segunda-feira, 14 de abril de 2025

Hugo Souza: O ‘forte desconforto abdominal’ e o tiro à queima roupa no abdômen

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi internado no Rio Grande do Norte no início da tarde desta sexta-feira, 11, horas depois de virar oficialmente réu por tentativa de golpe de Estado e após sentir “forte desconforto abdominal”. No mesmo dia, quase ao mesmo tempo, o imigrante senegalês Ngange Mbaye foi assassinado em São Paulo, com um tiro à queima roupa no abdômen, pela Polícia Militar de Tarcísio de Freitas e Guilherme Derrite – pela hidra do bolsonarismo.

O réu por golpe de Estado passou mal quando fazia, despudoradamente, um “tour pelo Nordeste”. O trabalhador senegalês, que era vendedor ambulante, foi morto porque tentou salvar a mercadoria de uma outra vendedora – uma senhora – da apreensão por agentes do Estado brasileiro que se prestavam, no Brás, ao papel de fiscais de originalidade de companhias transnacionais de sportswear.

Ngange Mbaye trabalhava há oito anos no Brás e foi morto pela hidra do bolsonarismo quase um ano após outro imigrante senegalês, Serigne Mourballa Mbaye, “cair”, pois sim, do sexto andar do prédio onde morava, na região da Cracolândia, bem na hora em que a PM de Tarcísio e Derrite invadiu seu apartamento, no meio da noite, sem mandado judicial.

Talla, como Serigne Mbaye era conhecido na comunidade senegalesa de São Paulo, teve na hora o “CPF cancelado”, se é que tinha um. Ele estava há sete anos no Brasil e, como seu compatriota assassinado nesta sexta, sequer tinha aquela marca do herege que a hidra gosta de exibir quando atira na barriga de um preto ou atira um preto pela janela: “passagem pela polícia”.

Nesta sexta, falando à imprensa, um primo de Ngange Mbaye protestou: “não somos bichos”.

O aceno, a senha, porém, no estado de São Paulo governado pela hidra, no Brasil envenenado pelo bolsonarismo, é mesmo a do controle de pragas, da dedetização à bala da arraia-miúda. Jair Bolsonaro já se declarava candidato à Presidência da República quando, no dia 18 de setembro de 2015, numa entrevista ao jornal Opção, de Goiás, comentando notícia sobre eventual redução de efetivo das Forças Armadas, declarou:

“Caso venham reduzir o efetivo, é menos gente na rua para fazer frente aos marginais do MST, que são engordados agora por senegaleses, haitianos, iranianos, bolivianos, e tudo que é escória do mundo, né, e agora tá chegando os sírios também aqui. A escória do mundo tá chegando aqui no nosso Brasil como se nós já não tivéssemos problemas demais para resolver. Esse é o grande problema que nós podemos ter”.

Dez anos depois, mesmo depois de tudo, a escória do Brasil segue ao lado de Bolsonaro. Na avenida Paulista, nos hospitais, na anistia, no Brás.

Cúmplices, todos, do sangue no Brás.

•        Cirurgiões oncológicos acompanham caso e hospital fecha andar inteiro

No início da noite desta sexta-feira (11), ao divulgar o segundo boletim médico, o hospital Rio Grande afirma que Bolsonaro "permanece hospitalizado, sob os cuidados da equipe médica e multiprofissional do Hospital Rio Grande, com acompanhamento clínico contínuo e supervisão direta da equipe cirúrgica composta pelos Drs. Élio Barreto e Leonardo Barreto".

Elio e Leonardo Barreto são cirurgiões oncológicos, ramo da medicina especializado no tratamento do câncer. Os dois médicos são irmãos e têm uma clínica especializado no tratamento oncológico na capital potiguar.

"Há 12 anos sou CIRURGIÃO ONCOLÓGICO, especialidade que exerço diariamente com paixão e dedicação, na companhia de Elio Barreto, meu irmão e ídolo", escreveu Leonardo Barreto no Instagram, onde se revela um seguidor radical de Bolsonaro.

Em entrevista durante a divulgação do boletim médico, Luiz Roberto Leite Fonseca, diretor médico, afirmou que um andar inteiro do Hospital Rio Grande foi reservado para Bolsonaro "por questões de segurança".

