O
sistema político implodiu. A República de 1988 chegou ao fim, mesmo que ainda
tenha forças para se arrastar moribunda pelo chão.
O
Poder Judiciário e o Ministério Público, numa aliança prolongada com a Globo e
a mídia comercial, assumem o poder. Reparem: são 3 poderes que não se submetem
à chancela do voto. MPF, STF e Globo. E se retroalimentam, absorvendo a
legitimidade que tiraram do sistema político.
A
cobertura da Globo sobre a lista de Facchin/Janot segue a lógica esperada: 10
minutos de bombardeio intenso contra Lula, e uma cobertura muito mais diluída
quando os alvos são tucanos. Mas a novidade é essa: rompeu-se a blindagem
tucana.
O
PSDB deveria anotar essa data: 12 de abril de 2017. Desde hoje, o partido
perdeu a utilidade como contraponto ao PT. Serra, Aécio, Alckmin e FHC (ah, o
aluno de Florestan Fernandes não conhece a História brasileira?) cumpriram o
destino de Lacerda: usaram o moralismo e a histeria das classes médias para
tramar o golpe contra Dilma. E no fim acabaram tragados pela onda que ajudaram
a fomentar.
Este
blogueiro escreve sobre isso desde 2015 – como se pode ler aqui. Engana-se quem
pensa que Moro e a Lava-Jato cumprem uma agenda tucana. A agenda do Partido da
Justiça, em aliança com a Globo, segue ritmo próprio. A aliança com o PSDB era
meramente tática. E se desfez.
O
objetivo não era destruir o PT, mas implodir o Estado nacional. O que em parte
já se conseguiu.
No
sistema político, Lula é o único ainda com capacidade de liderança para
enfrentar a direita togada. Aqui e ali, personagens de outros partidos parecem
intuir que de Lula poderia vir alguma reação. Inclusive FHC (agora sob
investigação da Justiça) já deu mostras de que seria preciso algum freio no
moralismo togado. Parece pouco, e parece vir tarde demais.
Moro
e a Lava-Jato ainda precisarão manter o bombardeio para destruir Lula.
A
cobertura do escândalo no JN, neste dia 12 de abril, foi uma sucessão de “Facchin
disse”, “o STF pediu”, “Moro recebeu os autos”. A Justiça no centro absoluto do
poder. O Executivo e o Legislativo colocados de joelhos.
O
clima agora é de salve-se quem puder.
A
sina de 64 se repete. Os espertalhões do golpismo acharam que empunhariam o
poder. Mas a derrubada do trabalhismo significa que o poder está agora nas mãos
de uma corporação sem votos, associada à família mais rica do Brasil: a família
Marinho. O verde oliva, nesse golpe do século XXI, foi substituído pelo tom
negro das togas.
Se
Moro mandar o camburão da PF parar na frente da casa de qualquer
empresário/jornalista/operário/professor, a condenação já estará estabelecida.
A Justiça pode tudo. Todos são suspeitos.
Caminhamos
para um caos, num Estado que se desmonta.
Das
ruas pode vir alguma resistência. Mas o fato é que vivemos numa espécie de
1968, sem AI-5 declarado.
Esse
tipo de processo baseado na caça às bruxas e no denuncismo permanente tende a
devorar inclusive seus filhos. A lógica é essa. E o caminho estará aberto para
as falanges fascistas e histéricas que votavam no PSDB e agora tentarão
conduzir ao poder algo muito pior. O caos será prolongado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário