Quem tem medo da “cultura woke”?
Falar em “woke” não necessariamente diz
respeito às teorias da conspiração. O termo pode ser empregado em seu sentido
original de “manter-se atento às desigualdades sociais”
Em março de 2025 o podcast Inteligência
Ltda promoveu um debate com o título de “O
problema na cultura pop é a lacração?”, convidando youtubers que
discutem cultura pop para debater. Pessoalmente admito que não tive estômago
para acompanhar o debate por muito tempo. Mas alguns pontos me chamaram
atenção. A começar pela pergunta inicial na qual um dos debatedores questionou
se os demais acreditavam ou não na existência da “cultura woke”.
Alguns responderam argumentando sobre
tendências de mercado. Em via de regra, esses eram os argumentos: um lado
dizendo que havia uma tendência na indústria cultural para promover (à força)
pautas progressistas, e o outro lado argumentando que este movimento se dava
por mercado, e não por agenda. Embora tenha havido um exercício preliminar para
definir o que se considerava “woke” para o debate, considerou-se os aspectos
políticos e mercadológicos do “movimento”, mas um aspecto importante foi
negligenciado: o histórico.
·
Um resumo
O termo woke (do inglês
acordou), popularizou-se em meados dos anos 2000 como indicativo de
“consciência social”, no entanto, sua origem e primeiros registros remetem aos
anos 1930. Em 1938 o cantor folk Huddie Ledbetter gravou a frase “Stay woke”
no final da faixa Scottsboro Boys. A canção narra o
caso dos Meninos de Scottsboro no qual nove adolescentes negros foram
injustamente acusados de estupro em 1931, em Scottsboro, Alabama, recebendo
penas de morte. Na gravação Ledbetter diz: “Então eu aconselho a todos, tenham
um pouco de cuidado quando passarem por lá, é melhor ficar acordado [stay woke],
manter os olhos abertos”, aconselhando ao homem negro a ficar alerta aos crimes
raciais.
O termo também é encontrado na década de 1960
com um sentido semelhante, como no texto If you’re woke you dig it,
do escritor William Melvin Kelley. O texto de Kelly aponta para como diversas
expressões populares tiveram origem em comunidades negras. De acordo com Aja
Romano, o texto de William Melvin Kelly é um atestado de como termo woke no
sentido de “ficar alerta”, originalmente empregado para salientar crimes
raciais, tornou-se popular também entre os brancos.
Por fim, outro registro do termo sendo
empregado neste sentido é encontrado na peça Garvey Lives! de
Barry Beckham (uma obra sobre a vida de Marcus Mosiah Garvey Jr, ativista
jamaicano pelo direito dos negros) com a frase “Tenho dormido toda a minha
vida. E agora que o Sr. Garvey me acordou [woke me up],
vou ficar acordado [stay woke]. E vou ajudá-lo a acordar
outros negros”. Deve-se destacar o uso intencional da expressão no tempo
gramatical incorreto, visto que a regência adequada seria “stay awake”.
O que é importante destacar é que, a aparição
desse termo em obras culturais como músicas, livros ou peças teatrais são
evidências de que o termo era empregado nestes períodos. Ou seja, não se
atribui aos roteiristas ou escritores a criação do termo, mas sim uma
“consagração”. Isso é, a confirmação de que o termo “existia” e era empregado
em cada época.
Nos anos 2000 o termo alcançou nova
popularidade após o lançamento da faixa Master Teacher (em
2008) da cantora Erykah Badu que canta, na primeira estrofe “I am known to
stay awake” e “I stay woke” na segunda, além do refrão “Everybody
(I stay woke)”. Durante as manifestações do Black Life Matters, a
expressão “stay woke” e o termo “woke” foram usados
para chamar atenção contra a brutalidade policial, e, a partir de 2015,
tornaram-se, nas palavras de Aja Romano, “um resumo de uma única palavra da
ideologia política de esquerda, centrado na política de justiça social e na
teoria racial crítica”.
Também por volta de 2015, a expressão passou
a ser empregada de forma sarcástica por ativistas da direita. Em 2018 Andrew
Sullivan, jornalista conservador, definiu o “wokeismo” como um “culto da
justiça social à esquerda, uma religião cujos seguidores mostram o mesmo zelo
que qualquer evangélico”. O termo “guerreiro da justiça social” também passou a
ser empregado pejorativamente para descrever qualquer indivíduo que se
manifestasse a favor de feminismo, direitos civis, direitos LGBTQIA+ e pautas
afins, associadas à esquerda.
Para críticos da “cultura woke” há um
conjunto de práticas promovidos pela esquerda que, disfarçadas de ações pela
justiça social, procuram promover um relativismo moral. O bispo Robert Barron
associou o “wokeismo” como um resultado do pós-modernismo, fazendo da “cultura
woke” uma “teoria fundamentalmente antagônica das relações sociais”, sendo por
vezes reconhecida como “uma forma de marxismo cultural”. E é aqui que as coisas
começaram a embolar.
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Um contexto
Na Carolina do Norte, pouco antes das
eleições de 2008, o jornalista Rodrigo Alvarez encontrou um grupo de jovens
negros jogando basquete. Ao perguntar em quem os jovens votariam, recebeu a
resposta: “Se você não vota no Barack Obama você perde a ‘carteirinha de
negro’”. Já em Chicago, um grupo de mulheres brancas discutiam o candidato, uma
delas afirmou: “Eu não acho que ele seja negro, Barack Obama é multirracial,
meio branco, meio negro.” No Mississippi, um jovem negro vendendo “bugigangas
na beira da estrada” disse: “Apoiamos Barack Obama… É hora de mudança cara… Ele
conseguiu, cara… Primeiro presidente negro americano…”.
Os anos 2010 foram, para o americano, anos de
desigualdade. Muitas pautas econômicas, políticas e sociais se tornaram
sensíveis.
A “questão econômica” é a primeira a ser
lembrada. Entre 2000 e meados de 2005, o valor de mercado de casas nos Estados
Unidos cresceu cerca de 50%. A partir de 2001, a combinação entre taxas
hipotecárias baixas e o rápido crescimento do valor das casas, gerou uma
explosão de novas construções e um amplo refinanciamento. Estimou-se que metade
do crescimento do PIB do país no primeiro semestre de 2005 esteve relacionado
ao setor imobiliário.
Os critérios para concessão de créditos foram
aos poucos desconsiderados e a hipoteca subprime tornou-se
acessível. Empréstimos para pessoas com pouca ou nenhuma documentação e “Ninja”
(do inglês no income, jobs or assets)
tornaram-se comuns. Porém, enquanto nos anos 2000 o estadunidense médio
comprometia cerca de 3% dos gastos pessoais no refinanciamento de hipotecas, em
2006 esse número subiu para quase 10%.
Desde a década de 1970, os Estados Unidos
sofrem com a queda da “classe média”. Porém, ao início dos anos 2000, houve um
aceleramento, e a razão foi a concentração de renda. Entre 1998 e 2008, o
crescimento cumulativo da produtividade subiu 30%, mas os salários subiram
apenas 2%. No setor financeiro, o lucro subiu de 10% (na década de 1980), para
40% (em 2007), mas apenas 5% foi convertido para a força de trabalho. Nos anos
1990, os salários do estadunidense médio aumentaram 2%, enquanto a renda dos 5%
mais ricos subiu 42%.
Em comparação, nos anos 1980, o salário de um
diretor executivo era cinquenta vezes maior que o do trabalhador médio, em 2010
foi 350 vezes maior. E 58% de todo o crescimento econômico das décadas 1990 e
2000, foi apropriado pelo 1% mais rico da sociedade. Em 2015, a “classe média”
igualou-se à soma da “baixa” e “alta”. Além do encolhimento, houve a perda de
poder monetário. Em 2014, o rendimento médio de uma família de “classe média”
era 4% inferior que em 2000, e os ativos caíram cerca de 28% em razão da crise
financeira. Ou seja, a “classe média” não só ficou menor, como era tendência,
mas ficou mais pobre.
A “questão racial” também foi um dilema.
Christopher Parker apontou para como, logo ao início do governo de Barack
Obama, 20% dos brancos estadunidenses acreditavam que as políticas do governo
beneficiariam os negros, fazendo com que as políticas de promoção de
desigualdade começassem a perder apoio. Segundo o autor, “é provável que, com a
eleição de Barack Obama, [os estadunidenses] tenham sentido que o tempo para
políticas destinadas a alcançar a justiça social já passou. É claro que isto
não está totalmente alheio à crença de que as políticas de Obama beneficiariam
os negros à custa dos brancos”.
Ao final do mandato, 34% do público geral
reconheceu que Barack Obama conseguiu efetivamente promover políticas para
diminuir a desigualdade racial. Porém, a percepção foi de que, apesar de
conseguir promover suas políticas, o objetivo não foi alcançado (61% da
população geral). Entre os negros, a percepção negativa foi menor. Apenas 5%
alegaram que as condições de desigualdade racial pioraram. Mas entre os
brancos, 65% reconheceram a falha da administração Obama no assunto, enquanto
32% reconheceram que a questão na verdade piorou. Ou seja, o “efeito Obama”, na
prática, também foi de distanciamento, com um grupo alegando que as mudanças
sociais foram poucas enquanto outros argumentavam que foram demais. Houve,
portanto, uma clara diferença de percepção de realidade.
Por fim, a “questão religiosa” e social
também é relevante. Entre 2007 e 2014, o percentual de adultos filiados a
organizações religiosas caiu de 83% para 77%. Por outro lado, os que se
autodeclaravam religiosos sem filiações subiu de 16% para 23%. A importância da
religião foi ainda menor entre os jovens. Apenas 38% dos jovens de 20 e 25 anos
responderam positivamente sobre a importância da religião em suas vidas. Mas,
mais que isso, pautas relevantes para as lideranças religiosas foram
consideravelmente debatidas.
No final de 2004, dezesseis estados possuíam
proibições constitucionais ao casamento homoafetivo e outros vinte e nove
possuíam proibições legais. Em 2006, o estado de Nova Jersey aprovou uma lei
permitindo a união civil entre pessoas do mesmo sexo e o Arizona rejeitou a
proibição constitucional sobre o casamento homoafetivo. No ano seguinte, New
Hampshire tornou-se o segundo estado a legalizar a união civil. Em 2008,
Connecticut também legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Já em
2009 foi a vez de Vermont e Iowa. New Hampshire (que já havia legalizado a
união civil) e Washington D.C legalizaram o casamento homoafetivo em 2010. Nova
York os seguiu em 2011.
Por fim, em 2012, Barack Obama tornou-se
oficialmente o primeiro presidente (ainda em exercício) a expressar-se
publicamente pela aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A questão
é que, desde a década de 1980, líderes religiosos fizeram dessas pautas suas
bandeiras. Lutar contra o casamento homoafetivo, o aborto ou liberdades sexuais
tornou-se uma questão de fé. Logo, a derrota dessas pautas, com a legalização
de certas práticas, foi recebida por religiosos como uma derrota da fé, ou
mesmo como um ataque à Igreja.
O ponto aqui é que mudanças sociais como
essas geram desconfortos. Uma boa parcela da população viu a implementação de
políticas para combater a desigualdade, sentiu uma perda no poder de compra e
sentiu a diminuição da importância da religião na política. Nenhuma dessas
“questões” são exclusivas dos anos 2010; Bill Clinton, por exemplo, legislou
sobre a entrada e permanência de oficiais gays no exército; e George W. Bush
discutiu o uso ou não de células-tronco, mas os anos 2010 foram especialmente
castigados pela crise subprime e impactados pela presença de
Barack Obama. Não é difícil compreender como um indivíduo, nesse contexto,
correlacionou o crescimento de pautas sociais e raciais com a sua própria perda
de poder monetário ou – por vezes – político.
Mas, como que isso tudo se relaciona com o
que veio a ser a “cultura Woke”?
·
A “nova” onda woke
Como dito antes, desde, pelo menos, os anos
1960 o termo “woke” tem sido empregado por negros e brancos como uma expressão
para “estar atento às desigualdades raciais”. E, não por acaso, a crítica
contra a “lacração” também começou na década de 1960. Foi nessa época que Myron
Fagan, escritor e roteirista, publicou o manifesto “Direitos Civis” – A
ferramenta mais sinistra da Grande Conspiração, no qual diz: “Foi em
Hollywood que tomei conhecimento disso [a trama para fazer do negro um
instrumento para a destruição de nossa nação], quando vi atores brancos sendo
substituídos por negros em papéis que só os brancos poderiam representar
adequadamente. […] Eu vi seções de roteiros serem revisados de modo que
aparentemente indispensável negros pudesse representar […] vi produtores,
diretores e roteiristas colocando palavras na boca de negros ignorantes,
palavras que eles mal conseguiam pronunciar, menos ainda entender […] Claro,
todos os magnatas e diretores eram comunistas declarados”.
E, embora acusar artistas de comunismo não
fosse uma novidade nos anos 1960, os esforços de Myron Fagan valem a menção.
Foi um dos primeiros a promover a noção de que a luta pelos direitos civis (e
da representatividade) era parte da conspiração comunista contra a América.
Myron Fagan estava, ele mesmo, em um período
de ebulição. Marcha pelos Direitos Civis, Guerra Fria, a segunda onda do
feminismo, Guerra do Vietnã já em curso… A sociedade estava mudando e, como
dito, mudanças geram resistências. O posicionamento de Myron Fagan é
essencialmente racista, isso fica explícito em seus textos, mas o paralelo dos
seus argumentos com os contemporâneos sobre a “cultura woke” como ferramenta de
uma agenda da esquerda são numerosos.
Para o portal Brasil Paralelo,
por exemplo, a “cultura woke” seria absorvida pela indústria cultural a fim de
promover a agenda progressista. Na mídia, pautas como aborto, “ideologia de
gênero”, direitos de pessoas trans, feminismo, e afins seriam forçadas nas
narrativas a fim de atender a uma agenda preestabelecida.
De fato os anos 1960 e 1970 (a exemplo dos
anos 2010) foram de um crescimento de “pautas progressistas”, especialmente
entre os jovens. A ideia de “ficar atento” às desigualdades sociais é (e era)
bem difundida entre os estudantes universitários. Mas, dai, alegar que há um
plano secreto para alienar o público e difundir essas agendas é sim uma teoria
da conspiração (que nem mesmo é original, pois, como visto, tem pelo menos 60
anos).
Com as crises econômicas e política dos anos
2010 as pautas associadas com a “cultura woke” ganharam relevância, e, assim,
ganhou notoriedade. Como apontam Karen Middleton e Sarah Turnbull, a pressão da
opinião coletiva de consumidores força marcas e instituições a mudarem suas
lógicas. Assim, empresas e marcas começaram a orientar seus produtos e
publicidades de forma a atender essa demanda, logo, diversos produtos
(incluindo produtos culturais) passaram a integrar elementos que referenciam
pessoas negras, gays e mais, em posições não tradicionais.
No entanto, teóricos da conspiração
enxergaram esse movimento não como um movimento de mercado, explorando o
potencial econômico dessas pautas, mas sim como um grande cavalo de Troia.
É possível que artistas, roteiristas e
cineastas tenham elaborado obras pensando explicitamente na “promoção de
agendas”? Claro. Jordan Peele e seu “terror social” é um exemplo. Quentin
Tarantino é outro que tem “elementos woke” em vários de seus filmes: da noiva
vingativa de Kill Bill até o general da Guerra Civil, negro,
de Os oito odiados, que carrega uma carta falsa do presidente pois
sabe que é a única forma de ser respeitado pelos brancos. Mad Max (2015),
de George Miller, traz o personagem titular como principal, mas entrega o
protagonismo para a Furiosa em uma história sobre mulheres se livrando de suas
obrigações como reprodutoras.
Mas, podemos voltar mais: Distrito
Nove (2009), como metáfora para segregação racial; O Segredo
de Brokeback Mountain (2005), discutindo homossexualidade; Clube
da Luta (1999) e sua ingênua mensagem anticapitalista; A Outra
História Americana (1998) e o racismo; Candyman (1992)
e a violência urbana em comunidades negras. Mas não precisamos ficar apenas em
“pautas progressistas”. Podemos citar também a série de filmes “Deus não está
morto” (2014 – 2024); o A Cabana (2017); Você
acredita? (2021); ou o O Som da Liberdade (2023). Mas
nenhuma dessas obras (progressistas ou não) é pensada normalmente em termos de
“woke” e isso revela um ponto importante que aproxima a tese da “cultura woke”
da teoria da conspiração.
Como aponta o sociólogo Michael Barkun, parte
importante do que define uma teoria da conspiração é seu teor “vitimista” e a
maldade do conspirador. O teórico da conspiração sempre enxerga na
“conspiração” um sentido maligno. Não há, na argumentação conspiracionista,
espaço para coincidências ou alinhamento de pautas orgânicas, mas sempre uma
ação de um agente oculto com intenções malignas. Então, quando se olha para o
desastroso As Caça Fantasmas (2016) não se vê uma falha
mercadológica em monetizar uma pauta, mas sim um esforço deliberado (inclusive
considerando o prejuízo) para empurrar uma agenda às jovens espectadoras. Que
agenda? O feminismo e o fim do patriarcado (ou seja, na ótica conspiratória, o
fim do “homem”). E esse “veneno” estaria introjetado em toda mídia e nem sempre
de forma tão explícita.
Em determinado momento do debate um dos “nerdolas”
questionou uma fala do filme The Batman (2022) na qual a
mulher-gato diz que o problema de Gotham eram os homens brancos e ricos. O
questionamento do debatedor foi de que, se o grupo ali retratado fosse trocado
(por latinos, gays ou negros), a fala seria criminosa. Os opositores foram didáticos
dizendo que a fala não se referia a um aspecto racial, mas de poder.
A mulher-gato (no filme, uma mulher não
branca e periférica) queixa-se de que o problema da cidade é justamente tudo
que é oposto a ela. Quado se fala em minorias, se fala, sobre tudo, de relação
de poder. Até porque, a verdadeira minoria numérica seria justamente os “homens
brancos e ricos”. Colocar uma minoria social em uma posição de poder é, na
prática, uma característica justamente de uma teoria da conspiração. Conforme o
sociólogo Joseph Uscinski.
Uma teoria famosa desse aspecto que foi
reavivada recentemente foi a do genocídio branco. De acordo com Anthony Moses,
a provável noção de “genocídio branco” se originou na obra White
Genocide Manifesto de David Lane, publicado em 1988. Neonazista, David
Lane argumentava que judeus governavam todas as “civilizações ocidentais”
encorajando a miscigenação. Consciente de que sua hipótese não tinha respaldo
acadêmico, David Lane acusou o ensino superior de ser tomado por “poluição
cerebral”, que fazia parte de um “sistema corrupto, destrutivo e tirânico”. Nos
anos 2010, ao longo do governo de Barack Obama, a teoria voltou a circular.
Concluindo, considerando o aspecto histórico
do que hoje se chama de “wokeismo”, reconhece-se que a “nova agenda woke” não é
assim tão nova. Mas foi reaquecida pela “guerra cultural” em um contexto no
qual a classe média perdeu espaço (tanto econômico como de político) enquanto
viu “minorias” ganhando espaço e mesmo protagonismo em políticas públicas.
Tornou-se assim um ímã para teorias da conspiração.
No entanto, falar em “woke” não
necessariamente diz respeito às teorias da conspiração. Pode ainda ser
empregada em seu sentido original de “manter-se atento às desigualdades
sociais”. Sendo assim, assumir-se “woke” não significa ser membro de uma conspiração.
Ao menos não deveria.
Fonte: Por João Victor Uzer, em A Terra é
Redonda
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