Tadeu Porto: Se ergues da justiça a clava
forte, o covarde foge à luta
Uma ação vale mais que mil palavras e, ao
trair a frase mais emocionante do hino nacional, Eduardo Bolsonaro dá mais um
passo para confirmar o que muitos já sabem: que ele e sua família são, na
prática, covardes.
O deputado federal, agora licenciado, resolveu
fugir do Brasil, justamente as fronteiras que o sustentou durante a maior parte
de sua vida, deixando para trás seus seguidores na linha de frente da disputa
política em território nacional.
Uma liderança que abandona o território real
de disputa, refugiando-se apenas no campo das ideias, querendo mandar e
desmandar de longe, é indubitavelmente um covarde.
Assim como na tentativa de golpe do 8 de
janeiro, a família Bolsonaro mais uma vez arrisca a vida de pessoas no
"front", enquanto desfruta de uma vida de privilégios, passeando de
moto e jet ski. O "exílio" do príncipe herdeiro, vivendo
confortavelmente nos EUA enquanto seus apoiadores colocam a mão na massa, é a
prova definitiva de seu distanciamento da verdade.
Além do mais, a traição vai além da covardia.
Buscar abrigo em um país cuja história é marcada por tentativas de subjugação
do povo brasileiro é um ato que fala por si só. Qualquer retaliação que vier de
fora e que prejudicar o povo brasileiro será de responsabilidade do
bolsonarismo e de sua sede de poder acima do bem-estar da população.
A verdadeira liderança não se mede por
discursos inflamados à distância, mas pela disposição de enfrentar as
dificuldades junto ao povo. Enquanto a família Bolsonaro se esconde atrás de
muros altos e fronteiras distantes, o Brasil segue em frente, buscando um
futuro mais justo e democrático. E esse futuro, com certeza, não terá espaço
para covardes.
• Eduardo
Bolsonaro jura vingança após decisão de Moraes: "ganharam a maior pedra no
sapato"
Com olhos vermelhos e marejados, em meio aos
prantos ao confirmar a fuga para os EUA, Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) divulgou um
vídeo nas redes sociais na noite desta terça-feira (18) após o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitar e arquivar a
ação que pedia a cassação de seu passaporte.
Destilando ódio, o filho "03" de
Jair Bolsonaro (PL), reiterou as ameaças contra o Brasil, dizendo que será
"a maior pedra no sapato" e jurando vingança a Moraes e aos
adversários políticos, em especial aos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e
Rogério Correia (PT-MG), que moveram a ação pedindo o confisco do passaporte.
"Agora a PGR decidiu que é contra a
cassação de meu passaporte. E olha que casualidade: quando chega nas mãos de
Alexandre de Moraes, no mesmo dia, talvez não tenha passado nem uma hora, ele
vai e arquiva o pedido dos deputados do PT. Podem estar comemorando agora que
eu não estou na presidência da Creden, mas ganharam a maior pedra no sapato.
Podem ter certeza absoluta disso: o que eu vou fazer aqui fora, a energia que
eu vou colocar nisso tudo, é diretamente proporcional à vontade de vocês me
humilharem", disse.
Eduardo se refere à comemoração do líder e
vice-líder do PT na Câmara, que em vídeo falaram da "importante"
repercussão na casa legislativa da fuga de Eduardo, que era o indicado do PL
para assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores. Sem Eduardo, o
PL deve indicar o deputado Zucco (PL-RS), que é líder da minoria, ou Filipe
Barros (PL-PR), que tem o apoio de Bolsonaro.
O ex-deputado, que abandonou os mais de 700
mil eleitores paulistas que deram seu voto a ele em 2022, ainda afirmou que
acredita na "providência divina" para virar essa história.
<><> Benção de Trump
Além da "providência divina",
Eduardo Bolsonaro contou com o aval de Donald Trump para ficar nos EUA, onde
deve residir com a esposa e os dois filhos para levar adiante a tentativa de
conspirar, levantando sanções e tentando interferir na política interna do
Brasil.
Segundo informações de Malu Gaspar, no jornal
O Globo, o filho de Bolsonaro "vinha cogitando o plano há dias e discutiu
a estratégia com a Casa Branca de Donald Trump antes de bater o martelo sobre
não retornar ao Brasil".
A jornalista creditou a informação a Paulo
Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo e denunciado na quadrilha
golpista, que atua com Eduardo na cooptação de apoio de parlamentares e
políticos da ala radical do trumpismo para se vingar do Brasil.
De acordo com Figueiredo, não houve objeção
do governo Trump em abrigar Eduardo, embora o republicano esteja prendendo e
fazendo deportações em massa de imigrantes ilegais.
<><> Choro ao vivo
Antes de prometer vingança, Eduardo
protagonizou uma cena patética nas redes sociais durante entrevista ao
jornalista Luis Ernesto Lacombe, quando caiu no choro e tentou se esconder
embaixo da mesa.
"É que eu não gosto de parecer que eu tô
me vitimizando, né?, disse, se vitimizando ao falar que pode nunca mais ver o
pai.
"O que eu vou fazer? E se ele resolver
me prender igual ele fez com o Daniel Silveira devido ao que eu tenho falado,
né? Eu vou ficar sem ver meus filhos crescer? Vou ficar, poxa, Jorge há quatro
anos, Jair Henrique um ano, e minha mulher tendo que me visitar em cadeia sendo
que não cometi crime nenhum, entendeu? Então tem muita coisa que pesa quando
você toma essa decisão", disse Eduardo, às lágrimas.
Ele afirmou que seu pai autorizou a fuga:
"Conforme eu fui conversando com ele, ele foi entendendo os meus
argumentos também, ele aceitou a decisão", disse.
<><> Bolsonaristas presas
Na segunda-feira (17), Figueiredo falou sobre
outro caso que circunda o bolsonarismo e comparou o caso das quatro
bolsonaristas presas pelo governo Donald Trump nos EUA com o do colega Allan
dos Santos, que também se refugiou nos EUA.
Raquel Lopes, Rosana Maciel e Cristiane da
Silva, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e Michely Paiva, que
também é ré por golpe de Estado, foram presas ao entrarem ilegalmente nos EUA,
onde pretendiam buscar refúgio político.
Raquel foi presa em 12 de janeiro, em La
Grulla, na fronteira do México com o Texas, enquanto as outras três golpistas
foram para a cadeia em 21 de janeiro, um dia após a posse de Trump. Elas foram
capturadas em El Paso, na mesma fronteira de EUA e México.
Na rede X, Figueiredo afirmou que "é uma
situação muito difícil para quem entrar ilegalmente nos EUA, pois o governo
Trump tem uma política de tolerância zero".
"É uma questão, portanto, imigratória
(deportação) e não criminal (extradição). Casos totalmente diferentes do Allan
e outros asilados", afirmou.
Figueiredo, que atua com Eduardo Bolsonaro
(PL) para fazer lobby por uma intervenção de Trump na "ditadura do
judiciário" no Brasil, então sinalizou qual seria o caminho para livrar as
golpistas da prisão.
"O governo americano não extraditará
procurados pela ditadura do Alexandre, mas deportará brasileiros e quaisquer
imigrantes que entrem ilegalmente no país", emendou, fazendo um
"apelo" para que os golpistas "não entrem ilegalmente nos EUA e
não venham sem um caso imigratório sólido".
Figueiredo ainda ironizou o comentário de um
seguidor, que disse que "elas poderiam entrar facilmente com pedido de
asilo por perseguição política".
"Nossa ninguém nunca tinha pensado
nisso", respondeu Figueiredo.
Segundo informações divulgadas por Jamil
Chade, no portal Uol, alas políticas mais radicais do trumpismo já teriam
colocado o tema em debate nos "círculos mais próximos da Casa Branca"
alegando que seria um feito para levantar a bandeira que vem sendo defendida
por Trump para intervir no cenário internacional: a interpretação que fazem
sobre liberdade de expressão.
O Departamento de Estado, no entanto, não se
pronunciou sobre o caso.
