quinta-feira, 20 de março de 2025

Tadeu Porto: Se ergues da justiça a clava forte, o covarde foge à luta

Uma ação vale mais que mil palavras e, ao trair a frase mais emocionante do hino nacional, Eduardo Bolsonaro dá mais um passo para confirmar o que muitos já sabem: que ele e sua família são, na prática, covardes.

O deputado federal, agora licenciado, resolveu fugir do Brasil, justamente as fronteiras que o sustentou durante a maior parte de sua vida, deixando para trás seus seguidores na linha de frente da disputa política em território nacional.

Uma liderança que abandona o território real de disputa, refugiando-se apenas no campo das ideias, querendo mandar e desmandar de longe, é indubitavelmente um covarde.

Assim como na tentativa de golpe do 8 de janeiro, a família Bolsonaro mais uma vez arrisca a vida de pessoas no "front", enquanto desfruta de uma vida de privilégios, passeando de moto e jet ski. O "exílio" do príncipe herdeiro, vivendo confortavelmente nos EUA enquanto seus apoiadores colocam a mão na massa, é a prova definitiva de seu distanciamento da verdade.

Além do mais, a traição vai além da covardia. Buscar abrigo em um país cuja história é marcada por tentativas de subjugação do povo brasileiro é um ato que fala por si só. Qualquer retaliação que vier de fora e que prejudicar o povo brasileiro será de responsabilidade do bolsonarismo e de sua sede de poder acima do bem-estar da população.

A verdadeira liderança não se mede por discursos inflamados à distância, mas pela disposição de enfrentar as dificuldades junto ao povo. Enquanto a família Bolsonaro se esconde atrás de muros altos e fronteiras distantes, o Brasil segue em frente, buscando um futuro mais justo e democrático. E esse futuro, com certeza, não terá espaço para covardes.

•        Eduardo Bolsonaro jura vingança após decisão de Moraes: "ganharam a maior pedra no sapato"

Com olhos vermelhos e marejados, em meio aos prantos ao confirmar a fuga para os EUA, Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) divulgou um vídeo nas redes sociais na noite desta terça-feira (18) após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitar e arquivar a ação que pedia a cassação de seu passaporte.

Destilando ódio, o filho "03" de Jair Bolsonaro (PL), reiterou as ameaças contra o Brasil, dizendo que será "a maior pedra no sapato" e jurando vingança a Moraes e aos adversários políticos, em especial aos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG), que moveram a ação pedindo o confisco do passaporte.

"Agora a PGR decidiu que é contra a cassação de meu passaporte. E olha que casualidade: quando chega nas mãos de Alexandre de Moraes, no mesmo dia, talvez não tenha passado nem uma hora, ele vai e arquiva o pedido dos deputados do PT. Podem estar comemorando agora que eu não estou na presidência da Creden, mas ganharam a maior pedra no sapato. Podem ter certeza absoluta disso: o que eu vou fazer aqui fora, a energia que eu vou colocar nisso tudo, é diretamente proporcional à vontade de vocês me humilharem", disse.

Eduardo se refere à comemoração do líder e vice-líder do PT na Câmara, que em vídeo falaram da "importante" repercussão na casa legislativa da fuga de Eduardo, que era o indicado do PL para assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores. Sem Eduardo, o PL deve indicar o deputado Zucco (PL-RS), que é líder da minoria, ou Filipe Barros (PL-PR), que tem o apoio de Bolsonaro.

O ex-deputado, que abandonou os mais de 700 mil eleitores paulistas que deram seu voto a ele em 2022, ainda afirmou que acredita na "providência divina" para virar essa história.

<><> Benção de Trump

Além da "providência divina", Eduardo Bolsonaro contou com o aval de Donald Trump para ficar nos EUA, onde deve residir com a esposa e os dois filhos para levar adiante a tentativa de conspirar, levantando sanções e tentando interferir na política interna do Brasil.

