sábado, 27 de maio de 2023

A moeda de platina de US$ 1 tri que EUA poderiam usar para evitar calote

O tempo está se esgotando para republicanos e democratas concordarem em aumentar o limite da dívida dos EUA para evitar que o governo federal declare moratória.

Se um acordo não for alcançado antes de junho, Washington não conseguirá cumprir suas obrigações e isso pode ter sérias consequências para a economia global, já que os EUA continuam sendo o principal motor econômico do planeta.

Nos últimos dias, a Casa Branca e os republicanos no Congresso deram sinais de que as negociações estão avançando positivamente, embora isso não tenha impedido que o nervosismo se espalhasse.

O cenário levou alguns analistas a falarem sobre uma opção — descabida para muitos — de último recurso: a emissão de uma moeda de platina de US$ 1 trilhão (R$ 5,04 trilhões) para salvar o país do calote.

Isso porque uma lei de 1997 autoriza o secretário do Tesouro dos Estados Unidos a cunhar moedas de platina de qualquer denominação e por qualquer motivo.

Os que defendem a cunhagem dessa moeda dizem que, diante da impossibilidade de um acordo no Congresso para aumentar o teto da dívida, ela serviria para financiar os gastos do governo americano e evitar a falência.

A secretária do Tesouro, Yanet Yellen, rejeitou a ideia, assim como outras autoridades do governo Joe Biden, embora isso não tenha impedido os defensores da moeda de 1 trilhão de dólares de fazerem suas vozes serem ouvidas.

·         Moedas para colecionadores

O poder do Secretário do Tesouro de cunhar moedas de platina de qualquer denominação nunca foi uma solução para aumentar o limite da dívida dos Estados Unidos.

O objetivo era fazer moedas de edição especial que os colecionadores pudessem comprar.

Mas e se os Estados Unidos decidissem produzir a moeda de 1 trilhão de dólares?

"Seria apenas preciso escrever U$ 1 trilhão na moeda e enviá-la para o Federal Reserve (banco central americano)", disse Philip Diehl, ex-chefe da Casa da Moeda dos EUA, ao programa Marketplace da rádio pública NPR.

Embora muitos riam imaginando que seria uma gigantesca e pesada moeda de platina, a verdade é que ela poderia ser tão pequena quanto uma simples moeda comum de 25 centavos de dólar que se guarda no bolso.

Nem precisaria ter todos os zeros listados para valer 1 trilhão. Bastaria que as palavras indicassem aquela denominação.

"Se você tiver que escolher entre a inadimplência e a cunhagem da moeda... o Poder Executivo não tem o direito de permitir a inadimplência", disse Rohan Gray, professor de direito da Willamette University, à NPR em Oregon, e um dos principais promotores da ideia.

A possibilidade da moeda de US$ 1 trilhão evitar o calote do governo de Washington foi descrita pela primeira vez em 2010 na seção de comentários de um blog dedicado à política monetária não convencional.

O comentarista era Carlos Mucha, um advogado desconhecido de Atlanta, considerado por alguns como o "criador intelectual" da moeda de platina, que se deparou com a cláusula da Lei da Moeda de 1997 que permite a cunhagem de moedas de platina.

“Curiosamente, o Congresso já delegou ao Tesouro a autoridade para cunhar uma moeda de US$ 1 trilhão”, escreveu Mucha no fórum, sem imaginar que seu comentário seria discutido nos corredores da Casa Branca e do Capitólio.

"A melhor coisa foi receber um e-mail de Phil Diehl, ex-diretor da Casa da Moeda", disse o advogado ao site de notícias Vox em entrevista.

Nela, conta Mucha, o economista lhe disse que sua proposta "realmente funcionaria".

·         Ideia que viralizou

Como uma bola de neve, o comentário do blog começou a ganhar seguidores. Mas foi só em 2011 que entrou no debate público, em meio à crise dos limites da dívida ocorrida durante o primeiro governo de Barack Obama.

Nessa época, foi publicada uma carta com o apoio de 7 mil assinaturas, inclusive de alguns economistas de peso, como o Prêmio Nobel Paul Krugman e o próprio Philip Diehl, promovendo a iniciativa.

Havia até uma hashtag no Twitter para isso: #MintTheCoin (algo como #CunheAMoeda).

A ideia, porém, não prosperou, mas toda vez que o drama político e econômico do limite da dívida é desencadeado, como agora, ela ressurge.

Em meio à crise atual, o governo de Joe Biden não considera uma alternativa possível.

"Na minha opinião, é uma artimanha", disse a chefe do Departamento do Tesouro, Janet Yellen, há alguns dias.

Alguns especialistas argumentam que a ideia de uma moeda de US$ 1 trilhão foi colocada na mesa como uma das armas de negociação política dos democratas contra os republicanos.

