sexta-feira, 5 de maio de 2023

MP comprova rachadinha em gabinete e Carluxo pode ser o primeiro do clã a ir pra cadeia

Os dias de Carlos Bolsonaro solto por aí podem estar contados. Acontece que a equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio de Janeiro comprovou a ocorrência de um esquema de rachadinha no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio e agora vai apurar se Carluxo se beneficiou da prática.

O chefe de gabinete do filho ‘zero-dois’ de Jair Bolsonaro (PL) é, desde 2018, Jorge Luiz Fernandes. Ele recebeu, ao todo, R$ 2,014 milhões em créditos de outros 6 servidores nomeados por Carluxo.

A movimentação financeira registrada é apontada pelo MP como a prova mais consistente do esquema e foi obtida pela 3ª Promotoria de Justiça e Investigação Penal Especializada após ser aberta uma primeira investigação sobre suspeita de rachadinha no gabinete do vereador carioca.

No mesmo levantamento, o MP ainda demonstrou que Fernandes utilizou suas contas bancárias pessoais para bancar despesas de Carluxo. A principal tarefa da 3ª Promotoria nesse momento é descobrir se tais depósitos e pagamentos foram pontuais e eventuais, ou constantes, regulares e sistemáticos. Caso fique provada a segunda opção, também estará provado que Carlos Bolsonaro se beneficiou do esquema.

De qualquer maneira, o que já consta nos laudos já incriminaria Carluxo por peculato. O documento, que traz dados obtidos entre 2009 e 2018, mostra os nomes dos funcionários e os valores totais enviados a Fernandes.

Juciara da Conceição Raimundo enviou R$ 647 mil em 219 lançamentos. Andrea Cristina da Cruz Martins abriu mão de R$ 101 mil em um total de 11 lançamentos. Regina Célia Sobral Fernandes deu uma quantia um pouco maior ao operador do gabinete: R$ 814 mil em 304 lançamentos.

Além deles, Alexander Florindo Batista Júnior enviou R$ 212 mil a Fernandes em 53 lançamentos; Thiago Medeiros da Silva enviou R$ 52 mil em 18 lançamentos e Norma Rosa Fernandes Freitas mandou R$ 185 mil em 83 lançamentos.

•        Relações familiares e 'laborais'

Fernandes é casado com Regina Célia e cunhado de Carlos Alberto Sobral Franco, que foi funcionário do gabinete de Jair Bolsonaro quando este era deputado federal. Ele é visto, segundo o jornal O Globo, como uma espécie de segundo pai para Carluxo. O ‘zero-dois’, por sua vez, frequentaria a casa de Jorge Luiz Fernandes, o chamado ‘Jorge Sapão’, que trabalha em seu gabinete desde 2001.

Ao todo, o MP investigou 27 pessoas e 5 empresas que de alguma forma estão ligadas a Carlos Bolsonaro e seu gabinete na Câmara Municipal do Rio. Investigação começou ainda em 2019, quando a Revista Época publicou matéria revelando que 7 familiares de Ana Cristina Vale, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan, o ‘zero-quatro’, também estiveram empregados no gabinete de Carluxo, mas sem comparecer ao trabalho. Dois anos depois, 4 desses “funcionários” admitiram à mesma revista que não trabalhavam ainda que estivessem formalmente lotados no gabinete e com os salários em dia.

Um desses funcionários era Marta Valle, professora de educação infantil, cunhada de Ana Cristina Valle e moradora de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ela ficou 7 anos como funcionária do gabinete de Carluxo entre novembro de 2001 e março de 2009, mas declarou que jamais trabalhou para o vereador. “Não fui eu, é a família do meu marido, que é Valle”, declarou à época. Marta recebia um salário de R$ 9,6 mil que chegava a R$ 17 mil se somados auxílios e benefícios. No entanto, ela nunca teve sequer um crachá. Entre junho de 2005 e março de 2009, o MP aponta que ela sacou R$ 364 mil.

 

       Bolsonaro foi avisado de que o cerco a seu filho Carlos avançou nas “rachadinhas”

 

Pego de surpresa com a operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira em sua residência, em Brasília, Jair Bolsonaro tem outra investigação que tem tirado seu sono: o caso que envolve o filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro.

Já havia chegado ao ex-presidente e à cúpula do PL, seu partido, a informação de que “está se fechando o cerco” da investigação que o Ministério Público do Rio de Janeiro conduz sobre o vereador, que comprova, como revelou o Globo, que existiu a prática de ‘rachadinha’ no gabinete do filho 02 na Câmara do Rio. Um eventual pedido de prisão de Carlos, inclusive, não é descartado pelos correligionários da sigla.

PREOCUPAÇÃO

Jair Bolsonaro vem confidenciando ao seu círculo mais próximo de aliados a preocupação com o tema. Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, o fato de ter sido alvo de buscas na quarta-feira aumentou sua perturbação em relação ao filho.

Carlos Bolsonaro é suspeito de ser o chefe de um esquema de peculato na Câmara Municipal do Rio, por meio de ‘rachadinha’, ou seja, a retenção ilegal de parte do salário pago a funcionários públicos ligados a ele.

Seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro, já foi alvo de uma investigação sobre o mesmo crime quando foi deputado estadual fluminense, mas as provas acabaram sendo anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

       Polícia Federal informa ao STF que achou elo de Jair Bolsonaro com milícias digitais

 

O Exército deve uma a Lula e a José Múcio, ministro da Defesa. Eles sabiam o que faziam, na sequência do 8 de Janeiro, quando decidiram revogar a promoção do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. Antigo chefe da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro, ele havia sido nomeado meses antes para o comando do Primeiro Batalhão de Ações de Comando, sediado em Goiânia, a 200 quilômetros de Brasília.

No comando dessa unidade, Mauro Cid teria caminho livre para o generalato. Trata-se de uma força de elite do Exército, especializada em ações de sabotagem e contrainformação. Seus integrantes são recrutados em quartéis — oito em cada dez desistem durante o treinamento.

OUTRAS SUSPEITAS

O tenente-coronel já era personagem de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, por cumplicidade com Bolsonaro em crimes contra a Constituição e o regime democrático.

A resistência em cumprir ordens do Planalto, entre elas a de revogar a entrega do Batalhão de Ações de Comando ao ajudante de ordens de Bolsonaro, levou à demissão do general Júlio César de Arruda, 23 dias depois de assumir o Comando do Exército.

Mauro Cid foi preso nesta quarta-feira a pedido da Polícia Federal. Na justificativa, admitida pelo juiz Alexandre de Moraes, do STF, o tenente-coronel está retratado como elo de Bolsonaro com milícias numa conspiração política.

GOLPE DE ESTADO

Na investigação sobre fraudes em atestados de vacina para Bolsonaro, assessores e familiares, relatou a Polícia Federal ao juiz que surgiram evidências de “tratativas para execução de um golpe de estado” e “tentativa de abolição violenta” do regime democrático.

Os trechos transcritos por Moraes no mandado de prisão de Mauro Cid, por fraude em documentos do Sistema Único de Saúde, não detalham quais seriam os indícios ou provas disponíveis sobre o envolvimento dele e de Bolsonaro num plano para golpe de estado.

Indicam apenas que ambos contavam com a colaboração de milícias digitais e, também, mantinham laços com uma fração do crime organizado de Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense. Neste caso, Mauro Cid estaria atuando com um militar da reserva, Ailton Gonçalves Moraes Barros, “e pessoas ainda não identificadas”.

FICAR NO PODER

Para a polícia, “seja nas redes sociais, seja na realização de inserções de dados falsos de vacinação contra a Covid-19, ou no planejamento de um golpe de Estado, o elemento que une seus integrantes está sempre presente, qual seja, a atuação no sentido de proteger e garantir a permanência no poder”.

Acrescenta: “A milícia digital reverberou e amplificou por multicanais a ideia de que as eleições presidenciais foram fraudadas, estimulando aos seus seguidores ‘resistirem’ na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para uma intervenção federal comandada pelas forças militares, sob o pretexto de aturarem como um Poder Moderador, com base em uma interpretação peculiar do art. 142 da Constituição Federal.”

PLANO CRIMINOSO

“Os arquivos de áudio e capturas de tela de mensagens trocadas no aplicativo WhatsApp” — prossegue — “evidenciaram a arquitetura do plano criminoso pelo grupo investigado. Apesar de não terem obtido êxito na tentativa de golpe de Estado, sua atuação, possivelmente, foi um dos elementos que contribuíram para os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023.”

O relato policial foi aceito pelo juiz, que deu prazo até a segunda-feira 3 de julho para apresentação das evidências.

Assim, ao impedir a ascensão de Mauro Cid ao comando do Primeiro Batalhão de Ações de Comando, Lula e o ministro José Múcio livraram o Exército de um grande constrangimento.

 

       Preso, auxiliar de Bolsonaro faz revelação à PF sobre assassinato de Marielle

 

Um dos auxiliares de Jair Bolsonaro (PL) presos nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal no âmbito das investigações que apuram fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e de sua filha Laura, de 12 anos, é Ailton Barros. Ele afirma em mensagens reveladas pela própria PF - informação confirmada pela imprensa nacional - que sabe quem foi o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), ocorrido em 14 de março de 2018.

Ailton Gonçalves Moraes Barros é ex-major do Exército formado na Aman (Academia Militar de Agulhas Negras) e em 2022 foi candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PL, partido do ex-presidente. Na campanha, se apresentava como “o 01 do presidente”. Eleito suplente, não é incomum ver em suas redes sociais fotos em que aparece ao lado de Bolsonaro.

