Para justificar o aumento, os nossos “bravos homens públicos” utilizam o velho argumento de isonomia entre os três poderes. Ora, se eles defendem realmente a isonomia porque não as estendem a toda camada de servidores e não só para eles.
É preciso esclarecer que, os deputados e senadores além dos salários, recebem uma série de vantagens que só é permitido a eles gozarem, tais como: auxílio moradia, pagamento de escritórios políticos em seus estados, passagens aéreas, impressão, verba de gabinete, combustível, entre uma série de outras, que os transformam nos políticos mais bem pagos do mundo.
Porém, entre os homenageados tivemos um dos presentes que bem representou o que eleitor brasileiro gostaria de dizer na cara destes parlamentares, todo o nojo e repulsa pelo ato por eles praticado, e a ele DOM MANUEL EDMILSON CRUZ, bispo de Limoeiro do Norte, no Ceará, rendo as minhas homenagens.
Pena que o fato não tenha tido o destaque que sua atitude merecia.
Para aqueles que procuraram minimizar o ato do bispo, considerando o protesto como falta de educação, apenas tenho a acreditar que após a crítica suas contas bancárias tiveram um significado aporte de recursos.
O protesto ocorreu na solenidade de entrega da Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara no Senado contra o reajuste de 61,8% concedido a deputados e senadores na semana anterior. Na solenidade, o bispo de Limoeiro do Norte (CE), dom Manuel Edmilson Cruz, recusou-se a receber a comenda e que para alegria da nossa população o ato terminou em constrangimento para os parlamentares que estavam em plenário
Ao rejeitar a comenda o bravo bispo destacou a realidade da maioria da população, principalmente a mais carente, aquelas que precisam utilizar o SUS, as quais são obrigadas a enfrentar as filas dos hospitais da rede pública: “Não são raros os casos de pacientes que morreram de tanto esperar o tratamento de doença grave, por exemplo, de câncer, marcado para um e até para dois anos após a consulta”.
Continuando, o bispo foi taxativo: “A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la”. Nesse momento, o público presente aplaudiu a decisão.
Após a recusa formal, o bispo cearense em sua justificativa acrescentou a respeito do auto concessão do aumento que “ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho”. Foi taxativo ao defender que o reajuste dos parlamentares deve guardar sempre “a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e o da aposentadoria”.
Dom Edmilson Cruz com este ato, tem e deve ser cumprimentado por onde passar e ao assumir esta postura, ele apenas foi coerente com a realidade do nosso povo e se fez de porta voz dos menos favorecidos.
Diante deste simples ato é importante que os nossos parlamentares acordem para a realidade e entendam que gestos e exigências como estas poderão começar a estourar por todos cantos deste País, exigindo que o Congresso Nacional comece a reavaliar as suas decisões de forma que atenda a realidade da população e não apenas a sua realidade.
Importante que se esclareça que o protesto do bispo, não foi um ato isolado contra o reajuste dos parlamentares. O ato não se resumiu apenas à sua manifestação. Cerca de 130 estudantes secundaristas e universitários de Brasília foram barrados na entrada principal do Congresso quando se preparavam também para protestar contra a decisão tomada pelos parlamentares.
É necessário que os homens guindados a representante do povo no parlamento estejam conscientes que é impossível conceber um futuro para nosso povo e as gerações que estão por vir sem integrar os excluídos da cidadania e sem respeitar a todos. E não será com atitudes como esta que eles merecerão o respeito da sociedade brasileira.
Vivemos em um País com uma realidade bem diferente de Brasília e dos principais centros e metrópoles urbanas. Se andarmos pelas diversas regiões brasileiras iremos nos defrontar com bolsões de pobreza e miséria, cabendo, principalmente aos nossos legisladores a sensibilidade e a percepção para que não deixem passar a oportunidade e não percam a oportunidade de desenvolver e implementar projetos que reduza a pobreza e melhoraria a qualidade de vida do povo.
Portanto que aproveitem o momento atual, quando a partir de 1º de janeiro próximo estarão assumindo os seus mandatos, que não desapareçam e continuem visitando os seus Estados e Municípios, não o equívoco do “esquecimento”.
Deixem os interesses pessoais de lado e pensem no povo. Acordei.