Indicado
a ministro pelo União Brasil tem pai prefeito multado por desmate perto de
terra indígena
PAI DO
DEPUTADO FEDERAL Pedro Lucas (União Brasil/MA), escolhido pelo presidente Lula
(PT) para o Ministério das Comunicações, o prefeito de Arame (MA) – Pedro
Fernandes, de 76 anos – foi multado em R$ 575 mil pelo Ibama por desmatar 115
hectares de vegetação nativa amazônica
na Fazenda Monte Verde, em fevereiro. Na propriedade, ele mantém criação de
gado de corte .
A área
fica a 15 quilômetros de distância da Terra Indígena Araribóia, lar do povo
Guajajara – da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSOL) – e de um grupo de indígenas isolados, os
Awá-Guajá. Após identificar o desmatamento, o Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente) embargou a fazenda, proibindo o uso das terras para pastagens ou
outras atividades econômicas.
Procurado,
o prefeito — também filiado ao União Brasil — afirma estar “em processo de
regularização ambiental do imóvel junto aos órgãos competentes” e alega não ter
sido formalmente notificado sobre a infração. “Surpreende o fato de o repórter
já ter conhecimento do valor da suposta multa”, completa.
A
informação sobre o valor da penalidade aplicada pelo Ibama, no entanto, é
pública e pode ser consultada no site do órgão federal. Segundo o sistema, o
prazo para apresentação de defesa ainda está em curso.
<><>O
clã político do provável novo ministro
Pedro
Fernandes lidera um clã político no Maranhão. Com duas décadas de atuação
eleitoral, foi reeleito prefeito de Arame, município com cerca de 25 mil
habitantes e detentor do segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do
estado. Antes disso, exerceu dois mandatos como deputado federal e foi eleito
primeiro suplente na chapa ao Senado encabeçada por Eliziane Gama (PSD).
Pedro
Lucas, seu filho, deve assumir o ministério das Comunicações após a Páscoa,
caso aceite a indicação de Lula. Em suas redes sociais, o parlamentar agradeceu
o convite, mas ressaltou que a definição será tomada em consenso com a bancada
do União Brasil na Câmara, da qual virou líder recentemente.
O
deputado está em seu segundo mandato como deputado federal, após duas eleições
como vereador em São Luís. Procurado pela reportagem, Pedro Lucas não respondeu
sobre a multa do pai. Seu irmão, Paulo Casé Fernandes, é o atual secretário
estadual de Desenvolvimento Social no governo de Carlos Brandão (PSB).
Além da
carreira política, o prefeito também atua como pecuarista. Dados de transporte
animal consultados pela Repórter Brasil revelam que Fernandes compra gado de
várias propriedades da região – entre elas, uma pertencente a um produtor que
já esteve na Lista Suja do trabalho escravo, cadastro oficial do governo
federal com dados de pessoas físicas e jurídicas responsabilizadas pela prática
de trabalho análogo à escravidão.
Entre
2020 e 2024, ele adquiriu mais de 1,4 mil cabeças de gado das Fazendas Barra
Grande e Barão Vermelho, de José Firmino da Costa Neto. Em 2012, Costa Neto foi
flagrado explorando 24 trabalhadores em condições degradantes na Fazenda Santo
Antônio.
O
prefeito também comprou gado de três outras propriedades com histórico de
infrações ambientais: 155 bois da Fazenda Viamão (com três autuações), 30 da
Fazenda Soberana (também com três) e seis da Fazenda Agromarata, que acumula 18
multas.
Questionado
sobre essas transações, Fernandes afirmou desconhecer qualquer irregularidade.
“Todas estavam aptas a realizar negociações”, declarou.
Reportagem
do site Mongabay, publicada em junho de 2024, revelou que fazendas no entorno
da Terra Indígena Araribóia contribuem para a expansão da pecuária ilegal
dentro do território indígena. Segundo a apuração, essas propriedades funcionam
como bases logísticas para a entrada de gado na área protegida, promovendo o
uso clandestino de pastagens e facilitando o escoamento da produção. A fazenda
do pai do novo ministro não é citada na investigação.
Nos
últimos anos, o povo Guajajara tem sido vítima do aumento da violência na
região, com pelo menos 53 assassinatos registrados no Maranhão nas últimas duas
décadas. Desse total, 24 aconteceram na Araribóia. Apenas em 2023, quatro
Guajajara foram assassinados e três sobreviveram a atentados.
“Os
fazendeiros já desmataram quase tudo, inclusive na região por onde os Awá-Guajá
circulam”, denuncia Olímpio Guajajara, liderança dos Guardiões da Floresta –
grupo criado pelos Guajajara para proteger o território e o povo isolado.
Os
indígenas também acusam a prefeitura de Arame de poluir o rio Zutiwa, que corta
a área urbana da cidade e segue em direção à terra indígena. Decisões judiciais
determinaram a limpeza do curso d’água pela prefeitura.
O
prefeito disse ter um projeto pronto para o esgotamento sanitário e para a
recuperação do rio Zutiwa. Apesar de ter sido aceito no escopo do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento) do governo federal em 2024, o programa não foi
implementado por falta de recursos. “Apresentamos a proposta no PAC 2025 e
seguimos acompanhando”, detalha.
Na
última quinta-feira (10), enquanto indígenas de todo o país protestavam em
Brasília durante o ATL (Acampamento Terra Livre), a ministra da Secretaria de
Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), anunciou a escolha de Pedro
Lucas para o Ministério das Comunicações. Se aceitar, Pedro Lucas passará a
integrar o mesmo governo da ministra Sônia Guajajara (PSOL) — liderança
originária justamente da Terra Indígena Araribóia, localizada na divisa com o
município governado por seu pai.
¨
Alcolumbre quer derrubar Silveira e insinua que ele está
envolvido em corrupção
O
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), fez duras críticas ao
ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em um almoço nesta
semana com integrantes do União Brasil e do governo, entre eles a ministra das
Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).
De
acordo com cinco políticos que estavam no encontro ou ouviram relatos dos
participantes, o presidente do Senado insinuou que há suspeitas de corrupção
envolvendo Silveira, sem citar especificamente quais seriam.
SAÍDA
DE JUSCELINO
O
almoço ocorreu na terça-feira (8), na casa do presidente nacional do União
Brasil, Antonio Rueda, em Brasília. Ao menos oito pessoas, entre integrantes do
governo e parlamentares, passaram por lá.
A
conversa se deu durante uma discussão sobre a saída de Juscelino Filho (União
Brasil) do Ministério das Comunicações, após a PGR (Procuradoria-Geral da
República) denunciá-lo sob acusação de corrupção passiva e crimes relacionados
a suposto desvio de emendas.
O
encontro já estava marcado previamente para discutir a relação do União Brasil
com o governo federal. Diante da denúncia, no entanto, a saída de Juscelino foi
o tema mais discutido à mesa.
JÁ É
COSTUME
A Folha
apurou que essa não é a primeira vez que o presidente do Senado faz esse tipo
de insinuação contra o ministro, segundo políticos que estiveram com o senador
nas últimas semanas.
Procurada,
a assessoria de Alcolumbre afirmou: “O presidente do Senado e do Congresso
Nacional, senador Davi Alcolumbre, não comentará sobre falsas intrigas e
especulações que não são verdadeiras. A sua prioridade é seguir trabalhando
para melhorar a vida dos brasileiros”.
A
equipe de Silveira afirmou que o ministro “não comenta fofocas”. “Até mesmo por
entender que o presidente Davi jamais faria qualquer tipo de afirmação
inverídica ou maldosa ao seu respeito. Lamenta também a tentativa de criar
intriga entre os dois, uma vez que mantém com o presidente do Senado, há anos,
uma relação extremamente respeitosa”, diz, em nota.
ROMPIMENTO
Silveira
chegou ao Ministério de Minas e Energia, na montagem do governo Lula (PT), na
cota de seu partido, o PSD, com o apoio de Alcolumbre e do ex-presidente do
Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Alcolumbre,
no entanto, rompeu com Silveira e tem transmitido a integrantes do governo,
desde o fim do ano passado, seu descontentamento com a atuação do ministro.
Nessas
conversas, tem dito que Silveira não tem mais o seu apoio para permanecer no
posto, assim como teria perdido a sustentação de outros antigos aliados do
ministro, como Pacheco e outros senadores.
TENTOU
DERRUBAR
Diversos
políticos afirmam que Alcolumbre faz uma articulação explícita para tentar
derrubar Silveira do posto.
O
presidente do Senado tem afirmado, por exemplo, que o ex-aliado agora é da cota
pessoal de Lula —ou seja, não representa mais o grupo político que o indicou
para a vaga. Esse movimento acontece num momento em que membros do centrão têm
expectativas de que o petista possa fazer novas mudanças em seu ministério.
Integrantes
do PSD, no entanto, dizem que uma eventual troca no comando da pasta pode
acirrar ainda mais a insatisfação de membros da legenda com o governo. A
bancada do partido na Câmara, por exemplo, diz que não se sente mais
representada pelo Ministério da Pesca e pleiteia uma pasta mais robusta.
