César Fonseca: Anistia é novo golpe de
Bolsonaro na democracia
É complicado anistiar quem pratica terrorismo
contra a democracia, sentenciou uma excelência jurídica do TSE.
Anistiar o terrorista seria desacreditar na
democracia.
A democracia concorda com a disfuncionalidade
intrínseca em si mesma ao anistiar quem tenta destruí-la.
Não seria a sua própria destruição como
produto do homem que se rende ao terror?
O Congresso está diante do seu máximo
desafio: perdoar ou não o terror que nega a democracia.
Se perdoar está ou não condenado a democracia
à morte pelos que atentam contra ela?
A anistia é ou não um golpe de morte na
democracia, se o anistiado praticou crime contra democracia?
O valor maior é a democracia ou a anistia?
A anistia tem que exigir a morte da
democracia para se salvar como valor maior para a sociedade?
Ou a democracia tem que condenar os que
atentam contra ela, os golpistas, já que anistia-los seria negação da própria
democracia.
Bolsonaro está perdendo todas as batalhas com
seu discurso pela Anistia como beneficiário dela contra os crimes que praticou.
O palanque esvaziado no Rio foi balde de água
gelada no bolsonarismo.
Os organizadores esperavam um milhão de
pessoas em Copacabana.
Com muito boa vontade, a multidão não chegou
às vinte mil.
Se tivesse bombado, o projeto de lei da
Anistia aos golpistas ganharia força.
Esvaziado pela falta de povo bolsonarista, a
proposta tenderia a se arrastar.
O novo presidente da Câmara não vai se
queimar, botando para votação matéria controversa.
A Anistia virou assunto controverso.
As ruas estão se esvaziando para o
bolsonarismo e sua força política reflete declínio.
Aumenta a expectativa de o STF decretá-lo réu
no próximo dia 25.
O funil vai se estreitando.
Pode ser que reste como saída a Bolsonaro a
tentativa de virar mártir dentro da cadeia.
Ou então fugir numa embaixada e tentar
mobilizar o gado lá da Argentina de Milei.
Bolsonaro queria, sobretudo, polarizar com o
ministro Alexandre de Moraes, jogando-o contra a opinião pública.
Mas, ficou mais difícil essa possibilidade,
se o discurso não mobilizou multidão.
O bolsonarismo não conseguiu criar fato
político em Copacabana.
A PF, diante do esvaziamento político do
ex-presidente capitão, pode bater na porta dele já.
É o que resta esperar para tentar virar
mártir e renascer das cinzas, para chamar a atenção de Donald Trump.
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Noblat: A festa acabou,
a luz apagou, o povo sumiu. E agora, Bolsonaro?
Dir-se-á (e alguns já disseram) que o ato
promovido por Bolsonaro em Copacabana fracassou porque foi mal concebido desde
o início. Deu praia no Rio, e quando dá, os cariocas não querem outra coisa. Em
parte, pode ser verdade, mas só em parte.
Afinal, em setembro de 2022, Bolsonaro reuniu
64,6 mil pessoas em Copacabana. Em abril do ano passado, 32,7 mil, e ontem,
apenas 18,3 mil, segundo o grupo de pesquisa “Monitor do debate político” do
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.
A Polícia Militar do bolsonarista governador
do Rio, Cláudio Castro (PL), contou 400 mil pessoas, o equivalente à população
da cidade de Santos, em São Paulo. E o instituto Datafolha, 30 mil. Para quem,
como Bolsonaro, esperava atrair pelo menos 500 mil…
A catedral do bolsonarismo fica em São Paulo,
na Avenida Paulista. Foi ali, em fevereiro do ano passado, que ele juntou 185
mil pessoas, seu maior público. No comício seguinte, em setembro do mesmo ano,
o número caiu para 45,7 mil.
Dir-se-á também (e os bolsonaristas já
começaram a dizer) que o ato de Copacabana malogrou dado ao tema sobre o qual
se deveria falar – a anistia para os golpistas do 8/1 de 2023. Bolsonaro não se
diz golpista. Mas quer se beneficiar da anistia se ela for aprovada.
Não haverá anistia. Um único partido a
defende: o PL de Bolsonaro. Nem o Republicano, do governador de São Paulo
Tarcísio de Freitas, cobra uma anistia. E, no entanto, Tarcísio, em Copacabana,
exaltou Bolsonaro e criticou o governo Lula.
Tarcísio deve a Bolsonaro o governo paulista.
