segunda-feira, 17 de março de 2025

Aplicativo para celular auxilia na reabilitação de pessoas que sofreram AVC

Pesquisadores brasileiros desenvolveram um aplicativo de celular que auxilia na reabilitação de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). A partir de um sensor (acelerômetro) que permite detectar a inclinação do próprio aparelho telefônico preso à roupa do indivíduo, o programa permite identificar a postura e avisar o usuário como melhorar o alinhamento corporal, seja por comando de voz, vibração ou por imagem.

O dispositivo atua na reabilitação de um problema conhecido como hemiparesia, uma das sequelas mais desafiadoras do AVC e que também pode surgir em decorrência de lesões no cérebro ocasionadas por doenças como esclerose múltipla, paralisia cerebral e alguns tipos de câncer. Nesses casos, ocorre a perda de força muscular ou paralisia parcial em um lado do corpo, além de prejuízos na consciência corporal.

“A pessoa com hemiparesia perde a sensibilidade e a percepção de organização espacial. Com isso, ela tomba para um lado, por exemplo, e não percebe que isso aconteceu, chegando até a apresentar dores musculares em virtude do mau posicionamento. Acontece também que, sem a postura correta, ela não consegue executar tarefas cotidianas, como caminhar, cozinhar, dirigir ou subir uma escada, por exemplo. Dessa forma, tanto a consciência corporal quanto o controle do tronco, perdidos com o AVC, precisam ser reaprendidos para garantir a funcionalidade dos membros superiores”, explica Amanda Polin Pereira, atualmente professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e primeira autora do artigo publicado na revista JMIR Aging.

O desenvolvimento do software, concebido a partir de uma necessidade observada por Pereira, ocorreu durante o doutorado de Olibário José Machado Neto, bolsista da Fapesp no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP). A pesquisa se deu no escopo de dois projetos apoiados pela Fundação e contou com colaboradores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).

“Do ponto de vista de desenvolvimento de software, foi um trabalho de codesign que de fato uniu duas áreas de conhecimento distintas para atender às necessidades dos pacientes. Isso deu muita agilidade e embasamento para o desenvolvimento do aplicativo, que é totalmente único. Não há nada parecido na clínica que auxilie o tratamento e a reabilitação desses pacientes”, destaca Maria da Graça Campos Pimentel, professora do ICMC-USP e orientadora de Machado Neto.

Os testes foram conduzidos em um centro de reabilitação. Ao longo do processo, os pesquisadores entrevistaram fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais para compreender as necessidades de tratamento. Os pacientes em reabilitação também foram consultados.

“Além de gerar uma infinidade de dados para que futuramente seja possível ampliar o entendimento da hemiparesia, o aplicativo auxilia os pacientes na melhora postural durante essas sessões e permite que os terapeutas possam focar em outras questões de reabilitação, tornando o processo mais eficiente e preciso. Também estamos iniciando um estudo para o uso mais prolongado do aplicativo em casa”, afirma Pereira.

•        Menos é mais

Ao longo do projeto foram desenvolvidas três versões do app. “Iniciamos com a ideia de um aplicativo vestível, mas notamos que, quanto mais simples ele fosse, melhor seria a sua aceitação entre os pacientes. Por isso, focamos no desenvolvimento do software e, em vez de criar roupas especiais, optamos por costurar bolsos em tops ou regatas que pudessem fixar o aparelho de celular no tronco dos pacientes”, conta Pimentel.

“Por fim, criamos uma tecnologia vestível acessível, que aproveita os recursos de smartphones de baixo custo e de acelerômetros integrados ao celular para monitorar continuamente as mudanças [da direita para a esquerda e para frente e para trás], explorando os feedbacks visual, tátil e auditivo do dispositivo para orientar os pacientes em pé”, explica a pesquisadora.

Segundo Pimentel, o intuito final do trabalho é disponibilizar o aplicativo gratuitamente e alavancar novos estudos a partir dos dados gerados sobre hemiparesia. “O que precisamos agora é de uma colaboração para manter o aplicativo sempre atualizado, algo que demanda tempo de trabalho e investimento financeiro”, afirma.

 

•        Quais são os possíveis efeitos dos microplásticos no cérebro?

Diferentes estudos já detectaram a presença de microplásticos em cérebros humanos. O mais recente deles, publicado no dia 3 de fevereiro na revista Nature Medicine, mostrou que amostras cerebrais tinham 50% mais nanoplásticos do que amostras coletadas oito anos antes.

Outro trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), identificou partículas de microplástico no cérebro de oito pessoas que viveram ao menos cinco anos na cidade de São Paulo. A pesquisa encontrou as partículas de plástico em uma estrutura chamada bulbo olfatório, sugerindo que a rota de entrada foi a respiração.

“Os microplásticos estão no ar”, afirma Thais Mauad, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pesquisadora líder do estudo, à CNN. “Existem vários estudos, inclusive aqui de São Paulo, que mostram que há microplásticos no ar e dentro dos ambientes indoor. Inclusive, dentro de casa é o lugar em que mais há microplástico, porque estamos rodeados de plástico, seja na embalagem de comida, nas roupas, nos móveis e nos utensílios. Isso acaba liberando muito microplástico no ar e, com menor ventilação, a concentração das partículas é mais alta”, acrescenta.

<><> Riscos à saúde estão sendo investigados

Outros estudos já identificaram microplásticos em diferentes partes do corpo além do cérebro, como artérias e pênis. As partículas também já foram encontradas em frutos do mar e outros alimentos.

No entanto, o impacto específico da presença de microplásticos nos cérebros humanos ainda está sendo investigado. “Existem estudos em animais que sugerem que os microplásticos são neurotóxicos, podendo induzir a alteração de comportamento”, explica Mauad. “Em pequenos animais, já foi demonstrado que as partículas de plástico podem causar alterações em células neurológicas, tornando-as mais propensas à inflamação”, acrescenta.

A inflamação em células neurológicas pode desencadear, a longo prazo, deficiências cognitivas e motoras, alterações de comportamento, lapsos de memória, confusão mental, problemas de fala e linguagem.

A pesquisadora ressalta, porém, que essa é ainda uma ciência em estágio inicial. Ou seja, os estudos ainda são primários e mais investigações sobre o assunto precisam ser realizadas, principalmente em humanos, para confirmar os efeitos negativos dos microplásticos na saúde neurológica.

“Os estudos mais recentes mostram que a associação mais forte entre microplásticos e saúde humana é a cardiovascular”, afirma Mauad.

Segundo um trabalho publicado em março de 2024 no The New England Journal of Medicine, nas pessoas em que as partículas foram encontradas nas artérias, o risco de ter um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou, até mesmo, morrer, era 4,5 vezes maior, em comparação com quem não apresentava microplásticos nas artérias.

Outras consequências para a saúde humana derivada da exposição aos plásticos e seus aditivos incluem distúrbios endócrinos, diminuição da fertilidade e doenças cardíacas.

<><> Tem como se prevenir?

Infelizmente, evitar a contaminação por microplásticos ainda é um desafio. “Pela via inalatória, é ainda mais complicado de evitar [a contaminação]”, afirma a pesquisadora.

Uma forma de minimizar o impacto, pelo menos em crianças pequenas, é evitar o contato dela com utensílios de plástico. “Nós sabemos que todas essas toxinas representam muito mais risco de causar efeitos em órgãos em desenvolvimento”, diz Mauad.

Segundo a professora, se você tem um bebê ou uma criança pequena em casa, é importante evitar que ela leve brinquedos de plástico na boca, e ficar atento às embalagens de alimentos oferecidos à criança.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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