Ricardo Nêggo Tom: Cloroquina ou leite
condensado? Como Bolsonaro seria ‘envenenado’ na prisão?
Ele continua um mentiroso compulsivo e
manipulador. Uma mente diabólica (que o diabo me perdoe a comparação) capaz de
produzir dados e reproduzir fatos extraídos do seu órgão excretor, que funciona
como cérebro para a sua distopia paranóica. É um acinte, um escárnio, um
deboche, uma desmoralização da justiça brasileira que Bolsonaro continue solto,
interferindo sim nas investigações e na denúncia que pesa contra ele, ao incitar
parte da sociedade contra as instituições e mobilizar milhares de pessoas em
defesa da anistia para os crimes cometidos por ele.
Pior do que Bolsonaro, é quem lhe abre espaço
para vomitar suas abobrinhas políticas e teorias conspiratórias que o colocam
como vítima de uma perseguição que coloca em risco a sua vida. Como ele disse
no Flow Podcast que, caso seja preso, será envenenado na cadeia. Jair Messias é
um imbecil diferenciado. Os imbecis, geralmente, possuem uma capacidade
inigualável de destruírem a eles mesmos, mas Bolsonaro é um imbecil com alto
potencial destrutivo para a coletividade. Ao dizer que não interessa ao
“sistema” mantê-lo preso, mas “eliminado”, ele se auto martiriza como uma
espécie de cristo fascista que irá morrer para salvar a sociedade. Que
sociedade?
Quem perderia tempo e dinheiro envenenando
Bolsonaro na prisão? Ele não merece ser envenenado. Se eu fosse um envenenador,
eu jamais o envenenaria porque ele não merece. Por outro lado, ele teme que
aconteça a si o mesmo que ele havia planejado contra o presidente Lula,
conforme denúncia da PGR. E é importante bater nessa tecla sem parar: Bolsonaro
avalizou o plano para matar o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o
ministro Alexandre de Moraes. E como já escrevi nesta coluna em outra
oportunidade, qualquer um de nós que tivesse planejado a morte do presidente do
seu país estaria preso preventivamente.
Bolsonaro também revelou que há muito tempo
convive com o medo de ser abatido por um “sniper”, o que fez o apresentador da
bagaça levantar-lhe a bola: “Deve ser horrível viver assim, né?”, numa clara
demonstração de que a “entrevista” foi previamente roteirizada com o intuito de
apresentar Bolsonaro como alguém que sofre apenas por querer o bem para o país.
Entre outras pérolas ditas no podcast, o futuro presidiário disse que Javier
Milei, que está diante de uma iminente queda na Argentina por fomentar a
pobreza e a miséria na vida dos “Hermanos”, salvou a economia daquele país por
ser da mesma escola que Paulo Guedes, o ministro que perseguia empregadas
domésticas e cogitou o fim do SUS.
Ainda sobre os argentinos, o mito do umbral
disse que o turismo em Angra dos Reis e outras localidades no Rio de Janeiro,
está bombando devido a política econômica do lunático que se aconselha com seu cachorro
morto. “Nunca se viu tanto argentino em Angra”, disse o sujeito que deve
desconhecer que Copacabana sempre foi o lugar mais argentino fora da Argentina.
Inspirando até um verso de “Pega na mentira”, sucesso do saudoso Erasmo Carlos
nos anos 1980 que tratava como mentira fatos verídicos, que dizia que “em
Copacabana não tem argentino”. O cavernícola também disse que graças à
“gordura” deixada pelo seu governo, o presidente Lula tem conseguido governar o
país, mas que já está destruindo tudo o que ele deixou. O que o Bolsonaro nos
deixou? Um rastro de mortes na pandemia e a certeza de que ele deveria ter sido
defenestrado da vida pública lá atrás, quando disse que fuzilaria FHC no
paredão, já como um parlamentar.