Tarcísio quer o apoio de Bolsonaro para se candidatar à sucessão de Lula. Mas
Tarcísio tem um problema: a lei o obriga a renunciar ao mandato para que possa
concorrer, e o prazo para isso acaba em abril de 2026.
Como renunciar ao mandato de governador e a
uma reeleição garantida se Bolsonaro não disser em tempo hábil que o apoiará?
Bolsonaro insiste em dizer que será candidato mesmo que preso. E ameaça apoiar
um dos seus parentes se for impedido de ser.
Será impedido. Quanto a Tarcísio, o
equilibrista de ovos… De ovos, não, porque eles estão pela hora da morte.
Tarcísio que tenta se equilibrar numa corda bamba para não perder apoio de
nenhum dos lados – nem da extrema-direita nem da direita dita civilizada…
Tarcísio é refém de Bolsonaro e assim será.
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A reação de ministros do
STF ao ato de Bolsonaro no Rio
Ministros
do STF avaliaram, nos bastidores, que o
ato pró-anistia liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no domingo
(16/3), no Rio de Janeiro, foi menor do que o esperado pelos organizadores.
Ao
longo do domingo, ministros do Supremo compartilharam entre si análises que
apontavam um público entre 30 mil e 35 mil pessoas presentes na Praia de
Copacabana para o ato.
O
cálculo, de acordo com um ministro ouvido sob reserva pela coluna, teria sido
feito considerando a distância, a metragem quadrada e uma métrica de três
pessoas presentes por metro quadrado.
O
número recebido por ministros do STF é mais de 10 vezes menor do que o público
de 400 mil pessoas calculado pela Polícia Militar – no entanto, maior do que os
18,3 mil calculados por pesquisadores da USP.
Todos
os três números — o dos ministros do STF, o da PM do Rio e o da USP — são
menores do que a expectativa dos organizadores, que diziam esperar 1 milhão de
pessoas e, depois, 500 mil pessoas no ato.
Discurso
de Bolsonaro
Nos
bastidores, ministros do STF avaliaram o discurso de Bolsonaro na manifestação
como “dos males o menor”. A avaliação é que o ex-presidente não radicalizou
tanto como em outros atos.
Em sua
fala, Bolsonaro defendeu a anistia para os condenados pelo 8 de Janeiro,
criticou o inquérito do golpe e seu relator, ministro do STF Alexandre de
Moraes, e disse que não pretende fugir do Brasil.
O
ex-presidente também voltou a dizer que teria sido prejudicado nas eleições de
2022, as quais perdeu para Lula. Bolsonaro ainda criticou o atual governo,
comparando seus integrantes com seus ex-ministros.
Na
avaliação de ministros do STF, a manifestação não terá qualquer efeito no
julgamento pela Corte de Bolsonaro e de outros acusados de envolvimento no 8 de
Janeiro e no inquérito do golpe.
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Uma ausência notada no
ato de Bolsonaro no Rio
Um dos
bolsonaristas mais aguerridos da Câmara, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) não
compareceu à manifestação, que ocorreu em Copacabana.
À
coluna Gayer afirmou que não foi ao ato em razão do falecimento da mãe de uma
de suas assessoras em na quinta-feira (13/3). “Estamos todos de luto em
Goiânia”, disse.
A
ausência do deputado ocorre dias após ele ser alvo de críticas por uma postagem
ofensiva dele no X sobre Davi Alcolumbre (União-AP) e Gleisi Hoffmann.
No
post, Gayer disse “imaginar” que a atual ministra das Relações Institucionais;
o namorado dela, Lindbergh Farias (PT-RJ); e Alcolumbre formariam um “trisal”.
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“Me
veio a imagem da Gleisi, Lindbergh e do Davi Alcolumbre fazendo um trisal. Que
pesadelo”, escreveu Gayer no X.
Logo
após a publicação, o deputado apagou a postagem. Ele também mandou um áudio
para o presidente do Senado explicando o post. Alcolumbre não respondeu.
Como a
coluna noticiou, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que
estava em São Paulo, também ligou para
Gayer após o episódio.
Motta
ligou para o deputado bolsonarista a fim de repreendê-lo. O presidente da
Camada também chamou Gayer para conversar na terça-feira (18/3) pessoalmente.
O
deputado disse a Motta que apagou o post por entender que foi “infeliz”. E
alegou, porém, que nunca teria acusado ninguém de formar um trisal.
Para
Gayer, ele estaria sendo usado pelo PT como “bode expiatório” para ofuscar a
recente fala machista de Lula sobre a nomeação de Gleisi.
