Por
que China se mantém firme na guerra de tarifas com Trump
Qual é
o motivo pelo qual Pequim não está
cedendo a Donald Trump em relação às
tarifas? A resposta é que não precisa.
Os líderes
da China diriam que não estão inclinados a ceder a um valentão, mas também têm
uma capacidade de fazer isso muito além de qualquer outro país do mundo.
Antes
do início da guerra tarifária, a China tinha um volume enorme de vendas para os
Estados Unidos, mas, para contextualizar, isso equivale a apenas 2% do seu
Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços
produzidos pela economia de um país.
Dito
isso, o Partido Comunista claramente preferiria não se envolver em uma guerra
comercial com os EUA em um momento em que tem lutado para resolver seus
problemas econômicos próprios consideráveis, após anos de crise imobiliária,
dívida regional exagerada e desemprego persistente entre os jovens.
No
entanto, apesar disso, o governo disse à sua população que está em uma posição
forte para resistir aos ataques dos EUA.
O país
asiático também sabe que suas próprias tarifas claramente prejudicarão os
exportadores americanos.
Trump
tem se gabado para seus apoiadores de que seria fácil forçar a China à
submissão simplesmente impondo tarifas ao país, mas isso se provou extremamente
enganoso.
Pequim
não vai se render.
Xi
Jinping disse que seu país e a UE devem 'resistir conjuntamente às práticas
unilaterais de intimidação' do governo Trump — Foto: GETTY IMAGES
O líder
chinês, Xi Jinping, disse ao
primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, na sexta-feira (11), que
seu país e a União Europeia deveriam "resistir conjuntamente às
práticas unilaterais de intimidação" do governo Trump.
Sánchez,
por sua vez, disse que as tensões comerciais da China com os EUA não devem
impedir a cooperação da potência asiática com a Europa.
O
encontro ocorreu na capital chinesa horas antes de Pequim aumentar novamente
suas tarifas sobre produtos dos EUA – embora tenha dito que não responderá a
novos aumentos de tarifas dos EUA.
Na
próxima semana, Xi visitará Malásia, Vietnã e Camboja. Todos esses países foram
duramente atingidos pelas tarifas de Trump.
Ministros
chineses têm se encontrado com suas contrapartes da África do Sul, Arábia
Saudita e Índia, discutindo uma maior cooperação comercial.
Além
disso, China e União Europeia estariam em negociações sobre a possível remoção
das tarifas europeias sobre carros chineses, que seriam substituídas por um
preço mínimo, a fim de conter uma nova rodada de dumping (venda de produtos a
preços abaixo do custo de produção, com o objetivo de dominar um mercado).
Em
resumo, para onde quer que se olhe, é possível ver que a China tem opções.
E
analistas afirmam que esses aumentos tarifários mútuos entre as duas
superpotências estão se tornando quase insignificantes, visto que já
ultrapassaram o ponto de impedir grande parte do comércio entre elas.
Assim,
os aumentos tarifários recíprocos em ambas as direções tornaram-se mais
simbólicos.
Em
postagem no X, Mao Ning citou Mao e acrescentou nas próprias palavras: 'A China
nunca blefa — e percebemos quem o faz' — Foto: Reprodução
O
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, publicou,
nos últimos dois dias, imagens do ex-presidente chinês Mao Tsé-Tung nas redes
sociais, incluindo uma filmagem dos tempos da Guerra da Coreia, quando o líder
da Revolução Chinesa disse aos EUA que "não importa quanto tempo esta
guerra dure, nunca cederemos".
Acima
disso, ela publicou seus próprios comentários, dizendo: "Somos chineses.
Não temos medo de provocações. Não vamos recuar."
Quando
o governo chinês recorre ao camarada Mao, você sabe que eles estão falando
sério.
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“Acreditar na China é acreditar no amanhã”: o emocionante
editorial do jornal chinês
“Oásis
de certeza” injeta confiança, impulso e energia positiva na economia global.
“Acreditar
na China” se tornou uma expressão-chave nesta primavera.
Declarações
como “para nós, há oportunidades em todas as cidades chinesas” e “o ecossistema
de inovação científica e tecnológica da China impulsiona o desenvolvimento
global coordenado” marcaram os encontros anuais de três fóruns de alto nível —
o Fórum de Desenvolvimento da China, o Fórum de Boao para a Ásia e o Fórum de
Zhongguancun — realizados consecutivamente nas últimas semanas. A mensagem que
ganhou consenso internacional: há motivos concretos para otimismo quanto às
perspectivas da China.
A
multinacional farmacêutica AstraZeneca anunciou a instalação de seu sexto
centro global de pesquisa e desenvolvimento em Pequim. Em Xangai, o distrito de
Pudong recebeu 13 novas sedes regionais de empresas multinacionais e quatro
novos centros de P&D financiados por estrangeiros. Altos executivos globais
têm visitado o país em grande número. Ir à China voltou a ser uma escolha
estratégica para investidores estrangeiros.
