Fraude
no INSS começou no governo Bolsonaro, diz PF
As
investigações da Polícia Federal (PF) dão conta de que a fraude
bilionária nos benefícios previdenciários começou em 2019 – isto
é, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Desde então, cerca
de R$ 6,3 bilhões teriam sido desviados por meio de descontos não
autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões.
Embora
a Operação Sem Desconto tenha atingido diretamente
o atual presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi afastado do
cargo nesta quarta-feira (23), e servidores do governo Lula, as investigações
da Polícia Federal (PF) dão conta de
que a fraude bilionária nos benefícios previdenciários começou em
2019 – isto é, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.
A
investigação, que envolve também a Controladoria-Geral da União (CGU), aponta
que entidades se apresentavam como representantes de aposentados e pensionistas
para aplicar mensalidades associativas diretamente nos benefícios do INSS
– sem o consentimento dos segurados. O mecanismo teria funcionado de forma
sistemática ao longo de cinco anos, período que inclui todo o mandato de
Bolsonaro.
Segundo
a PF, servidores públicos estão entre os suspeitos de envolvimento no esquema,
que se estende por 14 estados e o Distrito Federal. Um total de 211
mandados de busca e apreensão foram cumpridos, além de seis mandados de prisão
temporária e sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão.
Embora
Alessandro Stefanutto – nomeado por Lula para a presidência do INSS em
julho de 2023 – seja o principal alvo político da operação neste momento, os
dados da investigação reforçam que o modus operandi das fraudes se instalou
ainda na administração anterior, sem que mecanismos efetivos de controle
tivessem sido adotados ao longo do tempo. Stefanutto, que é procurador federal
de carreira, já trabalhava no INSS antes do início do governo Lula
como diretor de Finanças e Logística.
Fontes
ligadas à investigação relatam que os primeiros sinais de irregularidades já
apareciam em auditorias internas ainda em 2020, mas as ações efetivas para
coibir os descontos indevidos foram proteladas.
Os
principais detalhes da investigação foram levados pessoalmente ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na
manhã desta quarta-feira, durante reunião no Palácio da
Alvorada. Também participam das discussões sobre o caso o diretor-geral da
PF, Andrei Rodrigues, e o ministro da CGU, Vinícius Carvalho. Uma
nova reunião está sendo realizada no Ministério da Justiça para definir os
próximos passos da apuração.
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Confira a nota da PF e CGU sobre o caso
"A
Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram hoje (23/4) a
Operação Sem Desconto, com o objetivo de combater um esquema nacional de
descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.
Cerca
de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumprem hoje 211 mandados
judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de
R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos
estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e
Sergipe. Seis servidores públicos foram afastados de suas funções.
As
investigações identificaram a existência de irregularidades relacionadas aos
descontos de mensalidades associativas aplicados sobre os benefícios
previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões, concedidos pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Até
o momento, as entidades cobraram de aposentados e pensionistas o valor estimado
de R$ 6,3 bilhões, no período entre 2019 e 2024.
Os
investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva,
violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa
e lavagem de capitais.
Coordenação-Geral
de Comunicação Social da PF"
¨ 9 das 11 entidades
investigadas foram criadas nos governos Temer e Bolsonaro
Enquanto
tenta colocar a conta no atual governo - mirando um mensalão 2.0 - e incitar o
discurso de "corrupção" entre extremistas nas redes sociais, a mídia
liberal esconde fatos elucidativos da Operação Sem
Desconto,
desencadeada nesta quarta-feira (23) a partir de uma investigação da Polícia
Federal (PF) para combater um esquema nacional de descontos associativos não
autorizados em aposentadorias e pensões.
Segundo
a PF, o esquema começou em
2019 e
operou, em grande parte, durante o governo Jair Bolsonaro (PL) - que tinha como
"super" ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro (União-PR).
Em
entrevista coletiva, o Controlador-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho,
destacou que as fraudes vinham desde 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, e
começaram a ser investigadas em 2023, primeiro ano do governo Lula.
Outro
fator extremamente importante é que 9 das 11 associações investigadas foram
criadas após a reforma trabalhista feita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB),
que desmontou a estrutura sindical e permitiu a pulverização de entidades
representativas sem compromisso algum com os trabalhadores.
Na
prática, com o fim da contribuição sindical, que era direcionada para um
sindicato representativo de determinada categoria de trabalhador, a nova
legislação deu aval para criação de "concorrentes" na esfera
sindical, fazendo com que oportunistas vissem a representação trabalhista como
negócio.
