quarta-feira, 19 de março de 2025

Inferno vai desabar: EUA apoiaram ataques israelense em Gaza

Os Estados Unidos sabiam que Israel iria retomar sua ofensiva na Faixa de Gaza, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista à emissora americana Fox News nesta terça-feira (18).

A secretária de imprensa do governo de Donald Trump afirmou que o gabinete do primeiro-ministro israelense consultou os aliados antes de dar fim à trégua que havia começado há um mês, desde que o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas foi assinado no Catar.

Além disso, Leavitt reafirmou as ameaças feitas pelo presidente americano ao Irã e aos Houthis nas redes sociais nesta segunda-feira (18):

"O Hamas, os Houthis, o Irã, todos aqueles que buscam aterrorizar, não apenas Israel, mas também os Estados Unidos da América, verão um preço a pagar. O inferno vai desabar".

Após as declarações da Casa Branca, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, também se pronunciou em nota e afirmou que o Hamas "escolheu a guerra" ao se recusar a libertar os reféns ainda mantidos em Gaza:

"O Hamas poderia ter libertado os reféns para estender o cessar-fogo, mas escolheu a recusa e a guerra".

Em uma coletiva de imprensa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, declarou que a responsabilidade pela retomada das hostilidades em Gaza cabe exclusivamente ao Hamas e que os Estados Unidos apoiam Israel em suas medidas sensatas.

·        Hamas acusa EUA

À agência de notícias AFP, um líder do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que os ataques israelenses são uma tentativa de forçar o grupo à "rendição" e chamou os Estados Unidos de "cúmplices".

"O objetivo dos massacres cometidos pela ocupação em Gaza é minar o acordo de cessar-fogo e tentar impor um acordo de rendição, escrevendo-o com o sangue de Gaza", acusou.

Em comunicado divulgado pelo jornal britânico "The Guardian", o grupo terrorista também afirmou que os Estados Unidos têm "total responsabilidade" pelas mortes que ocorreram nesta terça:

"Com seu apoio político e militar ilimitado à ocupação, Washington tem total responsabilidade pelos massacres e assassinatos de mulheres e crianças em Gaza. A comunidade internacional é instada a tomar medidas imediatas para responsabilizar a ocupação e seus apoiadores por esses crimes contra a humanidade".

Arábia Saudita e Catar condenarem o ataque de Israel em Gaza. A Arábia Saudita criticou duramente o "bombardeio direto em áreas povoadas por civis desarmados" e o Catar, que está tentando ajudar a mediar um cessar-fogo prolongado entre Israel e o Hamas, disse que os bombardeios correm o risco de incendiar a região.

·        Israel diz que fim do cessar-fogo é permanente

Após retomar bombardeios na Faixa de Gaza na noite de segunda-feira (17), as Forças Armadas de Israel disseram ter feito novos ataques ao território palestino e afirmaram que a ofensiva continuará de forma permanente.

Os ataques romperam com a trégua em vigor entre Israel e Hamas desde janeiro e deixaram 413 mortos e 660 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Em comunicado nesta manhã, as forças israelenses afirmaram que "continuavam a atacar alvos pertencentes ao Hamas e à Jihad Islâmica (outro grupo extremista que atua na Faixa de Gaza)".

O documento não informa em que locais da Faixa de Gaza ocorreram os bombardeios desta terça, mas afirma que os alvos atingidos "nas últimas horas" incluíam células militantes, estoques de armas e infraestruturas militares usadas pelo Hamas "para planejar e executar ataques contra civis israelenses e soldados das IDF".

Tanques israelenses também foram vistos posicionados na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, indicando que, além dos ataques aéreos, as incursões por terra no território palestino também podem ser retomadas.

Bombardeios de Israel à Faixa de Gaza; Hamas diz que mortos passam de 300

O bombardeio da noite de segunda-feira foi a primeira grande operação militar na região desde o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em janeiro.

Israel declarou que bombardeou apenas alvos do Hamas e lideranças do grupo terrorista, mas o governo local do grupo terrorista afirmou que o ataque deixou centenas de civis mortos.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ter ordenado os ataques após o Hamas se recusar a libertar os reféns ainda mantidos em Gaza e rejeitar todas as propostas que receberam para uma segunda fase do cessar-fogo, ainda em negociação.

"Israel atuará, a partir de agora, contra o Hamas com força militar crescente", diz o comunicado. O governo disse que continuará na ofensiva enquanto for necessário, podendo ampliá-la.

O ataque das Forças Armadas israelenses foi conduzido em conjunto com a Agência de Segurança de Israel, responsável pela inteligência do país.

Testemunhas relataram à Reuters terem presenciado uma série de explosões provocadas por ataques aéreos ao longo da Faixa de Gaza, e hospitais do território palestino receberam centenas de pessoas (veja vídeo acima).

Médicos que atuam no território afirmaram à agência que 200 pessoas morreram, incluindo várias crianças, e diversas ficaram feridas. Mais tarde, o Ministério da Saúde de Gaza disse que 254 pessoas haviam morrido. Depois, o número subiu para 326 mortos, ainda segundo o Hamas.

Segundo o Hamas, Mahmoud Abu Watfa, membro do alto escalão de segurança do grupo terrorista, foi morto durante os ataques.

De acordo com a Reuters, explosões foram observadas na Cidade de Gaza, em Deir Al-Balah, na região central, e em Rafah e Khan Younis, no sul. A Defesa Civil do território, contolada pelo Hamas, afirmou que 35 ataques aéreos foram registrados.

Uma autoridade do Hamas acusou Israel de romper com o acordo de cessar-fogo de forma unilateral, colocando os reféns mantidos em Gaza em um "destino incerto".

Diante da operação militar, Israel anunciou que está impondo algumas restrições para comunidades israelenses que ficam próximas da fronteira com a Faixa de Gaza. As aulas nestes locais, por exemplo, foram suspensas.

Ordens de evacuação em algumas regiões de Gaza foram emitidas por Israel na manhã desta terça, no horário de Brasília, e palestinos foram registrados deixando o território.

Outros ataques contra alvos na Faixa de Gaza foram registrados anteriormente, mas menores. No sábado (15), pelo menos nove pessoas morreram em um bombardeio no norte do território, de acordo com médicos que atuam na região.

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas começou em 19 de janeiro. O acordo, dividido em três etapas, prevê uma pausa completa nos ataques, além da troca de reféns mantidos pelo grupo terrorista em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Na prática, o prazo da primeira fase do cessar-fogo terminou em 1º de março. Israel e o Hamas chegaram a negociar uma extensão da trégua, mas não chegaram a um acordo. Com isso, o governo israelense anunciou a interrupção da entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Enquanto isso, as duas partes negociam o início da segunda fase do acordo, com a mediação do Egito, Catar e Estados Unidos.

·        Guerra

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do grupo atacaram e invadiram o território israelense. Naquele dia, 1.200 pessoas foram mortas e mais de 200 foram sequestradas.

Nas semanas seguintes, Israel lançou uma operação em larga escala na Faixa de Gaza para combater e destruir estruturas do Hamas. Segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo grupo terrorista, mais de 40 mil pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças.

O conflito gerou instabilidade no Oriente Médio e se expandiu para outras regiões, envolvendo o Hezbollah, no Líbano, e o Irã. Além disso, rebeldes Houthis, do Iêmen, passaram a atacar navios comerciais no Mar Vermelho em protesto às ações de Israel.

Na Faixa de Gaza, a guerra provocou uma crise humanitária generalizada, deixando milhares de pessoas desabrigadas ou deslocadas e reduzindo cidades a escombros.

¨      Israel está acelerando a anexação da Cisjordânia, acusa ONU

O governo israelense expandiu e consolidou assentamentos na Cisjordânia ocupada como parte da integração constante desses territórios ao Estado de Israel, em violação ao direito internacional, afirma um relatório realizado pelo escritório de Direito Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado nesta terça-feira (18).

O relatório, baseado em pesquisas entre 1º de novembro de 2023 e 31 de outubro de 2024, diz que houve uma expansão "significativa" dos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e cita informações de ONGs israelenses sobre milhares de unidades habitacionais planejadas em assentamentos novos ou existentes.

As conclusões serão apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU neste mês, segundo a agência de Direitos Humanos.

A informações vem à tona em meio a temores crescentes de anexação entre os palestinos, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar, no início do ano, que tem a inteção de controlar a Faixa de Gaza após o fim da guerra — Gaza e Cisjordânia são os dois territórios reivindicados pelos palestinos para a criação de um Estado próprio.

"A transferência por Israel de partes de sua própria população civil para o território que ocupa equivale a um crime de guerra", disse o alto comissário da ONU, Volker Turk, que pediu uà comunidade internacional que tome medidas significativas.

"Israel precisa cessar imediata e completamente todas as atividades de assentamento e retirar todos os colonos, interromper a transferência forçada da população palestina e prevenir e punir os ataques de suas forças de segurança e colonos", completou ele.

O governo israelense ainda não havia se pronunciado sobre o relatório até a última atualização desta reportagem. No início do ano, Israel se retirou do Conselho de Direitos Humanos da ONU, alegando um viés anti-israelense.

Cerca de 700.000 colonos israelenses vivem entre 2,7 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, terras que Israel conquistou em 1967. A maioria dos países e a ONU consideram ilegais os assentamentos israelenses em território tomado em guerra.

Israel contesta isso, citando laços históricos e bíblicos com a terra.

<><> O que é a Cisjordânia

A Cisjordânia é um dos dois territórios palestinos e fica entre Israel e a Jordânia. Junto com a Faixa de Gaza, é reivindicada por palestinos para a criação de um Estado independente.

Com quase o tamanho do Distrito Federal, a Cisjordânia é o maior desses dois territórios e, apesar de militarmente controlada por Israel, cerca de 86% da população local, ou 3 milhões de pessoas, são palestinos, segundo dados de 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Já a Faixa de Gaza, bem menor, é do tamanho de 10% do menor município brasileiro (Santa Cruz de Minas) e tem 2,1 milhões de habitantes.

No plano inicial da ONU de partilha de região entre judeus e palestinos, a Cisjordânia faria parte do Estado Árabe. Mas Israel tomou militarmente o território em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, e construiu na região residências para judeus, concentradas em assentamentos que a ONU e a maioria dos países do mundo consideram ilegais.

Atualmente, há cerca de 150 deles, que abrigam cerca de 650 mil israelenses, a grande maioria deles judeus ortodoxos.

Há décadas, os dois lados tentam chegar a um acordo sobre a região, mas as negociações são frequentemente interrompidas pela violência de uma parte ou de outra.

¨      Ben Gvir, ministro linha dura de Israel, voltará ao governo

O polêmico ex-ministro da Segurança Nacional israelense Itamar Ben-Gvir, que deixou o governo devido a divergências sobre o cessar-fogo em Gaza, vai voltar a fazer parte do governo de Benjamin Netanyahu.

O partido de Ben Gvir anunciou o retorno do ministro — que era o representante máximo da extrema direita dentro do governo Netanyahu — nesta terça-feira (18).

O retorno de Ben-Gvir acontece no mesmo dia em que Israel voltou a atacar a Faixa de Gaza e fortalecerá Netanyahu, que havia ficado apenas com uma pequena maioria parlamentar após a saída de Ben Gvir e de seu partido da coalização de governo em janeiro.

<><> Novos bombardeios

As Forças Armadas de Israel lançaram uma série de ataques contra a Faixa de Gaza na madrugada de terça-feira (18) pelo horário local — noite de segunda-feira (17) pelo horário de Brasília.

Os bombardeios, que romperam com a trégua entre as duas partes, deixaram 413 mortos e 660 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A ofensiva continuava na manhã desta terça, ainda de acordo com Israel.

Esta foi a primeira grande operação militar na região desde o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em janeiro.

Israel declarou que bombardeou alvos do Hamas e lideranças do grupo terrorista, mas o governo local do grupo terrorista afirmou que o ataque deixou centenas de civis mortos.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ter ordenado os ataques após o Hamas se recusar a libertar os reféns ainda mantidos em Gaza e rejeitar todas as propostas que receberam para uma segunda fase do cessar-fogo, ainda em negociação.

"Israel atuará, a partir de agora, contra o Hamas com força militar crescente", diz o comunicado. O governo disse que continuará na ofensiva enquanto for necessário, podendo ampliá-la.

O ataque das Forças Armadas israelenses foi conduzido em conjunto com a Agência de Segurança de Israel, responsável pela inteligência do país.

Testemunhas relataram à Reuters terem presenciado uma série de explosões provocadas por ataques aéreos ao longo da Faixa de Gaza, e hospitais do território palestino receberam centenas de pessoas.

Médicos que atuam no território afirmaram à agência que 200 pessoas morreram, incluindo várias crianças, e diversas ficaram feridas. Mais tarde, o Ministério da Saúde de Gaza disse que 254 pessoas haviam morrido. Depois, o número subiu para 326 mortos, ainda segundo o Hamas.

Segundo o Hamas, Mahmoud Abu Watfa, membro do alto escalão de segurança do grupo terrorista, foi morto durante os ataques.

De acordo com a Reuters, explosões foram observadas na Cidade de Gaza, em Deir Al-Balah, na região central, e em Rafah e Khan Younis, no sul. A Defesa Civil do território, contolada pelo Hamas, afirmou que 35 ataques aéreos foram registrados.

Uma autoridade do Hamas acusou Israel de romper com o acordo de cessar-fogo de forma unilateral, colocando os reféns mantidos em Gaza em um "destino incerto".

Diante da operação militar, Israel anunciou que está impondo algumas restrições para comunidades israelenses que ficam próximas da fronteira com a Faixa de Gaza. As aulas nestes locais, por exemplo, foram suspensas.

Ordens de evacuação em algumas regiões de Gaza foram emitidas por Israel na manhã desta terça, no horário de Brasília, e palestinos foram registrados deixando o território.

Outros ataques contra alvos na Faixa de Gaza foram registrados anteriormente, mas menores. No sábado (15), pelo menos nove pessoas morreram em um bombardeio no norte do território, de acordo com médicos que atuam na região.

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas começou em 19 de janeiro. O acordo, dividido em três etapas, prevê uma pausa completa nos ataques, além da troca de reféns mantidos pelo grupo terrorista em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Na prática, o prazo da primeira fase do cessar-fogo terminou em 1º de março. Israel e o Hamas chegaram a negociar uma extensão da trégua, mas não chegaram a um acordo. Com isso, o governo israelense anunciou a interrupção da entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Enquanto isso, as duas partes negociam o início da segunda fase do acordo, com a mediação do Egito, Catar e Estados Unidos.

 

Fonte: g1/Reuters

 

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