EUA procuram
reforçar relações de segurança na América Latina contra avanços de Rússia,
China e Irã
Dois
membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA criaram dois
projetos de lei para aumentar a cooperação de segurança norte-americana com
"nações parceiras democráticas" na América Latina.
O
Senado dos EUA apresentou na quarta-feira (3) um projeto de lei para reforçar a
cooperação norte-americana em matéria de segurança "com as nações
parceiras democráticas" na América Latina e no Caribe, de acordo com o
portal Defense News.
O
Comitê de Relações Exteriores da câmara legislativa superior dos EUA avançou assim
a Lei de Parceria do Hemisfério Ocidental e a Lei de Autorização da Iniciativa
de Segurança da Bacia do Caribe em uma votação unânime, tornando ambos os
projetos de lei objetos de votação pelo Senado inteiro.
A
Lei de Parceria do Hemisfério Ocidental de James Risch, principal republicano
do comitê, exigiria que o Departamento de Estado trabalhasse com outras
agências federais para "melhorar a capacidade institucional e as
capacidades técnicas das instituições de defesa e segurança" em países
"amigos" da América Latina e do Caribe, sendo que Cuba, Nicarágua e
Venezuela ficam excluídas da iniciativa.
A
assistência incluiria a venda de armas e treinamento, além do fornecimento de
radares, embarcações e equipamentos de comunicação necessários para
"desmantelar organizações envolvidas no tráfico ilícito de narcóticos,
atividades criminosas transnacionais, mineração ilícita e pesca ilegal, não
declarada e não regulamentada", além de "melhorar a segurança das
fronteiras", aprimorar a gestão portuária, segurança marítima, segurança
cibernética e parcerias comerciais e econômicas regionais.
"À
medida que atores estatais malignos como a Rússia, a China e o Irã procuram
expandir sua presença no Hemisfério [Sul], temos de fortalecer a cooperação
regional com nossos vizinhos democráticos para atingir esses objetivos",
disse Risch, em uma declaração após a votação.
O
senador democrata Tim Kaine foi o responsável pela apresentação da Lei de
Autorização da Iniciativa de Segurança da Bacia do Caribe. Esse projeto de lei
autorizaria o Departamento de Estado dos EUA a formar uma iniciativa que
promova a "segurança, proteção e o Estado de Direito" no Caribe,
fornecendo para isso equipamentos não especificados para combater gangues e
outras organizações criminosas transnacionais.
Essa
iniciativa também prevê a colaboração com os países caribenhos na segurança das
fronteiras e dos portos para detectar narcóticos, armas, dinheiro em espécie e
outros tipos de contrabando.
Ø
Especialista:
EUA tentam minar ascensão chinesa com projetos de lei, mas China já está no
topo
Dois
analistas comentaram à Sputnik o mais recente projeto de lei apresentado pelo
líder da maioria no Senado dos EUA, cujo objetivo seria fortalecer a segurança
nacional do país e contrariar a China.
Chuck
Schumer, líder da maioria no Senado dos EUA, em conjunto com outros 11
senadores, revelou na quarta-feira (4) um projeto de lei para combater a
concorrência da China no setor de alta tecnologia.
Segundo
o democrata de Nova York, o projeto de lei envolve cinco etapas de controles de
exportação e sanções contra a China. Ele limitaria a capacidade da China de
comprar inovações americanas em inteligência artificial, computação quântica e
outras tecnologias de ponta, e daria aos departamentos do Tesouro e do Comércio
novos poderes para inspecionar e impedir a entrada de capital dos Estados
Unidos nas áreas de alta tecnologia da China.
Os
membros do Partido Democrata também prometeram tomar novas medidas legislativas
para impedir que a China iniciasse um conflito com Taiwan.
"Não
há razão para que nossos dois partidos aqui no Congresso e no Senado não possam
se unir e enviar uma forte mensagem ao governo chinês de que estamos unidos
neste esforço urgente de segurança nacional, e estamos comprometidos em manter
a liderança da América no futuro", disse Chuck Schumer em uma coletiva de
imprensa citada na quarta-feira (3) pela agência catariana Al Jazeera.
A
supressão e contenção da China se tornou um consenso bipartidário nos EUA,
disse o professor associado Zhen Anguang, diretor do Instituto de Relações
Internacionais da Universidade de Nanjing, em uma entrevista à Sputnik.
"A
onda anti-China no Congresso dos EUA reflete a mentalidade de preconceito dos
políticos contra a China. Eles tentam conter o desenvolvimento da China por meio
de guerra fria e medidas restritivas, acreditando que, com isso, podem garantir
a chamada segurança nacional dos Estados Unidos", comentou.
Na
sua opinião, "eles estão virando tudo de cabeça para baixo", pois
"os problemas nos EUA têm principalmente causas domésticas e não têm nada
a ver com a China".
"Em
2024 haverá uma eleição presidencial nos EUA. Muitos políticos estão buscando
ganhos políticos pessoais com a campanha antichinesa, vendo nela uma maneira
relativamente menos arriscada de marcar pontos eleitorais extras", teoriza
Zhen.
• Medo da China?
Mikhail
Belyaev, analista e economista independente, vê os EUA como perdendo a
liderança global em alta tecnologia, e que por isso estão recorrendo
consistentemente a mecanismos manuais para regular a concorrência com a China.
"Os
EUA esperam poder manter seu domínio no setor de alta tecnologia. Nenhuma das
duas Câmaras do Congresso consegue se separar da ideia do panamericanismo. Ao
anunciar um novo projeto de lei anti-China, os senadores reconhecem na prática
a superioridade da China em todos os campos tecnológicos avançados. Seus
temores de que a China domine e desaloje os Estados Unidos de sua posição
dominante têm fundamentos muito reais", aponta o especialista.
Ele
destacou os campos de inteligência artificial, computação quântica e inovação
como áreas das quais os Estados Unidos serão afastados de sua posição
dominante.
"[...]
Podemos dizer que [a China] já o fez, daí a tentativa dos legisladores de
regular manualmente a concorrência com a China, que eles veem como seu
principal rival: na política, na economia e na alta tecnologia. Ao mesmo tempo,
quanto mais óbvia for a ofensiva da China, a disseminação objetiva da
influência chinesa em todas as direções, incluindo não apenas científica e
tecnológica, mas também humanitária, mais persistentes, focadas e concentradas
serão as ações dos EUA. Mas eles não têm mais uma perspectiva histórica."
Nos
últimos tempos os legisladores dos EUA aumentaram suas viagens a Taiwan e têm
promovido cada vez mais atos legislativos para conter deliberadamente a China.
Ø
Irã
destaca relações, promete 'fazer a diferença' e diz estar pronto para fazer
parte do BRICS
O
presidente iraniano, Ebrahim Raisi, destacou as relações da República Islâmica
com os países do BRICS, do qual ressaltou estar pronto para fazer parte, bem
como desempenhar um papel importante no bloco.
Durante
entrevista à emissora Al Mayadeen, o líder islâmico destacou os diversos
desenvolvimentos e avanços do país na região e no cenário internacional.
Um
dos fatos sublinhados pelo líder iraniano foi a reaproximação entre seu país e
a Arábia Saudita, bem como outros tópicos, como os laços com a Síria e a adesão
à Organização para Cooperação de Xangai.
O
líder também destacou a luta dos países do Sul para combater o imperialismo
global, liderado pelos EUA, país que há décadas vem assolando o mundo com
sanções sem precedentes e sua política de pressão.
Raisi
reforçou que o Irã tem uma política que prioriza estabilizar seus laços com os
países vizinhos e desenvolver relações bilaterais em diversas áreas, tanto
política, como econômica, cultural e social.
Segundo
o líder islâmico, o Irã também está pronto para ampliar suas relações e
cooperar com qualquer país no cenário internacional, condenando qualquer
unilateralismo, nomeadamente o praticado pelos norte-americanos.
Além
disso, Raisi destacou as relações com a China e com a Rússia, além de referir
que o país está pronto para se juntar ao BRICS, onde poderá ter um papel
importante.