Os republicanos, que fazem oposição ao governo Biden, não estão dispostos a aprovar no Congresso o aumento do limite da dívida solicitado pelos democratas sem antes obter algumas contrapartidas, como o corte de gastos públicos.

Enquanto isso, o prazo se aproxima: 1º de junho.

 

Ø  Mídia: mundo enfrenta nova guerra econômica na qual Europa sofrerá por causa das ações dos EUA

 

O mundo está a caminho de uma nova guerra econômica devido à mudança no cenário monetário, escreveu Werner Plumpe, autor do jornal alemão WirtschaftsWoche.

O jornalista lembrou as observações do ex-presidente francês Valéry Giscard d'Estaing (1974-1981), que afirmou que os Estados Unidos desfrutavam do "privilégio exorbitante" da posição do dólar como moeda de reserva mundial, enquanto outros países são obrigados a financiar regularmente os déficits comerciais.

"Se os EUA, como a maioria dos outros países, tivessem que financiar esses déficits regularmente, dificilmente conseguiriam cobrir o déficit do balanço de pagamentos. Em vez disso, eles teriam que reduzir drasticamente as importações. Contudo, o 'privilégio exorbitante' permite que os EUA mantenham pelo menos parte de sua prosperidade às custas de outros países", explicou Plumpe.

Esse privilégio, disse ele, bem como o medo de perdê-lo em um mundo em transformação, incentivam Washington a fazer gestos agressivos.

"O objetivo da política dos Estados Unidos continua sendo manter esse privilégio. Isso explica muitas ações da política externa dos EUA, em especial suas tentativas de suprimir sistemas monetários e econômicos concorrentes [...] Uma guerra econômica mundial, cujos contornos já estão aparecendo, será o resultado mais provável dessa luta – com consequências desastrosas para a Europa, que se encontrará entre duas frentes", conclui o autor.

O Tesouro dos Estados Unidos adverte, em cartas ao Congresso, que os EUA provavelmente não conseguirão cumprir integralmente suas obrigações já em 1º de junho se os legisladores não autorizarem uma extensão dos limites de empréstimos até lá.

O atual teto da dívida dos EUA é de US$ 31,4 trilhões (R$ 155,65 trilhões). Ele foi atingido em janeiro, quando o governo implementou "medidas extraordinárias", como a suspensão das contribuições para o fundo social dos funcionários públicos, para evitar uma inadimplência.

 

Ø  Parlamentar russo: dívida pública dos EUA é um esquema de pirâmide para enganar outros países

 

Washington aumenta novamente o teto da dívida, usando esse mecanismo como um esquema de pirâmide para enganar outros países. O presidente da Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo), Vyacheslav Volodin, acredita que os países dependentes do dólar devem buscar uma alternativa.

"A dívida pública dos EUA é um esquema de pirâmide financeira mundial construído por Washington para enganar outros povos e países. Correto seria para os países dependentes do dólar buscarem já hoje uma alternativa a ele, reduzindo assim os riscos para seus cidadãos", escreveu Volodin no seu canal no Telegram.

Ele ressaltou que os EUA estão agora à beira da inadimplência e o presidente do país Joe Biden, "tal como seus antecessores, é forçado novamente a aumentar o teto da dívida dos EUA".

"Desde a Segunda Guerra Mundial, essa decisão foi tomada mais de 100 vezes. Os EUA vivem às custas de outros países. A capacidade de cumprir o serviço da dívida por conta própria está diminuindo", disse o parlamentar russo.

Ele acrescentou que em 2023 o montante de pagamentos de juros sobre a dívida pública dos EUA pode chegar a US$ 1,5 trilhão, o que é "quase um terço de todas as receitas do orçamento dos EUA". De acordo com Volodin, isso acarreta riscos cada vez maiores, por isso muitos países mudam para pagamentos em moedas nacionais.

 

Ø  Mídia: Reino Unido pode descongelar ativos russos se Moscou indenizar Ucrânia

 

O Reino Unido não devolverá os ativos russos congelados, avaliados em US$ 300 bilhões, até que as autoridades russas concordem em compensar a Ucrânia pelos danos causados pela ação militar, informa o Guardian.

Essa posição foi manifestada na semana passada pelo secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverley.

O jornal nota que cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão) em reservas do Banco Central russo estavam nos países do Grupo dos Sete (G7) no momento do congelamento, mas o "mapeamento" dos ativos não está completo.

Ao mesmo tempo, de acordo com o Guardian, uma estratégia alternativa, menos arriscada do ponto de vista legal, está "ganhando força" no Reino Unido, sugerindo que o Ocidente retenha os ativos da Rússia até que ela concorde em pagar uma indenização.

A Câmara dos Comuns britânica já exigiu que o governo desenvolva um plano para o uso dos ativos russos. Vários representantes do Partido Conservador, no poder, e do Partido Trabalhista, na oposição, defendem o confisco total.