Na presente investigação, Barros foi preso por suspeita de ter participado na adulteração do cartão de vacinação de Bolsonaro. Ele faria parte do esquema que operava a fraude em postos de saúde de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ).

•        Marcello Siciliano

Além de Barros, o ex-vereador carioca Marcello Siciliano também é investigado pela Polícia Federal no escândalo da falsificação dos cartões de vacinação, que pode levar Jair Bolsonaro para a prisão. O político teria ajudado o tenente-coronel e ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, a conseguir um cartão de vacinação falso para a sua esposa.

Em 2018, a Polícia Civil captou uma ligação entre Siciliano e um miliciano, onde o então vereador conversava com milicianos sobre acelerar a investigação de um crime de interesse da organização criminosa e realização de projetos sociais em uma região controlada pelos bandidos.

No encerramento da conversa, Marcello diz “te amo, irmão” para um miliciano. À época, o vereador negou a associação, dizendo que "não tem e nunca teve envolvimento com milícia".

Sobre a morte de Marielle Franco, Marcello Siciliano foi citado por uma testemunha como um dos interessados na morte da vereadora, ao lado do miliciano Orlando Curicica. Posteriormente, o motorista e ajudante de ordens de Curicica, Renatinho Problema, confirmou que o vereador e o miliciano se encontraram em quatro ocasiões anteriores ao assassinato de Marielle Franco.

Siciliano nega envolvimento. “Eu fui injustamente acusado, há 10 meses, por um miliciano - réu confesso, um bandido, que eu também quero saber o porquê ele fez isso contra mim -, que prejudicou diretamente toda a minha família e a minha vida. Só quem sofre uma injustiça sabe o que é isso. Uma injustiça desse tamanho, então, nem se fala”, disse em 2020.

Ainda em 2020, a campanha de Marcello Siciliano foi acusada de ameaçar fisicamente adversários políticos. "Nós procurávamos um local melhor para divulgar o nosso trabalho e resolvemos dar uma volta na orla da Barra (...) Intimidaram dizendo: 'você não pode ficar aqui. Tem tanta área, tanto lugar para você fazer campanha. Aqui não. Aqui é a gente. Aqui quem manda somos nós. Você tem que sair daqui", disse uma testemunha em anonimato.

•        Quem é o investigado no assassinato de Marielle envolvido no caso das vacinas

Um dos investigados pela Polícia Federal no escândalo da falsificação dos cartões de vacina, que pode levar Jair Bolsonaro para a prisão, é o ex-vereador carioca Marcello Siciliano (PP).

O político teria ajudado o tenente-coronel e ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, a conseguir um cartão de vacinação falso para a sua esposa.

Em 2018, a Polícia Civil captou uma ligação entre Siciliano e um miliciano, onde o então vereador conversava com milicianos para acelerar a investigação de um crime de interesse da organização criminosa e realização de projetos sociais em uma região controlada pelos bandidos.

No encerramento da conversa, Marcello diz “te amo, irmão” para um miliciano.

À época, o vereador negou a associação, dizendo que "não tem e nunca teve envolvimento com milícia".

Em 2020,  a campanha de Marcello Siciliano foi acusada de ameaçar fisicamente adversários políticos. "Nós procurávamos um local melhor para divulgar o nosso trabalho e resolvemos dar uma volta na orla da Barra (...) Intimidaram dizendo: 'você não pode ficar aqui. Tem tanta área, tanto lugar para você fazer campanha. Aqui não. Aqui é a gente. Aqui quem manda somos nós. Você tem que sair daqui", disse uma testemunha em anonimato.

•        Caso Marielle

Marcello Siciliano foi citado por uma testemunha como um dos interessados na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em 14 de março de 2018 junto com o miliciano Orlando Curicica.

Posteriormente, o motorista e ajudante de ordens de Curicica, Renatinho Problema, confirmou que o vereador e o miliciano se encontraram em quatro ocasiões anteriores ao assassinato de Marielle Franco.

Siciliano nega envolvimento. “Eu fui injustamente acusado, há 10 meses, por um miliciano - réu confesso, um bandido, que eu também quero saber o porquê ele fez isso contra mim -, que prejudicou diretamente toda a minha família e a minha vida. Só quem sofre uma injustiça sabe o que que é isso. Uma injustiça desse tamanho, então, nem se fala”, disse em 2020.

Agora, seu nome entrou na mira da Polícia Federal por ter facilitado a emissão de dois comprovantes de vacinação. Segundo a investigação da PF e informações do G1, Siciliano teria ajudado Cid em troca de ajuda nas investigações sobre o caso Marielle Franco.

Em 2019, Giniton Lages, titular da Divisão de Homicídios da Capital, afirmou que a hipótese do envolvimento entre Siciliano no caso Marielle Franco não estava descartada.

 

Fonte: Fórum/Veja/O Globo

 

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