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Só tem torcida de
político na rua: o Brasil cansou, a corja venceu. Por Mário Sabino
É
formidável como o Brasil nos obriga a prestar atenção ao que não tem
importância. Essa manifestação bolsonarista de ontem, em Copacabana, qual é a
relevância dela para a vida de todo mundo, exceto a do próprio Jair Bolsonaro?
Nenhuma.
Como de
hábito, quem organiza fala em milhão de manifestantes e quem se opõe, em poucos
milhares. O milhão de ontem é claramente lorota. Havia ali umas 20 mil pessoas.
Não é
pouco, não fosse a nossa mania de inflar o número de gente que se junta na rua
para protestar, comemorar Réveillon, sambar ou rezar. Aí, tem de ser milhão
para cima para ser considerado sucesso.
Eu ia
dizendo sobre a falta de importância da manifestação de ontem. Vale para todas.
Perdeu-se o estímulo para ir gritar na rua por coisas que valem a pena desde o
fim da Lava Jato — fim para o qual Jair Bolsonaro deu contribuição inestimável
também, depois de pegar carona eleitoral na operação anticorrupção que chegou
muito perto de limpar o país da corja que o governa.
O
Brasil continua a ser a porcaria de dez anos atrás ou porcaria até maior, mas
os brasileiros foram derrotados pela corja e se cansaram de se esgoelar na
Avenida Paulista, em Copacabana ou em qualquer outra grande praça pública.
Sobraram só as torcidas organizadas de Jair Bolsonaro e de Lula — e a de Lula,
principalmente, está cada vez menor, só comparece mesmo em troca de
pixulecos. Meno male.
Essa
torcidas organizadas querem fazer crer que se movem em prol de boas causas — no
caso de Jair Bolsonaro, pela liberdade de expressão e pela anistia aos presos
pelo 8 de janeiro; no caso de Lula, pela defesa da democracia e contra o
fascismo, como se houvesse ameaça fascista no país —, mas estão lá apenas para
defender os interesses pessoais dos seus ídolos.
Hoje,
faz seis anos da abertura do inquérito das fake
news. É
o mesmo tempo de duração da Segunda Guerra Mundial, o acinte se prolonga.
Fui o primeiro cidadão a a ser incluído nessa maçaroca
autoritária, por publicar notícia verdadeira. Tive a minha
revista censurada e fui obrigado a dar um depoimento kafkiano na Polícia
Federal.
Alguém
vai para a rua para se manifestar contra tamanha aberração jurídica, cuja
abertura contou com o apoio de lulistas e também de bolsonaristas?
Bolsonaristas,
sim, senhores: em 2019, tanto o advogado-geral da União, André Mendonça, como o
procurador-geral da República, Augusto Aras, defenderam a legalidade do inquérito.
Pois é, falar toda a verdade sobre o inquérito das fakes news não interessa a
painho nenhum — nem ao da direita, nem ao da esquerda.
Está
todo mundo cansado das boas causas, só tem torcida de político se manifestando.
O Brasil cansou, a corja venceu.
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Após fiasco de
bolsonaristas em Copacabana, esquerda planeja ato contra anistia
Democratas aliados ao governo do presidente
Lula e a oposição de extrema direita entrarão em uma "disputa das
ruas" nas próximas semanas, sobre um projeto de lei no Congresso Nacional
que anistia os envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Após uma manifestação da oposição no Rio de
Janeiro, que fracassou e ficou muito abaixo da expectativa de 1 milhão de
participantes, os democratas, liderados pela esquerda, planejam um ato na
Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 30 de março.
“Sem anistia. Bolsonaro na cadeia. A hora é
essa. Nós vamos para as ruas”, escreveu o deputado federal Guilherme Boulos
(PSOL-SP), em suas redes sociais.
O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto)
também convocou as forças populares para o ato contra a anistia. "Para
quem é contra a legalização do golpe de Estado, disfarçada de 'anistia', vamos
fazer um ato no país todo, dia 30 de março Pela responsabilização dos
golpistas, ditadura nunca mais!", escreveu o MTST nas redes sociais.
Por outro lado, os bolsonaristas preparam um ato
pró-anistia para o dia 6 de abril, também na Avenida Paulista, com o pastor
evangélico Silas Malafaia entre as principais lideranças a convocar a
mobilização. "Vamos continuar dando um grito pela liberdade de pessoas
inocentes", disse, em vídeo amplamente divulgado nas redes sociais.
Fonte: Brasil 247/Metrópoles

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