No entanto, o governo britânico recusa-se a se comprometer com a expropriação dos fundos do Banco Central da Rússia, temendo que isso crie um precedente que paralise o sistema financeiro internacional e provoque contramedidas em relação a Londres, escreve o artigo.

Para explicar melhor isso, o artigo cita o aspecto jurídico da questão, segundo o qual "apreender, em vez de congelar, os ativos estatais russos seria uma violação da lei internacional".

A publicação especifica que, em 2022, os ativos estatais russos congelados no Reino Unido foram estimados em £ 26 bilhões (R$ 161 bilhões).

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que o reino estava trabalhando em um processo legal com seus aliados para usar esses ativos na reconstrução da Ucrânia.

Em 17 de maio, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que 46 Estados-membros do Conselho da Europa decidiram criar um "registro de danos" para fixar as perdas e a destruição na Ucrânia como resultado da operação militar russa.

O Japan Times informou, anteriormente, que os países do G7 também estavam procurando maneiras de transferir ativos russos congelados para Kiev.

 

Ø  Mídia: metadados sobre reserva do barco ligado às explosões do Nord Stream levam à Ucrânia

 

Os metadados descobertos como parte da investigação sobre a sabotagem dos gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte), que foram descobertos após a reserva do iate Andromeda, levam à Ucrânia, diz a revista Spiegel, citando investigadores.

"Os metadados do e-mail que foi enviado quando o iate Andromeda, que supostamente foi usado para transportar explosivos, foi alugado levam à Ucrânia", informa a publicação.

Antes disso, a Spiegel nomeou o modelo e o rumo do Andromeda, que teria sido usado na preparação do ataque terrorista ao Nord Stream. O porto de origem do iate é Breege, na ilha de Rugen.

A Spiegel informou que o iate Andromeda do modelo Bavaria Cruiser 50, de 15 metros, foi alugado por pessoas desconhecidas por meio de uma empresa de fretamento na ilha de Rugen.

De acordo com a revista, o barco saiu do porto de Rostock, no norte da Alemanha, e fez uma pequena parada em Wiek.

Por sua vez, o jornal alemão Suddeutsche Zeitung publicou anteriormente sua própria investigação, realizada em conjunto com outras mídias, na qual se sugere que pelo menos dois ucranianos estavam envolvidos nas explosões do Nord Stream.

De acordo com relatos da mídia, o Andromeda foi alugado pela empresa Feeria Lwowa, sediada em Varsóvia, fundada em 2016 e registrada em nome de dois ucranianos. Ao mesmo tempo, essa empresa recebeu subitamente € 2,8 milhões (R$ 15 milhões) em sua conta em 2020.

Observa-se que alguns membros do grupo, que podem estar envolvidos na sabotagem, apresentaram ao proprietário do Andromeda passaportes búlgaros e romenos falsos. Um deles era supostamente um passaporte romeno emitido em nome de Stefan Marcu.

De acordo com a investigação da mídia, o homem que se apresentou aos proprietários do Andromeda como Stefan Marcu pode ser um ucraniano de 26 anos e é conhecido pelas autoridades de segurança alemãs.

A equipe de jornalistas afirma que seu nome verdadeiro é conhecido, mas não foi revelado por motivos de segurança. Ele vem de uma cidade a sudeste de Kiev e fotos antigas nas mídias sociais o mostram de uniforme com seus companheiros e segurando uma Kalashnikov nas mãos. É provável que ele esteja agora servindo nas Forças Armadas da Ucrânia.

Os jornalistas também dizem que conseguiram identificar outro ucraniano que pode estar envolvido na sabotagem. Ele é de Odessa e os investigadores sabem dele.

No entanto, de acordo com a mídia, ele não esteve ativamente envolvido na sabotagem, mas desempenhou um papel de apoio.

As explosões ocorreram em 26 de setembro de 2022 ao mesmo tempo em dois gasodutos russos de exportação de gás para a Europa, o Nord Stream 1 e o Nord Stream 2.

A Alemanha, a Dinamarca e a Suécia não descartaram a possibilidade de sabotagem direcionada.

A Nord Stream AG, operadora do Nord Stream, informou que as situações de emergência nos gasodutos não têm precedentes e que o prazo dos reparos não pode ser avaliado.

O Ministério Público russo iniciou um processo de atentado terrorista internacional.

Em 8 de fevereiro, o jornalista norte-americano Seymour Hersh divulgou sua versão de que os explosivos nos gasodutos foram plantados por especialistas estadunidenses, apoiados por mergulhadores noruegueses, sob a cobertura do exercício BALTOPS 2022 da OTAN, que decorreu em junho de 2022. Ele acredita que a operação foi realizada sob ordens diretas da Casa Branca.

 

Fonte: BBC News Mundo/Sputnik Brasil

 

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