Segundo informações de Malu Gaspar, no jornal O Globo, o filho de Bolsonaro "vinha cogitando o plano há dias e discutiu a estratégia com a Casa Branca de Donald Trump antes de bater o martelo sobre não retornar ao Brasil".

A jornalista creditou a informação a Paulo Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo e denunciado na quadrilha golpista, que atua com Eduardo na cooptação de apoio de parlamentares e políticos da ala radical do trumpismo para se vingar do Brasil.

De acordo com Figueiredo, não houve objeção do governo Trump em abrigar Eduardo, embora o republicano esteja prendendo e fazendo deportações em massa de imigrantes ilegais.

<><> Choro ao vivo

Antes de prometer vingança, Eduardo protagonizou uma cena patética nas redes sociais durante entrevista ao jornalista Luis Ernesto Lacombe, quando caiu no choro e tentou se esconder embaixo da mesa.

"É que eu não gosto de parecer que eu tô me vitimizando, né?, disse, se vitimizando ao falar que pode nunca mais ver o pai.

"O que eu vou fazer? E se ele resolver me prender igual ele fez com o Daniel Silveira devido ao que eu tenho falado, né? Eu vou ficar sem ver meus filhos crescer? Vou ficar, poxa, Jorge há quatro anos, Jair Henrique um ano, e minha mulher tendo que me visitar em cadeia sendo que não cometi crime nenhum, entendeu? Então tem muita coisa que pesa quando você toma essa decisão", disse Eduardo, às lágrimas.

Ele afirmou que seu pai autorizou a fuga: "Conforme eu fui conversando com ele, ele foi entendendo os meus argumentos também, ele aceitou a decisão", disse.

<><> Bolsonaristas presas

Na segunda-feira (17), Figueiredo falou sobre outro caso que circunda o bolsonarismo e comparou o caso das quatro bolsonaristas presas pelo governo Donald Trump nos EUA com o do colega Allan dos Santos, que também se refugiou nos EUA.

Raquel Lopes, Rosana Maciel e Cristiane da Silva, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e Michely Paiva, que também é ré por golpe de Estado, foram presas ao entrarem ilegalmente nos EUA, onde pretendiam buscar refúgio político.

Raquel foi presa em 12 de janeiro, em La Grulla, na fronteira do México com o Texas, enquanto as outras três golpistas foram para a cadeia em 21 de janeiro, um dia após a posse de Trump. Elas foram capturadas em El Paso, na mesma fronteira de EUA e México.

Na rede X, Figueiredo afirmou que "é uma situação muito difícil para quem entrar ilegalmente nos EUA, pois o governo Trump tem uma política de tolerância zero".

"É uma questão, portanto, imigratória (deportação) e não criminal (extradição). Casos totalmente diferentes do Allan e outros asilados", afirmou.

Figueiredo, que atua com Eduardo Bolsonaro (PL) para fazer lobby por uma intervenção de Trump na "ditadura do judiciário" no Brasil, então sinalizou qual seria o caminho para livrar as golpistas da prisão.

"O governo americano não extraditará procurados pela ditadura do Alexandre, mas deportará brasileiros e quaisquer imigrantes que entrem ilegalmente no país", emendou, fazendo um "apelo" para que os golpistas "não entrem ilegalmente nos EUA e não venham sem um caso imigratório sólido".

Figueiredo ainda ironizou o comentário de um seguidor, que disse que "elas poderiam entrar facilmente com pedido de asilo por perseguição política".

"Nossa ninguém nunca tinha pensado nisso", respondeu Figueiredo.

Segundo informações divulgadas por Jamil Chade, no portal Uol, alas políticas mais radicais do trumpismo já teriam colocado o tema em debate nos "círculos mais próximos da Casa Branca" alegando que seria um feito para levantar a bandeira que vem sendo defendida por Trump para intervir no cenário internacional: a interpretação que fazem sobre liberdade de expressão.

