sexta-feira, 5 de maio de 2023

Jeferson Miola: Mente criminosa de Bolsonaro é um arquétipo da extrema direita

Bolsonaro tem uma mente criminosa. A vida criminal dele é um itinerário que percorre um número significativo de artigos do Código Penal brasileiro.

A mentira é o ar que ele respira. Em tudo, mas em absolutamente tudo o que Bolsonaro faz, há algo fake, mentiroso, cavernoso, ardiloso, enganoso.

Este comportamento está bem evidenciado no escândalo de falsificação do certificado de vacinação para ingressar nos EUA com familiares e assessores – por óbvio, alguns deles protagonistas contumazes de desvios e ilícitos do governo militar: os oficiais do Exército brasileiro.

O inquérito da PF sobre a fraude do certificado vacinal aponta que Bolsonaro e comparsas cometeram vários crimes: associação criminosa, infração de medida sanitária, falsidade ideológica, uso de documentos falsos, inserção de dados falsos em sistema de informações e corrupção de menores.

Entrar nos EUA com documentos falsos é crime; e, se fossem flagrados, Bolsonaro, seus familiares e assessores ficariam sujeitos à pena de 10 anos de prisão lá.

À luz do direito internacional e dos protocolos científicos mundiais, Bolsonaro pode ser classificado como um criminoso genocida e sociopata.

De acordo com a Convenção da ONU de 1948 sobre crimes de Genocídio, Bolsonaro é um genocida, tanto que está sendo processado em tribunais internacionais.

E, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana [MSD, sigla em inglês], Bolsonaro é um sociopata, ou seja, portador de Transtorno de Personalidade Antissocial [TPAS].

O MSD descreve que “pessoas com transtorno de personalidade antissocial cometem atos ilegais, fraudulentos, exploradores e imprudentes para ganho pessoal ou prazer e sem remorsos”.

Essas pessoas “podem fazer o seguinte: [i] justificar ou racionalizar seu comportamento; [ii] culpar a vítima por ser tola ou impotente; [iii] ser indiferente aos efeitos exploradores e prejudiciais de suas ações sobre os outros”.

Ainda segundo a descrição do MSD, “pacientes com TPAS podem expressar seu descaso pelos outros e pela lei […]”; “podem enganar, explorar, fraudar ou manipular as pessoas para conseguir o que querem [p. ex., dinheiro, poder, sexo]” […]; “são muitas vezes facilmente irritados e fisicamente agressivos […]; “não têm remorso pelas ações”.

E, finalmente, uma descrição que parece sob medida para bolsonaristas e para Bolsonaro, quando debochava de pessoas em sofrimento respiratório e morrendo asfixiadas pela Covid: “esses pacientes não têm empatia pelos outros e podem ser desdenhosos ou indiferente aos sentimentos, direitos e sofrimento dos outros”.

Bolsonaro é um arquétipo do agente de extrema-direita médio. Assim como Donald Trump, ele reúne como poucos todas as características e predicados do exemplar perfeito do extremista fascista.

A mentira, o ardil, o jogo sujo, o truque desonesto são marcas registradas desta facção que se esbalda nos esgotos da terra sem lei das plataformas digitais e das redes sociais.

É um equívoco de qualquer sociedade que se pretenda democrática e que tenha apreço pela democracia banalizar como natural a presença de Bolsonaro na arena política e no debate público.

Bolsonaro chegou onde chegou porque foi a escolha da oligarquia dominante para destruir Lula e o PT; e, também, porque por décadas houve desatenção da sociedade e das instituições, que sempre trataram o comportamento criminoso dele com naturalidade e como folclore político.

Bolsonaro não é um líder político, mas sim um chefe de facção criminosa; um gângster.

Ele é uma aberração incompatível com a democracia, e constitui uma ameaça permanente à civilização humana.

Bolsonaro precisa ser colocado no seu lugar, que é o de responder perante a justiça e a polícia pelos inúmeros crimes perpetrados contra o povo brasileiro, o Estado de Direito e a soberania nacional.

Julgar, condenar e prender Bolsonaro dentro do devido processo legal é uma urgência da democracia.

A investigação da falsificação dos certificados de vacinação pode ser um ponto de partida eficaz para materializar esta tarefa democrática crucial para a sociedade brasileira e para a sobrevivência da democracia.

 

       Fraudar atestado de vacinação foi uma bomba e explode contra o próprio Bolsonaro

 

Na manhã de ontem, quarta-feira, a TV Globo e a GloboNews revelaram que a Polícia Federal praticou uma busca e apreensão de celulares na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, e realizou a prisão do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, por ter agido para falsificar atestados de vacinação exigidos para que estrangeiros entrem nos Estados Unidos.

A falsificação teria sido realizada numa cidade de Goiás e uma parte obscura do episódio desloca-se para a Prefeitura de Caxias, na Baixada Fluminense. Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, nega a sua inclusão lembrando que se vacinou quando esteve nos Estados Unidos. O reflexo do fato é enorme e sensibiliza o cenário político de forma profunda, pois afinal de contas implica numa sequência de crimes e de contradições absurdas do ex-chefe do Executivo.

REPERCUSSÃO

A questão de a Polícia Federal ter ingressado na residência de Bolsonaro e apreendido telefones celulares, entre os quais um do próprio Bolsonaro, amplia a força da explosão no país e faz prever a sua repercussão internacional, pois afinal de contas a lei norte-americana teria sido desrespeitada por uma falsificação. A fraude incluía também uma filha menor do ex-presidente.

Bolsonaro foi intimado a depor na PF na tarde de ontem a respeito das acusações, que vão desde a fraude até uma ação indevida envolvendo a infância, crime previsto também na lei. Até o momento em que escrevo esse artigo, Bolsonaro afirmou ao repórter Vladimir Netto, TV Globo  que não iria prestar o depoimento para o qual foi intimado.

Ainda na manhã de ontem, a correspondente da GloboNews na Europa, Bianca Rothier, focalizava o início da repercussão do episódio em que Bolsonaro é apontado por ter participado do crime de fraude do certificado de vacinação.  Acrescentam-se à explosão, as investigações sobre a versão do ex-presidente a respeito da questão das joias da Arábia Saudita. Aliás, coloco que é importante esclarecer se os presentes foram do governo do país, de algum dirigente ou representante de outro setor que atua na produção e comercialização de petróleo.

 

       Bolsonaro sabia da fraude que pode encerrar sua carreira política, dizem PF e Moraes

 

A Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia do esquema de fraude em cartões de vacinação da Covid-19. Em representação encaminhada a Moraes, a PF aponta o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como principal articulador do esquema.

Segundo a PF, Bolsonaro tinha ciência da inserção fraudulenta dos dados no sistema do Ministério da Saúde. “Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, diz a PF.

EMITIDO NO PLANALTO

A polícia cita como indícios do conhecimento de Bolsonaro o fato de o certificado de vacinação do ex-presidente ter sido emitido nos dias 22 e 27 de dezembro do Palácio do Planalto.

Em decisão que autorizou a busca e apreensão nesta quarta-feira (3) na casa do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além da prisão contra alguns de seus mais próximos ex-assessores, Moraes disse não ser crível que Mauro Cid tenha articulado o esquema à revelia e anuência de Bolsonaro.

O ministro afirma que, no atual estágio das investigações, não daria para acreditar nessa posição, defendida pela PGR (Procuradoria-Geral da República), mesmo tendo reconhecido a existência de comprovação da materialidade da inserção de dados falsos de Bolsonaro e sua filha no sistema do Ministério da Saúde (ConecteSUS).

LINHA INVESTIGATIVA

Ele também citou como argumento “o notório posicionamento público de Jair Messias Bolsonaro contra a vacinação, objeto da CPI da Pandemia e de investigações nesta Suprema Corte”.

“É plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o ex-presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da efetiva imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas Eleições Gerais de 2022”, disse Moraes.

Na representação, a PF detalha minuto a minuto como foram as alterações no sistema e a emissão do cartão de vacinação de Bolsonaro. Segundo a PF, as informações coletadas mostram como ele se uniu ao secretário de Governo de Duque de Caxias, João Brecha, que foi preso, e aos assessores Mauro Cid e Marcelo Câmara para inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no sistema.

DADOS FALSOS

A ação, diz a PF, configura que Bolsonaro tenha cometido o crime de inserção de dados falsos em sistema de informação.

“Tais condutas, contextualizadas com os elementos informativos apresentados, indicam que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacinação contra a Covid-19”, diz a PF.

A Polícia Federal também cita no pedido de busca contra Bolsonaro que o acesso ao aplicativo do ConecteSUS e a emissão do certificado de vacinação se deram por meio do celular de Mauro Cid, então chefe da Ajudância de Ordens do ex-presidente.

E-MAILS DE ASSESSORES

Para acessar o documento, diz a PF, foi utilizado o sistema Gov.br, do governo federal, por meio de e-mails de assessores de Bolsonaro.

“Portanto, não se evidenciou qualquer fato suspeito relacionado à utilização indevida do usuário do ex-presidente da República, por terceiros não autorizados, para acessar o aplicativo ConecteSUS”, afirma a PF na representação.

Bolsonaro foi alvo nesta quarta de operação de busca e apreensão da PF e intimado para depor, mas já avisou que não pretende comparecer. Ele vai reunir advogados e assessores para discutir os próximos passos de sua defesa.

