sábado, 6 de maio de 2023

OMS declara fim da emergência global por covid-19

Depois de mais de 3 anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (5) que a Covid não é mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O mais alto título de alerta da organização havia sido declarado para o surto do novo coronavírus no final de janeiro de 2020 – um passo significativo para o fim da pandemia que matou mais de 6,9 milhões no mundo e deixou economias e comunidades devastadas.

A decisão desta sexta-feira foi motivada pela queda no número de casos e de mortes pela doença, aliada ao avanço da vacinação da população. Pelas estimativas da OMS, desde 2020, a doença matou mais de 7 milhões de pessoas em todo o mundo, um número que pode ser ainda mais alto.

A decisão veio um dia depois de uma reunião do comitê de emergências da OMS, que recomendou que a entidade declarasse o fim da emergência de saúde pública de interesse internacional, em vigor há mais de três anos.

"Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global", afirmou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional não altera o título de pandemia de Covid, que só havia sido declarado meses após a emergência, em março do mesmo ano.

Isso porque a Emergência de Saúde Pública é um termo técnico que passa por diversos critérios até ser decretado. A designação é bastante importante para coordenação de esforços de saúde pública internacionais.

Já o termo pandemia é diferente e faz referência a disseminação mundial de uma nova doença, quando vários continentes têm uma transmissão sustentada do surto.

O mais alto nível de alerta da OMS foi atribuído à covid-19 em 30 de janeiro de 2020. O status ajuda a concentrar a atenção internacional em uma ameaça à saúde, além de reforçar a colaboração no âmbito de vacinas e tratamentos.

Declarar o fim da emergência de saúde global é um sinal do progresso feito pela comunidade internacional nessas áreas, embora não represente o fim da covid-19 – que, segundo a OMS, veio para ficar.

"Isso não significa que a covid-19 deixou de ser uma ameaça à saúde global", reforçou Tedros, estimando que a pandemia matou "pelo menos 20 milhões" de pessoas no mundo, quase três vezes o número registrado oficialmente.

"A covid mudou o mundo e nos mudou. E é assim que deve ser. Se voltarmos a como as coisas eram antes da covid-19, teremos fracassado em aprender nossas lições, e fracassado com nossas gerações futuras", completou.

·         Uma doença devastadora

O chefe da OMS ainda lamentou os danos que a doença causou à comunidade internacional, lembrando que o vírus destruiu negócios, exacerbou divisões políticas e mergulhou milhões na pobreza.

Quando a OMS declarou pela primeira vez que o coronavírus era uma emergência de saúde global, a doença ainda não tinha sido nomeada covid-19, e não havia grandes surtos fora da China.

Mais de três anos depois, o vírus causou cerca de 764 milhões de casos de infecção em todo o mundo, e cerca de 5 bilhões de pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina contra a doença.

Em números de mortos, a pandemia está em tendência de queda há mais de um ano. Segundo dados da OMS, a taxa de mortalidade da covid-19 diminuiu de um pico de mais de 100.000 pessoas por semana em janeiro de 2021, para pouco mais de 3.500 na semana até 24 de abril deste ano.

Ainda assim, regiões do Sudeste da Ásia e no Oriente Médio registraram recentemente picos de casos da doença.

A OMS não declara o início ou o fim de pandemias. Mas começou a usar o termo para se referir ao surto de covid-19 em março de 2020, quando o vírus já havia se espalhado para todos os continentes, exceto a Antártida, embora muito depois de vários cientistas já terem alertado que uma pandemia estava em curso. 

·         Resposta global

O chefe de emergências da entidade, Michael Ryan, afirmou que os líderes internacionais precisam agora refletir sobre como enfrentar futuras ameaças à saúde, dados os inúmeros problemas que prejudicaram a resposta mundial à covid-19. 

Atualmente, países estão negociando um tratado pandêmico que, segundo alguns, pode definir como as futuras ameaças causadas por doenças serão enfrentadas – embora seja improvável que tal tratado se torne juridicamente vinculativo.

Após longos períodos de restrições duras visando combater a covid-19, vários países, como Alemanha, França e Reino Unido, abandonaram muitas de suas medidas contra a pandemia no ano passado.

Nos Estados Unidos, a declaração de emergência de saúde pública por covid-19 está programada para expirar em 11 de maio, quando serão suspensas medidas abrangentes de resposta à pandemia, como a obrigatoriedade de vacinas.

<<<< O fim da emergência não significa fim da pandemia, entenda:

  • A "Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional" foi declarada em 30 de janeiro de 2020;
  • Em março do mesmo ano, a OMS declarou a pandemia;
  • Agora, em maio de 2023, a OMS declarou o fim da "Emergência de Saúde Pública". A decisão veio por causa da queda de casos e de mortes por Covid;
  • O diretor-executivo da OMS , Michael Ryan, lembrou que a batalha contra a Covid não acabou e que provavelmente "não haverá um ponto em que a OMS anunciará o fim da pandemia".

<<<< Diferença entre ESPII e pandemia

No começo deste ano a OMS divulgou um vídeo explicando inclusive a diferença entre a ESPII e a pandemia. Nele, a líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, ressaltava que mesmo que a organização decretasse o fim da emergência este ano, o mundo ainda poderia ter que lidar por um bom tempo com a pandemia de Covid.

"Isso porque esse vírus está aqui conosco e veio para ficar", disse Kerkhove à época.

"É muito difícil definir quando você chega num status em que um novo vírus se torna uma pandemia. Já a ideia de declarar uma ESPII é para coordenar uma ação imediata antes que esse evento se torne ainda maior e vire uma pandemia", acrescentou.

Especialistas da OMS se reuniram ontem para discutir o rebaixamento do mais alto nível de alerta da organização.

"O Comitê de Emergência se reuniu pela 15ª vez e me recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de importância internacional. Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro o fim da Covid-19 como uma emergência de saúde global", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.

"No entanto, isso não significa que a Covid-19 acabou como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, a Covid ceifou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos", acrescentou.

·         Queda de casos e mortes

A decisão acontece depois que vários países, como os Estados Unidos, começaram a suspender seus estados de emergência locais. O Brasil fez o mesmo em abril do ano passado, na contramão do que dizia a OMS na época.

Agora, com a vertiginosa queda nos números de casos e mortes pela doença, aliada à ampla vacinação da população, a situação já é outra, o que motivou a decisão da OMS.

Nesta sexta, o diretor da OMS disse inclusive que a pandemia está em tendência de queda há mais de um ano, reconhecendo que a maioria dos países já voltou à vida normal antes da Covid.

Mais de três anos depois da declaração da emergência, o vírus causou cerca de 764 milhões de casos em todo o mundo e cerca de 5 bilhões de pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina, de acordo com as mais recentes estimativas globais.

“A Covid mudou o nosso mundo e nos mudou”, acrescento Tedros, alertando que o risco de novas variantes ainda persiste pelo mundo.

 

Fonte: Deutsche Welle/g1

 

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