O Departamento de Estado, no entanto, não se pronunciou sobre o caso.

Essa ala mais radical querem que as brasileiras, presas pela ICE - a polícia de imigração dos EUA -, sejam tratadas como foragidos e recebam um tratamento semelhante a que Trump deu aos invasores do Capitólio, perdoando as penas e os considerando como "heróis".

Esses radicais estariam usando argumentações propagadas por Elon Musk nas redes sociais para atacar Alexandre de Moraes. A mesma narrativa é usada por Eduardo Bolsonaro para pedir que o ministro do STF seja impedido de entrar nos EUA e tenha as contas bloqueadas.

<><> Conspiração

Entre os parlamentares republicanos que atuam no lobby pró-Bolsonaro estão o eputado trumpista Richard McCormick, da Georgia.

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo que foi denunciado pela tentativa de golpe, se encontraram com McCormick em 11 de fevereiro.

Na rede X, Eduardo revelou que, em conluio com o estadunidense, quer que Donald Trump imponha sanções ao Brasil utilizando a Lei Magnitsky, de 2012, usada pelos EUA contra aqueles que considera infratores dos direitos humanos.

"Agradeço a menção ao meu pai, Pres. Jair Bolsonaro, e o apoio do nobre Deputado americano Richard McCormick (Rep.-Georgia). A perseguição política enfrentada hoje no Brasil, através da 'LAWFARE' (guerra judicial), está envergonhando nosso Brasil diante do mundo. É lamentável ver que as sanções Magnitsky, normalmente reservadas para DITADURAS e violadores de direitos humanos, agora estão sendo consideradas contra autoridades do nosso país", diz Eduardo, como se não tivesse articulada a tentativa de sanção ao Brasil com o deputado estadunidense.

Um pouco antes de Eduardo, Jair Bolsonaro foi às redes e comemorou a publicação, agradecendo "a solidariedade e consideração" do deputado republicano.

"É triste o que nosso país vem passando ultimamente. Esperamos que não chegue a um ponto mais extremo, por conta de alguns que se consideram deuses e acima da lei, colocando em risco toda a estrutura do nosso amado país. Deus os abençoe", afirmou o ex-presidente denunciado por golpe de Estado.

Bolsonaro também agradeceu ao senador republicano Mike Lee, do Arizona, que anunciou que viajará "para o Brasil no final deste ano com alguns dos meus colegas do Senado e pretendo fazer algumas perguntas difíceis sobre o Juiz Alexandre de Moraes e a suposta instrumentalização política do sistema judiciário brasileiro".

"Muito obrigado, Senador Mike Lee. Infelizmente, o Brasil foi convertido em um laboratório de ativismo judicial, abusos de poder e aplicação seletiva da lei para fins políticos", escreveu o ex-presidente às 23h46.

Bolsonaro também agradeceu a Elon Musk que compartilhou a publicação do senador Mike Lee sobre a "visita" ao Brasil no final do ano: "good", escreveu o bilionário.

"Hugs from Brazil, @elonmusk", comentou Bolsonaro, mandando abraços em inglês.

•        Às vésperas de julgamento no STF e sob risco de prisão, Carla Zambelli fala em "depressão profunda"

Na semana em que será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e sob o risco de ser presa, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) publicou uma nota oficial em que afirma estar com "depressão profunda".

Na sexta-feira (21), o STF iniciará, no plenário virtual, o julgamento no âmbito do processo em que a Zambelli é ré por perseguição armada ao jornalista Luan Araújo na véspera do segundo turno das eleições de 2022.

Em denúncia oferecida em janeiro de 2023, a então vice-procuradora Lindôra Araújo denunciou a deputada pelos crimes de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma. Caso seja condenada, Carla Zambelli pode pegar até cinco anos de prisão, além de ter que pagar uma multa no valor de R$ 100 mil.

Em publicação na noite do último domingo (16), isto é, cinco dias antes do julgamento que pode culminar em sua prisão, Zambelli divulgou uma nota em que fala sobre sua "saúde mental", pedindo orações por sua vida.

