sexta-feira, 5 de maio de 2023

Áudios revelam que golpe de Estado foi tramado no Palácio do Planalto

A situação do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa está cada vez mais complicada. A Polícia Federal (PF) encontrou áudios no telefone celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) enviados por outro auxiliar do ex-presidente, Ailton Barros, nos quais é tramado um golpe de Estado.

A trama teria se desenrolado na antessala do gabinete da Presidência da República, local em que Mauro Cid e Barros atuavam como ajudantes do ex-presidente. A revelação do material foi feita pela jornalista Daniela Lima, da CNN, nesta quinta-feira (4).

O teor das conversas divulgadas é bombástico. Nos áudios, Ailton fala que o golpe precisaria da participação do então comandante do Exército, Freire Gomes, ou de Bolsonaro e que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deveria ser preso.

·         Teor dos áudios golpistas

A primeira mensagem foi enviada no dia 15 de dezembro por Barros a Mauro Cid.

 “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer” [...] Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil.”

Barros ressalta a necessidade de Gomes ou Bolsonaro realizarem o pronunciamento comentado na mensagem de voz e destaca que seja, “de preferência, o Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro linhas”.

Ele prossegue que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro, pela tarde, “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos.

“Pô [sic], não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, indaga.

Barros prossegue a descrição da trama golpista. 

“Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. “Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, adiciona.

De acordo com a mensagem de Barros para Mauro Cid no áudio, a ideia é que na segunda-feira, 19 de dezembro, fossem lidas as portarias, decretos de garantia da Lei e da Ordem e “botar [sic] as Forças Armadas, cujo Comandante Supremo é o presidente da República, pra agir”. 

·         Mauro Cid no centro da trama golpista

Conforme antecipado pela Revista Fórum nesta quarta-feira (3), Mauro Cid Barbosa está no topo da lista dos que serão convocados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas

Mauro Cid foi preso nesta quarta pela Polícia Federal (PF) na Operação Venire e sua provável convocação à comissão mista para apurar os atos golpistas de 8 de janeiro foi antecipada pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) com exclusividade à Fórum.

Ailton também está preso por, assim como o comparsa Mauro Cid, participar de uma associação criminosa que forjou registros de vacinas.Agora, a situação de Mauro Cid se complicou ainda mais.

 

Ø  Alex Solnik: Bolsonaro envolvido no golpe de estado

 

A transcrição de diálogo do ex-major Aílton Barros (preso ontem) com o ajudante de ordens de Bolsonaro (também  preso ontem), revelada, agora há pouco, pela jornalista Daniela Lima, na CNN Brasil, piorou ainda mais a situação do ex-presidente da República. 

Barros cobra mais pressão sobre o comandante do Exército, Freire Gomes, para fazer um pronunciamento golpista “entre hoje e amanhã” e que se não for ele, tem que ser o próprio então presidente da República. O diálogo é de 15 de dezembro do ano passado. 

O ex-major também afirma que todos os decretos têm que estar prontos (o que de cara remete à minuta encontrada na casa de Anderson Torres) e que Alexandre de Moraes “tem que ser preso no domingo”. 

Não se conhece ainda a resposta de Mauro Cid, mas, qualquer que tenha sido, fica muito claro que é a continuação de um assunto e não o início. Ou seja: o golpe estava sendo engendrado com o conhecimento do ajudante de ordens do presidente da República. E, é óbvio, de Bolsonaro.

Esse diálogo joga luzes sobre a invasão dos edifícios dos Três Poderes. Os que estavam no acampamento esperavam o comandante do Exército ou o presidente da República dar a senha do golpe, mas como a senha não veio decidiram quebrar tudo, em protesto não só contra o governo Lula mas também contra a inação do general e do presidente da República.

 

Ø  Plano de golpe envolvia uso da GLO e a prisão de Moraes

 

Aliados de Jair Bolsonaro (PL) responsáveis por um plano de golpe queriam usar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e prender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A informação foi publicada pela jornalista Daniela Lima, da CNN.

As conversas aconteceram em dezembro de 2022. Moraes foi empossado presidente do TSE em agosto do ano passado. 

Duas pessoas que participaram do plano foram o ex-major do Exército Ailton Barros e o tenente-coronel Mauro Cid. Os dois tiveram um diálogo. “Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”, afirmou Barros a Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. 

Barros e Cid foram presos nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal na Operação Venire, sobre um esquema de falsificação de informação sobre cartões de vacina. De acordo com a PF, Bolsonaro e Mauro Cid tinham "plena ciência" da mudança ilegal em informação dos cartões de vacinação do ex-ocupante do Planalto.

A PF também disse que Supremo que Cid é o elo entre Jair Bolsonaro (PL) e milícias. Barros afirmou que sabe de informações de quem mandou matar a ex-vereadora da cidade do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), morta pelo crime organizado em março de 2018.

Dois ex-policiais foram presos. Ronnie Lessa, que, de acordo com as investigações, deu os tiros. O outro detido foi Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos e que, segundo as apurações, dirigia o carro no momento do crime. 