Das 11
associações investigadas, duas foram criadas em 2017, logo após a reforma de
Temer, e outras 7 durante o governo Jair Bolsonaro (PL), depois que o então
super ministro da economia, Paulo Guedes, liberou a farra dos empréstimos
consignados vinculados às aposentadorias e pensões, em 2020, na esteira da
Reforma da Previdência. São elas:
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Gestão Temer
- Ambec (2017)
- Conafer (2017)
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Gestão Bolsonaro
- AAPB (2021)
- AAPEN
(anteriormente denominada ABSP) (2023)
- AAPPS Universo
(2022)
- Unaspub (2022)
- APDAP Prev
(anteriormente denominada Acolher) (2022)
- ABCB/Amar Brasil
(2022)
- CAAP (2022)
Apenas
duas foram criadas antes da reforma e são vinculadas ao movimento sindical: a
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), fundada em
1963, e o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi),
ligado à Força Sindical.
O
Sindnapi ainda ganhou as manchetes porque José Ferreira da Silva, conhecido
como Frei Chico, irmão de
Lula, compõe a diretoria. No entanto, a entidade existe há 25 anos
e tem todas as autorizações de associados feitas
voluntariamente e sequer foi alvo de busca e apreensão, tampouco de
intimação da PF.
"Desde
o primeiro momento soltamos uma nota apoiando a ação da PF pois há um bom tempo
já falávamos disso e queríamos que tomassem providências. Houve essa ação, o
Sindnapi, em nenhum momento, recebeu ou foi investigado pela PF, pois não houve
apreensão de documentos, nós temos mais de 80 sedes pelo país e não foram em
nenhuma subsede, não apreenderam nenhum material nosso. Então, não podemos
dizer que fomos alvo de uma operação", afirmou Milton Cavalo, presidente
do sindicato.
Cavalo
ainda levanta suspeitas sobre organizações que foram criadas na esteira das
medidas de Temer e de Bolsonaro.
"É
difícil compreender, e nós já estamos há 25 anos trabalhando, associações que
se dizem em defesa de aposentados que em 3 meses aumentou em 300 mil, 600 mil,
o número de associados. A gente sabe o quanto é difícil aumentar o número de
associados", afirmou.
¨ Escândalo começou a
ser investigado pelo governo Lula em 2023
O escândalo
das fraudes que desviaram mais de 6 bilhões de aposentadorias e
pensões, que culminou na demissão do
presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, nesta quarta-feira
(23), teve início em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e começou a
ser investigado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023 –
primeiro ano do terceiro mandato do petista.
Desde
2019, cerca de R$ 6,3 bilhões foram desviados por meio de
descontos não autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões. A
investigação começou a ser feita em 2023, logo após Lula assumir a
presidência, pela Controladoria-Geral da União (CGU), que
identificou o aumento do número de entidades e dos valores descontados dos
aposentados. Segundo o órgão, associações e sindicatos descontavam valores de
mensalidades diretamente na folha dos beneficiários do INSS, sem que eles
soubessem.
Nesta
quarta-feira, no âmbito das investigações, a Polícia Federal (PF) deflagrou
a Operação Sem Desconto, cumprindo 211 mandados de busca e apreensão,
além de seis mandados de prisão temporária e sequestro de bens avaliados em
mais de R$ 1 bilhão. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto,
foi demitido por Lula logo após a operação.
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Controladoria-Geral da União iniciou investigação em 2023
Em
coletiva de imprensa, o Controlador-Geral da União Vinícius
Carvalho destacou que as fraudes vinham desde 2019, primeiro ano do
governo Bolsonaro, e começaram a ser investigadas em 2023, primeiro ano do
governo Lula.
"Em
2023 nós começamos na CGU uma série de apurações sobre o aumento do número de
entidades e dos valores descontados dos aposentados. Importante destacar que
esses descontos não começam em 2023 lá atrás, e eles vêm em um crescente ao
longo dos anos e, a partir de 2023, quando nós assumimos o governo, os técnicos
da CGU identificaram o aumento desses descontos ao longo dos anos, nós
começamos essa apuração", declarou.
"Não
é uma situação que aconteceu agora. A apuração começou em 2023, mas esses
descontos já vinham sendo realizados anteriormente", reforçou Vinícius
Carvalho.
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Ministro da Justiça detalha
Na
mesma coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deu detalhes sobre
a operação da PF que desbaratou o esquema de fraudes no INSS.
¨ Sergio Moro
"esquece" que era ministro da Justiça quando corrupção no INSS
começou e faz piada
Afoito
em atacar Lula, o senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR) foi às redes sociais
nesta quarta-feira (24) fazer piadinha com a investigação da Polícia Federal
(PF) que desbaratou um esquema de corrupção no Instituto Nacional de Seguro
Social, o INSS, que começou em 2019 e só foi investigado a partir de 2023, no
atual governo.
Na
publicação, o ex-juiz parcial da Lava Jato ataca o Peru e a ex-primeira-dama do
país vizinho, Nadine Heredia, a quem foi concedido asilo político, após a
prisão do marido, Ollanta Humala, que governou o Peru entre 2011 e 2016, e
virou alvo de um desdobramento do lawfare conduzido pela "República de
Curitiba" no Brasil.
