nova depressão
econômica, diz Mark Frost.
O
colapso do Silicon Valley Bank (SVB), em março, provou ser mais do que um
incidente isolado. O First Republic Bank foi administrado pela Federal Deposit
Insurance Corporation (FDIC) no início de maio e agora será controlado pelo
JPMorgan Chase, uma das "Big Four" (Quatro Grandes) casas financeiras
dos EUA.
Frost
disse à Sputnik que a crise bancária estava apenas se aprofundando. "Há
mais bancos na lista do FDIC de bancos com problemas hoje do que quando eu
estava no último programa. Portanto, isso apenas mostra que [...] o potencial
de corridas aos bancos está se tornando mais robusto, não menos robusto."
O
economista disse que a raiz da crise era simplesmente o antigo pecado da
ganância.
"O
que está causando as falências dos bancos são os bancos que são gananciosos e
têm depositantes que são gananciosos", disse Frost. "SVB, para mim,
daria um grande estudo de classe sobre bancos porque o banco era ganancioso, os
depositantes eram gananciosos, os acionistas eram gananciosos."
O
economista disse que todos os envolvidos no banco falido estavam procurando
retornos muito maiores do que sua carteira de títulos do tesouro
supervalorizados poderia render — mas contavam com o governo para resgatá-los
se tudo desse errado.
"Os
depositantes acreditavam que sairiam cheirando como uma rosa se algo
acontecesse. Eles eram grandes demais para falir, é o vernáculo comum. E é
claro que sabemos que isso é verdade. E então, nos recentes problemas
bancários, eles foram muito rápidos em colocá-los em um grande banco."
"Não
só a inflação está chegando, mas também a estagflação", alertou Frost.
"Não só vamos experimentar inflação, mas também uma depressão."
"Vai
atingir especialmente os pobres", enfatizou o especialista. "E isso
significa que a renda disponível diminui. E quando a renda disponível diminui,
as pessoas economizam menos. E quando as pessoas economizam menos, isso
pressiona os mercados de fundos para empréstimos."
Enquanto
isso, o Federal Reserve (Fed) dos EUA está "entre a cruz e a espada" enquanto
tenta simultaneamente combater a inflação e resgatar bancos em dificuldades.
"Eles
estão fornecendo liquidez a todos os bancos do sistema para que haja bastante
dinheiro caso haja uma corrida a qualquer banco", explicou Frost. "A
oferta monetária aumentou drasticamente. Ao mesmo tempo, eles estão tentando
combater a inflação. Esses dois objetivos são diametralmente opostos. Eles não
podem atingir os dois ao mesmo tempo", garantiu o especialista.
·
Pesquisa:
quase metade dos cidadãos norte-americanos está preocupada com seus depósitos
bancários
Um
total de 48% dos adultos nos Estados Unidos está preocupado com a segurança do
dinheiro em suas contas bancárias, mostrou uma nova pesquisa de monitoramento
da Gallup nesta quinta-feira (4).
Os
preocupados com a confiabilidade do sistema bancário dos EUA estão divididos em
dois grupos, um dos quais inclui 19% dos entrevistados que estão "muito
preocupados" e o outro abrange 29% dos que estão "moderadamente
preocupados", mostraram os resultados.
Apesar
do nível consideravelmente alto de ansiedade entre os correntistas, também há
30% dos que "não estão muito preocupados" e outros 20% que "não
estão nem um pouco preocupados", revelou a pesquisa.
Quanto
aos grupos sociais mais preocupados, estão os republicanos, os independentes,
cidadãos de renda média e baixa e pessoas sem diploma universitário, com 55%
dos membros do Partido Republicano e 51% dos independentes dizendo que são pelo
menos moderadamente preocupados, de acordo com os dados da pesquisa. Por outro
lado, apenas 36% dos democratas compartilham suas preocupações.
Em
termos de nível educacional, também há uma clara divisão, com 54% dos cidadãos
norte-americanos sem diploma universitário muito ou moderadamente preocupados,
enquanto apenas 36% dos cidadãos com diploma de ensino médio estão, revelou a
pesquisa.
A
pesquisa foi realizada de 3 a 25 de abril, após o colapso do Silicon Valley
Bank (SVB) e do Signature Bank. O terceiro banco, First Republic, faliu depois
que a pesquisa foi concluída.
Ø
EUA exigem do setor
de tecnologia garantias de 'sistemas confiáveis e seguros' de IA
Líderes
da Microsoft, Google e OpenAI estão entre os convidados do governo Biden para
uma reunião na Casa Branca que vai discutir os riscos da inteligência
artificial (IA).
De
acordo com o Financial Times (FT), os executivos que lideram a corrida da IA
que paralisou a indústria de tecnologia foram convocados para uma reunião na
Casa Branca nesta quinta-feira (4) para uma "discussão franca" sobre
suas responsabilidades junto ao setor, garantiu um funcionário do governo
norte-americano.
A
reunião ocorre logo após o anúncio da saída de Geoffrey Hinton do Google.
Conhecido como "padrinho da IA", o especialista alega ter saído da
empresa para poder chamar a atenção para os riscos de seu uso indiscriminado e
fazer críticas de forma mais livre.