"Desde 2022 venho enfrentando episódios de depressão profunda. Algumas pessoas mais próximas já estão cientes e que inclusive votei diversas vezes à distância para poder cumprir com minhas obrigações, mas também tentar me tratar. Desde a semana passada estou enfrentando uma crise, em que remédios foram trocados para tentar alcançar um resultado melhor", anunciou a deputada.

"A saúde mental é algo sério e que aflige boa parte da população atualmente, por isso que meu gabinete apresentou um projeto de lei que ajuda pessoas carentes a acessar tratamento com psiquiatra e psicólogo mais prática e rapidamente. Oro a Deus que possa me ajudar a superar os obstáculos que venho enfrentando. Um abraço a todos", prosseguiu.

Carla Zambelli, além de ser ré no STF, teve seu mandato cassado recentemente pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por abuso de poder político.

<><> Julgamento de Zambelli; entenda

O ministro Gilmar Mendes liberou o processo e o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu as datas em que vai julgar a deputada Carla Zambelli (PL-SP) no processo em que a bolsonarista é ré por perseguição armada ao jornalista Luan Araújo na véspera do segundo turno das eleições de 2022.

O julgamento da deputada acontece ainda neste mês, em plenário virtual, entre os dias 21 e 28.

Em denúncia oferecida em janeiro de 2023, a então vice-procuradora Lindôra Araújo denunciou a deputada pelos crimes de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma. Caso seja condenada, Carla Zambelli pode pegar até cinco anos de prisão, além de ter que pagar uma multa no valor de R$ 100 mil.

Em sua defesa, a bolsonarista afirma que estava acompanhada de um amigo policial, à paisana, quando teria ouvido provocações do jornalista Luan Araújo. Ela disse que, logo que a confusão começou, ouviu um tiro e viu o amigo caindo no chão - o que não está registrado nos diversos vídeos que circularam à época.

“Nesse momento me dei conta do tiro e de que Valdeci Silva de Lima Dias, que é PM, estava caindo. Na hora eu liguei uma coisa na outra. Tinha certeza absoluta de que Luan tinha dado um tiro. Até porque o Luan tinha um volume. O outro rapaz também tinha um volume na cintura, mas o Luan principalmente tinha um volume na cintura”, declarou.

Mas as imagens desmentem aquilo que Zambelli relata. Valdeci Dias realmente caiu em dado momento do episódio, porém, resultado de um tropeço enquanto ele próprio, de arma em punho, perseguia Luan.

O disparo ouvido pela deputada, o único do caso, teria sido feito pelo próprio policial. Segundo Daniel Bialski, advogado de Zambelli à época, teria sido um disparo acidental provocado pela queda atabalhoada do amigo da parlamentar.

Contrário ao bolsonarismo, Luan trocou provocações com Carla Zambelli naquela tarde. A suposta briga estava num nível verbal, até ele dizer a seguinte frase: “te amo, espanhola”. A referência a uma antiga história contada por Joice Hasselmann, de que Zambelli teria vivido como prostituta na Espanha, fez a parlamentar se enfurecer e partir para cima de Luan com seus amigos e assessores. Nesse momento as armas teriam sido sacadas.

O jornalista foi perseguido por alguns metros, quando o amigo de Zambelli tropeçou ao tentar alcançá-lo. A seguir, de arma em punho, a deputada ordenou que o homem, já rendido, deitasse no chão do bar em que entrou em busca de refúgio.

“Não existe qualquer justificativa para tamanha violência cometida pela parlamentar. Uma atitude inconsequente que colocou não apenas a vida do Luan em risco, mas também de todas as pessoas que estavam próximas, nas ruas e no bar onde ele buscou abrigo”, disse Dora Cavalcanti, advogada de Luan Araújo.

 

Fonte: Fórum

 

Nenhum comentário: