domingo, 28 de maio de 2023

Caldeirão do PSDB baiano em grande ebulição

Em evento com quadros estaduais do PSDB que teve a presença do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), no auditório do edifício Torre América na manhã deste sábado, 27, foi cogitado por uma importante liderança a possibilidade de a legenda ter um candidato próprio em 2024.

Presidente estadual do partido e único deputado federal tucano da Bahia, Adolfo Viana (PSDB-BA) questionou o motivo de o PSDB não poder ter seu próprio palanque, ao ser perguntado se apoiaria o prefeito Bruno Reis (União Brasil) ou alguém do grupo de Jerônimo Rodrigues (PT) no pleito municipal do ano que vem em Salvador.

“Podemos ter o nosso palanque, por exemplo. Por que gente sempre tem que estar em algum palanque e não construir o nosso palanque? Não podemos ter o nosso? A eleição é no ano que vem. O momento agora é de trabalhar por Salvador, pela Bahia e pelo Brasil”, afirmou Viana.

Perguntado em seguida se o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), é um bom nome para concorrer ao cargo de prefeito da capital baiana, Viana, que durante a entrevista estava ao lado de Muniz, desconversou. “Ele [Muniz] nos honra muito com sua presença. Alguém que deu força ao partido e com quem a gente está construindo a política da melhor maneira possível, com franqueza e clareza. Sem dúvida nenhuma, todos os partidos queriam ter o presidente da Câmara, e o PSDB foi contemplado”, continuou.

Desde a semana passada, durante a visita dos ministros Rui Costa e Camilo Santana a Lauro de Freitas, durante entrega de uma escola, lideranças do PT confirmaram o interesse de ter o PSDB na base do governo Jerônimo Rodrigues (PT) e que o diálogo estaria em andamento.

Na Câmara Municipal, no entanto, o PSDB tem boa relação com Bruno Reis, o que fez a vereadora Cris Correia (PSDB) e o próprio Carlos Muniz descartarem a hipótese de rompimento com a Prefeitura. Chefe da Serin e aliado do governador, Luiz Caetano (PT) diz que pretende fazer o possível para tirar os tucanos do vínculo com o Executivo Municipal.

•        Adolfo Viana nega rompimento com Bruno Reis

Com diversas sinalizações de que pode se aproximar do governo Jerônimo Rodrigues (PT), o presidente do PSDB-BA, Adolfo Viana, se reuniu com seus quadros estaduais e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), na manhã deste sábado, 27. No encontro, ocorrido no auditório do edifício Torre América, em Salvador, o único deputado federal eleito pela legenda, na Bahia, negou que romperia relações com o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil).

Em coletiva de imprensa, o deputado federal Adolfo Viana, que minutos antes do encontro tomou café da manhã com o governador Jerônimo Rodrigues, esclareceu o posicionamento adotado pelo PSDB e os planos do partido para a Bahia.

"A Esquerda e a Direita vivem nessa guerra, nessa polarização que não nos leva a lugar algum. O governador [Eduardo Leite] sempre disse, em sua caminhada, que o PSDB precisava atacar os problemas e não as pessoas. Acho que nós precisamos ter essa postura aqui na Bahia. Podemos, sim, conversar com o governador [Jerônimo Rodrigues] e continuar essa excelente relação que temos com o prefeito Bruno Reis, mas sempre visando o interesse do estado da Bahia. Não tem por que nos privar de sentar na mesa pra gerar aquilo que é positivo pra Salvador, pra Bahia e para o Brasil", afirmou.

Em relação ao PSDB integrar o governo Jerônimo Rodrigues, Viana ressaltou que a sigla apoiaria a gestão estadual nas pautas que julgassem boas para o estado.

"Nós vamos dialogar com o governador [Jerônimo Rodrigues], que tem feito sinalizações objetivas e elegantes para o PSDB, respeitando as nossas posições, as nossas bandeiras. Não só o governador, o vice-governador (Geraldo Junior) e as grandes lideranças do governo. Mas eles sabem que nós temos altivez e independência para apoiar aquilo que for positivo e se opor àquilo que não concordamos", destacou.

Sobre as consequências que uma aproximação com o governo estadual poderia ocasionar na relação entre a legenda e a gestão municipal, o presidente "tucano" afirmou não há dúvidas quanto a solidez da aliança entre as partes, visto que há indicações e participações do partido na gestão do prefeito Brunos reis.