Vamos acompanhar atentamente os próximos
passos de Bolsonaro e de seu rebanho. O apito de cachorro já soou e os fiéis da
seita já foram preparados para reagirem nas ruas contra a prisão do líder da
quadrilha. À nossa justiça cabe fazer o seu papel e não permitir que alguém tão
nocivo à nossa organização social e ao nosso senso de humanidade, fique impune.
Seria o fim da credibilidade do judiciário e de todas as instituições
democráticas. Seria o fim da civilização no Brasil. Seria o fim da aventura
humana na Terra de Santa Cruz. Se Bolsonaro não for preso, pode entregar o país
nas mãos da extrema-direita. A Alemanha nazista é logo ali.
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Objetivo real com PL da
anistia não é anistiar os presos do 8/1, mas provocar confronto e tumulto. Por
Jeferson Miola
Ainda em setembro de 2023, cinco meses antes
do Bolsonaro lançar a bandeira da anistia em ato na avenida Paulista, a PGR
tinha proposto um acordo
de não persecução penal a 1.125
denunciados por crimes no 8 de janeiro de 2023 com penas de até quatro anos de
reclusão.
Pelo Acordo, os réus deviam se comprometer a
prestar serviços à comunidade, pagar multa de R$ 5.000 a R$ 20 mil [com isenção
nos casos de hipossuficiência], participar de curso de 12 horas de duração
sobre Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado, e a não manter contas
abertas nas redes sociais por dois anos. Com a adesão, também receberiam de
volta os passaportes retidos.
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Na prática, portanto, o acordo equivale à
anistia nos seus efeitos, porque restituía a liberdade imediata à enorme
maioria dos golpistas presos.
Apesar, contudo, da enorme atratividade deste
acordo, mais da metade dos 1.125 réus ou recusaram ou não responderam à
proposta oferecida pela PGR.
Na verdade, o objetivo real do bolsonarismo
com o Projeto de Lei da anistia não é o de anistiar os condenados do 8 de
janeiro de 2023, mas sim provocar confronto e tumulto no país diante da
iminente condenação e prisão do Bolsonaro e do núcleo dirigente da “organização
criminosa armada”.
A anistia
foi planejada como a bandeira central da extrema-direita para o atual período. Foi lançada por Bolsonaro mais de um ano atrás, no ato
da avenida Paulista no dia 25 de fevereiro de 2024.
A bandeira da anistia foi concebida porque
surgiam “no horizonte as condenações e prisões do Bolsonaro, de alguns dos
generais e oficiais implicados, e outras lideranças do golpe” [ver artigo Com
bandeira da anistia, extrema direita se posiciona uma conjuntura à frente, de 27/2/2024].
O evento nasceu como reação à operação Tempus
Veritatis [“hora da verdade”] realizada pela Polícia Federal dias
antes, em 8 de fevereiro de 2024, que teve Bolsonaro como um dos alvos.
A ação da PF, que resultou na retenção do
passaporte do Bolsonaro, foi deflagrada após as descobertas da minuta de golpe
e da gravação da reunião ministerial para preparar a conspiração.
No ato da Paulista, Bolsonaro defendeu
demagogicamente “uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em
Brasília”. “Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos”,
disse.
Com sua cretinice infinita, Bolsonaro pediu
“a conciliação”. “Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil.
Agora nós pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia
para seja feita justiça em nosso Brasil”, declarou.
O objetivo real dos extremistas sempre foi,
portanto, o de obter perdão antecipado, sem qualquer julgamento, para o próprio
Bolsonaro, para altos oficiais das Forças Armadas e outros líderes do plano
criminoso.
“Aqueles pobres coitados” e as “senhorinhas
inocentes presas com a bíblia na mão” são massa das manobras diversionistas dos
bolsonaristas.
O boicote ao acordo de não persecução penal
evidencia o nível de radicalização política e ideológica dos extremistas.
Com esta postura radicalizada, posam de
vítimas da perseguição do STF e alimentam a estratégia do bolsonarismo para
promover crise política e caos institucional com o PL da anistia que objetiva,
na verdade, garantir impunidade a Bolsonaro, aos militares e a todo bando
criminoso.
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A velharia da direita
ataca a velhice de Lula. Por Moisés Mendes
Direita e extrema direita acrescentaram um
agravante aos defeitos que identificam em Lula. Diziam que não ele tinha
diploma e não tinha um dedo e agora repetem todos os dias que Lula está velho.
O Estadão publicou esses dias essa chamada de
capa, de texto assinado pelo economista Luis Eduardo Assis:
“Economia não é suficiente para explicar
colapso de popularidade: Lula e PT envelheceram”.
Carimbam o partido e seu líder como velhos,
repetindo uma tática disseminada como prioridade nesse início de ano pelo velho
conservadorismo e pelo novo fascismo.
O velho a que se referem é mais do que o
antigo ou desatualizado ou fora do tempo. Chamar de velho, nessas situações, é
o jeito desqualificador de definir alguém como superado por ser imprestável,
traste sem força ou caindo aos pedaços.
E esse é um cerco articulado por velhos que
atuam no jornalismo, no que chamam de ciência política e no pensamento
econômico. Lula é chamado de velho, aos 79 anos, por facções formadas por
velhos.
Envelheceram e continuam ativos os principais
líderes dos pensadores do antilulismo, do anticomunismo e do antipetismo, nas
mais diversas áreas, principalmente nos jornalões e seus derivados.
JR Guzzo, o colunista preferido dos
fascistas, está com 81 anos. Alexandre Garcia tem 84 anos. William Waack, 72
anos; Merval Pereira, 75 anos; Augusto Nunes, 75 anos; Eliane Cantanhêde, 72
anos; Dora Kramer, 70 anos.
Luis Eduardo Assis, o autor do artigo do
Estadão citado acima, é economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco
Central e tem 67 anos. Pode andar de ônibus de graça e pagar meia entrada no
cinema.
Assis é protegido desde os 60 anos pelo
Estatuto do Idoso. Pela linguagem que eles usam para atacar os velhos, é alguém
que está, ainda no gerúndio, ficando velho.
O ídolo de quase todos eles, mesmo dos que
não assumem a idolatria, foi ou ainda é Olavo de Carvalho, que morreu com 74
anos e na ativa. Donald Trump, em quem votariam antes do arrependimento agora
contido, tem 78 anos.
Steve Bannon, gênio das lições do marketing
do ódio da base política que sustenta essa gente, chegou aos 71 anos. O
orientador religioso de boa parte do contingente que acompanha esses velhos
pensadores da extrema direita, com Deus acima de tudo, chama-se Edir Macedo.
Está com 80 anos.
É uma velharada intelectualmente musculosa e atuante,
dedicada ao esforço de atacar Lula, o PT, as esquerdas e todas as possibilidade
ao redor do lulismo, mesmo as de centro.
Por que atacam? A velharia de direita não se
acha velha? Sabe que é velha, sente-se velha, vive como velha, pensa como
velha, mas finge não ser velha. São velhos vivendo, na última etapa da vida, a
pior experiência da velhice, a da subserviência aos poderosos.
E todos eles, quase figuras bíblicas da
direita e da extrema direita brasileiras, sabem quais são essas ideias. Mas não
se sentem culpados e dormem bem. Porque vivem do conforto oferecido aos bons
subservientes.
Eles e outros do entorno poderão dizer que
este texto contém etarismo por atacar os etaristas aliados do fascismo e
chamá-los de velhos, e não de idosos. Não tem problema.
Podem dizer o que quiserem. Mantenho o que
escrevi e faço uma ressalva. Estou exaltando aqui a vida ativa e produtiva de
velhos que combinam suas falas com ideias e ações não só do conservadorismo,
mas do fascismo. É quase um elogio a quem continua atuante como linha auxiliar
da extrema direita.
Acrescento que o autor deste texto tem 71
anos e se esforça para não ser chamado de idoso neutro e se distanciar de
velhos e velhacos a serviço de golpistas, da Faria Lima, de grileiros e
milicianos.
Fonte: Brasil 247

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