À REVELIA

A Procuradoria-Geral da República foi contra as buscas solicitadas pela PF. Segundo a PGR, Mauro Cid “teria arquitetado e capitaneado toda a ação criminosa” à revelia do ex-presidente.

“Não há lastro indiciário mínimo para sustentar o envolvimento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro com os atos executórios de inserção de dados falsos referentes à vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde e com o possível uso de documentos ideologicamente falsos”, diz manifestação assinada pela Lindôra Araújo, da PGR.

Moraes discorda da PGR sobre a tese de que Cid atuou sozinho, mas concedeu a busca somente contra Bolsonaro, e não contra Michelle, também investigada no caso.

BUSCA E APREENSÃO

“Não há qualquer indicação nos autos que conceda credibilidade à versão de que o ajudante de ordens do ex-presidente da República Jair Bolsonaro pudesse ter comandado relevante operação criminosa, destinada diretamente ao então mandatário e sua filha L. F. B., sem, no mínimo, conhecimento e aquiescência daquele, circunstância que somente poderá ser apurada mediante a realização da medida de busca e apreensão requerida pela autoridade policial”, afirmou o ministro.

A operação chegou perto do núcleo duro do ex-presidente, com a prisão de três de seus principais auxiliares, o tenente-coronel Mauro Cid, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro.

Max e Cordeiro são 2 dos 8 cargos de assessor a que Bolsonaro tem direito como ex-presidente da República. Este último foi, inclusive, quem cedeu a casa para o ex-mandatário realizar lives durante a campanha eleitoral, quando foi proibido de fazê-las no Palácio da Alvorada.

NOTA

É surpreendente que o tenente-coronel Mauro Cid, que caminhava para se tornar “tríplice coroado” nos concursos do Exército, sempre ficando em primeiro-lugar na sua turma, tenha sido tão idiota, jogando sua carreira no lixo. Por causa da aversão imatura e imbecil de Bolsonaro às vacinas, toda essa confusão, que praticamente encerra a carreira política de Bolsonaro. Segundo a Folha, já arranjaram seis crimes ou infrações para enquadrar Bolsonaro. Nenhum ficcionista se arriscaria a criar uma história tão inverossímil.

 

       Servidora nega que tenha vacinado Jair Bolsonaro e diz que foi coagida a fornecer senhas

 

A servidora apontada como aquela que vacinou o Jair Bolsonaro (PL) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), prestou depoimento nesta quinta-feira (4) à Polícia Federal e afirmou que não imunizou o ex-presidente e que foi coagida a entregar sua senha de acesso ao sistema do SUS para que fosse feita a adulteração do cartão de vacinação.

O depoimento da servidora faz parte de uma ampla frente de investigação realizada no município, onde teria sido operado o esquema que fraudou os cartões de vacinação de Jair Bolsonaro, sua filha Laura de 12 anos e mais dois assessores, além do deputado federal Gutemberg Reis (MDB). A PF aponta que servidores da Prefeitura de Caxias, como ela, teriam inserido no ConecteSUS os dados falsificados de vacinação dos citados.

Gutemberg é irmão de Washington Reis, atual Secretário de Transportes do Estado do RJ e ex-prefeito da cidade, que chegou a ter R$ 2,5 milhões bloqueados pela Justiça por suspeita irregularidades em campanha eleitoral. Vale lembrar que ele estava à cabeça da Prefeitura durante a pandemia de Covid-19, quando o município registrou enormes filas, aglomeração e desorganização durante campanha de vacinação. Os dois irmãos foram eleitos deputados federais no ano passado.

Na última quarta-feira (3) a PF cumpriu uma série de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, em que prendeu o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros 5 assessores de Bolsonaro. Também apreenderam pendrives e celulares na residência do ex-presidente e dos auxiliares que foram alvos da chamada Operação Venire (que em italiano pode ser traduzida ao pé da letra pelo verbo "vir", ou ser usada como gíria equivalente ao verbo 'ejacular'). A investigação agora contará com a análise pericial desses materiais.

De acordo com os dados registrados no ConecteSUS, Bolsonaro teria se vacinado com duas doses da Pfizer. A primeira em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias e a segunda em 14 de outubro no mesmo local. Ainda em Duque de Caxias, sua filha Laura, de 12 anos, teria tomado ambas doses: a primeira em 24 de julho e a segunda em 13 de agosto de 2022. O ex-presidente declarou ontem, após visita da PF à sua casa, que nem ele e nem a filha se vacinaram.

De acordo com a PF, os dados foram inseridos no sistema em 21 de dezembro. João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de governo de Duque de Caxias, é apontado como o responsável pela inserção dos dados. Ele é um dos presos pela operação Venire. Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, ligada à Prefeitura, teria excluído estes dados e 27 de dezembro, afirmando que foram um “erro”.

 

Fonte: Viomundo/Tribuna da Internet/FolhaPress/Fórum

 

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