O
governo de Joe Biden tem lutado para desenvolver uma resposta mais coordenada
aos recentes avanços rápidos na tecnologia.
"Muitas
[das grandes empresas de tecnologia] falaram sobre suas responsabilidades, e
parte do que queremos fazer é garantir que tenhamos uma conversa sobre como
elas cumprirão essas promessas", disse uma fonte do governo ao FT.
Ao
que tudo indica, os executivos convidados foram informados de que a reunião vai
se concentrar nos riscos decorrentes do desenvolvimento "atual e de curto
prazo" da tecnologia.
Ainda
segundo a fonte, a Casa Branca, que vai estar representada na figura da
vice-presidente Kamala Harris, pretende destacar a "responsabilidade
fundamental de garantir que seus sistemas sejam confiáveis e seguros antes de
serem lançados ou implantados". Uma das diretrizes do encontro é entender
como lidar com "o que provavelmente serão tecnologias muito mais poderosas
no futuro", disse o funcionário.
Ainda
segundo a mídia, a Casa Branca disse que sete das maiores empresas de IA
concordaram em abrir seus modelos para um grau de escrutínio público na
convenção anual de hackers Def Con, em agosto. No entanto, o nível de abertura
seria "consistente com os princípios de divulgação responsável", não
deixando claro o quanto as empresas revelariam. A OpenAI se recusou a liberar
até mesmo informações técnicas básicas sobre seu último modelo de linguagem
grande, GPT-4.
A
Casa Branca também afirmou que o Escritório de Administração e Orçamento divulgaria
rascunhos de diretrizes para comentários públicos neste verão do Hemisfério
Norte, regendo o uso de IA pelo governo federal.
Os
líderes tecnológicos presentes na reunião de quinta-feira são o executivo-chefe
da OpenAI, Sam Altman, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, e Sundar Pichai,
executivo-chefe do Google e da Alphabet, juntamente com Dario Amodei, CEO da
startup de IA Anthropic. Funcionários do governo na reunião devem incluir Jake
Sullivan, diretor do Conselho de Segurança Nacional; Lael Brainard, diretora do
Conselho Econômico Nacional; Gina Raimondo, secretária de Comércio, e Jeff
Zients, chefe de gabinete da Casa Branca.
Nos
últimos meses, a gestão Biden anunciou uma série de iniciativas em torno da IA,
incluindo o lançamento de um rascunho da declaração de direitos da IA e o
lançamento de uma revisão em abril de quais novos padrões técnicos são
necessários para garantir que os sistemas de IA funcionem como pretendido,
considerando todos os riscos possíveis a fim de que os usuários não sejam expostos
a eles.
Ø
Como
EUA encontram equilíbrio na luta tecnológica contra China?
Os
regulamentos de exportação de microchips estadunidenses impostos para deter o
desenvolvimento tecnológico da China não afetam muito o setor da IA chinês, já
que a China é um cliente importante para a tecnologia dos EUA, segundo a
Reuters.
As
normas restringiram o fornecimento de chips da Nvidia e da Advanced Micro
Devices (AMD), que se tornaram o padrão global do setor de tecnologia para o
desenvolvimento de chatbots e outros sistemas de inteligência artificial.
Mas
a Nvidia criou variantes de seus chips para o mercado chinês que são
desacelerados para cumprir as regras dos Estados Unidos.
"Os
regulamentos de exportação de microchips dos EUA impostos no ano passado para
congelar o desenvolvimento chinês de supercomputadores usados para desenvolver
armas nucleares e sistemas de inteligência artificial, como o ChatGPT, estão
tendo efeitos mínimos no setor de tecnologia da China", diz o artigo.
Até
mesmo os chips mais lentos da Nvidia representam uma melhoria para as empresas
chinesas.
Com
eles, a Tencent Holdings, uma das maiores empresas de tecnologia da China, vai
reduzir em mais da metade o tempo necessário para treinar seu maior sistema de
inteligência artificial, de 11 dias para quatro.
"As
empresas de IA com as quais conversamos parecem ver a desvantagem como
relativamente pequena e gerenciável", cita a agência o analista de Xangai
Charlie Chai.
De
acordo com o artigo, o governo dos EUA tenta encontrar um equilíbrio entre limitar
o desenvolvimento da China e, ao mesmo tempo, evitar que ela abandone
completamente os produtos norte-americanos ao desenvolver seus próprios
produtos.
Uma
das principais regras de exportação impostas é limitar a capacidade de um chip
de computar números extremamente precisos, para desacelerar os
supercomputadores.
No
entanto, a computação de números extremamente precisos é menos relevante no
trabalho de inteligência artificial, como modelos de linguagem grandes, em que
a quantidade de dados que o chip pode processar é mais importante.
"O
governo não está buscando prejudicar a concorrência ou a indústria dos EUA e
permite que as empresas dos EUA forneçam produtos para atividades comerciais,
como o fornecimento de serviços em nuvem para os consumidores. A China é um
cliente importante para a tecnologia dos EUA", afirmou a Nvidia.
Fonte:
Sputnik Brasil
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