As
pesquisas desta semana sobre a sucessão presidencial revelam um fenômeno curioso.
O eleitor do PSDB, tradicionalmente conservador, decidiu trocar um candidato
que poderia ser muito competitivo num eventual segundo turno, o senador Aécio
Neves (PSDB-MG), pela incógnita representada por Marina Silva.
O
que explica esse comportamento é uma teoria lançada pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e que foi rapidamente abraçada por lideranças em torno da
candidatura Aécio. Mais importante do que vencer, seria derrotar o chamado
"mal maior" representado pelo PT. Assim, bastou uma primeira sondagem
apontando que Marina Silva, ao contrário de Aécio, poderia vencer Dilma
Rousseff num ainda distante segundo turno para que os tucanos, em peso,
embarcassem na lógica do voto útil. Antes uma Marina na mão, do que um Aécio
voando.
Mas
será que existe realmente uma "Marina na mão"? Por mais que ela
esteja cercada de banqueiros e de economistas alinhados com um pensamento
liberal, será mesmo que um eventual governo Marina se deixará sequestrar
completamente pela agenda do PSDB? Para quem lembra que Marina, em nome de suas
convicções, deixou PT, o PV e irá abandonar o próprio PSB em 2015 para criar
sua Rede, essa é uma aposta um tanto arriscada.
O
desespero tucano, no entanto, causou tremendos danos à candidatura Aécio e ao
próprio PSDB, que fatalmente elegerá uma bancada menor e passou a correr o
risco de perder governos estaduais importantes, com essa lógica do vale-tudo
(inclusive Marina) contra o PT. Dias atrás, Aécio se viu forçado a chamar uma
coletiva para negar sua desistência. E teve ainda que repreender um aliado, o
senador Agripino Maia (DEM-RN), que já prometia apoio a Marina num eventual
segundo turno.
Por
mais difícil que seja a situação do PSDB, viradas acontecem. Em 2002, por
exemplo, houve um momento em que Ciro Gomes parecia eleito, antes de evaporar.
No entanto, para que uma reviravolta aconteça, os primeiros a acreditar nela
devem ser os tucanos e seus aliados.
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