Essa ala mais radical querem que as
brasileiras, presas pela ICE - a polícia de imigração dos EUA -, sejam tratadas
como foragidos e recebam um tratamento semelhante a que Trump deu aos invasores
do Capitólio, perdoando as penas e os considerando como "heróis".
Esses radicais estariam usando argumentações
propagadas por Elon Musk nas redes sociais para atacar Alexandre de Moraes. A
mesma narrativa é usada por Eduardo Bolsonaro para pedir que o ministro do STF
seja impedido de entrar nos EUA e tenha as contas bloqueadas.
<><> Conspiração
Entre os parlamentares republicanos que atuam
no lobby pró-Bolsonaro estão o eputado trumpista Richard McCormick, da Georgia.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, neto do
ditador João Baptista Figueiredo que foi denunciado pela tentativa de golpe, se
encontraram com McCormick em 11 de fevereiro.
Na rede X, Eduardo revelou que, em conluio
com o estadunidense, quer que Donald Trump imponha sanções ao Brasil utilizando
a Lei Magnitsky, de 2012, usada pelos EUA contra aqueles que considera
infratores dos direitos humanos.
"Agradeço a menção ao meu pai, Pres.
Jair Bolsonaro, e o apoio do nobre Deputado americano Richard McCormick
(Rep.-Georgia). A perseguição política enfrentada hoje no Brasil, através da
'LAWFARE' (guerra judicial), está envergonhando nosso Brasil diante do mundo. É
lamentável ver que as sanções Magnitsky, normalmente reservadas para DITADURAS
e violadores de direitos humanos, agora estão sendo consideradas contra
autoridades do nosso país", diz Eduardo, como se não tivesse articulada a
tentativa de sanção ao Brasil com o deputado estadunidense.
Um pouco antes de Eduardo, Jair Bolsonaro foi
às redes e comemorou a publicação, agradecendo "a solidariedade e
consideração" do deputado republicano.
"É triste o que nosso país vem passando
ultimamente. Esperamos que não chegue a um ponto mais extremo, por conta de
alguns que se consideram deuses e acima da lei, colocando em risco toda a
estrutura do nosso amado país. Deus os abençoe", afirmou o ex-presidente
denunciado por golpe de Estado.
Bolsonaro também agradeceu ao senador
republicano Mike Lee, do Arizona, que anunciou que viajará "para o Brasil
no final deste ano com alguns dos meus colegas do Senado e pretendo fazer
algumas perguntas difíceis sobre o Juiz Alexandre de Moraes e a suposta
instrumentalização política do sistema judiciário brasileiro".
"Muito obrigado, Senador Mike Lee.
Infelizmente, o Brasil foi convertido em um laboratório de ativismo judicial,
abusos de poder e aplicação seletiva da lei para fins políticos", escreveu
o ex-presidente às 23h46.
Bolsonaro também agradeceu a Elon Musk que
compartilhou a publicação do senador Mike Lee sobre a "visita" ao
Brasil no final do ano: "good", escreveu o bilionário.
"Hugs from Brazil, @elonmusk",
comentou Bolsonaro, mandando abraços em inglês.
• Às
vésperas de julgamento no STF e sob risco de prisão, Carla Zambelli fala em
"depressão profunda"
Na semana em que será julgada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) e sob o risco de ser presa, a deputada federal Carla
Zambelli (PL-SP) publicou uma nota oficial em que afirma estar com
"depressão profunda".
Na sexta-feira (21), o STF iniciará, no
plenário virtual, o julgamento no âmbito do processo em que a Zambelli é ré por
perseguição armada ao jornalista Luan Araújo na véspera do segundo turno das
eleições de 2022.
Em denúncia oferecida em janeiro de 2023, a
então vice-procuradora Lindôra Araújo denunciou a deputada pelos crimes de
porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma. Caso seja
condenada, Carla Zambelli pode pegar até cinco anos de prisão, além de ter que
pagar uma multa no valor de R$ 100 mil.