NA
COTA DE LULA
A Folha
mostrou no fim do ano passado que, para expandir sua influência na
administração pública, Silveira fez movimentos que não ganharam respaldo de
antigos aliados no Senado, ao mesmo tempo em que se aproximou diretamente do
presidente da República. As desavenças envolvem indicações para agências
reguladoras.
Segundo
auxiliares de Lula, Alcolumbre já levou essas queixas ao próprio presidente. Em
almoço recente com o petista e o presidente da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), ele criticou Silveira e comunicou que o ministro não tinha
mais apoio dos senadores para permanecer no cargo.
De
acordo com parlamentares que ouviram o relato desse encontro, Lula teria
respondido que um ministro só permanece no cargo se tiver respaldo político
—frase que foi interpretada pelos congressistas como uma sinalização de que o
petista poderia demitir Silveira.
MINISTRO
FORTE
A
interpretação de políticos próximos é que a construção de uma relação pessoal
com o presidente e seu apoio à pesquisa nao Amazonas deram forças ao ministro
para permanecer no cargo até aqui.
Um
cardeal do centrão diz, no entanto, que uma das principais missões de
Alcolumbre agora é ver Silveira fora do cargo na Esplanada. Até mesmo aliados
de Lula reconhecem que será difícil conter a pressão que o presidente do Senado
vem fazendo pela demissão.
Alcolumbre
e Silveira viajaram juntos na comitiva internacional de Lula ao Japão e ao
Vietnã no fim de março. De acordo com relatos de três pessoas que estiveram na
viagem, o ministro não interagiu nem com o presidente do Senado nem com
Pacheco.
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NOTA
Alcolumbre
é um amigo poderoso e perigoso. A grande Piada do Ano é ele acusar alguém de
corrupção, como se ele fosse o mais honesto dos homens, título que todos sabem
pertencer a Lula, que ficou 580 dias no xilindró por engano, na maior
inocência.
• Deputado envia emenda de R$ 1,3 milhão a
pedido de noiva vereadora; verba é tratada como 'presente'
A
vereadora Nicole Weber (Podemos), presidenta da Câmara Municipal de Santa Cruz
(RS), cidade de 133 mil habitantes que fica a 155 quilômetros de Porto Alegre,
celebrou em postagem nas redes sociais ter recebido uma emenda parlamentar de
R$ 1,3 milhão de “presente” do deputado Covatti Filho (PP-RS), seu noivo.
“Vim
dar uma ótima notícia. Existe todo um problema de fiação, na parte elétrica,
que é muito caro e que precisa ser resolvido. Mal eu sabia que isso podia ter
sido resolvido ainda dentro de casa. O deputado Covatti Filho, meu noivo, me
deu de presente, para eu repassar para a comunidade, para o Hospital Santa
Cruz, R$ 1,3 milhão”, afirma ela no vídeo postado.
Caso a
emenda, que ainda não foi registrada no sistema, seja confirmada, será o maior
repasse parlamentar recebido por Santa Cruz do Sul desde agosto de 2021 e o
segundo mais alto dos últimos 12 anos, como destaca reportagem de O Globo. O
valor supera em três vezes a maior emenda anteriormente recebida pelo hospital,
que foi de R$ 419 mil, em 2017.
"Confirmo
que vou destinar a emenda. Assumi esse compromisso com a diretoria do Hospital
Santa Cruz. A vereadora Nicole apresentou essa e outras demandas, como tem
feito constantemente na defesa de diversas entidades do município. O fato de
ela ser minha noiva não me impede nem jamais me impedirá de ajudar o
município", pontuou o deputado ao jornal.
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'Problema histórico'
Ao site
Arauto News, a vereadora reiterou que o recurso será destinado à reestruturação
elétrica e climatização da Ala São Francisco, que atende pelo SUS. “Não tem
nada de ilegal. É uma das maiores conquistas da minha vida pública. Estou
resolvendo um problema histórico da nossa comunidade, onde até uma família
acredita que perdeu um ente querido por conta das más condições estruturais”,
disse.
“Será
que ainda precisamos ouvir que a conquista de uma emenda parlamentar não se dá
pela minha capacidade, mas apenas por ser noiva de um deputado federal? Como
pesquisadora de questões de gênero, isso me entristece. Já garanti diversos
recursos para o município e vou continuar fazendo isso pelo meu povo — com
seriedade, dedicação e muita competência”, afirmou Nicole.
Fonte:
Repórter Brasil/Folha/Fórum
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