Acusado por oposicionistas de envolvimento com milícias, Bolsonaro não foi acusado de participação no crime contra Marielle, mas investigadores apuram a conexão dele com milicianos. Ronnie Lessa morava no mesmo condomínio de Bolsonaro no Rio. Queiroz também apareceu em uma foto com o ex-ocupante do Planalto, que teve o seu rosto cortado na imagem.

 

Ø  Mauro Cid testemunhou propostas de golpe após derrota eleitoral de Bolsonaro

 

O tenente-coronel Mauro Cid, pequeno militar preso na última quarta-feira (3) por operar o esquema de falsificação de cartões de vacinação de Jair Bolsonaro (PL), testemunhou uma série de propostas de golpe feitas por aliados do ex-presidente após a derrota nas eleições de outubro de 2022. O jargão comum utilizado era de que Bolsonaro deveria “virar o jogo”.

A informação foi divulgada na madrugada desta quinta-feira (4) pelo blog da jornalista Andrea Sadi, no G1.

De acordo com os relatos das fontes da jornalista, diversos aliados procuraram Bolsonaro para apresentar seus ‘planos infalíveis’ de dar um golpe contra a vontade popular que se expressou nas urnas. Um desses nomes não foi revelado mas seria um ex-ministro de Bolsonaro. Outro é o ex-deputado federal Daniel Silveira (expulso do PTB de Roberto Jefferson e ‘padre’ Kelmon), já citado por Marcos do Val, e que agora tem seu indulto presidencial reavaliado pelo Supremo Tribunal Federal.

Entre as “propostas” que Cid testemunhou como ajudante de ordens, aliados queriam que Jair Bolsonaro encampasse o famoso “Artigo 142” da Constituição – aquele apontado pelo suposto filósofo Olavo de Carvalho, morto em 2022, como o que justificaria a chamada “intervenção militar”. Outras propostas previam intervenção no judiciário com a prisão de Alexandre de Moraes e outros ministros do STF.

A ideia era que após alguma dessas propostas ser posta em marcha, Bolsonaro convocaria novas eleições. O voto, obviamente, seria impresso e garantiria uma vitória do capitão. Mas como todos sabemos, a virada de mesa não aconteceu.

De acordo com os relatos de Cid, que em diversas ocasiões se esforçou para blindar o líder de extrema direita, o ex-presidente teria apenas ouvido as propostas sem esboçar entusiasmo.

 

Ø  Ex-major Ailton Barros discutiu golpe de Estado com Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro

 

O ex-major do Exército Ailton Barros discutiu com Mauro Cid sobre um golpe de Estado no Brasil. Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). No dia 15 de dezembro, Barros disse: "É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer", afirmou. “Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. Os relatos foram publicados pela jornalista Daniela Lima, da CNN.

O ex-militar pontua que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos. “Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?", questionou. 

"Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele", acrescentou. 

No diálogo, Barros fala sobre Freire Gomes. "Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil".

Barros foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal na Operação Venire, sobre um esquema de falsificação de informação sobre cartões de vacina. De acordo com a PF, Bolsonaro e Mauro Cid tinham "plena ciência" da mudança ilegal em informação dos cartões de vacinação do ex-ocupante do Planalto.

Durante o seu governo, Bolsonaro estimulou um golpe no País ao convocar apoiadores para atos críticos ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também defendeu a participação das Forças Armadas na apuração de eleições. 

Em novembro do ano passado, o TSE multou o PL em R$ 22,9 milhões após o partido questionar a confiança das urnas eletrônicas.

Em 8 de janeiro de 2023, bolsonaristas invadiram as partes externas do Planalto, onde fica o gabinete presidencial, Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.390 pessoas por manifestações terroristas. 

 

Ø  Falta chegar ao elo dos tios do dinheiro na corrente que sustentava Bolsonaro. Por Moisés Mendes

 

Logo no começo, nas primeiras tentativas de reação às turbas que afrontavam o Supremo e ameaçavam com o que seria um golpe, prenderam Sara Winter.

Pegaram depois Daniel Silveira. Encarceraram Anderson Torres e os manés no início do ano e agora levaram Mauro Cid para a cadeia.

Um grupo heterogêneo. Uma agitadora que sumiu, um deputado federal muito próximo da família mas sem expressão, um delegado e ex-ministro e por último um coronel do Exército.

Tivemos ou temos na cadeia, entre civis e agora também um fardado, uma turma variada e simbolicamente representativa do bolsonarismo.

Dos malucos aos operadores, mesmo que o militar preso não fosse um golpista clássico, mas um ajudador, e que ainda faltem o líder, seus filhos e os todos os cúmplices civis e fardados do entorno, tem um conjunto.

Mas, arredando-se por enquanto o chefe, os filhos e os líderes militares e milicianos, que em algum momento terão de ser enquadrados, falta o elo do poder econômico e financeiro do ativismo bolsonarista.

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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