Em publicação na noite do último domingo
(16), isto é, cinco dias antes do julgamento que pode culminar em sua prisão,
Zambelli divulgou uma nota em que fala sobre sua "saúde mental",
pedindo orações por sua vida.
"Desde 2022 venho enfrentando episódios
de depressão profunda. Algumas pessoas mais próximas já estão cientes e que
inclusive votei diversas vezes à distância para poder cumprir com minhas
obrigações, mas também tentar me tratar. Desde a semana passada estou
enfrentando uma crise, em que remédios foram trocados para tentar alcançar um
resultado melhor", anunciou a deputada.
"A saúde mental é algo sério e que
aflige boa parte da população atualmente, por isso que meu gabinete apresentou
um projeto de lei que ajuda pessoas carentes a acessar tratamento com
psiquiatra e psicólogo mais prática e rapidamente. Oro a Deus que possa me
ajudar a superar os obstáculos que venho enfrentando. Um abraço a todos",
prosseguiu.
Carla Zambelli, além de ser ré no STF, teve
seu mandato cassado recentemente pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo
(TRE-SP) por abuso de poder político.
<><> Julgamento de Zambelli;
entenda
O ministro Gilmar Mendes liberou o processo e
o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu as datas em que vai julgar a deputada
Carla Zambelli (PL-SP) no processo em que a bolsonarista é ré por perseguição
armada ao jornalista Luan Araújo na véspera do segundo turno das eleições de
2022.
O julgamento da deputada acontece ainda neste
mês, em plenário virtual, entre os dias 21 e 28.
Em denúncia oferecida em janeiro de 2023, a
então vice-procuradora Lindôra Araújo denunciou a deputada pelos crimes de
porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma. Caso seja
condenada, Carla Zambelli pode pegar até cinco anos de prisão, além de ter que
pagar uma multa no valor de R$ 100 mil.
Em sua defesa, a bolsonarista afirma que
estava acompanhada de um amigo policial, à paisana, quando teria ouvido
provocações do jornalista Luan Araújo. Ela disse que, logo que a confusão
começou, ouviu um tiro e viu o amigo caindo no chão - o que não está registrado
nos diversos vídeos que circularam à época.
“Nesse momento me dei conta do tiro e de que
Valdeci Silva de Lima Dias, que é PM, estava caindo. Na hora eu liguei uma
coisa na outra. Tinha certeza absoluta de que Luan tinha dado um tiro. Até
porque o Luan tinha um volume. O outro rapaz também tinha um volume na cintura,
mas o Luan principalmente tinha um volume na cintura”, declarou.
Mas as imagens desmentem aquilo que Zambelli
relata. Valdeci Dias realmente caiu em dado momento do episódio, porém,
resultado de um tropeço enquanto ele próprio, de arma em punho, perseguia Luan.
O disparo ouvido pela deputada, o único do
caso, teria sido feito pelo próprio policial. Segundo Daniel Bialski, advogado
de Zambelli à época, teria sido um disparo acidental provocado pela queda
atabalhoada do amigo da parlamentar.
Contrário ao bolsonarismo, Luan trocou
provocações com Carla Zambelli naquela tarde. A suposta briga estava num nível
verbal, até ele dizer a seguinte frase: “te amo, espanhola”. A referência a uma
antiga história contada por Joice Hasselmann, de que Zambelli teria vivido como
prostituta na Espanha, fez a parlamentar se enfurecer e partir para cima de
Luan com seus amigos e assessores. Nesse momento as armas teriam sido sacadas.
O jornalista foi perseguido por alguns
metros, quando o amigo de Zambelli tropeçou ao tentar alcançá-lo. A seguir, de
arma em punho, a deputada ordenou que o homem, já rendido, deitasse no chão do
bar em que entrou em busca de refúgio.
“Não existe qualquer justificativa para
tamanha violência cometida pela parlamentar. Uma atitude inconsequente que
colocou não apenas a vida do Luan em risco, mas também de todas as pessoas que
estavam próximas, nas ruas e no bar onde ele buscou abrigo”, disse Dora
Cavalcanti, advogada de Luan Araújo.
Fonte: Fórum

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