"Minha relação com Bruno sempre foi muito boa, muito madura e muito franca. Não tem nada que não tenha sido conversado. Afinal de contas, eu acho assim: nós estamos aqui reafirmando o que o governador Eduardo leite acaba de dizer. O PSDB, na Bahia, vai continuar mantendo essa relação com Bruno Reis, mas abrindo a possibilidade de conversar com o governador [Jerônimo Rodrigues]de forma madura, defendendo sempre o interesse do estado da Bahia. Não tem por que ser diferente".

Segundo o parlamentar, a aproximação com a gestão estadual acontece a partir de uma sinalização do governador petista de buscar dialogar com o PSDB sobre pautas em prol da Bahia.

"Nós não vamos nos opor a defender aquilo que é importante para a Bahia. Isso seria fazer uma oposição radical e não é o perfil do PSDB. As pessoas falam que o PSDB fica em 'cima do muro'. Mas, se ficar em cima do muro é ouvir os dois lados para extrair o que tem de melhor da Esquerda e da Direita, eu não fico desconfortável em estar em cima do muro", concluiu.

•        "Neste momento, o candidato do PSDB é Bruno Reis", diz Carlos Muniz

Presidente da Câmara Municipal de Salvador, o vereador Carlos Muniz (PSDB) foi questionado sobre quem o seu partido defenderia nas eleições municipais do ano que vem em Salvador.

De acordo com o edil, caso o pleito fosse realizado hoje, o candidato escolhido pelo Partido Social da Democracia Brasileira seria o atual prefeito de Salvador, Bruno Reis (União).

"A ponte entre o PSDB e o governo Jerônimo fui eu, eles não conversavam antes. Em relação a apoio, a eleição falta mais de um ano e o PSDB pode conversar sobre isso no futuro. Neste momento, o candidato do PSDB é Bruno Reis", garantiu.

Sobre sua vontade pessoal, Muniz reiterou o desejo de ver outro personagem no páreo: o ex-vice presidente da CMS e atual vice-governador do estado Geraldo Júnior (MDB).

"Meu desejo, já falei em outras ocasiões, que é ver Geraldo Júnior como prefeito. Se ele conseguir fazer isso, será meu candidato à prefeitura de Salvador", concluiu Carlos Muniz.

<<< PT e PSDB

Questionado sobre a declaração do secretário Luiz Caetano, que manifestou desejo em afastar o PSDB do União Brasil, o vereador se esquivou e disse que a conversa ainda não está em pauta.

"Isso não está em pauta no momento. A pauta do momento é ter apoio na assembleia legislativa e no governo de Lula. Infelizmente, não poderemos conversar sobre algo que não tem sido tratado pelo partido", completou.

•        "Há conversa, mas o martelo ainda não foi batido", diz Pablo Roberto

Presente na reunião estadual do PSDB, realizada em Salvador na manhã deste sábado, 27, o deputado estadual Pablo Roberto afirmou que entende a posição do partido que, ao longo de sua história vem dialogando e conversando com outras legendas, mas que suas posições serão tomadas de acordo com sua base política em Feira de Santana.

Ao Portal A TARDE, o parlamentar lembrou que ganhou a última eleição com um discurso de oposição ao governo petista, e que o sensato seria ouvir seus apoiadores antes de adotar qualquer posicionamento.

"Qualquer decisão que Pablo Roberto for tomar depende primeiro da escuta com a base de Feira de Santana, com as lideranças que compõem o meu grupo político em Feira de Santana. Claro que eu entendo qualquer decisão que o partido venha a tomar com relação a essas tratativas, mas Pablo Roberto só vai tratar desse assunto após ouvir a sua base, a sua militância na cidade de Feira de Santana, por tudo que temos construindo e pavimentando para o futuro", destacou

Questionado sobre o aceno do PSDB à gestão estadual e se tal aliança geraria um desconforto para seu grupo político, o deputado comentou uma possível integração da legenda à base do governo Jerônimo Rodrigues.

"Não. Tudo o que nós acompanhamos até aqui, inclusive o que a grande mídia estadual divulgou, é que o governador, que deu entrevista na semana passada, tem esse desejo, e o presidente estadual do partido, o deputado Adolfo Viana, colocou que o PSDB é um partido de diálogo, de conversa. Então, claro que decisões como essa não se resolvem em um café da manhã, é preciso muito diálogo, muita conversa. Não dá pra negar que as conversas estão acontecendo, mas também não posso adiantar de que o martelo está batido", revelou.

