segunda-feira, 4 de outubro de 2010

GOVERNABILIDADE: sinônimo de negociata.


Acabou o primeiro turno das eleições. Para presidente teremos 2º turno, porém, para governador na maioria dos estados, as eleições foram definidas.
Agora, iremos ver entrar em campo um tema bastante utilizado por nossos executivos, que tem como sinônimo negociatas e empreguismo: GOVERNABILIDADE.
Em nome da governabilidade denúncias de campanhas, ofensas até ameaças são esquecidas por políticos fisiologistas que não vivem sem os pendicuralhos do Poder.
E aqueles que suaram a camisa para eleger os seus governadores, defendendo os ideais, programas partidários e a ética na política, estes com certeza serão desprezados.
Em princípio, as pessoas escolhidas para governar deveriam ter como meta proporcionar meios para que todos se sintam contemplados com as ações e políticas públicas estabelecidas, de forma ética, sem favoritismo e com os olhos voltados para aqueles excluídos pela sociedade, respeitando as escolhas e dignificando os esforços de todos.
E quais seriam os princípios que levariam a governabilidade? Seriam as trocas de “favores” escusos que hoje se assiste que comprometem a fidedignidade das instituições? Ou seria o respeito às desigualdades, dando igual oportunidade a todos, tomando como base as decisões colegiadas, colocando-as em prática?
Os argumentos utilizados para justificar os acordos nas caladas da noite, as adesões “incompressíveis “ de adversários ideologicamente díspares, de pensamentos que difere completamente do projeto político, traz na prática o enfraquecimento da instituição a que pertencem – os partidos – enaltecendo o agente político,diferem completamente do verdadeiro conceito da governabilidade.
Por trás dos argumentos está o monopólio de grupos que não sabem viver longe do poder. Da forma como os nossos governantes exercem a governabilidade o fazem através de práticas espúrias, sendo a maior delas, a necessidade da perpetuação no poder, o que contradiz o verdadeiro conceito de democracia.
A gestão participativa que deveria envolver aqueles que iniciaram a caminhada e comungam com o projeto político, nunca é praticada. O modelo que mais os beneficiam é aquele em que busca envolver e comprometer um maior número de interessados, não importando coloração política, mas dando prioridade ao compromisso da perpetuação do Poder pelo Poder.
Portanto. a Governabilidade hoje praticada é o nome dado ao apoio de que partidos e ou políticos fisiológicos dão ao Governo, sempre em troca de muitos cargos na esfera do executivo. Partidos com PMDB, PP, PTB, PR, entre tantos outros, possuem em seus quadros políticos que são mestres na “arte da governabilidade” e sempre em “nome ou nos interesses maior do país”, tem ajudado sucessivos governos, a terem governabilidade. São políticos que cotidianamente acendem uma vela para Deus e outra para o diabo. A eles o que menos interessa são aqueles que confiaram neles e deram seu voto.
Assim, governabilidade para eles é poderem manusear com os recursos públicos ao seu bel prazer e manter os favores do governo sempre em dia. Tudo tem que correr de forma que o país não fique "ingovernável", ou seja, que não falte dinheiro para obras superfaturadas. Não há preocupação se o país está em situação caótica e incontrolável financeira e administrativamente. O que interessa são as benesses obtidas.
Desta forma, diante deste novo conceito criado sobre governabilidade é preocupante, diante da situação que se apresenta para a sociedade brasileira, a qual é representada por agentes políticos que assumem esse papel e que tem este tipo de idoneidade, procurando insistentemente obter vantagens pessoais ou familiares em prejuízo para a comunidade.
Diante destes fatos, estamos diante de um impasse que nos leva a não acreditar em qualquer projeto político ou mesmo nos atuais representantes sem que ações moralizadoras sejam tomadas de forma que possa restabelecer a credibilidade dos homens públicos brasileiros. Nada nos irá garantir que exista um processo de Mudança Política, alicerçados por representantes éticos, honestos e íntegros. E isto só ocorrerá se a sociedade iniciar um processo de mobilização que possam combater esses fatos. Tal como ocorreu com o Projeto Ficha Limpa, torna-se necessários que outros venham mobilizar a sociedade em busca dos seus direitos e respeito.
É comprometedor que o agente público ao assumir o cargo a que foi alçado, jure cumprir a Constituição Federal, mas corporativamente, caso de erro intencional ou não, passa a ter foro privilegiado, em um País que Judiciário nada julga, quando se refere as elites, além de que, seja submetido a uma Comissão de Ética, onde já está claro para a população diante de todos os escândalos praticados por nossos Congressistas, dos acordos ou conchavos que lá ocorrem, reduzindo as penas quando não saem no lucro, que é o que mais acontece.
É a isto que tem levado a tal “governabilidade” e, diante do que vem ocorrendo estamos frente a um impasse, que somente a sociedade brasileira, se organizada, poderá encontrar a saída e ou solução. Deve esta sociedade se organizar de forma a transformar o Brasil em um País salutar para faturas gerações. Da forma que se encontra, o que se apresenta é uma massa corroída de corrupção que infelizmente, queiramos ou não, apenas traduz a passividade dessa sociedade, uma sociedade insípida, inodora e incolor, que não demonstra nenhum interesse de busca defender a sua cidadania conforme trata o artigo 1º de nossa Constituição Federal.
Diante deste modelo de governabilidade imposto pelos nossos dirigentes políticos e de tantos escândalos que se assiste ser praticada por nossos homens públicos, fica difícil acreditar em que modelo de valor moral estaremos embasados e de que forma poderemos comprometer as futuras gerações no tocante a seus direitos e deveres constitucionais.

2 comentários:

Palavra de Sa disse...

Para evitar as negociatas de todas nossas eleicoes, podemos exigir e legislar de tal forma que o presidente fosse eleito por uma coligacao de deputados que devria ter, pelo menos, 65% dos deputados federais, assim, o presidente ja estaria eleito se elegesse uma coligacao que pudesse apresentar como seus correligionarios, 65% do total da camara de deputados. O senado preferendar e aprovar em voto secreto se aprova ou nao a coligacao e o governo (ministerio formado) Ai, o governo poderia governar e servir melhor ao pais.
Ciro Matuck

Anônimo disse...

no Sermão do Bom Ladrão - 1655 - Pe. Antonio Vieira já dizia :
Termina Vieira seu sermão pedindo a Deus que inspire todos os reis, para que, 'não elegendo, nem dissimulando, nem consentindo, nem aumentando ladrões, de tal maneira impidam' (sic, em castiço português da época, em lugar do atual impeçam) 'os furtos futuros, e façam restituir os passados, que em lugar de os ladrões os levarem consigo, como levam, ao inferno, levem eles consigo os ladrões ao Paraíso'.
Três séculos depois de morto, o padre Antônio Vieira parece hoje mais vivo do que nunca. Sua voz ressoa, alta e clara, neste Brasil em que moldou sua personalidade fascinante e onde exalou seu derradeiro suspiro. Que sua palavra seja ouvida e acatada pelos governantes, em todos os cantos do mundo.?