Num
momento de instabilidade na economia mundial, por que “acreditar na China” se
tornou uma crença unânime?
“Abrir-se
à China é abraçar oportunidades, acreditar na China é acreditar num amanhã
melhor, investir na China é investir no futuro”, afirmou o presidente Xi
Jinping ao receber representantes do setor empresarial internacional em Pequim,
no dia 28 de março.
A
confiança vem da certeza. Como um “oásis de estabilidade”, a China injeta
impulso, segurança e energia positiva no desenvolvimento da economia global.
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Vantagem em inovação
Acreditar
na China significa reconhecer que o país prioriza o desenvolvimento de alta
qualidade e cultiva novas forças produtivas com base em suas realidades locais.
“É
impressionante como a China continua surpreendendo o mundo”, declarou o
ex-secretário de Comércio dos EUA, Carlos Gutierrez, expressando uma percepção
comum entre analistas internacionais.
De
“fábrica do mundo” a “laboratório de inovação”, a China acumulou força e
potencial. Nos dois primeiros meses deste ano, a produção de robôs industriais
aumentou 27%, a de trens-bala cresceu 64% e a de drones civis saltou 91,5% em
relação ao mesmo período do ano anterior. Produtos inovadores, como soluções
baseadas em inteligência artificial, também registraram crescimento acelerado.
Cada
vez mais empresas estrangeiras enxergam a inovação como a principal
oportunidade ao investir na China. “A China não é mais apenas um centro de
manufatura — é uma potência global em inovação”, afirmou Stefan Hartung,
presidente da Bosch.
O
desenvolvimento chinês nunca se baseou em “comportamento predatório” para mudar
as regras do jogo, mas sim na competição ativa de mercado e na busca de espaço
por meio da inovação. O país já construiu mais de 30 mil fábricas inteligentes
de nível básico, 1.200 de nível avançado e 230 de nível excelente — bases para
uma transformação industrial profunda.
Acreditar
na China também significa reconhecer seu compromisso com “o lado certo da
história e do progresso da civilização humana”.
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Portas abertas, ainda mais
Em
contraste com países que adotam o protecionismo e apostam em jogos de soma zero
que ameaçam a ordem econômica internacional, a política de abertura em alto
nível da China atende às necessidades das multinacionais de manter estáveis
suas cadeias produtivas — e oferece um grau raro de previsibilidade em tempos
turbulentos.
O mundo
quer fazer amizade com a China porque admira seu conceito de coexistência
harmoniosa. Esse espírito de desenvolvimento comum gerou cooperação concreta:
nos montes nevados do Quirguistão, máquinas da ferrovia
China-Quirguistão-Uzbequistão operam dia e noite; a partir do Porto de Chancay,
no Peru, novas rotas para China foram abertas por Colômbia e Equador.
“Os
interesses devem ser de todos” — essa é a visão e a prática da China.
Da
ampliação de projetos-piloto em telecomunicações e biotecnologia à igualdade de
condições entre empresas locais e estrangeiras em programas de renovação
industrial; da expansão da “zona de isenção de visto” à tendência de viagens
internacionais para a China nas redes sociais — o país se mantém aberto ao
mundo e compartilha suas oportunidades de desenvolvimento.
“Cooperação
internacional não é uma opção, é uma necessidade”, afirmou Mustafa Shenhu,
presidente da Federação Mundial de Organizações de Engenharia.
A China
busca promover sua abertura com solidez, não apenas aproveitando o mercado
global para se desenvolver, mas também contribuindo com o crescimento comum.
Essa tem sido uma diretriz consistente de sua política externa.
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Resiliência notável
Acreditar
na China é confiar em sua capacidade de “crescer com o vento e a chuva, e se
fortalecer nas adversidades”.
Apesar
dos ventos contrários na economia global, o desempenho chinês revelou
resiliência, reconhecida por veículos internacionais desde o ano passado.
A meta
de crescimento de cerca de 5% foi considerada ousada num contexto de
desaceleração e perda de confiança no mercado. Mas um pacote de medidas
macroeconômicas eficazes conseguiu estabilizar a economia e revitalizar seu
dinamismo.
O
crescimento de 5%, difícil de alcançar, demonstrou à comunidade internacional a
força da economia chinesa e suas perspectivas para um desenvolvimento de alta
qualidade.
Em
comparação com as dúvidas de 2024, a meta para este ano vem recebendo maior
reconhecimento externo. Instituições financeiras internacionais apontam que a
continuidade das políticas macroeconômicas eficazes somará fatores positivos e
impulsionará a recuperação da economia chinesa.
Com uma
base econômica sólida, mercado interno gigantesco e sistema industrial
completo, a China está bem preparada para enfrentar os desafios. Como resumiu
um convidado no Fórum de Desenvolvimento da China: “A China possui todos os
elementos necessários para crescer no futuro.”
