terça-feira, 18 de março de 2025

Fiasco estrondoso: ato de Bolsonaro reuniu pouco  mais de 18 mil pessoas em Copacabana

O ato promovido neste domingo (16) por Jair Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro, teve um público muito abaixo do esperado. Apenas 18,3 mil pessoas compareceram, representando menos de 2% da meta de 1 milhão anunciada pelos organizadores, segundo levantamento da Universidade de São Paulo (USP).

A manifestação foi convocada para pressionar por anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, mas acabou sendo um fracasso retumbante. Com a possibilidade iminente de prisão, Bolsonaro falhou em mobilizar uma multidão e demonstrar força política. Imagens exibidas pela TV Globo mostraram um público disperso, sem conseguir lotar quarteirões inteiros da orla.

A frustração entre bolsonaristas foi evidente, já que o ato ficou muito aquém das expectativas criadas. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 25 de março a análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Apresentada ao STF em 18 de fevereiro, a denúncia aponta o ex-presidente como líder de uma organização criminosa que tentou reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva. Se condenado por todas as acusações, Bolsonaro pode pegar de 12 a mais de 40 anos de prisão.

A defesa do ex-mandatário alega que não há provas contundentes contra ele e critica a velocidade do processo. Bolsonaro, inelegível até 2030 devido a condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segue reclamando de perseguição judicial.

•        Ato de domingo foi o pior da história do bolsonarismo

O protesto deste domingo (16) confirma uma tendência de queda na mobilização bolsonarista no Rio de Janeiro.

Pesquisadores da USP e do Cebrap registraram as seguintes mobilizações de apoiadores de Bolsonaro nos últimos anos:

•        16/03/2025 – 18,3 mil pessoas em Copacabana. Ato focado na anistia aos presos do 8 de janeiro e realizado após a denúncia de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado.

•        07/09/2024 – 45,7 mil pessoas na Av. Paulista, em São Paulo. Protesto contra o ministro Alexandre de Moraes, pedindo seu impeachment.

•        21/04/2024 – 32,7 mil pessoas em Copacabana. Ato no feriado de Tiradentes, marcado por falas religiosas e ataques ao presidente Lula.

•        25/02/2024 – 185 mil pessoas na Av. Paulista. Maior manifestação recente, realizada em apoio a Bolsonaro, em meio às investigações da Polícia Federal sobre tentativa de golpe.

•        07/09/2022 – 32,6 mil pessoas na Av. Paulista. Ato convocado para impulsionar a campanha de reeleição de Bolsonaro.

•        07/09/2022 – 64,6 mil pessoas em Copacabana. Ato pelo Bicentenário da Independência, que acabou virando um evento eleitoral.

Público reduzido e dificuldades na mobilização

O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (16), na Praia de Copacabana, reuniu 18,3 mil manifestantes, segundo levantamento do grupo “Monitor do Debate Político” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A pesquisa foi coordenada pelos pesquisadores Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), e pela ONG More in Common.

O número é bem menor do que o de outras manifestações bolsonaristas na cidade. Em 2022, foram 64,6 mil manifestantes no Rio de Janeiro. No ano passado, o público caiu para 32,7 mil. O levantamento tem uma margem de erro de 2,2 mil pessoas para mais ou para menos.

O pesquisador Pablo Ortellado afirmou que essa foi uma manifestação pequena dentro do padrão de mobilização do bolsonarismo. “Essa foi uma manifestação pequena para os padrões de mobilização do bolsonarismo”, disse ele em entrevista ao jornal O Globo.

Ele destacou que ainda é cedo para afirmar que a queda de público representa um enfraquecimento político do movimento. Para Ortellado, os conflitos entre organizadores podem ter atrapalhado a convocação. “Essa foi uma manifestação cuja mobilização foi muito tumultuada”, afirmou.

O pesquisador também disse que oscilações no tamanho das manifestações são normais. Ele lembrou que os protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, tiveram variações de público antes de crescerem novamente.

Como foi feito o cálculo?

O levantamento foi feito a partir de 66 fotos aéreas tiradas da Praia de Copacabana em quatro horários: 10h, 10h40, 11h30 e 12h00. O pico de público foi registrado ao meio-dia, quando seis imagens cobriram toda a extensão da manifestação.

As fotos foram analisadas por um software de inteligência artificial, que identifica e marca automaticamente as cabeças das pessoas na imagem. Segundo os pesquisadores, o método tem precisão de 72,9% e acurácia de 69,5% na identificação de indivíduos.

O erro percentual médio é de 12% para mais ou para menos, em imagens aéreas com mais de 500 pessoas.

•        Rodrigo Constantino admite flopada em manifestação

O jornalista Rodrigo Constantino, em declaração em um programa no Youtube, admitiu que o número de 400 mil pessoas na manifestação pró-Bolsonaro em Copacabana realizada neste domingo (16) era inflado.

O comunicador de extrema direita negou os números do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, que colocou em 18 mil os presentes no ato de caráter golpista comandando por Jair Bolsonaro (PL) e Malafaia. A declaração foi dada ao "Programa 4 por 4", que contou ainda com Ernesto Lacombe, Ana Paula Henkel, e os deputados federais Bia Kicis (PL-DF) e Nikolas Ferreira (PL-MG).

"Aí vamos entrar na discussão do número, quando o Pabllo Ortellano da USP e o Datafolha colocam entre 18 e 30 mil, a gente sabe que foi no mínimo três vezes isso. A PM do Cláudio Castro deu uma talvez exagerada em 400 mil, não tinha isso tudo provavelmente, mas vamos lá", disse Constantino.

A manifestação flopada de Bolsonaro acabou virando piada nas redes sociais.

•        Bolsonaro foi velado à luz do dia em cortejo fúnebre, diz coordenador do Grupo Prerrogativas

A manifestação bolsonarista realizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (16), "mostrou ao mundo um Bolsonaro cada vez mais fraco e isolado".

A opinião é do advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, que chama atenção para o papel desempenhado pelo governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, no ato.

"Tarcísio , ao lado de outros governadores, já disputa o legado do seu chefe, mas, em uma aposta arriscada, revelou ser uma face da mesma moeda. Um candidato de uma extrema direita raivosa e sectária, sem um projeto que atenda aos reais interesses do país", disse Marco Aurélio à Fórum.

Em seu discurso no protesto bolsonarista, Tarcísio, que é um dos nomes mais cotados da extrema direita para concorrer à presidência em 2026, visto que Bolsonaro está inelegível e prestes a se tornar réu por tentativa de golpe de Estado, criticou a inelegibilidade do ex-mandatário e lançou ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Ninguém aguenta mais arroz caro, gasolina cara, o ovo caro. Prometeram picanha e não tem nem ovo. E, se está tudo caro, volta Bolsonaro (...) Qual a razão de afastar Jair Bolsonaro das urnas? É medo de perder a eleição, e eles sabem que vão perder?", disparou o governador.

Bolsonaro, por sua vez, voltou a defender a anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro — medida que, se aprovada, deve beneficiá-lo. Além disso, afirmou que será "um problema" para seus opositores "vivo ou morto" e, embora tenha reafirmado que será candidato em 2026, já admitiu que há nomes capazes de substituí-lo

Segundo Marco Aurélio Carvalho, a manifestação, que contou com um número muito menor de pessoas do que o esperado por Bolsonaro (o ex-presidente esperava 1 milhão, mas o ato reuniu 18,3 mil pessoas em seu ápice, segundo estudo), foi "um verdadeiro cortejo fúnebre", com Tarcísio já "disputando o legado do defunto".

"As manifestações foram um verdadeiro cortejo fúnebre. Bolsonaro foi velado à luz do dia. E o guela, como se diz no Nordeste, é o Tarcísio, que já disputa, em frente ao caixão, o legado do defunto", analisa o advogado.

<><> Ato flopado

O maior medo de Jair Bolsonaro, antes de uma provável condenação à prisão, se tornou realidade neste domingo (16) em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Antes do ato pela "anistia", Bolsonaro confessou a aliados próximos que seu maior receio era não conseguir uma foto que mostrasse apoio popular à narrativa de que é perseguido pela "ditadura do judiciário".

Pelos cálculos do ex-presidente, segundo esses aliados, seria necessário aglomerar 400 mil apoiadores na orla de Copacabana para se obter a imagem, que seria propagada ao mundo para provar a narrativa do clã.

No entanto, ao subir no trio elétrico ao lado de Malafaia, Bolsonaro viu que seus planos foram por água abaixo.

O público flopado no ato foi confirmado pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que estimaram em 18,3 mil pessoas os presentes no ápice da manifestação, o menor público já registrado em eventos da ultradireita bolsonarista.

O ato interditou o trecho da Avenida Atlântica entre as ruas Barão de Ipanema e Xavier da Silveira. No entanto, imagens aéreas mostram que a concentração se deu em torno do caminhão, não se estendendo a uma quadra do local onde o veículo foi parado.

Em termos comparativos, na manifestação de 7 de Setembro de 2022, realizada também em Copacabana, o monitor estimou um público de 64,6 mil.

Para estimar o público, os pesquisadores tiraram 66 fotos aéreas de Copacabana em quatro horários: 10h, 10h40, 11h30 e 12h. Dessas, 6 fotos foram tiradas às 12h, momento de pico da manifestação.

Para o cálculo, os pesquisadores utilizaram a metodologia Point to Point Network (P2PNet), que identifica cabeças e estima a quantidade de pessoas em uma imagem.

O método tem precisão de 72,9% e acurácia de 69,5% na identificação de cada indivíduo. Na contagem de público, o erro percentual absoluto médio é de 12% para mais ou para menos para imagens aéreas com mais de 500 pessoas.

•        Bolsonaro na rua é mais do mesmo, com explícito medo da prisão

Repetitivo, cansativo e seguindo o mesmo rito de idiotices, algo que dava a impressão em quem assistia de se tratar de uma reprise. Pela enésima vez, somando os períodos em que esteve no Palácio do Planalto e após sua derrota nas ruas, Jair Bolsonaro fez algazarra durante mais de um mês chamando sua claque de extremistas “para ir às ruas” por “Deus, família, pátria e liberdade”, acrescentando desta vez a anistia aos criminosos que atacaram Brasília em 8 de janeiro de 2023, na tentativa de golpe de Estado que fracassou. O encontro era neste domingo (16), no Rio de Janeiro, e de fato aconteceu. Já os de ontem, sábado (15), “ao redor do mundo”, foram um fiasco e uma festival de vergonha alheia, com literalmente duas ou três dúzias de fanáticos vestidos como se assistissem a um jogo da seleção em Copa do Mundo.

Bolsonaro acostumou-se nos tempos de presidente a manter o país sob tensão total ao aparecer mensalmente nas odiosas motociatas ou manifestações, nas quais lançava ameaças e desfilava toda sua ignorância e arrogância. Por fim, mostrou-se um tigre de papel: perdeu, não foi capaz de concretizar o golpe e saiu do cargo com o rabo entre as pernas, literalmente chorando e dando um showzinho de birra infantil. Passado o choque do 8/1, ele retomou por algumas vezes esse modelo de convocar “atos contra o comunismo”, mas após a edição de hoje fica claro o esgotamento do modelo. Ele já não põe medo em ninguém e nem os mais trouxas e incautos, no fundo, acreditam em sua falação profética.

O comparecimento, se comparado às edições do passado, foi um fracasso monumental. De acordo com o Monitor do Debate Político no Meio Digital, de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), referência nesse tipo de aferição, todos juntos somavam aproximadamente 18,3 mil pessoas. Claro, havia uma multidão e numa imagem tomada um pouco mais do alto os corpos aparentemente se acotovelavam. Se o drone ou o helicóptero subisse mais, o que se via era uma mancha ao redor do caminhão de som que estacionou na orla da praia de Copacabana, com uma parte do público se aglomerando na direção de uma das vias, mas algo que não passava de uma quadra.

No calçadão não eram muitos e na areia eram poucos. Sempre os mesmos, radicalizados ao extremo e que vivem alimentados diariamente pela dieta de hospício distribuída nos grupos de WhatsApp e perfis ultrarradicalizados das redes sociais. Bandeiras dos EUA, de Israel e faixas com impropérios fundamentalistas que parecem saídas da década de 1960. Uma xerox de tudo que já conhecemos e que não impediu a derrota do então presidente para o adversário nas eleições de 2022.

O mote da “anistia aos presos políticos”, um eufemismo enviesado e deturpado para se referir a criminosos golpistas, só cola nessa bolha. Ninguém no Brasil liga para a tal anistia a esses celerados, que cometeram crimes, foram julgados justamente e tiveram direito à ampla defesa. Na pesquisa Datafolha divulgada nos últimos dias de 2024, 62% dos brasileiros eram contra dar perdão aos bandidos que destruíram a capital federal, com apenas 31% se dizendo a favor, a exata marca de votos fiéis e doutrinários do bolsonarismo. Ou seja, uma pauta que não transborda o cinturão psiquiátrico da extrema direita mais obtusa. Bolsonaro chegou a falar em “refugiados políticos” que não podem ficar no Brasil, um delírio ridículo num país absolutamente livre, no qual ele mesmo, que se diz o mais perseguido, andava de jet-ski com seus amiguinhos numa tarde ensolarada do último carnaval nas águas azuis de Angra dos Reis.

A presença de quatro governadores, sendo eles Tarcísio de Freitas, de São Paulo, Jorginho Melo, de Santa Catarina, Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, e Mauro Mendes, do Mato Grosso, para além de um punhado de deputados e senadores ultrarreacionários e bolsonaristas até a medula, não foi sinal de vitória e êxito algum, pelo contrário. Bolsonaro já juntou muito mais lideranças e a impressão deixada após o ato deste domingo (16) é que a adesão decantou e só sobraram mesmo os mais descompensados e radicais. Ninguém com o mínimo de expectativa em sua vida política quer se cercar de um sujeito que em poucos meses será condenado e colocado na cadeia por crimes gravíssimos.

Por falar em cadeia, o medo de ser preso foi uma das tônicas da manifestação. Medo não, pavor. Jair Bolsonaro falou disso várias vezes, mas num tom de menos enfrentamento do que em outras épocas. Se lembrarmos do fatídico 7 de setembro de 2021, nos atos com adesões muito maiores em Brasília e em São Paulo, ele gritou que “não cumpriria mais nenhuma decisão do STF”, insinuou que o ministro Alexandre de Moraes ia sofrer consequências pelo papel que vinha desempenhado e que ele só sairia da Presidência da República “morto ou preso”. Pois bem, o então presidente cumpriu todas as sentenças e determinações do Supremo até o fim do mandato, Moraes segue ocupando a mesma cadeira e vestindo a mesma toga de outrora, e Bolsonaro saiu vivíssimo do Planalto e foi-se embora após fracassar nas urnas.

Agora, sabendo que se tornará réu oficialmente em poucos dias, no julgamento da denúncia da PGR a ser realizado na 1ª Turma do STF, no próximo dia 25, o bufão que ganhou a vida com suas bravatas tenta mais uma vez trucar a Justiça, as instituições e o povo. É muita gritaria, muita mentira deslavada, muita bobagem e muitas ameaças, que, ao fim e ao cabo, não resultarão em nada mais uma vez. Bolsonaro e seus principais colaboradores do núcleo duro do golpe malfadado devem ser condenados pelos crimes que cometeram e até o fim do ano provavelmente estarão presos.

Por fim, o show foi o mesmo, o repertório também, mas o clima já não é igual. Aqueles radicais hipnotizados ali, em lampejos de lucidez, sabem que seu venerado líder vive disso, de uma gritaria cênica. Em muitos momentos, inclusive tomando como base a pouca adesão de muitos de seus colaboradores próximos, a impressão que temos é que até para muitas frações da extrema direita a coisa já se tornou insuportável e seria a hora mesmo de mandar o “capitão” mofar na cadeia para libertar o Brasil desse circo de horrores.

 

Fonte: O Cafezinho/Fórum

 

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