segunda-feira, 17 de março de 2025

Ricardo Nêggo Tom: Cloroquina ou leite condensado? Como Bolsonaro seria ‘envenenado’ na prisão?

Ele continua um mentiroso compulsivo e manipulador. Uma mente diabólica (que o diabo me perdoe a comparação) capaz de produzir dados e reproduzir fatos extraídos do seu órgão excretor, que funciona como cérebro para a sua distopia paranóica. É um acinte, um escárnio, um deboche, uma desmoralização da justiça brasileira que Bolsonaro continue solto, interferindo sim nas investigações e na denúncia que pesa contra ele, ao incitar parte da sociedade contra as instituições e mobilizar milhares de pessoas em defesa da anistia para os crimes cometidos por ele.

Pior do que Bolsonaro, é quem lhe abre espaço para vomitar suas abobrinhas políticas e teorias conspiratórias que o colocam como vítima de uma perseguição que coloca em risco a sua vida. Como ele disse no Flow Podcast que, caso seja preso, será envenenado na cadeia. Jair Messias é um imbecil diferenciado. Os imbecis, geralmente, possuem uma capacidade inigualável de destruírem a eles mesmos, mas Bolsonaro é um imbecil com alto potencial destrutivo para a coletividade. Ao dizer que não interessa ao “sistema” mantê-lo preso, mas “eliminado”, ele se auto martiriza como uma espécie de cristo fascista que irá morrer para salvar a sociedade. Que sociedade?

Quem perderia tempo e dinheiro envenenando Bolsonaro na prisão? Ele não merece ser envenenado. Se eu fosse um envenenador, eu jamais o envenenaria porque ele não merece. Por outro lado, ele teme que aconteça a si o mesmo que ele havia planejado contra o presidente Lula, conforme denúncia da PGR. E é importante bater nessa tecla sem parar: Bolsonaro avalizou o plano para matar o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes. E como já escrevi nesta coluna em outra oportunidade, qualquer um de nós que tivesse planejado a morte do presidente do seu país estaria preso preventivamente.

Bolsonaro também revelou que há muito tempo convive com o medo de ser abatido por um “sniper”, o que fez o apresentador da bagaça levantar-lhe a bola: “Deve ser horrível viver assim, né?”, numa clara demonstração de que a “entrevista” foi previamente roteirizada com o intuito de apresentar Bolsonaro como alguém que sofre apenas por querer o bem para o país. Entre outras pérolas ditas no podcast, o futuro presidiário disse que Javier Milei, que está diante de uma iminente queda na Argentina por fomentar a pobreza e a miséria na vida dos “Hermanos”, salvou a economia daquele país por ser da mesma escola que Paulo Guedes, o ministro que perseguia empregadas domésticas e cogitou o fim do SUS.

Ainda sobre os argentinos, o mito do umbral disse que o turismo em Angra dos Reis e outras localidades no Rio de Janeiro, está bombando devido a política econômica do lunático que se aconselha com seu cachorro morto. “Nunca se viu tanto argentino em Angra”, disse o sujeito que deve desconhecer que Copacabana sempre foi o lugar mais argentino fora da Argentina. Inspirando até um verso de “Pega na mentira”, sucesso do saudoso Erasmo Carlos nos anos 1980 que tratava como mentira fatos verídicos, que dizia que “em Copacabana não tem argentino”. O cavernícola também disse que graças à “gordura” deixada pelo seu governo, o presidente Lula tem conseguido governar o país, mas que já está destruindo tudo o que ele deixou. O que o Bolsonaro nos deixou? Um rastro de mortes na pandemia e a certeza de que ele deveria ter sido defenestrado da vida pública lá atrás, quando disse que fuzilaria FHC no paredão, já como um parlamentar.

Vamos acompanhar atentamente os próximos passos de Bolsonaro e de seu rebanho. O apito de cachorro já soou e os fiéis da seita já foram preparados para reagirem nas ruas contra a prisão do líder da quadrilha. À nossa justiça cabe fazer o seu papel e não permitir que alguém tão nocivo à nossa organização social e ao nosso senso de humanidade, fique impune. Seria o fim da credibilidade do judiciário e de todas as instituições democráticas. Seria o fim da civilização no Brasil. Seria o fim da aventura humana na Terra de Santa Cruz. Se Bolsonaro não for preso, pode entregar o país nas mãos da extrema-direita. A Alemanha nazista é logo ali.

 

¨      Objetivo real com PL da anistia não é anistiar os presos do 8/1, mas provocar confronto e tumulto. Por Jeferson Miola

Ainda em setembro de 2023, cinco meses antes do Bolsonaro lançar a bandeira da anistia em ato na avenida Paulista, a PGR tinha proposto um acordo de não persecução penal a 1.125 denunciados por crimes no 8 de janeiro de 2023 com penas de até quatro anos de reclusão.

Pelo Acordo, os réus deviam se comprometer a prestar serviços à comunidade, pagar multa de R$ 5.000 a R$ 20 mil [com isenção nos casos de hipossuficiência], participar de curso de 12 horas de duração sobre Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado, e a não manter contas abertas nas redes sociais por dois anos. Com a adesão, também receberiam de volta os passaportes retidos.

Play Video

Na prática, portanto, o acordo equivale à anistia nos seus efeitos, porque restituía a liberdade imediata à enorme maioria dos golpistas presos.

Apesar, contudo, da enorme atratividade deste acordo, mais da metade dos 1.125 réus ou recusaram ou não responderam à proposta oferecida pela PGR.

Na verdade, o objetivo real do bolsonarismo com o Projeto de Lei da anistia não é o de anistiar os condenados do 8 de janeiro de 2023, mas sim provocar confronto e tumulto no país diante da iminente condenação e prisão do Bolsonaro e do núcleo dirigente da “organização criminosa armada”.

anistia foi planejada como a bandeira central da extrema-direita para o atual período. Foi lançada por Bolsonaro mais de um ano atrás, no ato da avenida Paulista no dia 25 de fevereiro de 2024.

A bandeira da anistia foi concebida porque surgiam “no horizonte as condenações e prisões do Bolsonaro, de alguns dos generais e oficiais implicados, e outras lideranças do golpe” [ver artigo Com bandeira da anistia, extrema direita se posiciona uma conjuntura à frente, de 27/2/2024].

O evento nasceu como reação à operação Tempus Veritatis [“hora da verdade”] realizada pela Polícia Federal dias antes, em 8 de fevereiro de 2024, que teve Bolsonaro como um dos alvos.

A ação da PF, que resultou na retenção do passaporte do Bolsonaro, foi deflagrada após as descobertas da minuta de golpe e da gravação da reunião ministerial para preparar a conspiração.

No ato da Paulista, Bolsonaro defendeu demagogicamente “uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília”. “Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos”, disse.

Com sua cretinice infinita, Bolsonaro pediu “a conciliação”. “Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Agora nós pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para seja feita justiça em nosso Brasil”, declarou.

O objetivo real dos extremistas sempre foi, portanto, o de obter perdão antecipado, sem qualquer julgamento, para o próprio Bolsonaro, para altos oficiais das Forças Armadas e outros líderes do plano criminoso.

“Aqueles pobres coitados” e as “senhorinhas inocentes presas com a bíblia na mão” são massa das manobras diversionistas dos bolsonaristas.

O boicote ao acordo de não persecução penal evidencia o nível de radicalização política e ideológica dos extremistas.

Com esta postura radicalizada, posam de vítimas da perseguição do STF e alimentam a estratégia do bolsonarismo para promover crise política e caos institucional com o PL da anistia que objetiva, na verdade, garantir impunidade a Bolsonaro, aos militares e a todo bando criminoso.

 

¨      A velharia da direita ataca a velhice de Lula. Por Moisés Mendes

Direita e extrema direita acrescentaram um agravante aos defeitos que identificam em Lula. Diziam que não ele tinha diploma e não tinha um dedo e agora repetem todos os dias que Lula está velho.

O Estadão publicou esses dias essa chamada de capa, de texto assinado pelo economista Luis Eduardo Assis: 

“Economia não é suficiente para explicar colapso de popularidade: Lula e PT envelheceram”. 

Carimbam o partido e seu líder como velhos, repetindo uma tática disseminada como prioridade nesse início de ano pelo velho conservadorismo e pelo novo fascismo. 

O velho a que se referem é mais do que o antigo ou desatualizado ou fora do tempo. Chamar de velho, nessas situações, é o jeito desqualificador de definir alguém como superado por ser imprestável, traste sem força ou caindo aos pedaços. 

E esse é um cerco articulado por velhos que atuam no jornalismo, no que chamam de ciência política e no pensamento econômico. Lula é chamado de velho, aos 79 anos, por facções formadas por velhos.

Envelheceram e continuam ativos os principais líderes dos pensadores do antilulismo, do anticomunismo e do antipetismo, nas mais diversas áreas, principalmente nos jornalões e seus derivados. 

JR Guzzo, o colunista preferido dos fascistas, está com 81 anos. Alexandre Garcia tem 84 anos. William Waack, 72 anos; Merval Pereira, 75 anos; Augusto Nunes, 75 anos; Eliane Cantanhêde, 72 anos; Dora Kramer, 70 anos. 

Luis Eduardo Assis, o autor do artigo do Estadão citado acima, é economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e tem 67 anos. Pode andar de ônibus de graça e pagar meia entrada no cinema. 

Assis é protegido desde os 60 anos pelo Estatuto do Idoso. Pela linguagem que eles usam para atacar os velhos, é alguém que está, ainda no gerúndio, ficando velho.

O ídolo de quase todos eles, mesmo dos que não assumem a idolatria, foi ou ainda é Olavo de Carvalho, que morreu com 74 anos e na ativa. Donald Trump, em quem votariam antes do arrependimento agora contido, tem 78 anos.

Steve Bannon, gênio das lições do marketing do ódio da base política que sustenta essa gente, chegou aos 71 anos. O orientador religioso de boa parte do contingente que acompanha esses velhos pensadores da extrema direita, com Deus acima de tudo, chama-se Edir Macedo. Está com 80 anos.

É uma velharada intelectualmente musculosa e atuante, dedicada ao esforço de atacar Lula, o PT, as esquerdas e todas as possibilidade ao redor do lulismo, mesmo as de centro. 

Por que atacam? A velharia de direita não se acha velha? Sabe que é velha, sente-se velha, vive como velha, pensa como velha, mas finge não ser velha. São velhos vivendo, na última etapa da vida, a pior experiência da velhice, a da subserviência aos poderosos. 

E todos eles, quase figuras bíblicas da direita e da extrema direita brasileiras, sabem quais são essas ideias. Mas não se sentem culpados e dormem bem. Porque vivem do conforto oferecido aos bons subservientes.

Eles e outros do entorno poderão dizer que este texto contém etarismo por atacar os etaristas aliados do fascismo e chamá-los de velhos, e não de idosos. Não tem problema. 

Podem dizer o que quiserem. Mantenho o que escrevi e faço uma ressalva. Estou exaltando aqui a vida ativa e produtiva de velhos que combinam suas falas com ideias e ações não só do conservadorismo, mas do fascismo. É quase um elogio a quem continua atuante como linha auxiliar da extrema direita.

Acrescento que o autor deste texto tem 71 anos e se esforça para não ser chamado de idoso neutro e se distanciar de velhos e velhacos a serviço de golpistas, da Faria Lima, de grileiros e milicianos.

 

Fonte: Brasil 247

 

Nenhum comentário: