João Lister: Fuga de Eduardo Bolsonaro - um
tapa na cara da democracia e dos brasileiros
Em meio à turbulência política que assola o
Brasil, a “fuga” de Eduardo Bolsonaro – termo que aqui se refere à sua evasão
das investigações que poderiam elucidar uma série de irregularidades – revela
um abismo institucional que fere o próprio cerne da nossa democracia. Trata-se
de um episódio emblemático que demonstra, de forma clara e inaceitável, como a
morosidade e a omissão dos órgãos do Judiciário, da polícia investigativa e do
Ministério Público podem transformar a impunidade em regra.
Primeiro, no período em que o pai foi o
mandatário da nação e instrumentalizou os órgãos investigativos; segundo,
porque ainda não se defenestrou desses órgãos o bolsonarismo neles abrigados.
Diversos relatos, embora não formalmente
confirmados em instâncias judiciais, circulavam há meses entre setores da
imprensa e de especialistas em Direito. Segundo fontes próximas a círculos de
investigação interna – cujos dados jamais foram oficializados – havia indícios
de movimentações financeiras atípicas e de um aparente “protocolo de proteção”
que beneficiava não apenas o parlamentar, mas também membros de sua família.
Tais informações sugerem que, enquanto denúncias eram encaminhadas, as respostas
institucionais se mostravam lentas e insuficientes, criando um ambiente fértil
para que irregularidades prosperassem e tudo se perdesse no tempo, ou da
prescrição, ou da fuga, para fora do Brasil.
Na esteira dessas denúncias, críticos apontam
que a suposta “fuga” de Eduardo Bolsonaro não pode ser vista como um mero
acaso, mas sim como a culminância de um sistema que, por vezes, parece proteger
interesses políticos privilegiados. Ainda que nenhum processo judicial tenha,
até o momento, culminado em condenações – fato que, por si só, não
descaracteriza as graves dúvidas que se impõem –, é possível constatar que a
inércia dos órgãos responsáveis permitiu que comportamentos incompatíveis com o
rigor esperado em um Estado democrático de direito se mantivessem impunes.
O que está em jogo aqui vai além de
investigações isoladas. Trata-se de uma crise de confiança nas instituições que
deveriam proteger os brasileiros e assegurar o cumprimento da lei. A aparente
demora em apurar indícios – que alguns analistas classificam como “concretos e
prováveis” –, em meio a uma série de denúncias sobre possíveis crimes
praticados individualmente e em esquema de quadrilha, expõe a fragilidade de um
sistema que deveria ser exemplo de transparência e eficiência.
Não se trata apenas de criticar a conduta de
um parlamentar ou de sua família, mas de evidenciar o impacto destrutivo que a
impunidade e a morosidade institucional têm sobre a democracia brasileira. A
“fuga” de Eduardo Bolsonaro é um sintoma de um problema estrutural que precisa
ser enfrentado com rigor: a necessidade de que o Judiciário, a polícia
investigativa e o Ministério Público se mobilizem de forma efetiva para que
nenhuma influência política sobreponha-se ao interesse público.
Em um país onde a lei deve ser a mesma para
todos, a complacência e a lentidão dos mecanismos de controle não podem mais
ser toleradas. É urgente que a sociedade se una em defesa de um Estado
verdadeiramente democrático e que exija, sem hesitações, a responsabilização
daqueles que, por meio da omissão e do favorecimento, colocam em xeque os
pilares do nosso sistema
Apenas esperamos que o próximo capítulo não
seja a fuga de Jair!
¨
Eduardo Bolsonaro e a
saída indubitavelmente pela direita. Por André Barroso
Eduardo Bolsonaro, notório filho número três,
depois de todas as tentativas de livrar o pai da prisão após o fracasso do
golpe de Estado e inúmeras tentativas de emplacar a anistia, agora pretende
fugir para os Estados Unidos com a desculpa de que vai pedir intervenção
americana para prender Alexandre de Moraes, vulgo Xandão. Além de uma declarada
fuga, pois renunciou temporariamente ao seu cargo na Câmara, está atentando
publicamente contra o Estado de direito pedindo que outro país invada o Brasil
para prender um Ministro da Suprema Corte do país.