"Consideramos
que estas relações são boas para nós e estamos prontos para nos juntarmos ao
BRICS. Isso proporcionará à República Islâmica do Irã novas possibilidades para
desempenhar um papel importante, usando suas próprias capacidades e energias
abundantes", destacou.
Anteriormente,
o ministro da Economia e Finanças do Irã, Ehsan Khandouzi, havia deixado claro
à Sputnik que o Irã considera importante desenvolver a cooperação com a
Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e o BRICS, organizações que
desempenharão um papel importante na economia mundial em um futuro próximo.
O
BRICS é um bloco econômico composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul. Contudo, recentemente, o número de países que manifestaram interesse em
se juntar ao BRICS aumentou de forma significativa, entre eles potências
regionais importantes como a Turquia, Irã, México, Indonésia, Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito e vários outros países africanos.
Panorama
internacional
Ø
Relatório
chinês: CIA está por trás de ataques de hackers e revoluções coloridas por todo
o mundo
A
Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos está por trás de um
grande número de ataques de hackers e revoluções coloridas por todo o mundo,
diz um relatório do Centro Nacional de Cibersegurança chinês e da empresa de
segurança na Internet chinesa 360.
"Há
muito tempo, a CIA vem organizando secretamente 'mudanças pacíficas' e
'revoluções coloridas', além de realizar atividades de espionagem e roubo de
informações", diz o relatório.
A
Revolução de Veludo na década de 1980, a Revolução das Rosas na Geórgia em
2003, a Revolução Laranja na Ucrânia e a segunda revolução colorida na Ucrânia,
a Revolução das Tulipas no Quirguistão, a Primavera Árabe, o Movimento Girassol
em Taiwan – todas essas e outras foram reconhecidas por organizações
internacionais e especialistas como casos típicos de revoluções coloridas
lideradas pelos serviços secretos dos Estados Unidos, de acordo com o
relatório.
Além
disso, o relatório aponta que as agências de inteligência dos EUA tentaram organizar
revoluções coloridas em Belarus, Azerbaijão, Líbano, Mianmar, Irã e assim por
diante.
"De
acordo com as estatísticas, a CIA derrubou ou tentou derrubar governos
legítimos em mais de 50 países nas últimas décadas, causando agitação nesses
países", afirma o relatório.
Em
2020, segundo o documento, a 360 descobriu uma organização de hackers até então
desconhecida. A organização usou para ataques cibernéticos ferramentas
semelhantes às apresentadas nos documentos Vault 7 publicados pelo WikiLeaks e
listadas como ferramentas de hacking da CIA.
Os
principais alvos dos ataques da organização, que os especialistas chineses
chamaram de APT-C-39, foram infraestruturas críticas de informações em vários
países, empresas aeroespaciais, institutos de pesquisa, empresas de petróleo e
petroquímicas, grandes empresas de Internet e agências governamentais.
Suas
atividades podem ser rastreadas desde 2011 e os ataques continuam até hoje.
Ø
Pequim
testa novas táticas com drones de longo alcance e sistemas avançados em torno
de Taiwan
Na
quarta-feira (3), Taipé detectou um drone de reconhecimento de longo alcance da
China circulando em torno da ilha, sendo esta a segunda operação do tipo em
torno de Taiwan.
De
acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, citado pelo jornal South China
Morning Post, as forças chinesas estão usando drones de longo alcance para
rodearem a ilha como parte de uma nova tática.
Além
disso, Pequim estaria usando aeronaves de transporte com um sistema de
interferência avançado.
Conforme
o ex-instrutor da Academia Naval de Taiwan Lu Li-shih, a implantação de drones
na zona de identificação aérea de Taiwan é uma abordagem de baixo custo,
viabilizando desta forma testes de novas táticas a serem utilizadas contra a
ilha.
Na
quarta-feira (3), foram detectadas 27 aeronaves militares chinesas em torno de
Taiwan, sendo que 13 delas entraram na zona de identificação aérea da ilha.
Fonte:
Sputnik Brasil
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