As
crises econômicas, historicamente, sempre serviram à retirada de direitos
sociais e trabalhistas. Convertido agora em lei, o projeto 4302/98, que permite
a terceirização em qualquer etapa da atividade produtiva e, além disso, a
quarteirização, irá aumentar dramaticamente a precarização das condições de
trabalho. Inicialmente para os próprios terceirizados (que já são 13 milhões no
país); mas a intenção é nivelar por baixo – ou seja, a piora da condição dos
terceirizados irá agravar a situação do conjunto da classe trabalhadora (não se
enganem: esta é a intenção). Além disso, ao rebaixar salários, a terceirização
sem limites irá reduzir os valores da contribuição à Previdência Social,
agravando a situação desta (o objetivo neste caso é quebrar a previdência
pública, abrindo espaços para a previdência privada).
Todas
as pesquisas mostram que a taxa de rotatividade é duas vezes maior nas
atividades tipicamente terceirizadas. A jornada de trabalho entre os
terceirizados é superior, em média, à jornada dos trabalhadores contratados
diretamente. O percentual de afastamentos por acidentes de trabalho típicos nas
atividades terceirizadas é muito superior ao verificado nas atividades
tipicamente contratantes. Além disso os salários nas atividades terceirizadas
são em média, segundo o DIEESE, 23% menores do que nas atividades tipicamente
contratantes.
A
lei de terceirização sem limites, já sancionada, tem que ser compreendida no
“conjunto da obra golpista”. Somada à destruição da Previdência Social, à
destruição dos direitos trabalhistas e a um conjunto impressionante de outros
crimes, irá fazer o Brasil regredir ao início do século XX, quando não havia
participação do Estado na economia. Não havia políticas de saúde e educação
públicas, inexistia regulamentação do trabalho, não existia política de defesa
nacional. Estão aproveitando a crise para liquidar direitos numa escalada nunca
vista, nem no período de ditadura militar. A “reforma” trabalhista que querem
implantar, num país onde mesmo os direitos trabalhistas básicos são
sistematicamente descumpridos, irá colocar o Brasil numa condição semelhante ao
período anterior a 1930.
O
neoliberalismo ultrarradical que querem implantar no Brasil é visceralmente
contra 99% da população, só interessa aos milionários e ao sistema financeiro.
O modelo vem para elevar a taxa de exploração, aumentar o desemprego, entregar
as riquezas naturais e as estatais, e reduzir o que restou de soberania
nacional. Para os que estão implantando este tipo de política, a “vitória” do
modelo é exatamente a transferência dos efeitos da crise para as costas do povo
trabalhador e a conversão do país à condição de Brasil Colônia ou de um
protetorado dos EUA. Acham pouco subtrair riquezas nacionais e acabar com os
direitos: o objetivo é colocar o Brasil de joelhos.
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