Com
decisão do Copom, Brasil continua com a maior taxa de juros reais do mundo
A taxa básica de juros brasileira (Selic) não sobe
desde junho de 2022, mas o país continua no topo do ranking global de
juros reais, segundo levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset
Management. Já a Argentina ocupa a última posição na lista de 40 países (veja
mais abaixo).
Em decisão nesta quarta-feira (3), o Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a
taxa básica de juros inalterada, em 13,75% ao ano.
Descontada a inflação esperada para os próximos 12
meses – de 5,32%, segundo relatório Focus, do BC – os juros reais ficaram
em 6,82%. A taxa é sufiente para manter o país no topo da lista, acima
de México, Colômbia, Chile e Filipinas.
A taxa de juros real é calculada com o abatimento da
inflação prevista para os próximos 12 meses, sendo considerada uma medida
melhor para comparação com outros países.
<<<< VEJA O RANKING ABAIXO:
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Juros nominais
Considerando os juros nominais (sem descontar a
inflação), a taxa brasileira se manteve na segunda posição – atrás apenas
da Argentina, onde a taxa é de 91%, mas onde a
hiperinflação derruba a taxa real.
## Veja abaixo:
- Argentina: 91,00%
- Brasil: 13,75%
- Colômbia: 13,25%
- Hungria: 13,00%
- Chile: 11,25%
- México: 11,25%
- Turquia: 8,50%
- África do Sul: 7,75%
- Rússia: 7,50%
- República Checa: 7,00%
- Polônia: 6,75%
- Índia: 6,68%
- Filipinas: 6,25%
- Indonésia: 5,75%
- Hong
Kong: 5,25%
- Nova Zelândia: 5,25%
- Estados Unidos: 5,00%
- Canadá: 4,50%
- Cingapura: 3,78%
- Israel: 4,50%
- China: 4,35%
- Reino Unido: 4,25%
- Austrália: 3,85%
- Alemanha: 3,75%
- Áustria: 3,75%
- Espanha: 3,75%
- Grécia: 3,75%
- Holanda: 3,75%
- Portugal: 3,75%
- Suécia: 3,75%
- Bélgica: 3,75%
- França: 3,75%
- Itália: 3,75%
- Coreia do Sul: 3,50%
- Malásia: 3,00%
- Dinamarca: 2,60%
- Tailândia: 2,00%
- Taiwan: 1,88%
- Japão: -0,10%
- Suíça: -0,75%
Ø Copom mantém Selic em 13,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (03), manter a taxa Selic
em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde o início de agosto de 2022.
A decisão se deu em meio às persistentes críticas do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros do governo ao atual
nível da taxa de juros.
·
Paciência e serenidade
No comunicado divulgado após o encontro, o comitê
avalia que o momento requer "paciência e serenidade na condução da política
monetária".
O comitê ressalta ainda que poderá "retomar o
ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como
esperado". Ou seja, poderá voltar a aumentar a Selic em outro momento, se
necessário. Porém, desta vez, o próprio Copom reconhece, diferentemente do
comunicado anterior, que este é um "cenário menos provável".
"O Comitê avalia que a conjuntura demanda
paciência e serenidade na condução da política monetária. O Copom enfatiza que,
apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de
ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", diz o
comunicado.
No comunicado, o Copom também não dá indícios sobre
uma eventual redução da taxa de juros nas futuras reuniões.
O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para
definir a taxa básica de juros da economia. Esta é a terceira reunião do grupo
durante o governo Lula. A próxima está marcada para os dias 20 e 21 de junho.
É também a sexta vez seguida em que o comitê se
reúne e decide pela manutenção da taxa – o resultado
já era esperado pelo mercado.
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Comunicado Copom
O comitê avalia que:
- No cenário externo, o ambiente se mantém adverso por conta dos
recentes episódios envolvendo bancos. O Copom acrescenta ainda que a
inflação se mantém "resiliente" lá fora e que "os bancos
centrais das principais economias seguem determinados em promover a
convergência das taxas de inflação para suas metas";
- No cenário interno, o Copom pondera que persiste o ambiente de
desaceleração da economia e que a inflação ao consumidor segue acima do
intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.
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Arcabouço fiscal
Para o Copom, ainda existe incerteza sobre o desenho
do arcabouço fiscal que será aprovado pelo Congresso Nacional e sobre o impacto
da proposta nas trajetórias da dívida pública e da inflação.
O comitê avalia que a apresentação da proposta de
arcabouço fiscal reduziu "parte da incerteza advinda da política
fiscal", mas, por outro lado, é preciso seguir atenção na condução da
política monetária porque "o processo desinflacionário tende a ser mais
lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas".
"O Copom enfatiza que não há relação mecânica
entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia
que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação
necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário
Nacional", diz o comunicado.
O projeto de arcabouço fiscal foi entregue pelo
governo federal ao Congresso Nacional em abril. Nesta quarta-feira (03), o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu ao presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), que a votação do projeto do fique para a terceira semana deste
mês, a partir do dia 15.
·
Críticas ao patamar da Selic
O governo Lula tem pressionado o Banco Central a
reduzir a taxa de juros. A avaliação é que o atual patamar da Selic inibe o
crescimento da economia.
Em evento com centrais sindicais em celebração ao
Dia do Trabalho (1º), associou o nível da Selic ao desemprego e disse que a
taxa de juros é parcialmente
"responsável" pela situação do país.
Ontem (02), durante o primeiro dia de reunião do
Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu
que o BC já poderia iniciar o processo de corte dos juros básicos da economia
nesta semana.
Por outro lado, o presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto, tem defendido que o Copom
atua de forma técnica para buscar o atingimento das metas de inflação.
Desde 2021, o Banco Central possui autonomia
operacional para definir a política monetária com objetivo de controlar a
inflação.
·
Taxa básica de juros
A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o
principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a
inflação.
Ela influencia todas as taxas de juros do país, como
as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações
financeiras.
Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com a meta de inflação, o
BC pode reduzir a Selic;
Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e
será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. A meta de
inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre
1,5% e 4,5%.
Fonte: g1
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