Roberto disse ainda que espera que a sigla possa tomar uma decisão com vistas ao que seja bom para a Bahia, sem deixar de considerar a importância de cidades como Feira de Santana, Juazeiro e Vitória da Conquista nesse processo.

"Então, existe alguns pontos que devem ser tratados e com bastante cuidado nessa conversa que está acontecendo. Eu acho que quando você assume um compromisso muito sério com a sociedade, com as pessoas que lhe colocaram no cargo eletivo, você tem acima de tudo um compromisso com o eleitor, com o cidadão. Então qualquer movimento que aconteça com relação a uma possível apoio do PSDB à base do governo, não vai mudar o posicionamento de votar naquilo que é importante pra Bahia", completou.

•        Prefeita de Juazeiro diz respeitar adversários e estar para "o que acontecer"

Diante do interesse político do grupo do PT nos tucanos baianos, a prefeita de Juazeiro, Suzana Ramos (PSDB), parece não ter problemas com a aliança entre os dois partidos. Durante o evento que reuniu os grupos, na manhã deste sábado, 27, em Salvador, a gestora da cidade afirmou que respeita os "adversários". "Não teria problema nenhum em sentar com qualquer um dos candidatos de oposição e estou ai para o que acontecer", declarou em entrevista ao Portal A TARDE.

Suzana Ramos também não acredita que a relação entre os tucanos e a base do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), fique estremecida, caso o grupo chegue para a base do governador do Estado, Jerônimo Rodrigues (PT). "Agora tenho que trabalhar por Juazeiro. Lógico que em uma cidade, se vc tiver uma prefeita ao lado do governador, quem vai ganhar é a população e eu estou ai para o que der e vier", concluiu.

Aqui na Bahia, especula-se a possibilidade de o partido ir para a base de Jerônimo Rodrigues. Depois de um longo período, o partido voltou a ter um certo “poder” com Carlos Muniz, presidente da Câmara de Vereadores de Salvador.

•        Caetano sobre relação do PSDB com prefeitura: "Quero tirar eles de lá"

O titular da Secretaria das Relações Institucionais (Serin) do governo da Bahia, Luiz Caetano (PT), falou com o Portal A TARDE após as coletivas do governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), e o deputado federal Adolfo Viana (PSDB-BA).

Em entrevista exclusiva, o secretario ratificou que a gestão estadual baiana está aberta ao diálogo com o Partido da Social Democracia Brasileira e reforçou a intenção de afastá-lo da gestão municipal, encabeçada pelo prefeito Bruno Reis.  

"Nós ainda não conversamos com o PSDB, mas estamos abertos ao diálogo. Obviamente que, quando eles quiserem conversar, iremos conversar normalmente. O Adolfo é uma pessoa muito comprometida com o trabalho, um cara muito sério. Não temos porquê não conversarmos, mas ainda não fizemos. Já falei e repito, eu sei que eles estão com Bruno Reis, mas eu quero tirar eles (o PSDB) de lá", afirmou.

<<<< Contexto

Nas últimas semanas, a 'paquera' entre PT e PSDB têm se intensificado bastante, principalmente do lado petista. Presidente do PT Bahia, Eden Valadares chegou a dizer, inclusive, que as conversas ainda eram "namoro, e não casamento".

O governador Jerônimo Rodrigues seguiu na mesma linha, dizendo que o partido da esquerda tinha interesse em manter o flerte com os Tucanos. "Tenho o interesse de ter o apoio do PSDB, mas estamos pensando nisso de forma alinhada com o presidente Lula", afirmou o gestor baiano na ocasião.

Mais cedo neste sábado, Eduardo Leite e Adolfo Viana se reuniram com Jerônimo para um café da manhã, o que levantou ainda mais as suspeitas de aproximação entre os partidos. No entanto, ao ser questionado sobre a situação, o governador gaúcho tratou de ratificar que o encontro não representava uma adesão.

Já Adolfo Viana reforçou a boa relação com o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), que, em tese, faz oposição ao PT na Bahia. Mesmo assim, o parlamentar garante que estão abertos ao diálogo.

 

Fonte: A Tarde

 

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