O
que a Ritalina faz no cérebro? Entenda os efeitos do remédio mais conhecido
para TDAH
A
Ritalina, nome comercial do metilfenidato, é um medicamento amplamente
utilizado no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) e da narcolepsia.
Seu uso
é comum para melhorar a concentração, reduzir a impulsividade e controlar
sintomas de hiperatividade, permitindo que pacientes tenham um melhor
desempenho em suas atividades diárias.
Mas
como exatamente essa substância age no organismo? Quais mudanças ela provoca no
cérebro humano?
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Entenda a seguir.
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O que é e para que serve a Ritalina?
A
Ritalina é um medicamento de tarja preta, o que significa que seu uso requer
não apenas receita médica, mas também a retenção dessa receita pela farmácia.
Além disso, a tarja preta indica que o remédio deve ser utilizado segundo
orientações médicas para evitar dependência psíquica.
Ele é
indicado exclusivamente para pessoas diagnosticadas com TDAH ou narcolepsia, e
o tratamento deve ser acompanhado de perto por um profissional de saúde,
geralmente por psiquiatras. A automedicação, especialmente com psicotrópicos,
pode causar danos severos ao organismo.
A
pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, em entrevista ao portal Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas), alerta para a crescente prescrição da
Ritalina em crianças e adolescentes sem uma avaliação criteriosa.
De
acordo com ela, muitos diagnósticos de TDAH são feitos sem a devida
investigação, e a medicação acaba sendo usada como solução rápida para
dificuldades escolares e comportamentais.
No
Brasil, o consumo do medicamento tem aumentado exponencialmente, colocando o
país como o segundo maior consumidor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.
• Sobre o uso indiscriminado da Ritalina
O uso
indiscriminado da Ritalina, ou seja, sem supervisão e acompanhamento médico,
coloca o paciente em uma situação de risco. Isso porque, como qualquer fármaco,
a Ritalina possui tanto efeitos colaterais como certas consequências devido ao
uso prolongado.
Quando
um médico prescreve um remédio, estima-se que uma investigação (e uma bateria
de exames) foi realizada para entender se a substância era a correta para o seu
caso.
Isso
porque, embora você detenha sintomas que possam ser tratados por determinado
fármaco, nem sempre essa mesma substância deve ser prescrita a você, seja
porque você é alérgico a algum dos componentes da fórmula ou porque tem alguma
condição pré-existente de saúde que impossibilita o uso da medicação.
Desta
forma, o uso indiscriminado de qualquer substância (nesse caso, da Ritalina) o
coloca em uma zona de perigo porque você não sabe o que pode acontecer com seu
corpo durante o uso, porque não passou por uma avaliação médica ou porque não
seguiu as orientações médicas adequadamente.
Além
disso, há outros casos, como aqueles apontados por Maria Aparecida Affonso
Moysés, médica pediatra, que critica como a Ritalina, muitas vezes, é prescrita
de forma errônea para crianças que não precisam. Ou seja, em vez de o médico
realizar um diagnóstico correto na criança, acaba prescrevendo o remédio para
silenciar um comportamento típico, por exemplo, de uma mente mais criativa.
Nisso,
todos acabam recebendo o medicamento: quem precisa e quem não precisa. E essa
medicalização excessiva de comportamentos infantis é um dos fatores que coloca
o Brasil como um dos países que mais utilizam a Ritalina no mundo.
Dentre
alguns dos riscos que envolvem o uso da Ritalina, estão a dependência psíquica,
insônia, e problemas no coração. Vamos detalhar mais a seguir.
• Quais mudanças a Ritalina faz no cérebro
e no corpo humano?
A
Ritalina atua aumentando a disponibilidade de dopamina e noradrenalina no
cérebro, neurotransmissores essenciais para a atenção e a regulação do
comportamento.
Seu
mecanismo de ação inclui:
• Ativação do córtex pré-frontal
O
medicamento eleva a atividade dopaminérgica e noradrenérgica nessa região,
essencial para funções executivas como atenção, planejamento e controle de
impulsos. Isso melhora a concentração e a memória de trabalho, especialmente em
pacientes com TDAH.
• Modulação do sistema límbico
No
hipocampo e na amígdala, áreas associadas à memória e às emoções, o aumento da
dopamina pode melhorar a regulação emocional. No entanto, o uso prolongado pode
elevar o risco de ansiedade e alterar o sistema de recompensa.
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Alterações na neurotransmissão
• Dopamina: a Ritalina bloqueia os
transportadores de recaptação, prolongando sua ação sináptica. Isso influencia
na motivação, prazer e cognição;
• Noradrenalina: aumenta o estado de
alerta e a vigília, podendo causar efeitos secundários como insônia.
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Riscos neuroadaptativos
O uso
crônico pode induzir tolerância (necessidade de doses maiores), afetar o ritmo
circadiano e prejudicar o sono e a saúde mental. Por isso, o monitoramento
contínuo do tratamento é essencial.
• Efeitos colaterais do uso da Ritalina
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica a Ritalina como
substância de controle especial, exigindo acompanhamento médico rigoroso. O uso
do medicamento pode causar efeitos colaterais, variando em intensidade.
Os mais
comuns incluem diminuição do apetite, insônia, dor de cabeça, boca seca,
náusea, nervosismo e aumento da pressão arterial. Em casos raros, pode
desencadear reações graves, como batimentos cardíacos acelerados, dor no peito,
alucinações, convulsões, movimentos involuntários, ideação suicida e
angioedema.
Para um
uso seguro, é essencial acompanhamento médico, especialmente para quem tem
histórico de doenças cardíacas ou transtornos psiquiátricos.
Fontes
consultadas incluem artigos científicos (Brazilian Journal of Implantology and
Health Sciences e Unifal- MG), bulas farmacêuticas, diretrizes de instituições
como a Novartis e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
• Quem pode tomar Ritalina?
Apenas
pacientes diagnosticados com TDAH ou narcolepsia, sob prescrição e
acompanhamento médico.
• Precisa de receita para tomar Ritalina?
Sim, a
Ritalina é um medicamento tarja preta e só pode ser adquirida com receita
médica controlada e retenção da via original pela farmácia.
• Pessoas com TDAH vivem menos; entenda
motivo
Pessoas
diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
podem estar vivendo menos tempo do que deveriam, de acordo com estudo inédito
realizado pela University College London (UCL) (Reino Unido).
A
pesquisa avaliou dados de 30.029 adultos que vivem em território britânico com
diagnóstico da condição. As informações foram comparadas com um grupo de
300.390 participantes sem TDAH, com base em idade, sexo e prática de cuidados
primários.
Os
cientistas identificaram que homens com TDAH diagnosticado têm redução na
expectativa de vida entre 4,5 e nove anos; entre as mulheres, varia entre 6,5 e
11 anos. A pesquisa foi publicada no periódico científico The British Journal
of Psychiatry.
“Pessoas
com TDAH têm muitos pontos fortes e podem prosperar com o suporte e tratamento
corretos. No entanto, elas frequentemente não têm suporte e são mais propensas
a vivenciar eventos estressantes da vida e exclusão social, impactando
negativamente sua saúde e autoestima”, disse o autor sênior, Josh Stott à Fox
News.
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Limitações do estudo sobre o TDAH
Os
pesquisadores ponderaram que, como o TDAH geralmente não é diagnosticado,
reduzindo a base de comparação especialmente entre adultos, a análise pode
superestimar a redução na expectativa de vida.
“Mais
pessoas diagnosticadas podem ter problemas de saúde adicionais em comparação à
pessoa média com TDAH. Portanto, nossa pesquisa pode superestimar a lacuna de
expectativa de vida para pessoas com TDAH em geral, embora mais pesquisas sejam
necessárias para testar se esse é o caso”, explicou a autora principal, Dra.
Liz O’Nions.
• Além disso, os cientistas pontuaram que
há falta de serviços especializados a adultos com a condição no Reino Unido;
• Uma outa pesquisa citada no estudo do
UCL identificou que 8% das pessoas diagnosticadas solicitaram tratamento
específico de saúde mental, mas não o receberam nos últimos 12 meses;
• O TDAH pode ser diagnosticado na
infância e persistir na vida adulta. As características mais comuns incluem
impulsividade, inquietação e dificuldade para gerenciar tempo, o que, de acordo
com os pesquisadores, pode dificultar o sucesso na escola e no trabalho.
Fonte:
Olhar Digital

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