1.
"Reflitamento" para o óbvio!
"O
que diferencia um político de outro é a história que cada um carrega
consigo."
Peguei-me
lendo alguns artigos sobre as dificuldades pelas quais passa a Europa no
presente momento econômico. Lamentei a situação, pois, indiretamente, tal
realidade acaba nos contaminando. É certo que o Brasil navega acima dessas
turbulências, não obstante, se os nobres e distintos parceiros europeus
estivessem bem, nós, com a absoluta certeza, estaríamos ainda melhor. No
entanto, minha reflexão caminhava em outra direção. Por qual motivo
determinante a Europa é o que é e nós, América Latina e África, por exemplo, somos
o que somos? Qual terá sido o fator determinante, em estratégico momento
histórico, que nos levou a caminhos distintos, ou nos impediu de caminhar por
caminhos mais lógicos e inteligentes?
2.
Eles não são melhores do que nós.
Aqui
não há juízo de valor sobre o que é melhor ou pior em termos culturais. Isso
seria uma bobagem incomensurável. Nossa diversidade cultural, alegria quase
genética e criatividade renovável não deixam nada a desejar a ninguém. Somos
todos seres humanos com essência igual, então, como eles atingiram patamares de
vida tão diferenciados de nós? Como? Quando vemos uma cidade européia em
funcionamento e a comparamos com uma cidade do mesmo porte na África ou da
América Latina, quase sempre, temos um susto diante da distância existente
entre os dois espaços. Não é só o dinheiro. Não é só a história. Não é só a
inteligência. Embora muitos teimem em duvidar, há tudo isso por cá em doses
consideráveis. A Europa do século XIX, na maioria de suas regiões, não era
muito diferente dos outros lugares em termos de miséria, ignorância e pobreza.
Aliás, em termos de ignorância, o Velho Mundo possui exemplos maravilhosos.
3.
A formação do ser humano
A
grande diferença esteve na política. Nas decisões de organização social e nas
opções escolhidas ao longo de um extenso processo. A desconformidade profunda
está na educação, na formação de cada povo e na valorização da cultura de cada
nação. As contradições nunca foram genéticas. Não aceito a possibilidade de
alguém acreditar no fato das pessoas nascerem em Uganda seja motivo para serem
pobres, miseráveis, desnutridas, ignorantes e incapazes de produzir riqueza,
com vistas apenas à sua sobrevivência. Não vamos discutir as causas gerais, mas
o fato de ter sido negado ao povo de lá, e de outros locais, o acesso à
educação, ajudou, de forma determinante, a produzir esse resultado catastrófico
que presenciamos, confortavelmente, instalados em nossos sofás.
4.
Não queremos copiar ninguém
Importar
modelos e implantá-los pelas bandas de cá, à fórceps, nunca será o melhor
caminho para mudanças significativas, duradouras e eficientes. O aprendizado
pela observação atenta e inteligente, entretanto, costuma poupar lágrimas e
dores profundas. A educação é o caminho natural para essas transformações,
contudo é necessário que o país assuma isso enquanto estratégia de nação.
Estamos avançando, e com a entrada dos recursos do Pré Sal, o ritmo tende a
acelerar, pois não se faz educação de qualidade sem dinheiro. Ficamos séculos
sob a tutela de um Estado patrimonialista gerido por uma burguesia retrógrada,
incapaz de ver as oportunidades e as mudanças em curso no mundo. O medo da
classe dominante em perder privilégios, espaços e riqueza impediu a nação de
avançar. Uma pena. Um desastre histórico.
5.
Reflitamento...
Saímos
de um patamar de 4,1% do PIB destinados à educação em 2002, e atingiremos, com
o Novo Plano Nacional de Educação, 10% do PIB. Seremos uma referência no mundo.
O Pré Sal injetará mais e 1 trilhão de reais no setor e mudará os destinos da
próxima geração. O Petróleo não pode ser política estratégica apenas de um
Governo, ele precisa ser assimilado pela nação e tornar-se uma prioridade de
país. Vamos torcer para que o povo brasileiro escolha bem. Afinal (na política)
não adianta reclamar do bolo a ser comido amanhã se na hora de fazê-lo (hoje) o
cidadão usa ovos podres na massa...
Autor:
David
Nogueira - Professor e jornalista, foi dirigente da
CUT, da CNTE e ex-secretário de Comunicação do PT/RO; membro do diretório PT/RO
Nenhum comentário:
Postar um comentário