Eduardo nos Estados Unidos não terá os ganhos
como licenciado, mas como teve experiência em Fast Food, pela rede Popeyes, do
qual falava que fazia hambúrgueres, pode ficar tramando contra a República
desta forma. Mas a rede é especializada em frangos. Não podemos também
desprezar o alarde que está fazendo e fará por lá. Afinal, seu guru, Steve
Bannon, pode estar articulando um teatro desde já, para emocionar a todos com a
prisão de Bolsonaro pai e voltar como candidato à Presidência com a áurea de
salvador da pátria, família e liberdade.
A estratégia de sumir por um tempo para que
esfrie um pouco a atenção que seu nome está tendo dentro do processo de
conspiração do golpe. O abandono não será sentido pela família Bolsonaro, mas
por seus apoiadores, que serão inflados através desse abandono
afetivo/emocional. Tal qual em um relacionamento onde os dois se amam, mas um
resolve descartar o outro. Aquela vítima fica com danos afetivos graves,
sensação de rejeição, valor, autoestima, fora as consequências físicas de longo
prazo. Seus seguidores mais fanáticos ficarão com raiva do sistema, achando que
estamos vivenciando uma ditadura, como em um delírio coletivo. Para alguns mais
radicais, pode ser uma bomba relógio.
O mesmo que já deu palestras falando de como
é fácil dar um golpe no país e disse: “verás que um filho teu não foge à luta!”
estará tramando e conspirando fora do país. Mas a licença para tentar dar um
golpe no país é prevista na Lei? Você pode se licenciar por motivos de saúde,
mas por tramar contra as instituições é previsto? A boa notícia era que a
articulação que o bloco de direita estava fazendo para colocar o Eduardo como
presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, foi abdicada.
A última cartada seria a manifestação a favor
da anistia, promovida no reduto mais conservador do Rio de Janeiro, com a
presença do governador do estado e de São Paulo. Porém, mesmo que o governador
ou sua assessoria tenha pedido para a PM divulgar que a manifestação teve por
volta de 400 mil pessoas, as filmagens e contagens por drones davam conta de 18
mil pessoas. Flopado. Agora, diz que vai lutar com aliados americanos e o
próprio Trump para invadir o Brasil. Podemos lembrar que ele levou um pen drive
com pretensas informações aos árabes para ajudar a invadir o sistema
brasileiro, mas na verdade, estava vendo a Copa do Mundo.
Os rumos de conspirações pelo mundo não são
brincadeira. Kim Philby espionou a Inglaterra para os soviéticos. Ao ser
descoberto, pediu asilo na Rússia, pois os estragos que fez nas defesas
inglesas e no serviço secreto foram grandes. Para alguns nem tanto. Mas é
comparável a um bombardeio aéreo: seu proveito é desproporcional ao seu
fascínio. Morreu como um traidor símbolo da Guerra Fria. Por aqui, conspirar
contra o país é defendido pela extrema direita como liberdade de expressão. A
verdade é que além de crime na Constituição é traição ao próprio país. Eduardo
Bolsonaro vai pedir asilo aos Estados Unidos?
Eduardo sempre levou o lema “o que é bom para
os Estados Unidos, é bom para o Brasil”, frase dita pelo político conservador
brasileiro Juracy Magalhães, interventor Federal nomeado por Getúlio Vargas e
ministro da Justiça na época da ditadura militar. A pergunta fica: como ficam
os eleitores de Eduardo Bolsonaro? Já sabemos o sentimento de indignação do
resto do país diante do fato. E continuará o mesmo.
¨
Prenda-me se for Moraes.
Por Alex Solnik
Estou na dúvida se Eduardo Bolsonaro resolveu
se auto-exilar nos Estados Unidos para negociar em Hollywood uma versão
mambembe daquela comédia com ele no papel de Leonardo Di Caprio, agora
intitulada “Prenda-me se for Moraes” ou se de repente baixou um Guaidó nele.
Só falta encontrar um Maduro.
Enquanto ele estiver lá na terra de Marlboro
lutando contra moinhos de vento e conspirando contra o STF, não poderá ser
punido.
Mas ao voltar será recebido pela Polícia
Federal, pois há fortes indícios de que está louco para ser preso junto com o
pai.
O pai tentou dar um golpe de dentro para
dentro. Fracassou.
Ele está tentando dar um golpe de fora para
dentro. Made in USA.
Família que conspira unida, continua unida.
E vai presa unida.
¨
O bigode mexicano de
Eduardo Bolsonaro. Por Moisés Mendes
Eduardo chorou ao falar com um jornalista
amigo sobre a decisão de buscar refúgio nos Estados Unidos, para não ter o
passaporte apreendido no Brasil. O choro é do jogo. É o que a direita tem a
ensinar às esquerdas, que choram pouco e reprimem sentimentos.
Mas o detalhe da aparição que contém mais
informações é o bigode de Eduardo, que parece se anunciar, pelo formato, como
um bigodão mexicano. O filho de Bolsonaro assume a condição de quem foge e faz
o que é previsível nessas situações: altera as feições.
Não significa que busque disfarces, mesmo que
também isso seja do jogo, mas que passe a se ver como alguém que perde
referências, perde poder e também corre o risco de mais adiante perder até o
mandato. Eduardo pode virar outra pessoa nos Estados Unidos.
O cara que ameaçava Alexandre de Moraes em
vídeos afrontosos, que orientava os manés para que resistissem e que avisou que
nunca se entregaria, agora chora ao vivo e começa a mostrar outro rosto, a face
de um homem sem mandato, sem pai forte, sem apoio de seus parceiros e sem
nenhuma certeza de que sairá da enrascada.
Asilados, foragidos e refugiados, nas mais
diversas circunstâncias, à esquerda e à direita, recorrem a mudanças que
confundam os inimigos e até os amigos. Um exemplo sempre citado no Brasil: José
Dirceu viveu escondido no Paraná, durante a ditadura, e fez até plástica no
nariz para mudar o rosto.
Mas Dirceu fugia de quem perseguia, prendia,
torturava e matava, como fizeram com Rubens Paiva e mais de 400 brasileiros.
Dirceu não fugia da Justiça, mas da certeza de ausência de Justiça.
Eduardo refugiado e de bigode revela que a
extrema direita começa a levar a sério a possibilidade de ser alcançada, a
partir da transformação de Bolsonaro e seus generais em réus golpistas. É a
confissão de que terão de viver escondidos.
Até agora, por arrogância fomentada pelo
autoengano de que Malafaia e seus fiéis iriam salvá-los, o pai, os filhos, o
entorno e os apoiadores comuns achavam que era possível esperar pelo
imponderável.
Mas vão sendo pulverizadas as chances da
surpresa, do fato novo que poderia reverter expectativas e livrar os golpistas
mais uma vez. O bigode de Eduardo é a admissão de que chegou a hora de cair na
real.
Vamos tentar imaginar as noites de insônia do
refugiado, consumidas em boa parte pela indecisão de deixar ou não o bigode, e
a partir daí, já bigodudo, assumir publicamente que é meio deputado, meio
poderoso filho de Bolsonaro e só meio impune.
O bigode, que pode ter sido assumido depois
do fracasso da aglomeração de Malafaia em Copacabana, expõe o mais ativo dos
filhos como alguém que no momento não sabe direito o que é. Eduardo talvez
esteja criando um personagem, para acompanhar de longe o que irá acontecer com
o pai. Que também pode aparecer de bigode?
Para copiar o que dizem os fotógrafos, a cara
do sujeito escondido nos Estados Unidos com a ajuda de um projeto de bigodão
vale por mil e uma palavras. A primeira palavra é medo.
Fonte: Brasil 247

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