"As
fraudes contra os aposentados do INSS, que foram estimadas em 6 bilhões de
reais, comprovam em definitivo que o Governo Lula não precisa importar
criminosos do Peru", ironizou o senador nas redes.
No
entanto, Moro esqueceu de um detalhe: o esquema de corrupção no INSS começou em
2019, quando ele foi nomeado por Bolsonaro como "super ministro" da
Justiça, o que o fez abandonar a magistratura e se jogar de cabeça - e sem
máscaras - na política.
Moro
ganhou o cargo no governo anterior após beneficiar diretamente Bolsonaro na
disputa eleitoral contra Fernando Haddad (PT), em 2018. Uma semana antes do
primeiro turno da disputa presidencial, Moro levantou sigilo da delação
mentirosa e sem provas do ex-ministro Antônio Palocci, beneficiando diretamente
o seu futuro chefe.
Mensagens
obtidas pela Operação Spoofing mostram que Moro resolveu levantar sigilo da
delação às vésperas da eleição, mesmo tendo dúvidas sobre a veracidade da
narrativa criada por Palocci.
"Russo
comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta
petista", disse o procurador Paulo Roberto Galvão a seus colegas num grupo
de mensagens do aplicativo Telegram em 25 de setembro, tratando Moro pelo
apelido que eles usavam e associando os petistas à Omertà, o código de honra
dos mafiosos italianos.
"Não
só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele",
emendou a procuradora Laura Tessler. "O melhor é que [Palocci] fala até
daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja", acrescentou Antônio
Carlos Welter.
Na
decisão em que apontou a parcialidade na condução dos julgamentos de Lula, o
STF aponta que Moro agriu de "modo completamente extravagante" e
"além de influenciar, de forma direta e relevante, o resultado da disputa
eleitoral, conforme asseveram inúmeros analistas políticos, desvelando um
comportamento, no mínimo, heterodoxo no julgamento dos processos criminais
instaurados contra o ex-Presidente Lula –, violou o sistema acusatório, bem
como as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa".
¨ AGU monta
força-tarefa para recuperar bilhões desviados do INSS
A Advocacia-Geral
da União (AGU) instituiu nesta quarta-feira (23/4) Grupo
Especial para buscar a reparação de danos causados por ações fraudulentas
contra o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A equipe também
será responsável por promover a recuperação dos valores irregularmente
descontados de aposentados e pensionistas, segurados do Regime Geral de
Previdência Social (RGPS).
Constituído
por oito advogados e advogadas públicas, o coletivo terá caráter temporário e
sua atuação se dará nos âmbitos administrativo (extrajudicial) e judicial
relativos à matéria. Os membros serão designados pelos órgãos de direção
superior da AGU: Procuradoria- Geral Federal (PGF) e a Consultoria-Geral da
União (CGU).
O
objetivo prioritário do grupo é adotar, de imediato, medidas administrativas e
judiciais para obter a reparação dos danos patrimoniais causados pelas
entidades investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia
Federal (PF) no curso da operação “Sem Desconto”. Segundo as informações
divulgadas por ambas as instituições, o prejuízo causado pelos descontos
indevidos de mensalidades associativas nos benefícios de aposentados e
pensionistas é estimado em R$ 6,3 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024.
“A AGU
vai trabalhar firmemente para manter íntegra a capacidade do INSS de promover a
proteção social dos cidadãos e de garantir a renda dos trabalhadores em
situação de vulnerabilidade”, afirma o advogado-geral da União, Jorge
Messias.
“O
Estado brasileiro, os aposentados e pensionistas foram lesados por esse
esquema. Por isso, também vamos buscar a responsabilização das entidades que
promoveram os descontos ilegais e recuperar cada centavo desviado”,
complementa.
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Ações futuras
Além de
obter a reparação dos valores desviados, o grupo criado pela AGU também terá a
atribuição de propor a adoção de medidas de prevenção, identificação e
enfrentamento de situações fraudulentas no âmbito da seguridade social. Entre
elas, está prevista a apresentação de soluções jurídicas para prevenir riscos
ao INSS e para aprimorar as políticas públicas voltadas ao Regime Geral de
Previdência Social.
Caberá
também ao grupo fazer a interlocução interinstitucional com ministérios,
entidades da administração pública federal direta e indireta e Casa Civil da
Presidência da República relativa ao assessoramento jurídico para reparação de
danos decorrentes das fraudes.
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Novo procurador-geral
A
direção da AGU determinou a exoneração do procurador-geral do INSS, Virgílio
Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, um dos investigados no âmbito da operação
“Sem Desconto” e afastado de suas funções, do cargo atualmente por ele ocupado.
Para seu lugar foi indicado o atual coordenador-geral de Contencioso
Previdenciário da PGF, procurador Elvis Gallera Garcia.
Em
razão dos fatos noticiados ao longo do dia e informados oficialmente à AGU,
também foi determinada a adoção das medidas administrativas cabíveis relativas
ao caso, incluindo a abertura de processo correcional.
Fonte:
Fórum

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