sábado, 19 de abril de 2025

Por que Jesus foi crucificado cinco dias depois de entrar aclamado em Jerusalém?

Jesus Cristo foi de aclamado a crucificado em cinco dias porque comprou briga com os ricos e poderosos, que foram rápidos em executar um líder popular judeu que ameaçava o domínio romano. Por isso, o profundo significado de suas ações na Semana Santa é religioso e político.

“Ele colocou um alvo nas costas e outro no peito”, diz André Leonardo Chevitarese, professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, o que Jesus fez entre o Domingo de Ramos e a Sexta-Feira Santa certamente teria resultado trágico.

“Do ponto de vista teológico, nada deu errado”, diz Frei David, franciscano, fundador da Educafro. Mas, do ponto de vista humano e político, Jesus confrontou a elite romana. Ao expulsar os comerciantes do templo, realizou “uma ação altamente atrevida e com forte carga simbólica, desafiando a corrupção religiosa”, explica o frei.

Para o pesquisador da UFRJ, o fato de Jesus entrar montado em um jumento por uma das portas de Jerusalém, aclamado pelo povo pobre, enquanto Pilatos entrava por outra, com seu exército, “representa simbolicamente a contradição de uma cidade grande, a demanda por mudanças drásticas no cenário de exploração”, diz Chevitarese.

<><> Uma semana desafiando o poder de César

Jesus arriscou o pescoço na Semana Santa. Publicamente, chamou os líderes religiosos de “hipócritas”; falou do fim de Jerusalém e da construção da justiça, causando agitação popular. “Ele sabia com quem estava mexendo e sabia que sua missão unia o material e o espiritual”, diz frei David.

Apesar da postura, que incluía críticas ao próprio povo judeu, Jesus era um homem de paz, não pregava a revolução armada. “Aos olhos de muitos, ele deixou de ser o herói prometido e passou a ser mais um profeta incômodo”, explica o frei.

Para o cientista da UFRJ, Jesus toma a iniciativa de criar uma confusão dentro do coração pulsante de Jerusalém, a grande caixa forte dessa elite judaica. “Vira um cabra marcado para morrer”. Chevitarese lembra que, embora a cidade estivesse em festa, a situação era tensa.

“Jerusalém é um rastilho de pólvora. Vai explodir, não porque a festa é ruim, mas pela lembrança da liberdade. Politicamente, Israel não é livre, os judeus celebram algo num contexto de subordinação”. Estão em situação semelhante à que estavam no Egito, de onde se libertaram a duras penas.

<><> Da prisão à cruz em poucas horas

No final da semana, a situação de Jesus estava por um fio. Entre quinta e sexta-feira, vai ser delato por Judas, preso, julgado, torturado e crucificado. Para Chevitarese, apóstolos como Marcos, Mateus e Lucas “vão explicar como um homem bom, Jesus, conheceu a morte de um homem mal”.

Isso porque, na lei romana, crucificados são estupradores, escravos que assassinam seus senhores ou se revoltam contra o sistema escravista, fraudadores de testamentos, além de sujeitos que atentam contra a ordem do império – o caso de Jesus.

Jesus é preso no Monte das Oliveiras, no início da madrugada de sexta. A mesma multidão que o acolheu com ramos “talvez estivesse agora influenciada”, clamando pela crucificação, diz frei David. “Aqui se repete uma das coisas mais graves na política brasileira e mundial: manipulação da consciência popular a partir dos interesses dos opressores, gerando espírito de massa”.

Julgamento, martírio e crucificação acontecem muito rápido e, por volta de três horas da tarde de sexta-feira, Jesus está crucificado. “Toda semana é caracterizada pelo reino de Deus, onde a justiça é plena, em oposição à injustiça do reino de César. Aquele alvo que Jesus colocou nas costas e no peitoral, a conta chegou”, conclui o pesquisador da UFRJ.

•        7 histórias bíblicas trágicas que quase ninguém conhece

A Bíblia é um livro que muitos buscam para obter conforto e orientação espiritual. No entanto, além das mensagens de esperança e amor, há muitas histórias trágicas e sombrias que raramente são mencionadas. Conheça sete histórias bíblicas trágicas que merecem ser lembradas.

•        1. Miriã é punida com lepra

Miriã, irmã de Moisés e profetisa respeitada, desempenhou um papel crucial na sobrevivência de Moisés durante sua infância. No entanto, sua crítica a Moisés anos depois, juntamente com seu irmão Aarão, provocou a ira divina. Em Números 12:1-15, Miriã foi castigada com lepra, uma doença altamente estigmatizada, e teve que permanecer isolada fora do acampamento israelita por uma semana.

•        2. A rebelião de Corá

Corá, um dos líderes dos levitas, liderou uma rebelião contra Moisés, ressentindo-se da autoridade e liderança de Moisés e Aarão. Em Números 16, Corá e seus seguidores desafiaram a liderança de Moisés, o que resultou em uma demonstração dramática do poder divino. A terra abriu-se e engoliu Corá, seus seguidores e suas famílias, enquanto outros rebeldes foram consumidos pelo fogo divino.

•        3. A queda de Jericó

A queda de Jericó é uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, mas o massacre que se seguiu é frequentemente esquecido. Em Josué 6:20-21, após a queda dos muros de Jericó, os israelitas destruíram todos os seres vivos na cidade, incluindo homens, mulheres, crianças e animais. Esse ato de violência foi seguido pelo saque da cidade e sua queima completa, mostrando a brutalidade das conquistas israelitas.

•        4. O castigo de Acã

Em Josué 7:1-26, Acã desobedeceu a Deus ao guardar para si parte do saque de Jericó, resultando na derrota dos israelitas na cidade de Ai. Após confessar seu pecado, Acã foi apedrejado até a morte, com sua família e seus bens. Esse castigo severo sublinha a importância da obediência e as graves consequências da desobediência na comunidade israelita.

•        5. A praga de Davi

Em 1 Crônicas 21:1-14, Davi ordenou um censo que irritou profundamente Deus, resultando em uma praga devastadora: 70 mil israelitas morreram em três dias. A escolha de Davi entre três punições distintas – fome, derrota militar ou praga – resultou em um sofrimento enorme para seu povo, destacando a responsabilidade pesada dos líderes diante de Deus.

•        6. A morte de Jezabel

Jezabel morreu de forma violenta. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Em 2 Reis 9:30-37, Jezabel, rainha de Israel, foi jogada de uma janela, pisoteada e devorada por cães, cumprindo uma profecia divina. Sua morte violenta e degradante foi uma punição pela idolatria e perseguição aos profetas de Deus. A trágica história de Jezabel simboliza o fim brutal de uma figura que desafiou as ordens divinas.

7. O martírio de Estêvão

Estêvão, o primeiro mártir cristão, foi apedrejado até a morte por pregar a nova fé. Em Atos 7:54-60, sua execução marcou o início das perseguições contra os cristãos. O envolvimento de Saulo (mais tarde Paulo) na morte de Estêvão ressalta a gravidade das perseguições iniciais e a transformação radical de um dos principais líderes do Cristianismo.

•        Quem foram os nazarenos na época de Jesus?

Muita gente costuma se referir ao filho de Deus pelo epíteto "Jesus de Nazaré", ou "Jesus, o Nazareno". O termo indica que ele foi criado na cidade de Nazaré, na Galileia, no norte do atual Estado de Israel.

Mas isso pode nos levar à indagação: como eram os nazarenos na época de Jesus? E o que havia na cidade para o filho de Deus ser referido até hoje assim?

>>> Quem eram os nazarenos?

Se você for ler a Bíblia, vai notar que a associação de Jesus com a cidade de Nazaré é muito forte. Mas, pelo conhecemos pelo relato bíblico, essa não foi a sua cidade natal: ele nasceu em Belém. Ainda assim, é citado pelos evangelhos como “Jesus de Nazaré”, pois foi lá que ele viveu e cresceu com os pais.

De alguma forma, Nazaré ou Nazareno aparece no seu nome como uma indicação de localidade, tal como se referir a alguém como baiano ou paulista. Mas, de acordo com o portal Britannica, o grego original usava o termo com implicações religiosas em vez de geográficas. A palavra podia ser traduzida como "devoto", e os que estivessem dentro desse guarda-chuva estariam envolvidos com o judaísmo.

No livro Atos, 24, há uma primeira referência aos nazarenos como uma seita distinta. Lê-se lá: "ele é um líder da seita dos nazarenos e até tentou profanar o templo; então o prendemos". Ou seja, nos primeiros dias do cristianismo, os seguidores de Jesus podem ter sido chamados de nazarenos.

Dentro daquele contexto, o termo era pejorativo, já que os seguidores de Jesus eram ridicularizados de modo geral. Enquanto isso, os cristãos do Império Romano se autodenominavam "santos" ou seguidores do "Caminho". Logo "Nazareno" e "O Caminho" desapareceram da linguagem e "Cristão" se tornou o único jeito a se referir aos seguidores de Jesus.

>>> As igrejas nazarenas hoje

Durante o século IV, provavelmente os nazarenos foram absorvidos em parte pelo judaísmo tradicional e em parte pelo cristianismo tradicional. Mas o nome "Nazareno" continuou existindo, e passou a se referir a uma sociedade de arte alemã que fazia parte do movimento romântico.

O grupo visava reviver a espiritualidade na arte, e recebeu esse nome como uma forma de escárnio, pois eles apresentavam publicamente com uma maneira bíblica de se vestir e usavam um mesmo estilo de cabelo.

O mais curioso é que esse movimento existe até hoje. A Igreja do Nazareno é atualmente uma denominação protestante e uma igreja evangélica metodista, com mais de 2 milhões de seguidores (segundo informação deles mesmos).

Em comum com outras vertentes das igrejas pentecostais, os nazarenos mantêm uma certa visão conservadora nos costumes, rejeitando as questões LGBTQIA+ e proibindo o uso de álcool ou cigarro. Por outro lado, eles estão abertos para aceitar o evolucionismo da ciência.

 

Fonte: Portal Terra/Mega Curioso

 

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