"Um andar inteiro por questões de segurança, por óbvio que a prerrogativa do cargo impõe esse tipo de medida, sem nenhum tipo de prejuízo ao funcionamento do hospital. O hospital tem 330 leitos, então a gente consegue fazer essa assistência sem mudar a rotina do hospital", disse Fonseca.

Bolsonaro não está sedado e o diretor médico do hospital afirmou que "para agora, não há indicação de necessidade de intervenção cirúrgica de emergência".

"Ele não tem sinais clínicos que falem a favor de um abdômen agudo obstrutivo ou um abdômen infeccioso que impõe a necessidade de intervenção cirúrgica no momento", ressaltou Fonseca.

O diretor do hospital ainda confirmou que o cirurgião Claudio Birolini, especialista no aparelho digestivo, deve desembarcar em Natal neste sábado (12) para observar o quadro clínico de Bolsonaro.

Segundo último boletim médico, divulgado na noite de sexta, Bolsonaro "encontra-se em uso de antibioticoterapia venosa e com sonda nasogástrica aberta, mantendo-se em dieta zero. Foi submetido à passagem de acesso venoso central, procedimento realizado sem intercorrências, sendo iniciada nutrição parenteral total".

•        Casca de pipoca pode ter causado internação de Bolsonaro

Em entrevista na manhã deste sábado (12), o diretor médico do Hospital Rio Grande, Luiz Roberto Leite Fonseca, anunciou que por decisão pessoal, Jair Bolsonaro (PL) foi transferido para Brasília durante a tarde por uma aeronave médica, com Unidade de Tratamento Intensivo.

"Por decisão pessoal do senhor ex-presidente, com a família e o médico pessoal, Claudio Birolini, visando a proximidade com entes queridos, ele será transferido em aeromédico para Brasília", afirmou.

O médico ainda leu o boletim médico que mostra que o quadro é estável e que Bolsonaro teve uma noite tranquila com mais de 8 horas de sono, sem necessidade de analgesia.

Birolini, que viajou de São Paulo para Natal e vai acompanhar Bolsonaro até Brasília, descartou "no momento" a realização de uma nova cirurgia.

O médico, que acompanha Bolsonaro, diz que a obstrução intestinal pode ter sido causado por alimentos, citando como exemplo a casca de pipoca.

"É igual a um ralo, vai juntando cabelo e vai obstruindo", afirmou. Em seu discurso no ato da Paulista, Bolsonaro leu uma mensagem em inglês dizendo que "Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup d’État in Brazil".

A frase, que significa "Vendedores de pipoca e sorvete foram condenados por tentativa de golpe de estado no Brasil", rapidamente viralizou nas redes sociais.

•        Bolsonaro faz cena e contraria médico em vídeo divulgado em leito de hospital

Em vídeo divulgado na tarde deste sábado (12), Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer uso político de sua internação - algo que tem sido comum quando precisa enfrentar alguma situação complicada - e, em uma encenação na maca, com aparelhos, contrariou o médico pessoal, Cláudio Birolini.

Menos de uma hora antes da divulgação do vídeo, Birolini, que viajou de São Paulo para Natal para monitorar o quadro do ex-presidente, afirmou categoricamente que "no momento" está descartada qualquer intervenção cirúrgica.

A declaração se deu com a junta médica que acompanha o ex-presidente no Hospital Grande Rio, em Natal. Diretor médico da instituição, Luiz Roberto Leite Fonseca anunciou que por decisão pessoal Bolsonaro será transferido para Brasília durante a tarde por uma aeronave médica, com Unidade de Tratamento Intensivo.

No vídeo, Bolsonaro confirma a possibilidade ir de avião com UTI para a capital federal e contraria Birolini ao dizer que pode passar por cirurgia.

"Estou no Hospital Rio Grande, aqui em Natal. Ontem fui socorrido de emergência no hospital de Santa Cruz, Rio Grande do Norte. Há uma possibilidade de eu ser deslocado para Brasília para continuarmos o tratamento, com a possível intervenção cirúrgica", encenou.

Além de descartar a cirurgia, Birolini diz que a obstrução intestinal pode ter sido causado por má alimentação, com o consumo de produtos como casca de pipoca.

"É igual a um ralo, vai juntando cabelo e vai obstruindo", afirmou. Em seu discurso no ato da Paulista, Bolsonaro leu uma mensagem em inglês dizendo que "Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup d’État in Brazil".

A frase, que significa "Vendedores de pipoca e sorvete foram condenados por tentativa de golpe de estado no Brasil", rapidamente viralizou nas redes sociais.

•        Michelle usa nova internação de Bolsonaro para incitar horda com caso Adélio: "ex-psolista"

A velha estratégia de levar "Adélio" ao topo dos assuntos nas redes e incitar a horda bolsonaristas em momentos ruins para o clã foi sacada da cartola na noite desta sexta-feira (11) por Michelle Bolsonaro (PL) ao divulgar uma conversa com Jair Bolsonaro (PL), que está internado em Natal, no Rio Grande do Norte.

Bolsonaro teria tido constipação ainda por efeito da facada, segundo o médico Antônio Luiz Macedo, e foi internado quando viajava para o interior do Rio Grande do Norte, em caravana que começou flopada, para divulgar a pauta da "anistia" - uma das formas de livrá-lo da cadeia pela ação golpista.

Após o marido divulgar foto internado no Hospital Rio Grande - outra antiga tática para causar comoção entre apoiadores -, Michelle divulgou imagem de conversa em vídeo e deu sequência à estratégia.

"Nossa vida nunca mais foi a mesma depois do fatídico 6 de setembro de 2018 - quando um ex-psolista atentou contra a vida do meu marido", afirmou Michelle, referindo-se à facada desferida por Adélio Bispo dos Santos para politizar a mais recente internação do marido.

"Para alguns, desprovidos de inteligência e bom senso, tudo não passou de uma farsa, por ele ter tido hemorragia interna - chegando a ponto de desacreditar até mesmo a equipe médica que prestou os primeiros socorros em Minas Gerais", seguiu a ex-primeira-dama, ceivando ódio entre apoiadores radicais do ex-presidente.

<><> Médicos oncológicos

A internação de Jair Bolsonaro (PL), que foi levado para o Hospital Rio Grande, em Natal, após passar mal e procurar o atendimento de urgência em Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Sul, segue envolta em alguns mistérios sobre o real estado de saúde.

No início da noite desta sexta-feira (11), ao divulgar o segundo boletim médico, o hospital Rio Grande afirma que Bolsonaro "permanece hospitalizado, sob os cuidados da equipe médica e multiprofissional do Hospital Rio Grande, com acompanhamento clínico contínuo e supervisão direta da equipe cirúrgica composta pelos Drs. Élio Barreto e Leonardo Barreto".

Elio e Leonardo Barreto são cirurgiões oncológicos, ramo da medicina especializado no tratamento do câncer. Os dois médicos são irmãos e têm uma clínica especializado no tratamento oncológico na capital potiguar.

"Há 12 anos sou CIRURGIÃO ONCOLÓGICO, especialidade que exerço diariamente com paixão e dedicação, na companhia de Elio Barreto, meu irmão e ídolo", escreveu Leonardo Barreto no Instagram, onde se revela um seguidor radical de Bolsonaro.

Em entrevista durante a divulgação do boletim médico, Luiz Roberto Leite Fonseca, diretor médico, afirmou que um andar inteiro do Hospital Rio Grande foi reservado para Bolsonaro "por questões de segurança".

<><> Antônio Luiz Macedo

Nesta sexta-feira, em entrevista à CNN, Antônio Luiz Macedo, não descartou uma nova cirurgia e fez suspense sobre o quadro de saúde de Bolsonaro, a quem acompanha desde o episódio da facada, em 2018.

"Bolsonaro já fez comigo cinco cirurgias abdominais, três extremamente delicadas, extremamente graves, que foram cirurgias demoradíssimas, e mais duas que foram menores”, disse Macedo.

Em seguida, ele não descartou nova intervenção. “Do jeito que eu vi, como as coisas estão sendo levadas hoje, eu não descarto a possibilidade dele ter que ser encaminhado aqui para São Paulo, para que o doutor Leandro Echenique, que é o clínico dele em todas as cirurgias e eu possamos fazer o trabalho de socorrer o presidente”, afirmou.

 

Fonte: Come Ananás/Fórum

 

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