Com
vantagens institucionais, potencial de mercado e vitalidade empresarial, a
China seguirá firme ao cuidar bem dos seus próprios assuntos — e sairá ainda
mais forte da tempestade.
Estamos
no caminho certo. E é preciso avançar com confiança.
Acreditar
na China é, verdadeiramente, acreditar no amanhã.
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China diz que 'jamais' se curvará à pressão dos EUA e que
governo americano deve parar com atitudes 'destrutivas'
Em meio
à guerra de tarifas, o Ministério das Relações Exteriores da China informou nesta sexta-feira (11) que os Estados
Unidos devem parar de ser "imprevisíveis" e "destrutivos" e
que "jamais" se curvará à pressão feita pelo governo americano.
"Se
os Estados Unidos realmente querem diálogo, devem parar com suas atitudes
imprevisíveis e destrutivas", informou o ministério na rede social X.
Nesta
sexta-feira, o governo chinês elevou para 125% as tarifas sobre as
importações dos EUA,
em resposta à taxação de 145%, decretada pelo
presidente americano, Donald Trump, sobre itens chineses.
"Pelo
bem do povo chinês e dos povos do mundo, e em nome da justiça e da equidade na
ordem global, a China jamais se curvará à pressão dos Estados Unidos",
disse o ministério.
Mais
cedo, o premiê Li Qiang, que está na Espanha acompanhando o presidente Xi Jinping, disse:
"A
imposição das chamadas tarifas recíprocas pelos EUA prejudicou seriamente a
ordem econômica e comercial internacional, e causou grandes impactos
negativos".
Em um
comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças, a Comissão Tarifária do
governo chinês afirmou, também nesta sexta, que "vai ignorar", a
partir de agora, qualquer nova alta de tarifas anunciada pelos Estados Unidos.
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Xi Jinping pede união contra guerra comercial dos EUA
Mais
cedo, o presidente da China, Xi Jinping, também falou sobre tarifaço de Trump,
em encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez.
Xi intimou o país e a União Europeia
a "cumprir suas responsabilidades internacionais".
"[Os
países] devem manter a tendência de globalização econômica e o ambiente do
comércio internacional e resistir conjuntamente ao unilateralismo e à
intimidação. China e União Europeia devem não apenas resguardar seus próprios
direitos e interesses legítimos, mas também a justiça e a equidade
internacionais, bem como as regras e a ordem internacionais", disse.
O
encontro dos dois líderes serviu para estreitar laços comerciais entre a
Espanha e a China. Segundo o primeiro-ministro espanhol, os países assinaram
acordos de cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, educação e cinema.
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Entenda a guerra tarifária entre China e EUA
A guerra
tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na
última semana, após o anúncio de novas medidas por Trump.
Na
quarta-feira (2), o presidente americano detalhou a
tabela de tarifas, variando de 10% a 50%, sobre produtos de mais de 180 países.
A
medida entraria em vigor na quarta-feira seguinte (9), mas Trump anunciou
uma "pausa" de 90 dias para todos os países, com exceção da
China. Durante esse período, as tarifas seriam reduzidas para 10%.
Tarifas
já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, continuam valendo e não
são afetadas pela medida.
💲A China, alvo principal das novas
medidas, foi um dos países mais penalizados. Os percentuais foram subindo
progressivamente, ao longo dos dias, até atingir os atuais 145%.
- A
alíquota começou em 34%, que se somou aos 20% já cobrados em tarifas
sobre os itens chineses.
- Em
resposta, Pequim impôs, na
sexta (4), tarifas extras de também 34% sobre as importações americanas.
- Trump, então,
ameaçou cobrar taxas extras de 50% à China se o país não
recuasse da retaliação na terça (8).
- Como Pequim não
desistiu, as tarifas subiram para 104%.
- A resposta
chinesa veio na manhã de quarta (9): o governo elevou as tarifas
sobre os EUA de 34% para 84%.
- Trump anunciou
mais uma vez a elevação para a China, agora de 125%.
- Na quinta (10),
a Casa Branca explicou que as taxas de 125% se somariam à outra tarifa de
20% já aplicada anteriormente sobre a China, resultando numa alíquota
total de 145%.
- Como resposta,
nesta sexta (11), Pequim elevou as tarifas sobre produtos americanos
para 125%.
Também
nesta sexta, a missão da China junto à Organização Mundial do Comércio (OMC)
informou que apresentou uma queixa adicional ao órgão contra as tarifas
impostas pelos EUA.
"Em
10 de abril, os EUA emitiram uma ordem executiva anunciando um novo aumento das
chamadas 'tarifas recíprocas' sobre produtos chineses. A China apresentou uma
queixa à OMC contra as mais recentes medidas tarifárias dos EUA," disse o
comunicado da missão chinesa, citando um porta-voz do Ministério do Comércio.
Fonte:
BBC News Brasil/ People’s Daily via Global Times/g1
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